Romolo Lombardi

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Romolo Lombardi
Nascimento 24 de maio de 1891
São Paulo
Morte 12 de outubro de 1957 (66 anos)
São Paulo
Nacionalidade Brasileiro
Ocupação Cenógrafo, decorador e pintor.

Romolo Lombardi (São Paulo, 24 de maio de 1891 — São Paulo, 12 de outubro de 1957) foi um pintor, cenógrafo e decorador brasileiro.

Nas décadas de 1920 e 1930, Lombardi foi um dos principais cenógrafos do Teatro Municipal de São Paulo, onde trabalhou de 1916 a 1941, e ficou conhecido como "o mago da cenografia" brasileira, segundo o curador Dario Bueno.[1]

Outros cenógrafos conhecidos na época em São Paulo, ao lado de Lombardi, foram Antônio Paim Vieira, Henrique Manzo, Juvenal Prado[2], além de Hipólito Colombo, Ângelo Lazary e Jaime Silva.[3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Cenografia[editar | editar código-fonte]

Ao longo de sua carreira, além do Teatro Municipal de São Paulo, Lombardi projetou e construiu cenários para outras companhias teatrais, como a Companhia de Teatro Zaira Médice, Companhia Italiana de Opereta de Clara Weiss, Associação Ópera Lírica Nacional e Companhia Procópio Ferreira, entre outras.[4]

Em 1916, ingressou como cenógrafo na Companhia Sebastião Arruda (1916-1928), um grupo de teatro paulistano. Através dessa companhia, organizou a cenografia da peça A Pérola Encantada (1918)[5], encenada no antigo Theatro Boa Vista (1916-1947), em São Paulo.[6] Em 1920, pela Companhia Gonçalves, realizou cenários para a peça Adeus Amor, escrita por Gastão Barroso.[7]

Em março de 1921, pela Companhia Gonçalves, Lombardi criou o cenário da peça Sai Azar!, no Theatro Apollo[8]. Em agosto de 1921, no mesmo Theatro Boa Vista, Lombardi criou cenário para a revista carioca Quem é bom já nasce feito, dos autores Carlos Bittencourt e Cardoso de Meneses.[9] Em setembro, Lombardi co-criou ao lado de Gigi Zamaro o cenário de Segura... o boi (Companhia Arruda), no Theatro Boa Vista, escrita pela mesma dupla de autores revistógrafos e que teve música de Bento Mossurunga[10]. Em novembro daquele ano, no Theatro Guarany, Lombardi pintou os "cenários de grande efeito" para o espetáculo Estrella D'Alva (Companhia Gonçalves), uma opereta portuguesa executada pelo maestro Mário Monteiro e com música de Chiquinha Gonzaga.[11]

Em março de 1922, no mesmo teatro, ele pintou os cenários do espetáculo A Capital Federal (Companhia Pinto Filho), uma "aparatosa burleta" escrita em 1859 por Artur de Azevedo, com música de Assis Pacheco, Nicolino Milano e Luís Moreira.[12] Ainda em 1922, pela mesma Companhia Pinto Filho, realizou o cenário para os espetáculos O Formigão[13], Voando por baixo...[14] e Seu Tiburcio Tá'Hi'[15], os três apresentados no Theatro Parisiense.

Em 1923, no Theatro Apollo, Lombardi criou um dos cenários do drama O Martyr do Calvario (Companhia Brasileira de Comédia Abigail Maia), escrita por Eduardo Garrido em 1902, mais especificamente o cenário do "jardim das oliveiras"; os demais cenários foram criados pelo português Jayme Silva.[16]

Em março de 1924, Lombardi realizou os cenários da comédia O meu Bebê, adaptação de Maurice Hennequin, para a companhia de Procópio Ferreira, apresentada no Teatro Royal de São Paulo.[17] Em abril daquele ano, através da mesma companhia de teatro, criou cenário para os atos 1 e 2 da peça Meu maridinho, uma adaptação de Restier Júnior da comédia de Roberto Gache.[18]

Em 1927, no Theatro Boa Vista, Lombardi co-criou com Gigi Zamaro cenário para a peça Todas as mulheres, da Companhia Arruda, que tinha como elenco o casal Alfredo Viviane e Lyson Caster.[19]

Em 1929, Lombardi criou os cenários da peça Bom que Doe, da Companhia Permanente de Revistas, Burletas e Sainetes, estrelado por Otília Amorim no Theatro Colombo.[20]

Em 1932, Lombardi criou cenário da peça Peccado Original, uma fantasia musicada, estreiado no antigo "Moinho do Jéca" (um café-concerto no subsolo do Palacete Santa Helena, na Praça da Sé).[21]

Em 1941, Lombardi foi o responsável pelo cenário da comédia musical Nina non far la stupida, um espetáculo em prol da Cruz Vermelha Italiana e das obras assistenciais brasileiras e italianas e organizado pelo Instituto Médio Ítalo-Brasileiro Dante Alighieri.[22]

Na década de 1950, por convite de Vasco Barioni, Lombardi também atuou como professor de métodos de construções cenográficas no Cine São José de São Roque.[23]

Decoração carnavalesca[editar | editar código-fonte]

Paralelamente à cenografia e à pintura, Lombardi atuou como decorador de desfiles carnavalescos.

Em 1919, ele e Emílio Stromillo foram contratados pelo Club Fenianos Carnavalescos para a confecção do préstito dos festejos de 1920, que deveria ser composto de belas alegorias, dentre elas "uma inspirada na heróica conquista de Fiume, em homenagem à colônia italiana, na pessoa de Gabriele d'Annunzio".[24]

Em 1923, fez a decoração dos carros alegóricos do Lygia Club (1923); também pintou e construiu, juntamente com o artista Romolo Albanese, os carros do Clube Carnavalesco Argonautas[25]. Decorou também os salões do antigo Hotel Terminus, em São Paulo, para o carnaval de 1934.

Em fevereiro de 1939, colaborou com a decoração do Baile de Gala ocorrido no Teatro Municipal de São Paulo, descrito como a "festa máxima do carnaval paulista", com inspiração em motivos nacionais.[26]

Pintura[editar | editar código-fonte]

Em 1903, quando adolescente, Lombardi começou a estudar pintura com Guilherme Pangella. Em 1913, Lombardi foi um dos vários visitantes da exposição do pintor italiano Giuseppe Amisani em São Paulo.[27]

Em 1922, participou de exposição coletiva na I Exposição Geral de Belas Artes, no Palácio das Indústrias em São Paulo.

Em 1943, por volta dos 52 anos, Lombardi abandonou a cenografia para dedicar-se exclusivamente à pintura de telas, realizando sua primeira mostra individual na capital paulista em 1944, com motivos nacionais.[28] Fez também exposições coletivas em eventos do Salão Paulista de Belas Artes entre 1951 e 1956. Recebeu menção honrosa no 17° Salão Paulista, realizado em 1952.

Faleceu no auge de sua carreira artística, quando se preparava para uma nova exposição individual.

Exposições póstumas[editar | editar código-fonte]

Em 1988, uma amostra individual da obra de Lombardi foi exibida no Centro Cultural São Paulo (CCSP).

Em setembro de 1999, o Espaço Cultural Banespa-Paulista organizou a maior mostra com obras do artista, chamada Romolo Lombardi 1891-1957: o pintor da natureza[29], com curadoria de Dario Bueno, reunindo cerca de 125 quadros de Romolo Lombardi, além de ensaios fotográficos e artigos de jornais e revistas de época.[30]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. VEIGA, Edison. "O Theatro Municipal de São Paulo histórias surpreendentes e casos insólitos". Editora SENAC São Paulo. 2019.
  2. SERRONI, José Carlos. "Cenografia brasileira. Notas de um cenógrafo" (Edição bilíngue). Edições Sesc SP. 2015.
  3. GUINSBURG, J; FARIA, J. B; LIMA, M. A. "Dicionário do teatro brasileiro temas, formas e conceitos". Editora Perspectiva S/A. 2020.
  4. Enciclopédia Itaú Cultural - Artes Visuais: Romolo Lombardi
  5. Jornal O Combate: Independência, Verdade, Justiça. Ano 1918, edição 932, página 2.
  6. Acervo Estadão: Era uma vez em SP: teatro Boa Vista. 10 de abril de 2015.
  7. Correio Paulistano: Adeus Amor. 13 de outubro de 1920, edição 20576.
  8. Correio Paulistano: Sai Azar! 6 de março de 1921, edição 20718.
  9. Jornal O Combate: Independência, Verdade, Justiça. Ano 1921, edição 1854.
  10. Correio Paulistano: Segura... o boi. 23 de setembro de 1921, edição 20912.
  11. Jornal A Tribuna: Estrella d'Alva. 11 de novembro de 1921, edição 229, página 7.
  12. Jornal A Tribuna: A Capital Federal. 29 de março de 1922.
  13. Jornal A Tribuna: O Formigão. Ano 1922, edição 129.
  14. Jornal A Tribuna: Voando por baixo... Ano 1922, edição 134.
  15. [Jornal A Tribuna: Voando por baixo... Ano 1922, edição 152.]
  16. Correio Paulistano: O Martyr do Calvario. 28 de março de 1923, edição 21452.
  17. Correio Paulistano: O meu Bebê. 22 de março de 1924, edição 21806.
  18. Correio Paulistano. "Meu maridinho". Ano 1924, edição 21840.
  19. Correio Paulistano: "Todas as mulheres". 3 de agosto de 1927, edição 22999.
  20. Diário Nacional - A Democracia em Marcha - ano 1929, edição 526.
  21. A Gazeta (São Paulo): Moinho do Jéca. 29 de janeiro de 1932, edição 7796, página 6.
  22. Correio Paulistano - Teatro Municipal: Nina non far la stupida. 24 de julho de 1941, edição 26191, página 8.
  23. Jornal O Democrata: Murillo Silveira: entre boticões e pincéis. 7 de abril de 2018.
  24. Correio Paulistano: Club Fenianos Carnavalescos. 24 de dezembro de 1919, edição 20287, página 6.
  25. Correio Paulistano - O Carnaval. 15 de fevereiro de 1923.
  26. Correio Paulistano: "Brasil Maravilhoso". Ano 1939, edição 25435, página 11.
  27. Correio Paulistano: Registro de Arte - Exposição Amisani. 10 de setembro de 1913, edição 18010, página 2.
  28. Correio Paulistano: Exposições, concertos e conferências: exposição Romolo Lombardi. 30 de novembro de 1944, edição 27209, página 6.
  29. Fundo Radha Abramo - Listagem. Página 124.
  30. Jornal da FUBESP. 24 de setembro de 1999 - n° 483, página 02.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]