Roque Santeiro (1975)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Se procura a versão exibida em 1985, veja Roque Santeiro.
Roque Santeiro
A Fabulosa História de Roque Santeiro e de Sua Fogosa Viúva, a que Foi Sem Nunca Ter Sido
Roque Santeiro (1975)
Logotipo da telenovela
Informação geral
Formato Telenovela
Criador(es) Dias Gomes
Baseado em O Berço do Herói de Dias Gomes
Elenco Lima Duarte
Betty Faria
Francisco Cuoco
Rosamaria Murtinho
Lutero Luiz
Eva Todor
Theresa Amayo
Milton Gonçalves
Emiliano Queiroz
Débora Duarte
Elizângela
Lady Francisco
Dênis Carvalho

ver mais
País de origem  Brasil
Idioma original português
Episódios 40 capítulos escritos
Produção
Diretor(es) Daniel Filho
Exibição
Emissora original Brasil Rede Globo
Formato de exibição 480i (SDTV)
Transmissão original não ocorreu
(a novela estrearia em 27 de agosto de 1975)
Cronologia
Programas relacionados Roque Santeiro (versão de 1985)

A Fabulosa Estória de Roque Santeiro e de Sua Fogosa Viúva, a Que Era Sem Nunca Ter Sido, título reduzido para Roque Santeiro, seria uma telenovela brasileira que começou a ser produzida e estrearia pela Rede Globo em 27 de agosto de 1975, substituindo Escalada, mas que não chegou a ser exibida por determinação da censura no Brasil durante a ditadura militar.

Escrita por Dias Gomes com base em uma peça teatral de sua autoria de dez anos antes e que também havia sido censurada e proibida, O Berço do Herói; foi dirigida por Daniel Filho.

Sinopse[editar | editar código-fonte]

A novela gira em torno de Asa Branca, cidade fictícia localizada no Nordeste brasileiro e que vive em torno do mito "Roque Santeiro", um jovem escultor de imagens sacras que morre numa batalha contra os cangaceiros liderados por "Trovoada", que invadiram a cidade. Roque, após a batalha, vira um herói e algumas pessoas buscavam até sua canonização. A fama do mito se expande e a cidade cresce com o turismo, cujo foco é mesmo o mito "Roque Santeiro". Só que, para desespero dos poderosos da cidade - "Sinhozinho Malta", o fazendeiro mais poderoso do lugar, "Florindo Abelha", o prefeito, "Zé das Medalhas", que ficou rico vendendo medalhas de Roque Santeiro e "padre Honório", o pároco local -, Roque estava vivo, não havia morrido em nenhuma batalha e o pior, estava voltando para a cidade, o que poria em risco todo o comércio e turismo gerado pelo mito falso.

"Mocinha", filha de "Florindo Abelha" e "Pombinha", e namorada de Roque antes da invasão de "Trovoada", decide permanecer virgem após o desaparecimento de Roque, e fica conhecida como 'viúva virgem'. Já "Porcina", amante de "Sinhozinho Malta", é apresentada na cidade como viúva de Roque, embora ele nunca tivesse sido casado."Mocinha" tem raiva de "Porcina" por ter supostamente se casado com Roque sem que ela sequer tomasse conhecimento.

Enquanto isso, o professor "Astromar", o erudito da cidade, apaixonado por "Mocinha", é tido por todos como sendo o Lobisomem. O "beato Salu", pai de "Roque Santeiro", anuncia a todos que 'mais fortes são os poderes de Deus'. E "Matilde" causa escândalo nos conservadores da cidade com sua boate Copacabana.

Censura[editar | editar código-fonte]

Em 1975, a Globo resolveu produzir Roque Santeiro e enviou os capítulos para serem analisados pelos censores. Estes liberaram a telenovela para o horário das 20:00 e então a estréia foi marcada inicialmente para o dia 25 de agosto, substituindo Escalada[1]. Com novas análises de capítulos, a estréia foi adiada para o dia 27 de agosto de 1975. Já haviam mais de 30 capítulos gravados e chamadas anunciando a estréia[1].

Porém, no dia da estreia, a Rede Globo recebeu ofício do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), do governo federal, censurando a novela. O motivo da censura foi uma escuta telefônica do governo, onde foi gravada uma conversa de Dias Gomes em que ele afirmava que Roque Santeiro era apenas uma forma de enganar os militares, adaptando O Berço do Herói para a televisão, com ligeiras modificações que fariam com que os militares não percebessem que se tratava da mesma obra[2]. No mesmo dia, durante o Jornal Nacional, Cid Moreira anunciou que a tão esperada estréia de Roque Santeiro, marcada para aquele dia não aconteceria[2].

Nos bastidores da emissora havia grande alvoroço para tentar encontrar alguma coisa para substituir Escalada. Cogitou-se inclusive trocar de horário todas as novelas que estavam no ar e colocar alguma série inédita em algum desses horários. A emissora então colocou no ar uma reprise da novela Selva de Pedra, de Janete Clair, enquanto outra era escrita - Pecado Capital -, da mesma autora[1].

Após a censura, Roberto Marinho foi pessoalmente conversar com o ministro da Justiça Armando Falcão para discutir sobre a liberação da novela. De nada adiantou, pois o governo já estava decidido a manter a novela censurada. Segundo o deputado Cantídio Sampaio, na época líder do ARENA, os responsáveis pela novela não deveriam estar surpreendidos pela decisão do governo, já que tinham sido advertidos várias vezes sobre o conteúdo que se pretendia exibir na novela[1]. Alguns atores também foram até Brasília para protestar contra o ocorrido[1].

Dez anos depois, já no governo civil de José Sarney, a novela foi finalmente liberada e pôde ser exibida. Foi feita uma nova gravação de capítulos, com um novo elenco e alguns com os mesmos personagens dessa primeira versão.

Elenco[editar | editar código-fonte]

Intérprete Personagem Intérprete na versão final (1985)
Francisco Cuoco Luís Roque Duarte (Roque Santeiro) José Wilker
Betty Faria Viúva Porcina Regina Duarte
Lima Duarte Francisco Teixeira Malta (Sinhozinho Malta) Lima Duarte
Rosamaria Murtinho Matilde Mendes de Oliveira Yoná Magalhães
Lutero Luiz Florindo Abelha (Seu Flô) Ary Fontoura
Eva Todor Ambrosina Abelha (Dona Pombinha) Eloísa Mafalda
Theresa Amayo Mocinha Abelha Lucinha Lins
Milton Gonçalves Padre Honório Paulo Gracindo como Padre Hipólito
Emiliano Queiroz José Ribamar de Aragão (Zé das Medalhas) Armando Bógus
Débora Duarte Lugolina de Aragão (Lulu) Cássia Kis
Elizângela Tânia Magalhães Malta Lídia Brondi
André Valli Gerson do Valle Ewerton de Castro
Waldir Maya Astromar Junqueira Rui Resende
Dennis Carvalho Roberto Mathias Fábio Jr.
Dary Reis Delegado Feijó Maurício do Valle
Elza Gomes Marcelina Magalhães Wanda Kosmo
Lady Francisco Rosaly Ísis de Oliveira
Leina Krespi Ninon Cláudia Raia
Germano Filho Salustiano Duarte (Beato Salu) Nelson Dantas
Cidinha Milan João Ligeiro Maurício Mattar
Ilva Niño Mina Ilva Niño
Ivan de Almeida Rodésio Tony Tornado
João Carlos Barroso Toninho Jiló João Carlos Barroso
Catulo de Paula Cego Jeremias Arnaud Rodrigues
Luiz Armando Queiroz Tito Moreira França Luiz Armando Queiroz
Sandra Barsotti Linda Bastos Patrícia Pillar
Maria Cristina Nunes Selma Sotero Ângela Figueiredo
Malu Rocha Dondinha Cristina Galvão
Valter Santos Luizão Alexandre Frota
Rafael de Carvalho Trovoada Oswaldo Loureiro como Navalhada

Trilha sonora[editar | editar código-fonte]

  1. Trovoada — Sérgio Ricardo
  2. Um Por Todos — Elis Regina
  3. Bananeira — João Donato
  4. Noite Cheia — Erasmo Carlos
  5. Lá e Cá — Dominguinhos
  6. A Fabulosa Estória de Roque Santeiro — Djavan e Alceu Valença
  7. Noite Vazia — Ângela Maria
  8. Rei das Maravilhas — Walker e Piry Reis
  9. Começo da Festa — Luiz Gonzaga Jr.
  10. Cidade Aberta — Dori Caymmi
  11. Saborearei — Luly e Lucinha
  12. Barriga de Fora — Veludo
  13. ABC do Roque Santeiro — Catulo de Paula
  14. Vida Blue — Erasmo Carlos
  15. Roque Santeiro — Catulo de Paula

Referências

  1. a b c d e «Com novela das oito censurada, Globo exibiu reprise reeditada em 1975». Notícias da TV. 22 de março de 2020. Consultado em 26 de setembro de 2021 
  2. a b «Grampo no telefone levou a novela a ser censurada». Folha de São Paulo. 26 de junho de 2011. Consultado em 26 de setembro de 2021