Salmonella
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Salmonella bongori |
Salmonella é um gênero de bactérias, vulgarmente chamadas salmonelas, pertencente à família Enterobacteriaceae, sendo conhecida há mais de um século. Tem, em seu nome, uma referência ao cientista estadunidense chamado Daniel Elmer Salmon, que associou a doença à bactéria pela primeira vez. As enfermidades causadas por Salmonela e transmitidas por alimentos são consideradas um dos mais alarmantes problemas de Saúde Pública em todo mundo.
São bactérias Gram-negativas, em forma de bacilo, na sua maioria móveis (com flagelos peritríquios), não esporulado, não capsulado, sendo que a maioria não fermenta a lactose. As salmonelas são um gênero extremamente heterogêneo, composto por três espécies, Salmonella subterranea, Salmonella bongori e Salmonella enterica, esta última possuindo, atualmente, 2610 sorotipos [1]. A classificação em serogrupos depende do antigénio O, enquanto que a classificação em serótipos depende do antigénio H.
O trato intestinal do homem e dos animais é o principal reservatório natural deste patógeno, sendo os alimentos de origem aviaria importantes vias de transmissão.
Dentre as de maior importância para a saúde humana, destacam-se a Salmonella typhi (Salmonella enterica enterica sorovar Typhi), que causa infecções sistêmicas e febre tifóide – doença endêmica em muitos países em desenvolvimento – e a Salmonella Typhimurium (Salmonella enterica enterica sorovar Typhimurium), um dos agentes causadores das gastroenterites.
Factores de virulência
- Endotoxina, LPS - o lipídeo A do lipopolissacarídeo libertado quando da lise bacteriana é responsável pela sintomatologia característica;
- Catalase, superóxido dismutase e gene ATR - em particular o gene ATR (gene de resposta de tolerância ao ácido) protege a bactéria da acção corrosiva do ácido, quer gástrico, quer fagossómico;
- Sobrevivência no interior de macrófagos;
- Sistema de secreção do tipo III, utilizado para injectar factores de virulência no interior de células eucarióticas. Ao segregarem essas proteínas efectoras (Sips ou Ssps) mão injectadas pelo SPI 1 no interior das células M presentes nas placas de Peyer do íleo. O SPI 2 é responsável pela doença sistémica subsequente.
- Antígenos: somático - antígeno O, flagelar (proteico)- antígeno H; capsular (polissacarídeo) - antígeno Vi
Patogênese
A salmonela, após ser ingerida pelo hospedeiro, passa pelo estômago ,se multiplicam, aderindo-se e penetrando nas células epiteliais da região ileocecal. Migram para a lâmina própria levando à resposta inflamatória mediada por liberação de prostaglandinas, que estimulam o AMP cíclico produzindo secreção ativa de fluidos, o que resulta em diarreia , ligando-se por meio de fímbrias específicas da espécie às células M. A bactéria introduz Sips ou SSps que levam a um rearranjo do citoesqueleto da célula M. Deste modo, a bactéria é envolvida por um fagossoma, induzindo a morte da célula hospedeira, e se dissemina para os tecidos adjacentes, explicando assim, a infecção do tracto gastrointestinal.
Epidemiologia
Salmonella spp. pode colonizar todos os animais enquanto que na Salmonella Typhi, o Homem é o único reservatório. A salmonelose febre tifóide é endémica nos países subdesenvolvidos. Embora tenham sido encontradas resistências via plasmídeos ao cloranfenicol, ampicilina, a Salmonella Typhi têm baixa dose infecciosa (ao contrário de outros serótipos de Salmonella).
Boa parte dos répteis são também parasitados por salmonelas e o contato com suas fezes ou vestígios fecais pode ocasionar a contaminação [2]. Portanto, é importante o cuidado higiênico pessoal e limpeza do ambiente no manuseio de répteis de estimação [3]como jabutis, tartarugas de aquário, iguanas e serpentes.
Factores de risco
- Idade;
- Imunossupressão;
- AIDS
- Leucemia;
- Anemia
- Menor acidez gástrica.
- Febre alta
Doença e Sintomas
Patologias como gastroenterite, septicémia, febre entérica causam os sintomas da salmonelose.
- Gastroenterite: salmonelose mais frequente, a sua sintomatologia surge 6 a 48h após ingestão de alimentos ou água contaminados; os sintomas mais comuns são: diarreia não sanguinolenta, náuseas, dores abdominais tipo cólica e cefaleias. É autolimitada, durando de 2 dias até 1 semana.
- Septicemia: Todas as espécies de Salmonella podem causar bacteriémia, mas em particular os sorovares, Salmonella Choleraesuis, Salmonella Paratyphi e Salmonella Typhi; como grupos de risco, encontram-se crianças, idosos, e indivíduos soropositivos;
- Febre entérica, vulgarmente conhecida por febre tifóide (diferente do tifo), infecção sistémica febril caracterizada por febre gradual constante 10 a 14 dias após a infecção. Resulta especialmente de Salmonella Typhi, boa produtora de antígeno Vi. Agentes bacterianos: Salmonella Typhi, Salmonella Paratyphi.
- . Os sintomas incluem cólicas abdominais, náuseas, vômitos, diarreia, calafrios, febre e cefaleia.
A colonização crônica por Salmonella Typhi por um período superior a 1 ano após a doença sintomática pode ser assintomática, sendo a vesícula biliar o reservatório bacteriano preferencial.
Transmissão
- Ingestão de alimentos contaminados.
- Ingestão de água contaminada
- Disseminação fecal-oral;
- Contacto com pessoas doentes ou portadores assintomáticos.
Prevenção
- Lavar frequentemente as mãos;
- Evitar alimentos crus ou mal cozidos (ex. ovos, frutas, peixes, palmitos);
- Correta pasteurização do leite e cocção de outros produtos como azeitonas, palmitos, etc.
- Controle de pragas urbanas, especialmente ratos, baratas e formigas, uma vez que frequentam esgotos e podem veicular mecanicamente sorotipos de Salmonella para os alimentos.
Vacinação
Apenas em populações com alto risco. A vacina é baseada no antígeno do polissacarídeo VIi.
Diagnóstico laboratorial
Para identificação do micro-organismo, realizam-se hemoculturas, que na primeira semana da doença, dão resultado positivo. Podem também fazer-se cropoculturas, mas só após a terceira semana da doença dão resultado positivo. Outros métodos incluem a reacção de Widal, que fazem a pesquisa de anticorpos anti-O, anti-H e anti-Vi da Salmonella. Esta reacção não é específica: se o título anti-O for elevado, é sugestivo de Salmonella Typhi, mas não específico, porque existem outras salmonelas que partilham este antígeno. Se o título anti.H for elevado, podem existir reacções cruzadas, o que leva a difícil interpretação. O título anti-Vi elevado ocorre apenas 3 a 4 semanas da doença, sendo de pouca utilidade no diagnóstico precoce. O hemograma em 26% dos pacientes revela leucopenia e neutropenia. O isolamento do micro-organismo é o diagnóstico definitivo.
Tratamento
Como antibiótico de primeira linha, actualmente é usada a ciprofloxacina, mas para gestantes e crianças, é usada a ceftriaxona. No passado, o antibiótico de primeira linha era o cloranfenicol, mas, devido aos seus efeitos adversos (anemias aplásticas e Trombocitopenia irreversíveis), foi excluído da terapêutica.
Referências
- ↑ http://www.icb.ufmg.br/big/vacinas/Salmonella.htm
- ↑ Zalmir Cubas (tradução). «Saúde animal - Répteis domésticos e o risco de salmonelose». Consultado em 23 de abril de 2010
- ↑ André Grespan (abril/setembro de 2001). «Anclivepa-SP - Salmonelose Humana causada por Répteis». Consultado em 23 de abril de 2010 Verifique data em:
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(ajuda)
Bibliografia sobre nomenclatura de Salmonella
- Salmonella nomenclature. http://www.bacterio.cict.fr/salmonellanom.html. Acessado em 4 de agosto de 2009. ((em inglês))
- Global biodiversity information facility. Classification of genus: Salmonella. http://data.gbif.org/species/browse/taxon/13238740. Acessado em 4 de agosto de 2009. ((em inglês))
- NCBI: Taxonomy browser (Salmonella). http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Taxonomy/Browser/wwwtax.cgi?mode=Undef&id=590&lvl=3&keep=1&srchmode=1&unlock. Acessado em 4 de agosto de 2009. ((em inglês))