Religião na Argentina

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Religiões na Argentina (2019)[1]

  Catolicismo (62.9%)
  Protestantismo (15.3%)
  Sem religião (18.9%)
  Outras religiões (4%)

O Artigo 14 da Constituição Argentina garante aos cidadãos a liberdade de professar livremente seu culto, enquanto o artigo 76 estabelece a obrigatoriedade do presidente e seu vice pertencerem à comunhão católica apostólica romana. Apesar da liberdade de culto assegurada pela carta, o Estado reconhece o caráter predominante da Igreja Católica, que conta com um status jurídico diferenciado em comparação com as demais religiões. Ademais, o artigo 2º da mesma constituição diz que o Estado Nacional deve apoiar a religião Católica Apostólica Romana, religião essa que é legalmente equiparada a uma Entidade Não-estatal de Direito Público, segundo o Código Civil argentino. Este regime diferenciado não implica, no entanto, em elevar o catolicismo romano ao status de religião oficial da República.[nota 1]

Apesar da maioria dos argentinos se identificarem como católicos, a grande maioria não é praticante. De acordo com pesquisas recentes, apenas 17% dos argentinos frequentam serviços religiosos regularmente.[2] De acordo com uma pesquisa lançada pelo Pew Research Center em 2019, apenas 37% dos argentinos consideram a religião algo muito importante na vida, e uma porcentagem similar considera que a religião tem pouca ou nenhuma influência em suas vidas, fazendo da Argentina um dos países menos religiosos da América Latina.[3]

Religião na Constituição Nacional Argentina[editar | editar código-fonte]

A Constituição Nacional Argentina atualmente vigente confere desde sua primeira redação em 1954 a liberdade de culto e o reconhecimento da religião como um direito descrito em seu preâmbulo e artigos dogmáticos.

Os artigos que referem-se aos assuntos religiosos são os seguintes:

  • "Artigo 2º. O Governo Federal apoia o culto Católico Apostólico Romano"[4]

É uma das principais afirmações da Constituição, estabelece que o Estado apoia financeiramente a Religião Católica Apostólica Romana. No entanto, não obriga ninguém a ser católico.[nota 2] Por sua vez, o Artigo 14 lista os direitos dos habitantes argentinos, incluindo o de "conforme as leis que regulam o seu exercício [...] praticar livremente sua religião", o que significa que cada cidadão argentino tem o direito de expressar e seguir suas crenças. Note-se que o artigo estabelece que os direitos de livre culto devem ser regulados por leis, não podendo, portanto, contrariar os outros direitos e da Constituição. Finalmente, o Artigo 20 garante o direito de estrangeiros de exercer livremente o exercício da religião.

Religiões[editar | editar código-fonte]

Catedral Metropolitana de Buenos Aires

Segundo estudos realizados pela Conferencia Episcopal Argentina, cerca de 88% dos argentinos foram batizados como católicos romanos,[5][6] contudo, a porcentagem de habitantes que se consideram católicos romanos está entre 69% e 78%.[7][8] Somente 23% dos autoproclamados católicos romanos assistem com frequência o culto católico.[9]

Como em outras partes da América Latina, a Igreja Católica na Argentina desenvolveu fortes crenças e procissões em massa a respeito das aparações marianas como o caso da Virgem de Luján[10] na Província de Buenos Aires; do Senhor e Virgem do Milagre na Província de Salta; da Virgem de Itatí,[11] na Província de Corrientes e a Vigem del Valle,[12] na Província de Catamarca.

A Igreja Evangélica e o Protestantismo contam com um grande crescimento no início do Século XXI, tendo alcançado a marca de 15 mil templos e 4,5 milhões de seguidores (equivalente a 12% da população nacional). A maioria dos fiéis protestantes assiste as congregações[13]

O número de fiéis do Islamismo na Argentina é estimado entre 500 e 700 mil adeptos, o que representa cerca de 1,5% da população do país. Deste total, cerca de 160 mil vivem na capital Buenos Aires e arredores, existindo concentrações destacadas nas cidades de Córdoba, Mendoza, Tucumán, Rosario e Santiago del Estero.[14]

Ainda, a Argentina conta com uma população judaica estimada entre 300 e 400 mil adeptos, aproximadamente 1% da população nacional, sendo que a maioria está concentrada na cidade de Buenos Aires e na Província de Entre Rios. Também existindo pequenas comunidades nas cidades de Mendoza, Rosario, Córdoba e Tucumán. Sendo que a Argentina conta com uma das maiores comunidades judaicas da América, atualmente a quarta maior fora de Israel.[15][16]

Existem ainda outras minorias religiosas, sobre todas as diversas variantes do cristianismo, entre as que se pode mencionar os Testemunhas de Jeová,[17] Mórmons[18] e várias igrejas ortodoxas. Fora do Cristianismo destacam-se o Espiritismo[19] e o Budismo.[20] Do mesmo modo, existem membros da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, mais conhecida como Hare Krishna, que segundo reportagem do jornal Clarín de 2001 conta com 3 mil seguidores no país;[21] e, na última década, têm crescido o Neopaganismo europeu, em pequenas minorias, com vários grupos em capitais do país, devido a grande quantidade de descendentes europeus e europeus legítimos vivendo na Argentina.

Atualidade[editar | editar código-fonte]

Culto na Cidade de Salta, uma das manifestações mais populares da Argentina; reunindo anualmente mais de 700.000 pessoas

Em 2008, o CONICET (Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas) realizou pesquisas em diversas regiões da Argentina, ouvindo 2.403 pessoas.[22] A média das respostas a essa consulta passou a ser utilizada como referência para determinar as principais religiões do país, tendo como resultado:

O mesmo estudo determinou que 76% dos argentinos acreditam de alguma forma de divindade sem especificar.

Segundo uma pesquisa de 2017, 66% da população se declara católica, 21% agnóstica ou ateia, 10% evangélica e 3% seguem outras religiões

De acordo com um estudo realizado pelo Conicet em 2019, a porcentagem de Católicos caiu mais de 10% em 11 anos e passou a representar apenas 62,9 dos argentinos, os sem religião foram o grupo que mais cresceram, passando de 11,3% a 18,9% da população, os evangélicos representam 15,3% dos argentinos(13% pentecostais, 2% evangélicos tradicionais).[2]

O mesmo estudo mostrou uma queda significativa na porcentagem de Argentinos que acreditam em Deus( de 91,1% a 81,9%) e Jesus Cristo( de 92% a 82.5%).

Notas

  1. Assim foi o entendimento da Corte Suprema de Justiça Argentina, estabelecendo que o culto Católico Romano não tem a natureza de Religião Oficial do Estado; Villacampa, Ignacio c/ Almos de Villacampa, María Angélica. (folhas 312:122)
  2. Em 1994, com a então reforma constitucional, foi abolido o requisito de ser católico para o Presidente da República Argentina.

Referências

  1. Creencias, valores y actitudes en la sociedad argentina, conicet.gov.ar, 29 January 2020 (Spanish)
  2. a b Noviembre, Ceil / 19; religión, 2019 / Comentarios desactivados / Actividades Sociedad cultura y; Trabajo, Documentos De; investigación; publicaciones. «Segunda Encuesta Nacional sobre Creencias y Actitudes Religiosas en la Argentina |» (em espanhol). Consultado em 25 de novembro de 2019 
  3. NW, 1615 L. St; Suite 800Washington; Inquiries, DC 20036USA202-419-4300 | Main202-857-8562 | Fax202-419-4372 | Media (22 de abril de 2019). «A Changing World: Global Views on Diversity, Gender Equality, Family Life and the Importance of Religion». Pew Research Center's Global Attitudes Project (em inglês). Consultado em 25 de setembro de 2019 
  4. «Constitución de la Nación Argentina (1994) - Wikisource». es.wikisource.org. Consultado em 23 de setembro de 2019 
  5. Clarin.com Diario Clarín, 04/01/2001
  6. U.S. Department of State - 2004 Annual Report for International Religious Freedom: Argentina
  7. CARBALLO, Marita. Valores culturales al cambio del milenio (ISBN 950-794-064-2)
  8. Citado em La Nación, 05/08/2005
  9. Primera Encuesta sobre Creencias y Actitudes Religiosas en Argentina, agosto de 2008
  10. «La Virgen de Luján, patrona de la Argentina». Consultado em 26 de fevereiro de 2015. Arquivado do original em 31 de agosto de 2011 
  11. La fiesta de Itatí, Clarín
  12. La Virgen del Valle de Catamarca
  13. “Una investigación sobre la avanzada evangélica en la Argentina”, Página 12
  14. Organización Islámica para América Latina Arquivado em 23 de março de 2008, no Wayback Machine., U.S. Department of State (em inglês)
  15. Jewish Virtual Library (em inglês)
  16. «Jewish Agency for Israel (em inglês)». Consultado em 26 de fevereiro de 2015. Arquivado do original em 13 de maio de 2008 
  17. «Site dedicado aos Testemunhas de Jehová na Argentina». Consultado em 5 de dezembro de 2005. Cópia arquivada em 5 de dezembro de 2005 
  18. Site oficial de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias da Argentina
  19. «Site oficial da Confederacão Espírita Argentina». Consultado em 26 de fevereiro de 2015. Arquivado do original em 2 de novembro de 2013 
  20. Site dedicado aos budistas na Argentina
  21. Clarín Dic 2001
  22. Primera Encuesta sobre Creencias y Actitudes Religiosas en Argentina, agosto de 2008

Ligações externas[editar | editar código-fonte]