Sistema da Natureza

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O Sistema da Natureza ou das Leis do Mundo Físico e do Mundo Moral (em francês: Système de la nature, ou Des loix du monde physique et du monde moral) é uma obra de filosofia escrita por Paul-Henri Thiry, o Barão d'Holbach (1723-1789). Foi publicada originalmente sob o nome de Jean-Baptiste de Mirabaud, um membro falecido da Academia Francesa de Ciências. D'Holbach escreveu e publicou este livro - possivelmente com o auxílio de Diderot[1] - de forma anônima em 1770, descrevendo o universo nos termos dos princípios do materialismo filosófico: a mente é identificada com o cérebro, não há nenhuma "alma" sem um corpo vivo, o mundo é governado por leis deterministas estritas, o livre arbítrio é uma ilusão,[2] não há causas finais e tudo o que acontece se coloca porque deve inexoravelmente acontecer. Mais notoriamente, o trabalho nega explicitamente a existência de Deus, argumentando que a crença em um ser superior é o produto do medo, da falta de compreensão e do antropomorfismo.

Apesar de não ter sido um cientista, d'Holbach foi cientificamente alfabetizado e tentou desenvolver sua filosofia de acordo com os fatos conhecidos da natureza e do conhecimento científico da época, citando, por exemplo, provas das experiências de John Needham sobre como que a vida poderia se desenvolver de forma autônoma, sem a intervenção de uma divindade. Faz uma distinção fundamental entre a mitologia como uma forma mais ou menos benigna de trazer a lei e ordenar o pensamento sobre a natureza da sociedade e seus poderes para as massas e a teologia. A teologia, quando se separa da mitologia aumenta o poder da natureza acima da natureza em si e, portanto, aliena os dois ("natureza", isto é, tudo o que existe de fato, de seu poder, agora personificado em um ser fora da natureza), é pelo contrário uma perniciosa força, sem paralelo, nos assuntos humanos.[3]

O livro foi considerado extremamente radical em sua época, e a lista de pessoas que escrevem refutações do trabalho foi longa. A Igreja Católica Romana teve seu preeminente teólogo Nicolas Sylvestre Bergier escrevendo uma refutação intitulada Examen du matérialisme ("Exame do materialismo"). Voltaire, também, aproveitou para refutar a filosofia do Système no artigo "Dieu" em seu Dictionnaire philosophique, enquanto Frederico, o Grande também elaborou uma resposta para a obra. Seus princípios se resumem em outra obra mais popular de d'Holbach, Bon Sens, ou idées naturelles opposees aux idées surnaturelles.[4]

Referências

  1. Ver Virgil V. Topazio, "Diderot's Supposed Contribution to D'Holbach's Works", em Publications of the Modern Language Association of America, LXIX, 1, 1954, pp. 173-188.
  2. System of Nature Vol. 1, Cap. XI "É o sistema do livre-arbítrio do homem": "Apesar das idéias gratuitas que o homem formou a si mesmo em seu pretenso livre-arbítrio; em desafio das ilusões deste suposto sentido íntimo, que, contrariamente à sua experiência, convencê-lo que ele é o mestre de sua vontade, - todas as suas instituições são realmente fundadas na necessidade: nesta, como em uma variedade de outras ocasiões, a prática joga de lado a especulação."
  3. System of Nature, Ch. I. Essentially a condensed form of what is also stated by Robert Richardson's preface which he condenses from his translation of Ch. I.
  4. Open Library (pdf in French). Amsterdam, 1772

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Barão de Holbach. Sistema da natureza ou das leis do mundo físico e do mundo moral. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]