Société des Artistes Indépendants

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Sociedade dos Artistas Independentes
Société des Artistes Indépendants
Lema "sans jury ni récompense"
Tipo associação de artistas, reconhecida no dia 30 de março de 1923 como uma associação de utilidade pública
Fundação 1884
Propósito divulgação do trabalho artístico de vanguarda
Sede Grand Palais, Porta C, Av. Franklin D. Roosevelt, 75008 Paris, França
Presidentes
Fundador(a) Louis Chassevent
Área de influência Arte

A Société des Artistes Indépendants (Sociedade de Artistas Independentes), reconhecida internacionalmente pelo seu Salon des Indépendants, é uma associação artística formada em Paris, a 29 de julho de 1884, que organizou inúmeras exposições em Paris, utilizando como slogan "sans jury ni récompense" ("sem júri nem recompensa"). Albert Dubois-Pillet, Odilon Redon, Georges Seurat e Paul Signac foram alguns dos seus fundadores. Actualmente ainda persiste e continua a organizar a sua icónica exposição anual.[1]

Nas suas primeiras três décadas de existência, as suas exposições anuais definiram as tendências e os principais movimentos artísticos do início do século XX, juntamente com o célebre Salon d'Automne, possibilitando pela primeira vez a exibição de muitas obras de arte e vanguarda, sendo depois amplamente discutidas entre criadores e críticos, sem tabus.

Durante a Primeira Guerra Mundial e, novamente, durante o período de ocupação da França pela Alemanha Nazi, a sociedade encerrou ou diminuiu drasticamente as actividades do seu salão, contudo os artistas que a integravam continuaram activos durante e nos anos que se seguiram aos conflitos bélicos.

De 1920 até aos dias de hoje a sua sede permanece localizada nas vastas caves do Grand Palais (ao lado da Société des Artistes Français, da Société Nationale des Beaux-Arts, da Société du Salon d'Automne e muitas outras).[1]

História[editar | editar código-fonte]

Paul Signac, 1890, Opus 217. Contra o esmalte de um fundo rítmico com batidas e ângulos, tons e matizes, Retrato de M. Félix Fénéon em 1890

Durante o Segundo Império Francês, Paris tornou-se na principal cidade europeia onde artistas franceses e de outros países se deslocavam para tentar singrar no mundo das artes. De ano para ano, aumentava o número de pintores e escultores a residir e trabalhar na capital francesa, assim como o número de obras submetidas para selecção dos icónicos Salon de Paris e Salon des Refusés, sendo muitas recusada pelo júri que procurava trabalhos mais tradicionais, provenientes das principais escolas de estética clássica. Para aqueles que não eram apoiados pela Académie de peinture et de sculpture, entidade encarregue de organizar as exposições e mostras de arte oficiais do Salon de Paris, ou sem o apoio formal de personalidades influentes no meio político e social, as suas hipóteses de expor numa galeria e, consequentemente, garantir a sua subsistência ou independência financeira através do seu trabalho artístico, eram muito escassas. Somente durante a Terceira República Francesa, os artistas que não contavam com apoio oficial do estado decidiram então criar uma organização com o objectivo de se auxiliarem mutuamente e assim quebrarem o monopólio dos salões e eventos de arte patrocinados pelo estado francês.

Em 1884, um "grupo de artistas independentes" foi autorizado pelo Ministério de Belas Artes a organizar uma exposição, numa sala cedida pela Câmara Municipal de Paris. Deste modo, de 15 de maio a 15 de julho, teve lugar a primeira exposição "gratuita" de arte, que exibiu mais de 5 mil obras criadas por mais de 400 artistas. Dois anos depois, o evento anual foi oficialmente baptizado como Salon des Indépendants.

O Salão dos Independentes (Salon des Indépendants em francês, também referido como Salon des Artistes Indépendants) comprometia-se em reunir as obras de artistas que reivindicam uma certa independência artística ou espírito de vanguarda. Era caracterizado pela ausência de prémios e de um júri de selecção, tendo, no entanto, vários comités que seleccionam as obras exibidas no salão. Em contraste com o Salon d'Automne, que tinha lugar em Paris durante os meses de outono, a partir de 1903, o Salon des Indépendants ocorria durante a primavera.

Georges Seurat 1884, retocado em 1887, Une baignade à Asnières (Banhistas em Asnières)

Embora o projecto tenha sido apoiado por várias figuras influentes da sociedade francesa, como Gustave Mesureur, vice-presidente do Conselho de Paris e Grão-Mestre da Grande Loja de França, Frédéric Hattat, presidente da comissão de Belas Artes do mesmo conselho, e Albert Dubois-Pillet, comandante da Guarda Republicana, membro do Grande Oriente de França, os primeiros anos de existência da associação e das suas exposições foram difíceis, sendo os fundadores criticados e as suas exposições chamadas de "ninho de revolucionários".

Fundação Oficial[editar | editar código-fonte]

A 11 de junho de 1884, Maître Coursault, notário em Montmorency, Val-d'Oise, registou oficialmente a criação da Société des Artistes Indépendants.

O artigo 1 dos estatutos da organização visava: "(...) o objectivo da Société des Artistes Indépendants - baseado no princípio da abolição do júri de admissão - é permitir que os artistas apresentem as suas obras a julgamento público com total liberdade."

Robert Delaunay, Der Eiffelturm, 1910

Exposições[editar | editar código-fonte]

 Nota: Para ler sobre as várias edições da exposição anual de artes, veja Salão dos Independentes.

Com mais de um século de existência, as suas exposições anuais não só definiram as várias etapas dos principais movimentos artísticos do início do século XX como também impulsionaram as carreiras de inúmeros artistas a nível internacional. Praticamente todos os artistas associados ao modernismo, realismo e a outros movimentos de vanguarda, como o pós-impressionismo, les nabis, simbolismo, neo-impressionismo, divisionismo, fauvismo, expressionismo, cubismo, dadaísmo e abstraccionismo, expuseram no Salon des Indépendants.

Juan Gris, Le Petit Déjeuner, 1914

Artistas notáveis[editar | editar código-fonte]

Amadeo de Souza-Cardoso, Retrato de Paulo Alexander, 1916

Artistas Portugueses[editar | editar código-fonte]

Artistas Brasileiros[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Witham, Larry (2013). Picasso and the Chess Player: Pablo Picasso, Marcel Duchamp, and the Battle for the Soul of Modern Art (em inglês). [S.l.]: UPNE 
  2. Paulo, Museu de Arte Moderna de São; Catalunya, Fundació Caixa de (2004). Cinco pintores da modernidade portuguesa (1911-1965). [S.l.]: Museu de Arte Moderna 
  3. Gaze, Delia (3 de abril de 2013). Concise Dictionary of Women Artists (em inglês). [S.l.]: Routledge 
  4. Contemporânea, Universidade de São Paulo Museu de Arte; Malfatti, Anita (1977). Anita Malfatti (1889-1964): 10 de novembro a 11 de dezembro de 1977 : Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil. [S.l.]: O Museu 
  5. Brill, Alice; Flexor, Samson (1990). Samson Flexor do figurativismo ao abstracionismo. [S.l.]: MWM 

Leitura adicional[editar | editar código-fonte]

  • Monneret, Jean: "Catalog raisonné des artistes Indépendants" Paris, 1999, ed. Eric Koehler
  • Monneret, Sophie: "L'Impressionisme et son époque, dicionário internacional", Paris 1980 ISBN 2-221-05222-6
  • Socièté des artistes indépendants, 76e exposição: "Le Premiers Indépendants: Rétrospective 1884-1894", Grand Palais des Champs-Élysées, 23 de abril a 16 de maio de 1965
  • Dominique Lobstein, "Dictionnaire des Indépendants", prefácio de Serge Lemoyne, L'Echelle de Jacob, 2003.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]