Série 2600 da CP

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Nota: Não confundir com a Série 2620, também da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.
Série 2600
Série 2600 da CP
Locomotiva 2609 com um comboio InterCidades em Faro, na Linha do Algarve.
Descrição
Propulsão Elétrica
Fabricante Alsthom
Locomotivas fabricadas 12
Tipo de serviço Via
Características
Bitola Bitola ibérica (1668 mm)
Operação
Ano da entrada em serviço 1974-1975

A Série 2600 (9 0 94 0 382601-1 a 9 0 94 0 382612-8), também conhecida como Nez-Cassé, corresponde a um tipo de locomotiva elétrica de bitola ibérica, que está ao serviço da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses e da sua sua sucessora, a empresa Comboios de Portugal.

História[editar | editar código-fonte]

Locomotiva 2609-4 com um Lusitânia Comboio Hotel em Lisboa - Santa Apolónia, em 2002.

Construção[editar | editar código-fonte]

Foram fabricadas nas instalações da Alsthom em Belfort, entre 1974 e 1975.[1][2]

Serviço[editar | editar código-fonte]

Em 15 de Maio de 1982, a locomotiva 2611 rebocou uma composição especial, organizada pela operadora Caminhos de Ferro Portugueses para transportar o Papa João Paulo II desde Coimbra a Porto-Campanhã, tendo o restante percurso até Braga sido realizado com locomotiva diesel.[3]

Na década de 1980, estas locomotivas já tinham ultrapassado os seus problemas iniciais e revelado um excelente comportamento de serviço,[4] pelo que a a empresa Caminhos de Ferro Portugueses, para reforçar o seu parque de material motor, encomendou mais nove unidades semelhantes,[1] que foram consideradas como um prolongamento da Série 2600, recebendo por isso os números de 2621 a 2629.[4] As novas locomotivas foram construídas em 1987.[5]

Em 13 de Novembro de 2000, foram inaugurados dois serviços Alfa Pendular entre Lisboa e o Porto em cada sentido, substituindo comboios de carruagens, que eram normalmente rebocadas por locomotivas da Série 2600.[6]

Abate e reintrodução ao serviço[editar | editar código-fonte]

As locomotivas desta série foram abatidas ao serviço em 2012.[7]

Em 27 de Junho de 2019, o governo autorizou um plano de renovação da empresa Comboios de Portugal, que contemplou um aumento na frota de material circulante, através da recuperação dos veículos anteriormente abatidos ao serviço.[8] Uma das séries englobadas neste programa foi a 2600, da qual existiam 21 locomotivas encostadas no Entroncamento, 19 delas com capacidade para voltar a funcionar após a sua certificação.[8]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Locomotiva 2607, a rebocar uma composição de mercadorias na Linha do Norte.

Esta Série era composta por doze locomotivas, numeradas de 2601 a 2612, de bitola ibérica (1668 mm).[9] Baseadas no tipo CP 6 da Alsthom,[9] eram consideradas um modelo híbrido das Séries francesas BB 17000, das quais recebeu as partes eléctricas, e BB 15000, das quais herdou as caixas, devidamente modificadas na sua parte central para poder albergar equipamentos diferentes.[1] Tal como a Série BB 17000, tinham motores de tracção de corrente contínua e rectificadores de silício, mas ao contrário das suas predecessoras, tinham apenas um motor de tracção por bogie.[1]

Usavam tracção eléctrica, com uma tensão de 25 kV 50Hz[9] Cada unidade dispunha de uma potência nominal de 2870 kW, e o peso em ordem de marcha era de 78 T.[9] Cada locomotiva tinha dois motores do tipo TAB 660 A1, de corrente contínua.[9] A relação de transmissão era de 1,88 em grande velocidade, ou 2,87 em pequena velocidade.[9] O esforço de tracção no arranque era de 205 kN em grande velocidade, e de 245 kN em pequena velocidade.[9] Os rodados tinham uma disposição em Bo′Bo′,[7] e as rodas tinham um diâmetro de 1140 mm.[9]

Lateralmente ao motor, existia um redutor de velocidade, para transmitir o movimento dos rodados, com um sistema que permitia que a locomotiva funcionasse em dois regimes diferentes, sendo a mudança entre os regimes feita pelo maquinista com a locomotiva parada.[1] O primeiro, de grande velocidade, era normalmente utilizado em comboios de passageiros, e permitia uma velocidade de 160 km/h, enquanto que o segundo, de pequena velocidade, era empregue nos serviços de mercadorias e atingia apenas os 100 km/h.[1] Em testes de velocidade feitos em 1975, uma destas locomotivas alcançou uma velocidade de 175 km/h, junto a Ovar; no entanto, devido às limitações impostas pelo traçado das vias, as velocidades máximas nessa altura não excediam os 140 km/h.[1]

Serviços[editar | editar código-fonte]

Estas locomotivas fizeram serviços de passageiros, como Alfas, InterCidades,[10] e o Sud Expresso.[11] Em Abril de 1993, uma destas locomotivas estava a rebocar o rápido internacional, originário do Porto, que se iria incorporar ao Sud Expresso na Pampilhosa.[12] Nos últimos anos, também foram responsáveis pela tracção de comboios de mercadorias.[7]

Ficha técnica[editar | editar código-fonte]

Locomotiva 2608 com um serviço InterCidades, na Estação de Pampilhosa.
  • Dados de exploração
    • Ano de entrada ao serviço: 1974[9][7]
    • Ano de saída ao serviço: 2012[7]
    • Ano de reentrada parcial ao serviço: 2020[2]
    • Bitola de via: 1668 mm[9]
    • Número de unidades construídas: 12[7]
    • Tipo de Tração: Elétrica[9]
  • Fabricantes
  • Informações gerais
    • Tipo de locomotiva (construtor): CP 6[9]
    • Potência nominal (rodas) 2870 kW[9][7]
      • Disposição dos rodados: Bo′Bo′[7]
      • Diâmetro das rodas (novas): 1140 mm[9]
      • Relação de transmissão: 1,88 (em grande velocidade) ou 2,87 (em pequena velocidade)[9]
      • Tensão de Catenária: 25 kV ~ 50 Hz[9][7]
    • Dados de funcionamento
      • Velocidade máxima: 160 km/h (em regime de grande velocidade)[9]
      • Esforço de tração:
        • No arranque: 205 kN (em grande velocidade) ou 245 kN (em pequena velocidade)[9]
  • Pesos
    • Em ordem de marcha: 78 t[9]
  • Equipamento elétrico de tração:
    • Tipo: TAB 660 A1[9]
    • Número: 2[9]

Lista de material[editar | editar código-fonte]

legenda; contagem
: qt. estado
110✔︎
8 ao serviço
810⛛︎
1 abatida
840⚒︎
3 em reparação
12(total)
: a observações
2601
840⚒︎
2020 Locomotiva retirada de serviço entre 2010 e 2020. Aguarda rodados.[2]
2602
110✔︎
2021 Locomotiva retirada de serviço entre 2011 e 2021. Entrada ao serviço a 19/03/2021. Com farol central LED de tamanho reduzido (similar às 2620).[2]
2603
110✔︎
2022 Desativada entre 2011 e 2021. Entrada ao serviço a 02/07/2022. Com farol central LED de tamanho reduzido (similar às 2620).[2]
2604
840⚒︎
2022 [carece de fontes?]
2605
110✔︎
2021 Locomotiva retirada de serviço entre 2011 e 2020. Com farol central LED de tamanho reduzido (similar às 2620).[2]
2606
810⛛︎
2022 Aguarda reparação.[2][carece de fontes?]
2607
110✔︎
2022.07 Locomotiva retirada de serviço entre 2011 e 2021. Em serviço desde Janeiro 2021.[2]
2608
840⚒︎
2022 [carece de fontes?]
2609
110✔︎
2022 Esteve encostada entre 10 Mai 2010 e 16 Set 2022. Equipada com linha de comando de portas das carruagens.[2][carece de fontes?]
2610
110✔︎
2021 Desativada entre 2011 e 2021 Com farol central LED de tamanho reduzido (similar às 2620).[2]
2611
110✔︎
2020.12 Locomotiva retirada de serviço entre 2011 e 2020. Em serviço desde Dezembro 2020. Equipada com limpa-vidros eléctricos.[2]
2612
110✔︎
2022.01 Desactivada entre 2011 e 2021. Com farol central LED de tamanho reduzido (similar às 2620). Com comando centralizado de portas.[2][carece de fontes?]

Esquemas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g MARTINS et al, p. 94
  2. a b c d e f g h i j k l «CP - Comboios de Portugal - 2600». Portugal Ferroviário. 2020. 2020. Consultado em 18 de setembro de 2020 
  3. http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1569720 Arquivado em 27 de maio de 2015, no Wayback Machine. Fernandes, F. (2010) A 1.ª vez que um Papa foi ao Porto não é a que se diz. Diário de Notícias, 14 de maio de 2010
  4. a b VICENTE, Carlos Alberto Hormigo (Abril–Junho de 1990). «A CP e o novo material circulante». FER XXI (4). Associação para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário. p. 7-15 
  5. REIS et al, 2006:178
  6. CONCEIÇÃO, Marcos (Abril de 2001). «Trenes Rápidos Lisboa/Oporto: Nuevos Alfa Pendular». Maquetren (em espanhol). Ano 11 (97). Madrid: Revistas Profesionales. p. 50-51 
  7. a b c d e f g h i «CP UVIR long-distance passenger locomotives and trainsets» (em inglês). Railfaneurope. 3 de Agosto de 2022. Consultado em 14 de Fevereiro de 2023 
  8. a b NUNES, Diogo Ferreira (28 de Junho de 2019). «45 milhões para recuperar 70 comboios da CP até 2022». Diário de Notícias. Consultado em 13 de Novembro de 2019 
  9. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u «Série: 2600 (2601-2612)». Comboios de Portugal. Consultado em 28 de Novembro de 2011. Arquivado do original em 25 de janeiro de 2012 
  10. REIS et al, 2006:174
  11. REIS et al, 2006:179
  12. «Concurso Fotografico». Maquetren (em espanhol). Ano 4 (32). Madrid: A. G. B., s. l. 1995. p. XII 
  13. a b c CUNHA, João (29 de Maio de 2009). «Locomotivas Elétricas de Via Larga da Série 2600». Transportes XXI. Consultado em 28 de Novembro de 2011 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • REIS, Francisco Cardoso dos; GOMES, Rosa Maria; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]