Religião em São Tomé e Príncipe

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A religião em São Tomé e Príncipe é bem diversa, sendo um resultado direto das diferentes culturas presentes no país. A Constituição prevê liberdade de consciência, religião e culto,[1] com o estado sendo laico.[2] Grupos religiosos devem ser registrados em órgãos governamentais. A maioria da população professa o cristianismo. Os principais grupos religiosos são os cristão, com 72,6% da população (55,7% católicos, 4,1% adventistas, 3,4% Assembléia de Deus, 1,86% Testemunhas de Jeová e 7,54% outros cristãos), com outras religiões representando 6,2% da população e 21,2% agnósticos ou ateus.[3] Segundo outras fontes, 85% são católicos, 12% são protestantes e menos de 2% são muçulmanos.[4]

História[editar | editar código-fonte]

Em 1469, marinheiros portugueses descobriram uma ilha deserta no Golfo da Guiné perto do equador, que foi chamada de São Tomé. Em 17 de janeiro de 1472, foi descoberta a ilha vizinha, que passou a ser chamada de Ilha do Príncipe. O estabelecimento na ilha de São Tomé começou em 1493, quando Álvaro de Caminha recebeu a ilha do rei João II.[5] Durante a Inquisição judeus portugueses foram enviados para a ilha,[6] como condenados ou imigrantes.[7] Caminha recebeu um privilégio especial de comprar escravos para o desenvolvimento da ilha. A Ilha do Príncipe foi habitada de maneira semelhante em 1500.[5] Os portugueses espalharam o catolicismo, sendo a primeira religião das ilhas. Em 31 de janeiro de 1533, o Papa Clemente VII criou o bispado de São Tomé e Príncipe,[8] cuja jurisdição se estendeu aos católicos de Angola e Moçambique de 1534 até 1842.[9] Em 1960, havia 2.888 protestantes, 9.888 pagãos e 56.000 católicos nas ilhas.[10] Depois de conquistar a independência em 12 de julho de 1975, foi anunciado que o catolicismo era a religião do estado, as outras religiões foram banidas. Em 1990, a liberdade de religião foi declarada.[10][11] Na última década, a imigração de muçulmanos da Nigéria e Camarões se intensificou.[4]

Religiões[editar | editar código-fonte]

Cristianismo[editar | editar código-fonte]

Catedral de São Tomé

Segundo o relatório da CIA em 2012, a parcela de cristãos é de 72%.[3] A maior direção do cristianismo no país é o catolicismo. Em 2000, havia 45 igrejas e locais de culto cristão em São Tomé e Príncipe, pertencentes a 19 denominações cristãs diferentes.[12]

A Soberana Ordem Militar Ecumênica dos Hospitalários de São João de Jerusalém e os Cavaleiros de Rodes estão operando ativamente nas ilhas.[13]

Crenças Tradicionais[editar | editar código-fonte]

Após o início da colonização de São Tomé e Príncipe pelos portugueses, foram trazidos escravos negros do continente africano para trabalhar nas plantações nas ilhas. Eles trouxeram cultos e crenças tradicionais africanos para São Tomé e Príncipe. Animismo, Totemismo e culto aos ancestrais são comuns nas ilhas. Em combinação com o catolicismo, isso levou ao surgimento de várias religiões sincréticas.[14]

Judaísmo[editar | editar código-fonte]

Em 1496, o rei Manuel I começou a converter à força judeus ao cristianismo. Em 1497, 2.000 crianças judias de 2 a 10 anos foram deportadas para a ilha de São Tomé, onde receberam educação católica isoladamente de suas famílias.[15] Cinco anos depois, apenas 600 das 2.000 crianças sobreviveram. Apesar dos esforços dos padres católicos, algumas das crianças continuaram aderindo ao judaísmo. Os descendentes de crianças judias continuavam morando na ilha. Alguns costumes e tradições judaicas foram adotados pela cultura crioula das ilhas. No início do século XVII, o bispo católico de São Tomé, Pedro da Cunha Lobo, reclamou do "problema do judaísmo" na ilha. No século XX, houve um certo influxo de comerciantes judeus envolvidos na venda de cacau e açúcar.[6] Alguns deles estão enterrados nos cemitérios de São Tomé e Príncipe. Segundo o Pew Research Center, o número de judeus em São Tomé e Príncipe é de 0,1% da população deste país.[16]

Islamismo[editar | editar código-fonte]

A comunidade muçulmana é pequena, mas vem aumentando nos últimos anos.[17] O número de muçulmanos em São Tomé e Príncipe varia de 1% a 2% da população. Estes são principalmente migrantes da Nigéria, Camarões e outros países africanos.[4]

Outras religiões[editar | editar código-fonte]

Em São Tomé e Príncipe, uma crença de origem melanésia se faz presente. Os seguidores deste culto compõem 2,9% da população das ilhas.[3][17][18] Pequenos grupos de budistas e hindus , descendentes de imigrantes da Índia e da China, compõem 0,1% da população.[16]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Constituição de S.Tomé e Príncipe- Artigo 27.°». Assembleia Nacional de S.Tomé e Príncipe. 2003. Consultado em 19 de abril de 2020 
  2. «Constituição de S.Tomé e Príncipe, Artigo 8.°». Assembleia Nacional de S.Tomé e Príncipe. 2003. Consultado em 19 de abril de 2020 
  3. a b c «Africa :: Sao Tome and Principe — The World Factbook - Central Intelligence Agency» 
  4. a b c «International Religious Freedom Report for 2014» 
  5. a b «History of Sao Tome and Principe». 31 de janeiro de 2009 
  6. a b magal53. «Judeus em Sao Tomé e Principe» (em portuguese) 
  7. «History». 9 de maio de 2008 
  8. «São Tomé e Príncipe (Latin (or Roman) Diocese) [Catholic-Hierarchy]» 
  9. «Сан Томе и Принсипи | Мир Чудес» 
  10. a b Nascimento, Augusto (2014). «As dimensões políticas das religiosidades em São Tomé e Príncipe» (PDF). Revista TEL. Consultado em 19 de abril de 2020 
  11. «Política e religiosidade em São Tomé e Príncipe: os equívocos do colonialismo ao pós-independência. Notas para uma investigação | BUALA» 
  12. Johnstone, Patrick; Mandryk, Jason (2001). Operation World. [S.l.]: Paternoster Lifestyle. 798 páginas. ISBN 1850783578 
  13. «Орден Иоанна Иерусалимского на о. Сан-Томе и Принсипи» (em russo). Consultado em 20 de abril de 2020 
  14. «Sao Tome and Principe» (em inglês). Patheos. Consultado em 7 de abril de 2020 
  15. Редакция. «марраны» (em russo) 
  16. a b Crabtree, Vexen. «Sao Tome & Principe (Democratic Republic of Sao Tome and Principe)» (em inglês) 
  17. a b «A religião em STP». 2008. Consultado em 21 de abril de 2020 
  18. «Religion In Sao Tome And Principe» (em inglês)