Salve-rainha

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A salve-rainha[1][2][3] (em latim: Salve Regina[4][5]) é um hino mariano e uma das quatro antífonas marianas cantada em diferentes períodos do calendário litúrgico da Igreja Católica. É tradicionalmente cantada nas completas do Domingo da Trindade até a véspera do primeiro domingo do Advento. A salve-rainha também é a oração final do Santo Rosário.

A oração[editar | editar código-fonte]

Texto em latim:
Salve, Regina, mater misericordiae
Vita, dulcedo, et spes nostra, salve.
Ad te clamamus, exsules, filii evae.
Ad te suspiramus, gementes et flentes
in hac lacrimarum valle.

Eia ergo, Advocata nostra,
illos tuos misericordes oculos
ad nos converte.
Et Iesum, benedictum fructum ventris tui,
nobis post hoc exsilium ostende.
O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria.

Ora pro nobis sancta Dei Genetrix.
Ut digni efficiamur promissionibus Christi. Amen.
Texto em português:[6]
Salve Rainha, Mãe de Misericórdia,
Vida, doçura e esperança nossa, salve!
A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva.
A Vós suspiramos, gemendo e chorando
neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa,
Esses Vossos olhos misericordiosos
A nós volvei,
E, depois desse desterro,
Mostrai-nos Jesus, bendito fruto do Vosso Ventre.
Ó Clemente, Ó Piedosa, Ó Doce Sempre Virgem Maria.

Rogai por nós Santa Mãe de Deus,
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

Origem[editar | editar código-fonte]

A autoria da oração é atribuída ao monge Hermano Contracto, que a teria escrito por volta de 1050, no mosteiro de Reichenau, no Sacro Império Romano-Germânico. Naquela época, a Europa central passava por calamidades naturais, epidemias, miséria, fome e a ameaça contínua dos povos nómadas do Leste, que invadiam os povoados, saqueando-os e matando.

Frei Contracto nascera raquítico e disforme e, na idade adulta, andava e escrevia com dificuldade. Foi nesta situação que criou esta prece, mesclando sofrimento e esperança.

Salve Regina de Hermano de Reichenau, cantada por Les Petits Chanteurs de Passy (notação gregoriana aqui).

Segundo a crença, quando nasceu e constataram o raquitismo e má-formação do bebê, sua mãe, Miltreed, consagrou-o no leito a Maria, sendo ele educado na devoção a ela. E, anos mais tarde, foi levado de liteira, por ser deficiente físico, até Reichenau, onde, com o tempo, chegou a ser mestre dos noviços.

Quando veio a ser conhecida pelos fiéis, a "Salve Rainha" (em latim: "Salve Regina") teve um sucesso enorme, e logo era rezada e cantada em muitos locais. Um século mais tarde, ela foi cantada também na Catedral de Espira, por ocasião de um encontro de personalidades importantes, entre elas, a do imperador Conrado III e São Bernardo, conhecido como o "cantor da Virgem Maria", ele que foi um dos primeiros a chamá-la de "Nossa Senhora". Dizem que foi nesse dia e lugar que, ao concluir o canto da "Salve Rainha", cujas últimas palavras eram "mostrai-nos Jesus, o bendito fruto do vosso ventre", no silêncio que se seguiu, São Bernardo que gritou sozinho no meio da catedral: "Ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria"... E, a partir dessa data, estas palavras foram incorporadas à "Salve Rainha" original.

Maria, Rainha do Céu[editar | editar código-fonte]

A Igreja Católica advoga a doutrina de que Maria, "tendo completado o curso de sua vida terrestre, foi assumida, de corpo e alma, na glória celeste".[7] Esta crença foi definida dogmaticamente pelo papa Pio XII em 1° de novembro de 1950 na constituição apostólica Munificentissimus Deus, e é conhecida como Assunção.[7][8][9]

Já a tradição segundo a qual Maria foi coroada Rainha do Céu não é um dogma; por outro lado, segundo a encíclica Ad Caeli Reginam, do papa Pio XII, Maria recebe o título de Rainha do Céu porque seu filho Jesus é o Rei de Israel e o Rei de todo o Universo. Esta crença é professada desde os primeiros séculos da era cristã.[10]

¨Salve Rainha¨ na Música[editar | editar código-fonte]

Como um componente essencial das Completas, o hino foi musicado por vários compositores, incluindo Victoria, Palestrina, Josquin, Lassus, Charpentier, Louis-Nicolas Clérambault, Alessandro Scarlatti, Vivaldi, Jan Dismas Zelenka, Handel, Liszt, Schubert, Francis Poulenc, e Arvo Pärt[11].

Ver também[editar | editar código-fonte]

Exposição[editar | editar código-fonte]

Por ocasião da realização do congresso internacional "Fátima para o Século XXI", o Museu de Arte Sacra e Etnologia de Fátima (Portugal) levou a cabo a exposição iconográfica "Salve Rainha, Mãe de Misericórdia!", entre os dias 8 de outubro de 2007 e 6 de janeiro de 2008.[12][13]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Referências

  1. A quinta edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras (disponível para consulta online), registra: salve-rainha s.f.; pl. salve-rainhas.
  2. «salve-rainha». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia. Consultado em 2 de julho de 2014 
  3. «salve-rainha». Portal da Língua Portuguesa. Consultado em 2 de julho de 2014 
  4. «Catecismo da Igreja Católica - Compêndio». Sítio oficial da Santa Sé. Consultado em 6 de julho de 2014 
  5.  Henry, Hugh Thomas (1913). «Salve Regina». In: Herbermann, Charles. Enciclopédia Católica (em inglês). Nova Iorque: Robert Appleton Company 
  6. «Os Mistérios do Santo Rosário - Mistérios Luminosos». Sítio oficial da Santa Sé. Consultado em 3 de julho de 2014 
  7. a b Papa Pio XII (1 de novembro de 1950). «Munificentissimus Deus». Sítio oficial da Santa Sé. Consultado em 2 de julho de 2014 
  8. Dom Orani Tempesta (16 de agosto de 2013). «Assunção de Nossa Senhora». Sítio da CNBB. Consultado em 2 de julho de 2014. Arquivado do original em 9 de junho de 2015 
  9. «Assunção de Maria». Nova Enciclopédia Barsa. 2. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações. 1999. p. 135. ISBN 8570264720 
  10. Papa Pio XII (11 de outubro de 1954). «Carta Encíclica Ad Caeli Reginam, sobre a realeza de Maria». Sítio oficial da Santa Sé. Consultado em 2 de julho de 2014 
  11. Categoria Salve Rainha (IMSLP).
  12. «"Salve Rainha, Mãe de Misericórdia!" aberta até 6 de Janeiro de 2008». Página Oficial do Santuário de Fátima. Consultado em 2 de julho de 2014. Arquivado do original em 14 de julho de 2014 
  13. «Congresso internacional transferido para o anfiteatro do Centro Pastoral Paulo VI». Página Oficial do Santuário de Fátima. Consultado em 2 de julho de 2014. Arquivado do original em 14 de julho de 2014 
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