República Democrática do Congo

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 Nota: Para outros significados, veja Congo (desambiguação).
 Nota: Não confundir com República do Congo.

República Democrática do Congo
République démocratique du Congo
Bandeira da República Democrática do Congo
Brasão de armas da República Democrática do Congo
Brasão de armas da República Democrática do Congo
Bandeira Brasão de armas
Lema: Justice – Paix – Travail
(Francês: "Justiça - Paz - Trabalho")
Hino nacional: Debout Congolais
Ficheiro:National Anthem of Democratic Republic of the Congo by US Navy Band.ogg
Gentílico: congolês(esa)
congolense
conguês(a)

Localização da Congo-Kinshasa
Localização da Congo-Kinshasa

Capital Kinshasa
4° 19′ S 15° 19′ E
Cidade mais populosa Kinshasa
Língua oficial Francês
(o Lingala, Quicongo, Kituba, Suaíli e o Tshiluba têm status de línguas nacionais)[1]
Governo República semipresidencialista
• Presidente Joseph Kabila
• Primeiro-ministro Augustin Matata Ponyo
Independência da Bélgica 
• Data 30 de junho de 1960 
Área  
  • Total 2 344 858 km² (12.º)
 • Água (%) 3,3
 Fronteira República Centro-Africana, Sudão do Sul, Uganda, Ruanda, Burúndi, Tanzânia, Zâmbia, Angola e República do Congo
População  
  • Estimativa para 2014 77.433.744[2] hab. (18.º)
 • Densidade 25 hab./km² (188.º)
PIB (base PPC) Estimativa de 2014
 • Total US$ 50,459 bilhões*[3] 
 • Per capita US$ 655[3] 
PIB (nominal) Estimativa de 2014
 • Total US$ 29,896 bilhões*[3] 
 • Per capita US$ 388[3] 
IDH (2014) 0,433 (176.º) – baixo[4]
Moeda Franco congolês (CDF)
Fuso horário West Africa Time (WAT)
Central Africa Time (CAT) (UTC+1 e +2)
Cód. ISO COD
Cód. Internet .cd
Cód. telef. +243

A República Democrática do Congo (anteriormente Zaire), por vezes designada RDC, RD Congo, Congo-Kinshasa, Congo-Quinxasa[5] ou Congo-Quinxassa para diferenciá-la da vizinha República do Congo (que também é chamada Congo-Brazzaville ou Congo-Brazavile) é um país africano. Recentemente passou a ser o segundo maior país da África em questão de área, atrás da Argélia, após a independência do Sudão do Sul em 2011. Confina a norte com a República Centro-Africana e com o Sudão do Sul, a leste com Uganda, Ruanda, Burundi e a Tanzânia, a leste e a sul com a Zâmbia, a sul com Angola e a oeste com o Oceano Atlântico, com o enclave de Cabinda e com o Congo.[1] A capital e maior cidade é Kinshasa.[6]

Com uma população de quase 70 milhões de habitantes,[7] a República Democrática do Congo é o mais populoso país francófono, além de ser o décimo segundo país mais extenso do mundo. Tornou-se independente da Bélgica em 30 de junho de 1960[8], e é, desde então, considerado um dos mais pobres países do mundo, estando entre um dos países com os menores valores de PIB nominal per capita, atualmente em penúltimo lugar, à frente apenas do Burundi.[9][10]

No entanto, a República Democrática do Congo, de clima tipicamente equatorial e tropical, é considerado um dos mais ricos do mundo em recursos naturais, sendo por vezes apontado como o segundo mais bio-diversificado do mundo, atrás apenas do Brasil[11][12][13][14][15].

História

Antiguidade e Colonização belga

A região foi ocupada na Antiguidade por bantos da África Oriental e povos do rio Nilo, que ali fundaram os reinos de Luba, Baluba e do Congo,[16] entre outros. Em 1878, o explorador Henry Stanley fundou entrepostos comerciais no rio Congo, sob ordem do rei belga Leopoldo II. Na Conferência de Berlim, em 1885, que dividiu a África entre as potências europeias, Leopoldo II recebeu o território como possessão pessoal, chamado-o Estado Livre do Congo.[17] Em 1908, o Estado Livre do Congo deixou de ser propriedade da Coroa,[18] depois da brutalidade deste tipo de colonização ter sido exposta na imprensa ocidental e tornou-se colônia da Bélgica, chamada Congo Belga.

Independência

O movimento nacionalista (MNC) teve início nos anos 50 sob liderança de Patrice Lumumba. Em 30 de junho de 1960, o Congo conquistou a independência com o nome de República do Congo[8]. Também ficou conhecido naquele período como Congo-Léopoldville, para se diferenciar do Congo Francês, que havia também adotado a alcunha República do Congo como nome oficial. Para se diferenciar, em 1964 o antigo Congo belga acrescentou o adjetivo Democrática.[19]

Nas eleições parlamentares de 1960, Lumumba recebeu a maioria dos votos e assumiu o cargo de primeiro-ministro. Joseph Kasavubu assumiu a Presidência. A maioria dos colonos europeus deixou o país. Em julho de 1960 eclodiu uma rebelião contra Lumumba, liderada por Moïse Tshombe, com o apoio da Bélgica, Estados Unidos e França. Antes do final do ano, Kasavubu afastou Lumumba, eleito de forma democrática, do cargo de primeiro-ministro, num golpe de Estado. Lumumba alegou que o ato foi inconstitucional e deu-se início a uma crise. Novamente com o apoio dos Estados Unidos, França e Bélgica, Lumumba é sequestrado e assassinado em janeiro de 1961.[20] Tropas de diversos países (incluindo o Brasil[21]) foram enviadas pela ONU para restabelecer a ordem, o que ocorreu em 1963, com a fuga de Tshombe. As tropas da ONU retiraram-se em junho de 1964. A Guerra Fria teve papel preponderante na política interna do Congo, na década de 1960, o país foi vitimado pelo conflito. Em seu interior conflitos entre forças internacionais dos blocos capitalista e comunista marcaram a sua política e desenvolvimento pelas próximas décadas. Em 1965, Che Guevara, em pessoa, lutava na linha da frente pela restauração do governo democrático derrubado pelas forças imperiais. Disfarçado e com cerca de 120 guerrilheiros cubanos ele combateu nas selvas úmidas africanas. Devido ao seu repentino desaparecimento, os Estados Unidos anunciaram que Fidel teria matado Che. As forças que apoiavam a volta de um governo democrático e anti-imperialista como o de Lumumba eram formadas por guerrilheiros de vários países, como os rebeldes de Ruanda. Após diversos combates, Tshombe regressou e assumiu a presidência com apoio da Bélgica e dos Estados Unidos e o país se alinhou ao bloco capitalista. Em novembro de 1965, ele foi derrubado num golpe liderado pelo polêmico futuro ditador Mobutu Joseph Désiré.

Zaire

Ver artigo principal: Zaire
Mobutu.

Mobutu estabeleceu uma ditadura personalista,[22] tornando o país um estratégico aliado das potências capitalistas na África. No início dos anos 70 lançou sua política de "africanização", proibindo nomes ocidentais e cristãos. Como parte da campanha, mudou em 1971 o nome do país para Zaire e da capital para Kinshasa (anteriormente, Leopoldville).[23] Ele próprio passou a chamar-se Mobutu Sese Seko Koko Ngbendu wa za Banga, que significa "o todo-poderoso guerreiro que, por sua resistência e inabalável vontade de vencer, vai de conquista em conquista deixando fogo à sua passagem".[23]

A corrupção tornou-se algo comum a ponto de ser designada pelo próprio Mobutu como o "mal do Zaire".[24] Líderes rivais uniram-se em 1988 para organizar a oposição, mas foram presos ou exilados. Pressões internacionais levaram Mobutu a adotar o pluripartidarismo em 1990. Em outubro de 1991, o líder oposicionista Etienne Tshisekedi foi nomeado como primeiro-ministro, mas recusou-se a prestar juramento a Mobutu e é substituído. Os Estados Unidos puseram em dúvida a legitimidade do governo e a Alemanha cortou a ajuda financeira ao país. Em dezembro, Mobutu cancelou as eleições. Tshisekedi foi reconduzido ao cargo no ano seguinte. Em 1993, o Alto Conselho da República, criado pela conferência nacional, ordenou o desligamento de Mobutu dos negócios de Estado e convocou greve geral. Mobutu ignorou a resolução. No final do mês, o Exército amotinou-se quando ele tentou pagar os soldos com notas de 5 milhões de zaires (cerca de 2 dólares dos Estados Unidos), já recusadas em 1992 por não terem valor. Mobutu responsabilizou Tshisekedi pela rebelião, que deixou mais de mil mortos, e nomeou um governo de união nacional. Estados Unidos e União Europeia não o reconheceram e apoiaram a instalação de um regime de transição formado pela aliança oposicionista liderada por Tshisekedi. Em junho de 1995, o período de transição foi prolongado por dois anos. Eleições gerais, previstas para o mês seguinte, não se realizaram.

Em 1994, mais de 1 milhão de ruandeses (em sua maioria hutus) foragidos do genocídio em seu país ingressaram no leste do Zaire.[25] A chegada dos refugiados desestabilizou a região, habitada há mais de 200 anos pelos tutsis baniamulenges, inimigos históricos dos hutus. Sentindo-se negligenciados por Mobutu, que tolerou a presença dos hutus na região, os baniamulenges iniciaram uma rebelião em outubro de 1996, liderados por Laurent-Désiré Kabila. O movimento contou com o apoio decisivo da vizinha Uganda e do regime tutsi de Ruanda, e ganhou rapidamente a adesão da população, insatisfeita com a pobreza e a corrupção no governo.[25] Nos meses seguintes aumentaram os choques entre a guerrilha, batizada de Aliança das Forças Democráticas pela Libertação do Congo-Zaire (AFDL) e o Exército, que enfrentou deserção em massa. A escalada da ofensiva coincidiu com a ausência de Mobutu, que viajou para a Europa em agosto para submeter-se a tratamento médico para câncer (cancro, em português europeu) na próstata. Apesar de muito doente, retornou ao território em dezembro com o objetivo de deter a rebelião. Em 1997, a guerra civil alastrou-se pelo território, nos sentidos Norte–Sul e Leste–Oeste. Em fevereiro, a Força Aérea bombardeou as cidades de Bukavu, Shabunda e Walikale, sob controle rebelde. Mobutu propõs cessar-fogo à guerrilha em março, mas a AFDL não negociou. No mesmo mês conquistou Lubumbashi, Kisangani (as duas maiores cidades depois de Kinshasa) e Mbuji-Mayi, a "capital dos diamantes".

Os rebeldes propuseram ao Exército a ocupação pacífica de Kinshasa e, em 17 de maio de 1997, entraram na capital sob aplausos da população. Kabila assumiu o poder, formou um governo de salvação nacional, prometeu eleições gerais e retomou o antigo nome do país — República Democrática do Congo —, adotado entre 1964 e 1971. No dia anterior à tomada de Kinshasa, Mobutu partiu para o Palácio Gbadolite (o "Versalhes africano"), na selva, de onde fugiu para o exílio no Togo. Morreu em setembro, no Marrocos.[26]

Conflitos e guerras civis

Apesar da promessa de democracia, um dos primeiros atos do novo presidente foi a suspensão dos partidos e a proibição de manifestações políticas. As medidas autoritárias e o rompimento de Kabila com Ruanda e Uganda provocaram insatisfação popular, sobretudo dos antigos aliados, os tutsis baniamulenges. Em janeiro de 1998, militares baniamulenges se amotinaram contra o regime. Em fevereiro, o governo prendeu chefes tribais e professores universitários na região de Kivu, leste do país, onde vivem os tutsis. A revolta se alastrou, recebendo o apoio ruandês e ugandense contra Kabila e, em junho, degenerou em guerra civil. Os combates contra o governo ocorreram nos sentidos Norte–Sul e Leste–Oeste, repetindo a trajetória da ofensiva que no ano anterior depusera Mobutu e levou Kabila ao poder.

Enfraquecido, Kabila pediu socorro militar a Angola, Zimbábue e Namíbia para frear o avanço dos tutsis baniamulenges, que já ocupavam grandes áreas do território congolês e ameaçavam invadir Kinshasa. Em 2 de agosto, tropas, tanques, aviões e helicópteros dos três países entraram no Congo e atacaram posições dos rebeldes. Em resposta, Uganda e Ruanda ameaçaram intervir diretamente. A entrada de forças estrangeiras no conflito deteve a revolta militar contra Kabila em menos de duas semanas, mas obrigou o presidente a prometer eleições gerais para 1999. No mesmo ano foi assinado o Acordo de Lusaka, firmando um cessar-fogo. Contudo, ele não foi cumprido e a ONU preparou uma missão de paz no país.

Visando a conquista de extensas jazidas de diamante no país, Ruanda e Uganda passaram a apoiar milícias diferentes.

Governo de Transição

Em 2001, Kabila foi morto por seu guarda-costas.[27] Joseph Kabila, seu filho, assumiu o governo, iniciou o processo de paz e prometeu eleições. Acordos para a democratização avançaram. Em 6 de dezembro de 2006, ele seria eleito presidente, na primeira eleição geral em 40 anos na história do país.

Em abril de 2003, mil pessoas da minoria Hema foram massacradas numa região ainda marcada por confrontos, rica em ouro.[28] No fim do ano iniciou-se a ação do governo provisório.

Nova Constituição

No início de 2006, na sequência da ratificação de uma nova constituição, aprovada por referendo, cuja aprovação foi de 84,31% dos eleitores,[29] a bandeira do país foi alterada, assumindo um modelo semelhante ao já utilizado no período entre 1963 e 1971.[30] Em 30 de junho de 2006 realizaram-se as eleições, com vitória de Joseph Kabila, que obteve 57% dos votos.[31]

A maior guerra do mundo desde a Segunda Guerra Mundial

São quase vinte anos de guerra civil, com a participação de milícias e exércitos de países vizinhos. Os conflitos no leste do país deixaram cerca de 6 milhões de mortos e desaparecidos. É a maior e mais sangrenta guerra desde a Segunda Guerra Mundial.

Na República Democrática do Congo está a maior e mais cara missão da ONU[carece de fontes?].

A ajuda humanitária trata da malária, sarampo, cólera, desnutrição, infecções, traumas, mas não consegue salvar o povo do extermínio em massa. As chacinas de homens, os estupros de mulheres e os sequestros de crianças são frequentes.

A República Democrática do Congo é o maior e mais rico país em recursos naturais da África subsaariana, confiscados pela colonização belga e, nas últimas décadas, pelos rebeldes e por estrangeiros. Essa riqueza financia as milícias, é contrabandeada para países vizinhos como Ruanda, Uganda e Burundi, mas o povo continua sendo um dos mais pobres do mundo, é explorado no trabalho pesado das minas e confiscado na sua produção agrícola, em torno de 10%, pelos rebeldes[32].

Tribunal Penal Internacional e a Situação na República Democrática do Congo

O Tribunal Penal Internacional é o primeiro tribunal penal internacional permanente. Foi estabelecido em 2002 na Haia, Países Baixos, local da sua sede atual, conforme estabelece o Artigo 3º do Estatuto de Roma.

O objetivo do TPI é promover o Direito internacional, e seu mandato é de julgar os indivíduos e não os Estados (tarefa do Tribunal Internacional de Justiça). Ele é competente somente para os crimes mais graves cometidos por indivíduos: genocídios, crimes de guerra, crimes contra a humanidade e os crimes de agressão.

Em 23 de junho de 2004, o TPI decidiu abrir investigação sobre a Situação na República Democrática do Congo, a pedido deste país.

Thomas Lubanga Dyilo, preso em Haia desde 16 de março de 2006, foi considerado culpado, em 14 de março de 2012, pelos crimes de guerra, como co-autor, de alistar e recrutar crianças menores de 15 anos para a Força Patriótica para a Libertação do Congo ( FPLC ) e usá-las para participar ativamente nas hostilidades, no contexto de um conflito armado interno, a partir de 1 de setembro de 2002 a 13 de agosto de 2003.

Foi condenado, em 10 de Julho de 2012, mais de oito anos após a abertura do processo criminal, a um total de 14 anos de prisão. Essa foi a primeira condenação desde a criação do Tribunal Penal Internacional. Ele está detido, por enquanto, no Centro de Detenção em Haia.[33]

Germain Katanga, também conhecido como "Simba", comandante alegado da Força de Resistência Patriótica em Ituri (FRPI), teve mandado de prisão expedido em 25 de junho de 2007 pelo Tribunal Penal Internacional, tendo-se rendido ao Tribunal e transferido para o Centro de Detenção em Haia em 17 de outubro de 2007. Germain Katanga é acusado de ter supostamente cometido, através de outras pessoas:

Em 7 de março de 2014, foi condenado pelo Tribunal Penal Internacional por cinco acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, pelo extermínio de fevereiro de 2003 na aldeia de Bogoro na República Democrática do Congo.[34] O veredicto foi a segunda condenação em 12 anos de funcionamento do Tribunal Penal Internacional.[35][36][37]

Geografia

A República Democrática do Congo vista por satélite. As regiões norte e central do país abrangem grande parte da Floresta do Congo, que é a segunda maior floresta equatorial do mundo.[38]

O país é cortado pelo rio Congo como um "U" invertido, que é a principal fonte de abastecimento de água do país. Nascendo formalmente na Zâmbia, entra no país ao sul[39] e percorre sentido norte com o nome de Lualaba, formando uma das maiores bacias hidrográficas do mundo, a Bacia do Congo e sua vasta floresta equatorial (Floresta do Congo), recebendo águas do sistema LuapulaLuvua, vindos da região norte da Zâmbia, onde localiza-se sua real nascente no rio Chambeshi; e outras águas oriundas do lago Tanganica pelo rio Lukuga a leste. Contornando a enorme planície congolesa para oeste e novamente para sul e sudoeste, fazendo fronteira com a República do Congo, recebendo águas dos seus outros grandes afluentes como os rios Ubangi e Cassai, desaguando no oceano Atlântico na fronteira do país com Angola.

A leste desta imensa planície florestal selvagem, erguem-se os maciços e montanhas, formando vales e desfiladeiros provenientes e causados pelo tectonismo do vale do Rift Ocidental, os quais formaram os Grandes Lagos Africanos, os quais lagos Tanganica,[40] Kivu, Eduardo e Alberto; e as principais cadeias montanhosas como os montes Mitumba, Virunga e Ruwenzori. Esta última cadeia, faz parte da fronteira leste com Uganda, dividindo o ponto mais elevado entre os dois países: o monte Stanley (ou monte Margherita) e seus 5 109 m de altitude,[41] a terceira maior montanha da África.[42]

Seu clima é predominantemente equatorial, quente e úmido, com chuvas frequentes quase o ano todo por conta da alta umidade da floresta densa e grande número de rios perenes. Nos planaltos e montanhas a leste, predomina o tropical de altitude e subtropical com temperatura de mais amena à fria. São poucas áreas que recorrem ao clima seco de savanas.

Demografia

A Organização das Nações Unidas estimou, para 2007, a população em 62,6 milhões de pessoas, tendo sido aumentada rapidamente, apesar da guerra de 1997. Porém, esse número pode passar dos 70 milhões,[7] já que os dados não podem ser exatos. No país, aproximadamente 250 grupos étnicos foram identificados e nomeados.[43] As pessoas mais numerosos são os Kongo, Luba, e Mongo.[44] Exitem cerca de 600 000 pigmeus no país.[45] A maioria da população é rural, com apenas 30% de sua população vivendo em meios urbanos.[1][46]

São falados aproximadamente 700 línguas e dialetos,[46] a variedade linguística é superada tanto pelo amplo uso de intermediários e línguas como o francês, Kongo, tshiluba, suaíli, e Lingala. É um dos países que mais contém dialetos.

Cidades mais populosas

Política

Joseph Kabila, atual presidente do país.

Em 18 e 19 de dezembro de 2005, realizou-se com sucesso o referendo que estabeleceu as eleições em 2006.[48] O processo de votação, tecnicamente difícil devido à falta de infraestrutura, foi organizado pela Comissão Eleitoral Independente do Congo com o apoio da missão das Nações Unidas para o Congo (MONUC). Segundo dados divulgados em janeiro de 2006, a constituição foi aprovada por 84,31% dos eleitores.[29]

A 6 de Dezembro de 2006, Joseph Kabila, filho de Laurent Kabila, tomou posse como presidente depois de vencer as primeiras eleições gerais em 40 anos.[31][49]

O atual quadro político da República Democrática do Congo é o de uma república de transição de uma guerra civil para uma república democrática semipresidencial.[1]

Apesar de se chamar "República Democrática do Congo", o país tem um dos menores índices de democracia do mundo, estando em 155° lugar em uma lista de 167 países.

Subdivisões

Comparação entre a antiga divisão (à esquerda) e a nova divisão (à direita) do país.

Até 2005, a República Democrática do Congo dividia-se em 11 províncias:[7]

  1. Bandundu
  2. Baixo Congo
  3. Équateur
  4. Kasaï-Ocidental
  5. Kasaï-Oriental
  6. Katanga
  7. Kinshasa
  8. Maniema
  9. Nord-Kivu
  10. Orientale
  11. Sud-Kivu

A constituição de 2005, que entrou em vigor em fevereiro de 2006, dividiu a República Democrática do Congo, no prazo de 36 meses, em 25 províncias e uma cidade independente (Kinshasa), com estatuto de província:[50][51]

Economia

Kinshasa vista de Brazzaville, duas capitais separadas pelo rio Congo.

A economia do segundo maior país da África depende fortemente de mineração. No entanto, a actividade económica ocorre principalmente no setor informal e não é refletido no PIB.[52] A República Democrática do Congo é uma nação que possui uma vasta riqueza potencial que declinou drasticamente desde os meados da década de 1980. Os dois recentes conflitos, que se iniciaram em 1998, reduziram dramaticamente a produção nacional e as receitas do governo, aumentaram a dívida externa[53] e resultaram em talvez uns 3,8 milhões de vítimas,[54] directas, que se somadas às vítimas causadas pela fome e as devidas a doenças, são 4,5 milhões.[55]

As empresas estrangeiras retraíram-se devido à incerteza quanto ao resultado dos conflitos, à falta de infraestruturas e ao difícil ambiente empresarial. A guerra intensificou o impacto de problemas básicos como uma moldura legal incerta, corrupção, inflação e falta de abertura nas políticas económicas e operações financeiras do governo.[7] As condições melhoraram no fim de 2002 com a retirada de uma grande percentagem das tropas estrangeiras presentes no país. Algumas missões do FMI e do Banco Mundial reuniram-se com o governo para ajudá-lo a desenvolver um plano econômico coerente, perdoando 90% da dívida,[56] e o presidente Joseph Kabila começou a implementar reformas. Muita da atividade econômica fica de fora dos dados do PIB. A região congolesa de Katanga possui alguns dos melhores depósitos mundiais de cobre e cobalto.[57] Outras áreas do país possuem fontes ricas de minerais diversos, incluindo diamantes, ouro, ferro e urânio. Após anos de guerras, ditaduras e tumultos, porém, a infraestrutura do país ou está em ruínas ou é inexistente, e as operações de extração estão produzindo apenas uma fração de seu potencial. Se considerarmos o valor de seus recursos naturais, serão de 24 trilhões de dólares (24 biliões de dólares em escala curta, usada em Portugal).[12][13][14][15]

A República Democrática do Congo está entre um dos países com os menores valores de PIB nominal per capita, à frente apenas do Burundi.[9][10] Já segundo o Banco mundial, o país possui o menor PIB per capita.[58]

Cultura

Principais línguas bantus no país.

A cultura da República Democrática do Congo reflete a diversidade das suas centenas de grupos étnicos, contados como 250,[43] e suas diferentes formas de vida em todo o país, da foz do rio Congo na costa, através do rio acima selva e savana, no seu centro, para as montanhas mais densamente povoadas no extremo leste.

Música

Fora da África, qualquer música da República Democrática do Congo (e também da República do Congo) é chamada soukous,[59] que mais exatamente refere-se a uma dança popular do final dos anos 1960. O termo rumba ou rock-rumba também é usado geralmente para referir-se a música congolesa, embora ambas palavras tenham as suas próprias dificuldades e nem sejam muito exatas nem exatamente descritivas. No Congo não há nenhum termo específico da sua própria música, a nao ser a expressão "muziki na biso" ("nossa música").

A musica congolesa teve muita influência nos estilos musicais da África subsariana onde surgiu uma quarta geração de músicos liderados fundamentalmente pelos integrantes do dividido grupo musical Wenge Musica 4x4causado pela rivalidade entre as duas figuras emblemáticas do grupo JB Mpiana e Werrason. Existe uma quinta geração na música congolesa, liderada pelos musicos Fally Ipupa do antigo grupo Quartier Latin, Koffi Olomide e Ferre Gola, provenientes do grupo Maison Mère de Werrason. Outros musicos desta geração são: Didier Kalonji, Celeo Scram, Didier lacoste, Jus d'Été, Fabricas, Heritie Watanabi, Baby Ndombe, todos ex integrantes do grupo maison mere, Solei watanga, Jipson Butukundolo, Modogo Abarambua, Samy Shiton, Suzuki Luzubu, Babia Ndonga Chokoro, todos ex quartien latin e outros tantos de menor sucesso e impacto na nova geracao.[60]

Religião

Na República Democrática do Congo, o cristianismo é a religião predominante, sendo seguido por aproximadamente 95% da população. A maioria das pessoas que seguem outras religiões são, ou muçulmanas ou adeptas de alguma religião local, como o Tocoísmo ou o Kimbanguismo (fundada pelo enviado de Deus, o profeta Simao Kimbangu como se acredita), cujos crentes são maioritariamente os Bakongos, que acreditam que esta seja a religião dos seus ancestrais.[61]

Feriados

Os feriados estabelecidos pela república são:[62]

Data Comemoração
4 de janeiro Dia dos mártires da independência
16 e 17 de janeiro Dias dos heróis da nação
16 de fevereiro Dia dos mártires da democracia
1 de maio Dia Internacional do Trabalho
17 de maio Aniversário da libertação do povo da tirania
30 de junho Aniversário da independência
24 de novembro Dia nacional da república[1]

Ver também

Referências

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  2. «"Congo, Democratic Republic of the"». The World Factbook. Consultado em 8 de janeiro de 2015 
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  5. Ciberdúvidas da Língua Portuguesa – Sobre os adjectivos pátrios
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