Sequânia

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Mapa da Gália no século I a.C. mostrando o território dos sequanos (em latim: sequani) e helvécios (helvetii) no canto inferior direito, perto dos Alpes. Esta região posteriormente seria organizada na província de Máxima dos Sequanos

Sequânia era a região habitada pelos sequanos (em latim: sequani), um povo gaulês, localizada na bacia do alto Arar (Saône), o vale do Doubs e a cordilheira do Jura, no que corresponde, grosso modo, ao Franco-Condado e parte da Borgonha[1].

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Sequanos é um exônimo aplicado pelos romanos, provavelmente baseado num endônimo desconhecido de sonoridade similar. A palavra se parece com Sequana, o nome que Júlio César utilizava para o rio Sena, apesar de território dos sequanos não ser banhado por ele. Estrabão propôs uma ligação etimológica-popular ao supor que o Sequana de fato corria por ali, um erro geográfico.[2] O nome francês para o Saône (Arar para os romanos), o rio que formava a fronteira ocidental do país dos sequanos, deriva do celta Souconna. William Smith lançou a hipótese de que sequanos e souconna tinham alguma relação entre si.[3]

Geografia[editar | editar código-fonte]

O território dos sequanos (que seria posteriormente chamado de "Sequânia") pode ser definido pelos relatos antigos.[3] A cordilheira do Jura separava-os dos helvécios (helvetii) a oeste e pertencia aos sequanos, assim como a estreita passagem entre o Ródano e o lago Genebra.[4] Por outro lado, eles não ocupavam a confluência do Saône e o Ródano, um território habitado pelos éduos e atacado pelos helvécios segundo César.[5] A fronteira sul pode ser estimada estendendo-se uma linha a partir do Jura para o oeste até a região próxima a Mâcon, que pertencia aos éduos.[6] Estrabão afirma que o Arar separava os sequanos dos éduos e língones, o que implica que os sequanos habitavam apenas a margem oriental (esquerda) do Saône.[7] O canto noroeste do território sequanos tocava o Reno.[8]

História[editar | editar código-fonte]

Provincia Maxima Sequanorum
Província Máxima dos Sequanos
Província do(a) Império Romano
 
 
 
295século V


Gália romana c. 400
Capital Vesôncio

Período Antiguidade Tardia
295 a.C. Divisão da Germânia Superior
século V Juntou-se ao Reino da Burgúndia

Antes da chegada de Júlio César à Gália, os sequanos se aliaram com os arvernos contra os rivais éduos e contrataram os suevos de Ariovisto para cruzar o Reno e ajudá-los (71 a.C.). Embora esta ajuda tenha permitido que eles derrotassem os éduos, os sequanos acabaram numa situação pior que a anterior, pois Ariovisto tomou-lhes um terço do território, ameaçou tomar outro terço[1] e ainda colocou-os num estado de semi-escravidão.

Os sequanos então pediram ajuda a César, que expulsou os germânicos (58 a.C.), mas, ao mesmo tempo, obrigou que os sequanos lhe cedessem todo o território que haviam conquistado dos éduos. A exigência exasperou-os de tal forma que eles se juntaram à revolta de Vercingetórix (52 a.C.) e estavam presentes na derrota na Batalha de Alésia. Sob Augusto, o distrito conhecido como Sequânia era parte da Bélgica. Depois da morte de Vitélio (69), os habitantes da região não apoiaram a revolta gaulesa contra Roma instigada por Caio Júlio Civil e Júlio Sabino, expulsando este último quando ele invadiu a Sequânia. Um arco triunfal em Vesôncio (Besançon), que foi transformada em colônia pela lealdade, possivelmente comemora esta vitória[1].

Diocleciano anexou a Helvécia e parte da Germânia Superior à Sequânia, que tornou-se uma província romana com o nome de Máxima dos Sequanos (em latim: Maxima Sequanorum). Vesôncio recebeu também o título de "Cidade metropolitana de Vesonciêncio" (metropolis civitas vesontiensium). Cinquenta anos depois, a Gália toda foi invadida por bárbaros e Vesôncio, saqueada (355). Sob Juliano, a cidade recobrou parte de sua importância e foi fortificada, o que permitiu-lhe repelir os ataques dos vândalos. Posteriormente, quando Roma já não era mais capaz de defender os habitantes da Gália, os sequanos se juntaram ao recém-formado Reino da Burgúndia[1].

Principais cidades[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d Chisholm 1911.
  2. Estrabão Geografia, Livro 4, capítulo 3, seção 2
  3. a b Smith, William, ed. (1873). «Sequana, Sequani». A Dictionary of Greek and Roman Geography. Volume II. London: John Murray. pp. 965–966 
  4. César BG, Livro I, Seção 6.
  5. César BG, Livro I, Seção 11.
  6. César BG, Livro VII, Seção 90
  7. Estrabão Geografia, Livro 4, Capítulo 1, Seção 11.
  8. César BG, Livro I, Seção 1.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]