CartaCapital

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CartaCapital
CartaCapital
Capa da revista CartaCapital
Editor Mino Carta
Categoria
Frequência semanal
Circulação Total: 30 mil (agosto 2015)
Editora Editora Basset
Primeira edição 1994
País Brasil
Idioma português
Orientação política esquerda
cartacapital.com.br

A CartaCapital é uma revista semanal brasileira de informações gerais publicada pela Editora Basset Ltda.[1] Foi fundada em agosto de 1994 pelo jornalista ítalo-brasileiro Mino Carta, criador da revista Quatro Rodas, do Jornal da Tarde, do extinto Jornal da República e das semanais Veja e IstoÉ, pelo economista Luiz Gonzaga Belluzzo e por um grupo de jornalistas. Mino Carta dirige a redação desde o primeiro número. Manuela Carta tornou-se publisher em 2001. Bob Fernandes (1997-2005), Maurício Stycer (2005-2006) e Nirlando Beirão (2018-2019) foram redatores-chefes, função atualmente exercida por Sergio Lirio, que havia ocupado o mesmo posto entre 2007 e 2018 e voltou ao cargo em 2019 após uma passagem por outras áreas da empresa. Thaís Reis Oliveira é editora-executiva do site desde 2020.

Inicialmente com uma publicação mensal desde agosto de 1994, depois quinzenal (março de 1996), tornou-se, a partir de agosto de 2001, semanal. Possui atualmente uma tiragem média de 75 mil exemplares. Em 2001, CartaCapital ganhou o Prêmio Brasil de Mídia do Ano pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ABERJE), o que se repetiu em 2003.

Neste mesmo ano, a revista foi vencedora do Prêmio Comunique-se de Imprensa na categoria "Executivo de Veículo de Comunicação".[2] Em novembro de 2006, Mino Carta recebeu o prêmio de "Jornalista Brasileiro de Maior Destaque no Ano", da Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE).[3]

A CartaCapital teria sido concebida como uma alternativa às revistas similares que existiam então (e que efetivamente dominavam o mercado): Veja e IstoÉ.[carece de fontes?] Como não foi possível superá-las, em termos de fatia do mercado, assumiu ao longo do tempo uma postura de análise crítica, mais do que sua apresentação ou explicação. A revista possui, em contraste às supracitadas, uma equipe pequena (apenas 11 jornalistas) e procura dar uma visão aos acontecimentos da semana diferente das apresentadas pelos demais semanários e jornais.

Características editoriais[editar | editar código-fonte]

A CartaCapital é marcada por uma linha editorial assumidamente alinhada à esquerda política, e apesar de ter demonstrado (segundo o que afirmou a própria revista) inúmeras falhas do governo Lula, adotou uma posição favorável em relação à sua continuidade, apoiando a candidatura de Dilma Rousseff em 2010,[4] o que sugere um exemplo de ativismo jornalístico pela revista, uma modalidade de jornalismo que, intencionalmente e de forma transparente, adota um determinado ponto de vista, geralmente com algum objetivo social ou político, postura editorial que tem gerado controvérsias.[5]

Especialistas e intelectuais de diversas áreas do conhecimento escrevem nas diferentes editorias da revista. Por vezes é frontalmente contrária às abordagens feitas pelas concorrentes. Por exemplo, o ex-futebolista Sócrates, falecido em 2011, escrevia semanalmente sobre futebol na coluna Pênalti, mas abordando as questões políticas do esporte.[6][7]

Controvérsias[editar | editar código-fonte]

Entrevista com Luiz Inácio Lula da Silva[editar | editar código-fonte]

Em 14 de dezembro de 2005, na edição de nº 372,[8] a revista publicou uma longa entrevista com o então presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, concedida no Palácio do Planalto no dia 7 de dezembro de 2005.[9] No ano seguinte, Lula seria candidato à reeleição, conseguindo se reeleger para um segundo mandato. A entrevista foi alvo de críticas dos opositores do presidente, visto que sua pauta focalizou a gestão macroeconômica do governo e não a crise política e o escândalo do mensalão, que à época estavam em pauta na maior parte da imprensa.

A resposta da CartaCapital a esta alegação foi que denúncias de corrupção já veiculadas diariamente por todos os órgãos de divulgação do país e até por muitos livros de história do Brasil não se tornariam, para a revista, o fator fundamental na eleição que em breve elegeria o presidente do Brasil, e esforçou-se por noticiar outros acontecimentos relevantes que considerava serem de maior interesse, e que vinham sendo relegados a um segundo plano pelo que a revista chama de "grande mídia", que optara, naquele período pré-eleitoral, por fazer uma cobertura crítica do último governo.[10]

Cobertura das eleições 2006[editar | editar código-fonte]

Numa série de reportagens publicadas entre o primeiro e o segundo turno da eleição presidencial de 2006, entrou em uma polêmica jornalística com a cobertura realizada por outros veículos de comunicação como a Rede Globo e a Folha de S. Paulo.[11]

Dentre os pontos principais das reportagens de Raimundo Rodrigues Pereira, destaca-se a maneira como foram divulgadas as fotos do dinheiro do Escândalo do Dossiê que foram "vazadas" para a imprensa pelo delegado da Polícia Federal Edmilson Bruno.[12]

Lula sugere pauta à revista[editar | editar código-fonte]

Em 2016, em telefonema grampeado pela Polícia Federal com o ex-ministro Jaques Wagner, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contou que havia solicitado a Mino Carta um artigo mostrando que as manifestações foram realizadas em favor do "combate à corrupção" e contra a classe política brasileira.

"Eu conversei com Mino Carta aqui", disse Lula, para depois informar que "pediu" ou orientou o jornalista a escrever um artigo com essa abordagem, quando na verdade as manifestações, na ocasião, foram realizadas em defesa do impeachment da presidente Dilma e em apoio à Operação Lava Jato, conduzida pelo juiz federal Sergio Moro.[13][14][15][16][17]

Em 17 de março de 2016, a revista publicou um vídeo gravado por Mino Carta alegando que as declarações de Lula haviam sido distorcidas, segundo ele com o intuito de atacar a imparcialidade da revista. Ainda, segundo Carta, a revista havia sido a única a cobrir de forma crítica os desmandos e a atuação político-partidária da Operação Lava Jato, o que considerou inquestionável após os vazamentos das conversas pelo Telegram de procuradores da República e o ex-juiz Sérgio Moro, publicadas pelo The Intercept Brasil na série de reportagens conhecida como “Vaza Jato”.[18]

Odebrecht[editar | editar código-fonte]

Em 11 de abril de 2017, após o ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, retirar o sigilo das delações da Odebrecht na Operação Lava Jato,[19] os depoimentos de Marcelo Odebrecht e Emílio Odebrecht, que vieram a público, revelaram um empréstimo de 3 milhões de reais à revista. O pedido teria sido feito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao próprio Emílio.[20][21] Em 13 de abril de 2017, a CartaCapital publicou uma resposta falando sobre as polêmicas ligadas a revista, destacando "O que exatamente dizem Marcelo e Emilio Odebrecht sobre CartaCapital".[22]

Henrique Meirelles[editar | editar código-fonte]

Em 15 de janeiro de 2018, o colunista André Barrocal insinuou que o Ministro da Fazenda Henrique Meirelles fosse homossexual, com o intuito de desmoralizá-lo. O comentário causou críticas de leitores e jornalistas, por conta do viés negativo dado à suposta orientação sexual de Meirelles em uma revista que se diz defensora da diversidade. Após a repercussão negativa, CartaCapital suprimiu o trecho artigo e pediu desculpas ao ministro.[23][24]

Ataques de Nirlando Beirão às mulheres[editar | editar código-fonte]

Em 2019 o então redator-chefe de CartaCapital, Nirlando Beirão, escreveu uma matéria intitulada Mulheres que envergonham as mulheres. A matéria usou de adjetivos machistas, misóginos, homofóbicos e de intolerância religiosa (onde sugeriu que a ministra Damares Alves mantivesse relações sexuais com Jesus Cristo) para desqualificar mulheres que se identificam com a direita e ou jornalistas, juristas, entre outras, que estiveram envolvidas no caso da Prisão de Luiz Inácio Lula da Silva e ou na Operação Lava Jato.[25][26][27][28]

Contribuidores notáveis[editar | editar código-fonte]

Pesquisas publicadas[editar | editar código-fonte]

  • Pesquisa Vox Populi sobre o aborto, 2007
  • Pesquisa do IUPERJ sobre a parcialidade dos jornais nas eleições presidenciais de 2006

Referências

  1. Carta Capital - Expediente (18 de agosto de 2021). «CartaCapital é uma publicação semanal da Editora Basset Ltda». CartaCapital. Consultado em 29 de setembro de 2021 
  2. JOUGUET, Katianne. Seriedade com o público, Imprensa em Foco, Canal da Imprensa
  3. Prêmio Imprensa Estrangeira 2006: Mino Carta é eleito Jornalista do Ano
  4. Mino Carta (30 de setembro de 2010). «Por que apoiamos Dilma?». Carta Capital 
  5. CARELESS, Sue (maio de 2000). «Advocacy journalism» (em inglês). The Interim. Arquivado do original em 27 de setembro de 2004 
  6. 1954-2011, Sócrates (2012). Sócrates, brasileiro as crônicas do Doutor em CartaCapital. [S.l.]: Editora Confiança. OCLC 930976629 
  7. Bandyopadhyay, Kausik (2 de outubro de 2017). Legacies of Great Men in World Soccer: Heroes, Icons, Legends (em inglês). [S.l.]: Routledge 
  8. «Lula abre o jogo». Carta Capital. 14 de dezembro de 2005. Arquivado do original em 17 de janeiro de 2006 
  9. «Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à revista Carta-Capital» (PDF). Palácio do Planalto. 7 de dezembro de 2005 
  10. CARTA, Mino. Eleições 2006: Quem é mesmo o mais moderno? CartaCapital, 17/10/2006, in Observatório da Imprensa
  11. SALLES, Marcelo. Imprensa, PF e a dinheirama: TV Globo, o delegado e outros assuntos capitais. Observatório da Imprensa, ISSN 1519-7670, Nº 404, 24/10/2006
  12. Entrevista: Raimundo Pereira Rodrigues, jornalista e editor da revista Retrato Brasil Opinião. 11/11/2006.
  13. «Lula orienta criação de artigos de Mino Carta». Consultado em 17 de outubro de 2016 
  14. «LULA DEIXA MAL O JORNALISTA MINO CARTA, AFIRMANDO QUE ORIENTOU ARTIGO». Consultado em 17 de outubro de 2016 
  15. «Lula sugere que é o chefe de reportagem da revista cartacapital». Consultado em 17 de outubro de 2016 
  16. «grampo de lula». Consultado em 17 de outubro de 2016 
  17. «ouc a conversa de lula Jaques wagner sobre protestos anti-dilma». Consultado em 17 de outubro de 2016 
  18. Mino Carta comenta o grampo de Sergio Moro contra Lula
  19. «EXCLUSIVO: Fachin acaba com sigilo das delações da Odebrecht». Estadão. 11 de abril de 2017. Consultado em 13 de abril de 2017 
  20. Rodrigo Rangel, Daniel Pereira, Robson Bonin, Laryssa Borges, Marcela Mattos, Felipe Frazão, Hugo Marques, Thiago Bronzatto (11 de abril de 2017). «A pedido de Lula, Odebrecht deu R$ 3 milhões a 'Carta Capital'». Veja. Abril. Consultado em 13 de abril de 2017 
  21. «'Carta Capital' teria recebido R$ 3 milhões em troca de espaço publicitário». Folha de S.Paulo. Uol. Consultado em 13 de abril de 2017 
  22. Redação (13 de abril de 2017). «O que exatamente dizem Marcelo e Emilio Odebrecht sobre CartaCapital». CartaCapital. Consultado em 13 de abril de 2017 
  23. André Barrocal (15 de janeiro de 2018). «Contra Lula e Bolsonaro, a velha direita tenta se manter como centro». Carta Capital. Consultado em 20 de janeiro de 2018 
  24. Leandro Sarubo (19 de janeiro de 2018). «Revista da diversidade, "Carta Capital" insinua que ministro da Fazenda é gay». Teleguiado. Consultado em 20 de janeiro de 2018 
  25. «Nota de Repúdio». Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres. Novembro de 2019. Consultado em 20 de julho de 2020 
  26. Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados (22 de novembro de 2019). «Nota de Repúdio». Câmara dos Deputados do Brasil. Consultado em 20 de julho de 2020 
  27. «Nota de repúdio à matéria veiculada na revista Carta Capital». Associação dos Magistrados Brasileiros. 20 de novembro de 2019. Consultado em 20 de julho de 2020 
  28. «Note de Repúdio - Matéria veiculada na Revista Carta Capital». Associação dos Juízes Federais do Brasil. 19 de novembro de 2020. Consultado em 20 de julho de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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