Sapo-corredor

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Sapo-corredor, Epidalea calamita
Sapo-corredor, Epidalea calamita
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Amphibia
Ordem: Anura
Família: Bufonidae
Género: Epidalea
Espécie: E. calamita
Nome binomial
Epidalea calamita
Laurenti, 1768
Distribuição geográfica

O sapo-corredor (Epidalea calamita, anteriormente incluído no género Bufo) é um sapo natural de zonas arenosas e zonas de charneca da Europa Ocidental e do Norte. Os adultos atingem os 60-70 mm de comprimento e distinguem-se facilmente do sapo-comum por terem uma risca amarela a meio do dorso. As suas patas posteriores são relativamente compridas, que lhes dá uma marcha característica, que os distingue de outras espécies de sapo. Desta forma de andar vem o seu nome comum, sapo-corredor.

O chamamento dos sapos-corredores é bastante alto e distinto, amplificado por um único saco vocal presente debaixo do queixo dos machos.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Pode atingir até aos 9 cm de comprimento. Desloca-se preferencialmente com movimentos rápidos dos membros, parecendo correr (e daí o seu nome comum), ao invés de saltar, sendo uma das características que o distingue do sapo-comum. Apresenta também uma risca cor-de-laranja distintiva no dorso. Tal como outros sapos, possui pele rugosa. Na cabeça são proeminentes duas glândulas paratóides. As pupilas dos olhos são horizontais e de forma elíptica com íris verde ou amarelada. A sua coloração é variável. No dorso apresenta normalmente padrões de verde escuro sobre verde claro, enquanto que o ventre é esbranquiçado ou acinzentado com manchas pretas ou castanhas.[2]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

Pode ser encontrado por toda a Europa setentrional, ocidental e do norte, desde Portugal, até à Dinamarca a norte, sul da Suécia, e até à Ucrânia, Bielorrússia, Letónia e Estónia a leste. Há também algumas populações no sudoeste da Irlanda e Reino Unido. A altitude máxima a que são encontrados é de 2 540 m acima do nível do mar.[1] É abundante na maioria dos países onde ocorre, particularmente no sul. No Reino Unido, Irlanda, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Suécia e Estónia, entre outros países, as populações são mais localizadas e estão em declínio. Nas regiões mais a leste é considerado geralmente rara.[1]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

Foi inicialmente descrita como Bufo calamita por J. N. Laurenti em 1768. O nome Epidalea foi primeiro usado por E. D. Cope em 1864, mas até 2006 era ainda considerado um membro do género Bufo. Frost e colegas retiraram-no do género e recuperaram o nome Epidalea após estudos genéticos terem concluído pela sua distinção, em particular de Bufo viridis.[3][4][5]

Ciclo de vida[editar | editar código-fonte]

Um sapo-corredor juvenil
Um sapo-corredor ligeiramente mais velho, mas ainda não adulto

Este sapo vive até 5 anos de idade na natureza[2] e alimenta-se de insetos, carunchos e outros pequenos animais. Durante a noite, deslocam-se em terreno descampado, e conseguem-se ver marcas das suas patas em areia solta. A distância que percorrem durante estas deslocações noturnas é considerável, permitindo que esta espécie colonize novos habitats rapidamente.

Reprodução[editar | editar código-fonte]

Chamamento
Girinos de sapo-corredor

O sapo-corredor reproduz-se entre Abril e Julho, deixando 'fios' de ovos em pequenos charcos não muito profundos. Os chamamentos altos são importantes porque o sapo-corredor normalmente encontra-se presente em números baixos e por isso é importante que machos e fêmeas consigam encontrar-se.

Para a reprodução ser bem sucedida, os charcos precisam ter uma inclinação suave com alguma vegetação nas margens e na água. Muitas vezes estes charcos são temporários e as larvas não tem tempo de se desenvolver completamente antes da água secar. Para compensar a elevada mortalidade, o sapo-corredor acasala várias vezes durante o Verão. Em Setembro, a idade dos juvenis varia de um a três meses. Aparentemente, os indivíduos que se reproduzem no início da época não são os mesmos que os mais tardios.

Comportamento[editar | editar código-fonte]

O sapo-corredor tem hábitos noturnos, mas durante a época de reprodução está ativo também durante o crepúsculo e dia.[6] Durante o dia permanece escondido debaixo de troncos e pedras ou em abrigos feitos por outros animais. É usual também enterrarem-se em terrenos arenosos ou de terra solta.[2] Ao contrário da maioria dos anuros, deslocam-se a maioria das vezes não por saltos, mas por pequenas corridas, sendo por isso chamado de sapo-corredor.[7]

Habitat e ecologia[editar | editar código-fonte]

Pode ser encontrada em solos arenosos de dunas costeiras, charnecas de baixa altitude, semidesertos, montanhas, clareiras de pinhais, jardins, parques, campos agrícolas, pedreiras de areia e gravilha, e prados. É comum serem encontrados sapos-corredores debaixo pedras, em solos arenosos ou debaixo de detritos.[1]

Conservação[editar | editar código-fonte]

No Reino Unido, esta espécie é uma das três espécies de anfíbio protegida pelo Plano Nacional de Biodiversidade. As razões apresentadas para o seu estatuto de conservação são: perda de habitat devida a sobrepopulação humana, redução de habitat costeiro por causa da construção de diques e acidificação do habitat aquático pela ação de chuva ácida e outros tipos de poluição.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d Beja, P. et al. (2009). Epidalea calamita (em inglês). IUCN {{{anoIUCN1}}}. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. {{{anoIUCN1}}}. Base de dados que inclui um mapa de distribuição e a justificação para o estado desta espécie ser pouco preocupante.
  2. «Epidalea Cope, 1864 - Amphibian Species of the World». Consultado em 14 de junho de 2015 
  3. «Epidalea calamita (Laurenti, 1768) - Amphibian Species of the World». Consultado em 14 de junho de 2015 
  4. Frost, Darrel R.; Grant, Taran; Faivovich, Julián; Bain, Raoul H.; Haas, Alexander; Haddad, Celio F. B.; De Sa, Rafael O.; Channing, A.; Wilkinson, Mark; Donnellan, Stephen C.; Raxworthy, Christopher J.; Campbell, Jonathan A.; Blotto, Boris L.; Moler, Paul; Drewes, Robert C.; Nussbaum, Ronald A.; Lynch, John D.; Green, David M.; Wheeler, Ward C. (2006). «The amphibian tree of life. Bulletin of the AMNH ; no. 297». Consultado em 14 de junho de 2015 
  5. Pereira, José. «Sapo-corredor ( Bufo calamita )». www.azibo.org. Consultado em 2 de julho de 2015. Arquivado do original em 23 de setembro de 2015 
  6. «Sapo-corredor | Charcos Com Vida». www.charcoscomvida.org. Consultado em 2 de julho de 2015. Arquivado do original em 3 de julho de 2015 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]


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