Sociedade Viva Cazuza

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Sociedade Viva Cazuza
Tipo Organização não governamental
Fundação 17 de outubro de 1990
Extinção 15 de outubro de 2020
Sede Rio de Janeiro, RJ
Línguas oficiais Português
Sítio oficial www.vivacazuza.org.br

A Sociedade Viva Cazuza foi uma ONG brasileira fundada pelos pais do cantor e compositor Cazuza (o produtor musical João Araújo e a filantropa Lucinha Araújo) após sua morte, em 7 de julho de 1990. A organização teve como foco principal a assistência social e o cuidado de crianças e jovens soropositivos (infectados pelo vírus do HIV) com o emprego de recursos destinados à promoção de assistência à saúde, educação e lazer.

Em 15 de outubro de 2020, após a marca de 328 crianças e jovens assistidos pela instituição, Lucinha Araújo declarou o encerramento das atividades da Sociedade Viva Cazuza e entregou a casa que abrigava a organização para a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro - que, por sua vez, fundou, em 24 de fevereiro de 2021, o Espaço Cazuza, destinado à assistência social de crianças menores de 8 anos de idade em situação de vulnerabilidade socioeconômica. [1][2]

História[editar | editar código-fonte]

A Sociedade Viva Cazuza foi criada em outubro de 1990 pelos pais de Cazuza, Lucinha Araújo e João Araújo, juntos com amigos e médicos, com o intuito de dar apoio aos pacientes com AIDS/HIV, no início, do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, na Tijuca, zona norte do Rio De Janeiro - considerando que Lucinha Araújo, cansada de ver várias crianças soropositivas serem abandonadas pelas famílias, resolveu criar a Sociedade e dedicar todo o seu tempo e carinho de mãe que antes exclusivo para o seu único filho (Cazuza, falecido pela doença) a meninos e meninas que passaram a viver na casa.

O trabalho da Sociedade junto ao Hospital Universitário Gaffrée e Guinle durou de 1990 a 1992, conseguindo aumentar o número de leitos destinados aos pacientes da AIDS, reformar enfermarias e berçário e fornecer remédios, exames e cestas básicas para os soropositivos por eles assistidos. Após esse período, a Sociedade Viva Cazuza começou a operar independentemente.

Em 1994, foi inaugurada a primeira Casa De Apoio Pediátrico do município do Rio De Janeiro, com imóvel cedido pelo governo do estado.

A Sociedade Viva Cazuza também atendeu a pacientes adultos com a doença (que, na sua maioria, são analfabetos e foram cadastrados pela Sociedade para receberem cestas básicas e apoios mensais no tratamento). O Programa de Adesão e Tratamento da ONG também acompanhou 140 pessoas que têm dificuldades para ler e compreender a prescrição médica. A Sociedade também distribuía um cartão colorido e ajudava os pacientes analfabetos a identificar os remédios e os respectivos horários que deveriam ser tomados durante todo o tratamento.

"A AIDS é uma doença que contamina todo mundo que está em volta. Mas é um contágio positivo, que não nos deixa indiferente diante do sofrimento das pessoas que têm essa doença. Quando meu filho morreu, prometi que não falaria mais sobre HIV na vida. Mas não adiantou, já estava contaminada." (Lucinha Araújo)

Projeto Cazuza[editar | editar código-fonte]

Foi inaugurado em junho de 1997 como um espaço dentro da Sociedade com o acervo do cantor e compositor Cazuza - incluindo fotos, vídeos, matérias de jornais, todos os seus CDs e LPs, manuscritos originais, máquinas de escrever, pôsteres e roupas usadas pelo cantor em seu último show. O Projeto tinha como finalidade manter viva a imagem do artista e, juntamente com a Sociedade Viva Cazuza, abria ao público nos dias úteis, em horário comercial.

Com o fechamento da Sociedade Viva Cazuza, o Projeto Cazuza ficou esquecido e não há quaisquer informações públicas acerca do destino de seu acervo no momento.

Crises e doações[editar | editar código-fonte]

O caixa da ONG esteve cheio entre os anos de 2004 e 2005, período de sucesso do filme Cazuza - O Tempo Não Para (dirigido por Sandra Werneck e Walter Carvalho, que rendeu R$400 mil). Após esse período, tudo desandou porque a verba que vinha por emendas parlamentares municipais do Rio De Janeiro parou de vir.

Em 2009, a Sociedade Viva Cazuza passou por uma das suas maiores crises. As despesas mensais chegaram a somar R$60 mil, mas o dinheiro arrecadado com os direitos autorais do Cazuza, sua única receita, só correspondiam a 20% do valor. A dificuldade financeira levou a diminuição de empregados da Sociedade, porém Lucinha não desistiu.[3]

No final do ano de 2010, a Prefeitura Do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria Municipal De Saúde E Defesa Civil, doou R$ 100 Mil à Sociedade Viva Cazuza. O anúncio foi feito pelo então prefeito Eduardo Paes, durante o lançamento da campanha "A Moda Na Luta Contra O HIV", realizado no Palácio da Cidade, em Botafogo.

A ONG também recebeu uma doação de R$50 mil da amfar. Ela foi beneficiada durante o 4º 'Inspiration Gala São Paulo', realizado dia 4 de abril de 2014 (mesmo dia e mês do aniversário de Cazuza) na casa do empresário Dinho Diniz, membro honorário da amfAR. Sharon Stone foi quem conduziu o leilão, com a ajuda de Nizan Guanaes e contou com uma série de itens de luxo cobiçados, incluindo também um retrato feito sob encomenda por Vik Muniz, arrecadando um total de US$ 340 Mil quando o artista, que estava na plateia, espontaneamente concordou em oferecer o retrato a três diferentes licitantes.[4]

Com a pandemia de COVID-19, Lucinha Araújo declarou, em vários momentos, o comprometimento do orçamento da Sociedade. Não por acaso, em 23 de Agosto de 2020, foi promovida uma Live beneficente [5] com a participação de mais de 30 artistas no intuito de angariar recursos para o mantimento da sociedade. No entanto, quando Lucinha Araújo declarou o encerramento das atividades da sociedade, ela declarou que houveram outras razões pelas quais ela o fez.

"Estamos realmente encerrando nossas atividades até o fim do ano, infelizmente. Motivos pessoais: Falta de foco na AIDS, crianças (que já) não nascem mais com HIV como antigamente e, principalmente, minha idade avançada."

Referências

  1. «Sociedade Viva Cazuza vai encerrar atividades após 30 anos». G1. Consultado em 8 de junho de 2021 
  2. Lima, Patricia (25 de fevereiro de 2021). «Crianças carentes terão cuidados especiais na Espaço Cazuza inaugurado pela Prefeitura do Rio». Diário do Rio de Janeiro. Consultado em 8 de junho de 2021 
  3. Sociedade Viva Cazuza passa pela pior crise Estadão
  4. Sociedade Viva Cazuza recebe doação de U$50 mil da amfar Época
  5. «Facebook». www.facebook.com. Consultado em 8 de junho de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]