Rio Torto (Ponsul)

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Torto
Rio Torto (Ponsul)
Troço do Rio Torto a montante da Ponte de Proença-a-Velha
Comprimento aprox 41km km
Nascente Município de Penamacor
Altitude da nascente N/D m
Caudal médio N/D m³/s
Foz Ponsul
Área da bacia N/D km²
País(es) Portugal Portugal

O rio Torto (afluente do Ponsul) é um rio português, que adquire esta designação no Prado, local onde confluem as águas da Ribeira das Taliscas e da Ribeira de Medelim e desagua no Ponsul, na albufeira da barragem da Idanha (ou Marechal Carmona), a NNE da vila de Idanha-a-Nova.

Caracterização[editar | editar código-fonte]

Designação e descrição[editar | editar código-fonte]

O Rio Torto é também conhecido como Ribeira das Taliscas, da qual é na realidade a continuação, mudando a sua designação a partir do local as águas desta ribeira confluem com as da Ribeira de Medelim, já em território da freguesia de Proença-a-Velha, no Município de Idanha-a-Nova.

A confluência das águas destas duas ribeiras dá-se junto ao moinho do Coucho[nt 1] (e não Coxo como vem referenciado na Carta Militar de Portugal, Folha 257) num local chamado Prado e próximo de um outro conhecido por Faísca, pelo qual passa a Ribeira de Medelim, por isso também conhecida como Ribeira da Faísca. A designação de Rio Torto fica a dever-se, certamente, ao facto de a partir deste este local e até à Foz o percurso passar a ser muito sinuoso.

Percurso[editar | editar código-fonte]

Começa na vertente Sudeste de Penamacor, na confluência das águas do Ribeiro do Pinheiro e do Ribeiro do Vale Mourisco, ao qual se juntaram já as águas do Ribeiro do Canafichal e da Ribeira do Canafichal de Cima.

Passa próximo das freguesias de Águas, Pedrógão de São Pedro e Bemposta, ainda com a denominação de Ribeira das Taliscas, entrando depois no território de Proença-a-Velha onde, logo no seu limite norte, se junta com a Ribeira de Medelim, formando-se assim o Rio Torto.

Vai desaguar no Ponsul, próximo da barragem Marechal Carmona, no lugar do Torrão.

Afluentes[editar | editar código-fonte]

Tem como principais afluentes na margem esquerda:

1 – A Ribeira da Preza, que nasce junto às Portelas, corre de Nascente para Poente e desagua na Ribeira das Taliscas, precisamente no local designado por Taliscas, donde lhe vem o nome;

2 – A Ribeira de Aldeia do Bispo, ou Ribeira da Raivosa, que nasce na encosta sul do Monte do Frade, corre de NE para SO, banha Aldeia do Bispo e desagua na ribeira das Taliscas no extremo norte da freguesia das Águas;

3 – O Ribeiro da Fonte Santa, que nasce na zona do Horto, entre Aldeia de João Pires e as Águas, e desagua na ribeira das Taliscas a menos de 1 Km das Termas da Fonte Santa das Águas;

4 – O Ribeiro do Lagar de Água, que nasce a Oeste de Aldeia de João Pires, corre de NE para SO e dasagua na ribeira das Taliscas a norte da Bemposta;

5 - A Ribeira de Medelim, ou ribeira da Faísca, que se forma a cerca de 3 km a NNE de Medelim, na confluência da Ribeira de Aldeia de João Pires, que nasce junto às Aranhas, com o Ribeiro da Arrancada; este por sua vez forma-se da junção do Ribeiro de Água Doce com o Ribeiro da Granja e com o Ribeiro da Gorlixa, todos eles com nascente entre as Aranhas e Salvador. As águas da Ribeira de Medelim juntam-se às da Ribeira das Taliscas no Prado, entre as povoações de Bemposta e de Proença-a-Velha, junto ao moinho do Coucho, formando-se assim o Rio Torto;

6 - O Ribeiro Mourisco, que tem o seu início a NE de Medelim, corre de NE para SO e entra no rio Torto já a sul de Proença-a-Velha, no lugar do Pisão.

Tem como principais afluentes na margem direita:

1 – A Ribeira da Penela, que tem o seu início na vertente Sul de Penamacor e desagua na Ribeira das Taliscas, cerca de 3 km a sul de Penamacor;

2 – O Ribeiro do Tição, que nasce junto a Pedrógão de São Pedro e desagua na ribeira das Taliscas, junto aos Gregórios, no limite entre os Municípios de Penamacor e de Idanha-a-Nova, servindo de fronteira entre eles durante cerca de 680m;

Referências Geomorfológicas[editar | editar código-fonte]

“…No interior do Plutonito, das linhas de água de maior significado, com início essencialmente dentro deste, destaca-se a Ribeira das Taliscas, que passa no interior da Freguesia de Águas, a cerca 800 metros a oeste das Termas, e ainda a Ribeira de Medelim, mais a sul das Termas e na zona central do Plutonito, e que o corta totalmente quase em linha recta e com direcção NE-SW. A união das duas ribeiras referidas anteriormente, dá origem ao Rio Torto, já fora do Plutonito.

A zona das nascentes minerais, a uma cota aproximada de 385, localiza-se numa área que em termos globais se poderá considerar típica da “Planura de Castelo Branco", com a excepção de, mesmo junto ao Edifício das Termas aflorar um pequeno “ilhote” de granito muito são com cota máxima de 402; este “ilhote” é interrompido bruscamente na bordadura Sul, pelo Ribeiro da Fonte Santa, com a direcção global N85ºE.

O Ribeiro da Fonte Santa, corresponde a uma pequena linha de água, de ordem 4, de acordo com a classificação de Strahler (LENCASTRE e FRANCO,1984), tendo como base a carta topográfica à escala 1/25000; este tem o seu início na zona do Horto com características de montanha, com cota máxima de 551m e a uma distância do edifício das Termas, em linha recta, de cerca de 1.8km. Este ribeiro vai confluir na Ribeira das Taliscas, a menos de 1 km das Termas, para oeste.

Salienta-se que a Ribeira das Taliscas é a linha de água mais importante, das proximidades das Termas, sendo de salientar que é um curso de água do tipo intermitente…”[1]

Referências Históricas[editar | editar código-fonte]

Surgem-nos referências históricas ao Rio Torto, nomeadamente no Foral de Idanha-a-Velha de 1229, no Tombo da Comenda de Proença-a-Velha, de 1505 e nas Memórias Paroquiais de 1758 de Penamacor (S.Tiago), Águas, Bemposta, Proença-a-Velha e de Idanha-a-Nova, conforme a seguir se reproduz:

Foral de Idanha-a-Velha (Egitânea), 1229[editar | editar código-fonte]

" … vem ao Rio Torto, segue a divisória de Proença com Idanha-a-Nova, vai à foz da Caniça e depois à foz da ribeira de Alpreada e depois à confluência da ribeira de Taveiró no Preada; vai a seguir à foz da ribeira de Ceife, depois à calçada que vem da Covilhã e à fossa de Ramiro e segue pelo rio Torto à ribeira de Tortel. Destes termos separo os termos seguintes que os homens de Proença cultivam enquanto me aprouver: começa no ribeiro Mourisco, vai à calçada de Alcântara e por esta calçada até ao rio Tortel; pelo rio Tortel vem até ao rio Torto e pelo rio Torto vai à fossa de Ramiro e à via da Mata e vem por esta via até à ribeira de Ceife, que segue até à de Taveiró; depois vai pela ribeira de Taveiró até à de Alpreada, e pela de Alpreada até à foz da Caniça; segue por onde confronta com Idanha-a-Nova, vem ao rio Torto, e vai por este até à foz do ribeiro Mourisco.''[2] [3]."

Tombo da Comenda de Proença-a-Velha, 1505[editar | editar código-fonte]

"... (confronta) ao sul com caminho do concelho que vai para a ponte de Rio Torto...

(...) Tem mais uma grande terra (… ) que se chama o Prado, cuja demarcação se começa no Pego da Piçarreira que é ao sul, e é em Rio Torto...

(...) que é ao norte até se meter no dito Rio Torto...

(...) e daí o lombo abaixo até à eira de Gonçalo Vaz de Proença direito à Ribeira de Rio Torto...

(...) e daí torna para a estrada que vai para o Torrão até Rio Torto ...[4]."

Memórias Paroquiais de Penamacor (S. Tiago), 1758[editar | editar código-fonte]

"No que pertence aos rios desta terra é o seguinte: " “… E para o sul no sítio aonde chamão o Ribeyro do Pinheyro distante desta freguesia hum quarto de légoa, que de outros Ribeyros já recebe muitas agoas, tem o seu princípio huma Ribeyra, a que chamão =Taliscas= e esta corre do Nascente para o Poente, e no limite desta freguesia tem três moinhos, e passa junto ao lugar das Agoas distante desta Vila huma legoa = e na distancia de meia legoa se chama Ribeyra do Pedrógão, e junto da Vila de Proença se chama Rio Torto, e perde o nome na Ribeyra do Ponsul distante desta Vila cinco legoas…”[5]

Memórias Paroquiais de Águas, Penamacor,1758[editar | editar código-fonte]

“(...)Tem huma Ribeyra a que chamam das Taliscas...

(...) Conserva este nome até este lugar ahonde adquire o nome da Ribª das Aguas, até ao limite da Bemposta...

(...) nasce nos limites de Penamacor, e vai meter-se na Ribeyra da Vª de Proença e nesta distância terá três legoas passa aos Redores da Villa da Bemposta...”[6]

Memórias Paroquiais de Bemposta, Penamacor, 1758[editar | editar código-fonte]

“(...) Tem huma Ribeira nasce no termo da Villa de PennaMacor daqui duas léguas aonde chamão Val Mourisco tem o nome Ribeira das Taliscas quando passa nesta villa que dista della ametade de meia légua se chama a Ribeira de Pedrogam por passar entre esta vila e o dito lugar e daqui huma legoa em a villa de Proença se chama já Rio Torto. (...) Daqui meia legoa entra nesta huma Ribeira chamada a de Medelim no limite da villa de Proença no sítio do Prado. (...) Morre daqui quatro Legoas no termo da villa de Idanha a Nova, na Ribeira do Ponsul”[7]

Memórias Paroquiais de Proença-a-Velha, 1758[editar | editar código-fonte]

“… O que pertence ao rio desta terra é o seguinte

1 – Chama-se rio Torto e nasce em valle mourisco termo de Penamacor.

3 – Entra nelle huma Ribeira chamada a Faíscas no termo desta villa aonde chamão o Prado.

6 – Corre de Norte a Sul.

12 – Deste termo athe onde morre conserva o mesmo nome e pª cima athe onde nasce se chama Ribeira.

13 - Morre em o rio Ponsul aonde chamão o Torrão.

19 – Tem o rio quatro Legoas de comprimento e passa entre o Pedrógão e a villa da Bemposta e junto a esta vila...”[8]

Memórias Paroquiais de Idanha-a-Nova, 1758[editar | editar código-fonte]

“ …Entram neste (Rio Ponsul) o Rio Torto meya legoa distante desta terra à parte do Norte, e à parte do Sul legoa e meya se mete o Alpreade…”[9]

Notas

  1. Coucho é a designação que se dá na região a um objecto de cortiça, semelhante a uma concha, que se utiliza para beber água nas fontes, (no Alentejo designa-se cocho).

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Proença-a-Velha, uma Povoação com História. Lisboa: Edições Colibri. 2000. 130 páginas. ISBN 972-772-207-5 
  • Revista raia, Nº 6 Agosto 1998. Castelo Branco: [s.n.] 1998. 70 páginas 
  • Revista raia, Nº 8 Nov/Dez 1998. Castelo Branco: [s.n.] 1998. 70 páginas 
  • Estudos Hidrogeoambientais na Zona da Fonte Santa da Freguesia de Águas de Penamacor, Set 2000. UBI, Departamento de Engenharia Civil, Covilhã: [s.n.] 2000. 14 páginas 
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