Satíricon

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Satíricon é uma obra da literatura latina de autoria do prosador romano Petrônio, escrita provavelmente próximo do ano 60 d.C.[1], que descreve as aventuras e desventuras do narrador, Encólpio, do seu amante Ascilto e do servo, o jovem Gitão, que se intromete entre os dois amantes provocando ciúme e discussão. Juntamente com o poeta Eumolpo, embarcam em aventuras diversas acabando naufragados nas mãos de Circe, uma sacerdotisa do deus Príapo.

Dessa sátira notável dos tempos do imperador Nero sobrevivem apenas fragmentos, dos quais o mais significativo é o afamado Banquete de Trimalquião, onde se fazem descrições detalhadas dum jantar luxuoso, extravagante e decadente oferecido pelo que se poderia chamar um "novo-rico" romano[1].

Satíricon é um dos mais antigos romances conhecidos.[2] Pode-se considerar Satíricon uma sátira — uma grande crítica aos costumes e à política da Roma antiga. Os episódios narrados estão em sintonia híbrida, ou seja, passagens cômicas são intercaladas com outras trágicas de forma natural e harmônica. O narrador parte do retrato puramente zombeteiro da cena para narrar uma desgraça, articulando-se por meio de expressões solenes, artifícios retóricos, da mesma forma que se apresentam palavras do idioma popular, às vezes vulgares demais. Passagens maliciosas, baixas, descritas e acobertadas por um fantástico domínio da arte retórica por parte de Encólpio, o narrador-personagem, que se mantém ao mesmo tempo fiel e avesso à retórica.

Traduções brasileiras[editar | editar código-fonte]

Diversas traduções se encontram de Satíricon em livros e teses, dos fragmentos completos ou parciais. Dentre as traduções, cite-se a de Cláudio Aquati[3], tradutor premiado pelo prêmio Jabuti com sua tradução de Satíricon[4] pela editora Cosac Naify. Em 2021, sua tradução recebeu nova edição pela Editora 34. Sandra Braga Bianchet também traduziu o romance de Petrônio, privilegiando as ocorrências do latim vulgar. Curiosamente, o poeta Paulo Leminski também apresenta uma tradução criativa do Satíricon.[5] Também se encontram em artigos algumas outras propostas de tradução que exploram tanto a poética de Satíricon quanto as possibilidades da língua alvo, como o uso de variantes da língua brasileira para equivaler a elementos do texto latino.[6]

Referências

  1. a b FARIA, Pablo Picasso Feliciano de. FUJISAWA, Katia S. "Linguística Histórica, Latim Vulgar e mudança sintática: evidências em Satyricon da tendência de mudança da ordem SOV para SVO" in Língua, Literatura e Ensino. Campinas: Unicamp, 2009, vol. 4. ISSN 1981-6871. Disponível em PDF.
  2. GARRAFFONI, Renata S. Bandidos e salteadores: concepções da elite romana sobre a transgressão social. Dissertação de mestrado apresentada em 15 de outubro de 1999. Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp. Disponível em PDF.
  3. AQUATI, Cláudio (1997). «Grotesco no Satíricon». Consultado em 17 de dezembro de 2022 
  4. «Premiados do Ano | 64º Prêmio Jabuti». www.premiojabuti.com.br. Consultado em 17 de dezembro de 2022 
  5. PEREIRA, L. M. Paulo Leminski, tradutor de Petrônio: Satyricon, Estudo e Comentário. Tese (Doutorado em Linguística). Campinas: UNICAMP. [1]
  6. VEIGA, Paulo Eduardo de Barros. (2021). «Ué, um Petrônio caipira?"O causo da muié de Éfis": duas propostas de tradução variacional com comentários». lassica: Revista Brasileira de Estudos Clássicos. v. 34 (n. 2): p. 1-21. Consultado em 17 dez. 2022 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]