Solar dos Abacaxis

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Solar dos Abacaxis
Solar dos Abacaxis
Tipo solar
Inauguração 1843 (181 anos)
Página oficial (Website)
Geografia
Coordenadas 22° 56' 24.18" S 43° 12' 7.67" O
Mapa
Localidade Cosme Velho
Localização Rio de Janeiro - Brasil

O Solar dos Abacaxis é uma instituição cultural autônoma e colaborativa, sem fins lucrativos, voltada à experimentação em arte e educação. Fundado em 2015 no Rio de Janeiro, o Solar dedica-se à reunião de indivíduos e coletivos em busca de um mundo mais justo, saudável, livre e afetuoso.

A maior missão do Solar dos Abacaxis é oferecer programação cultural e educativa, alcançando a formação de novos públicos, por meio da realização de sonhos de artistas.

Sua primeira sede foi em um casarão histórico localizado no bairro do Cosme Velho, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.[1] É um dos mais importantes edifícios neoclássicos da cidade.[2]

Em dezembro de 2022, o Solar dos Abacaxis inaugura nova sede, no Centro do Rio de Janeiro como um espaço de encontro, liberdade, educação e experimentação artística. Localizada na Rua do Senado, no coração da cidade, a nova sede conecta-se com as mais importantes instituições e espaços de criação da cidade, contribuindo para vitalidade cultural do Centro.

História e arquitetura da antiga sede no Cosme Velho[editar | editar código-fonte]

A casa foi construída em 1843 pelo comendador Borges da Costa, com projeto atribuído a José Maria Jacinto Rebelo, antigo aluno de Grandjean de Montigny e um dos principais arquitetos acadêmicos do Rio de Janeiro de então.[3][4]

É um raro exemplar híbrido de chalé neoclássico.[5] Da arquitetura acadêmica deriva o desenho do frontão triangular, os cunhais com capitéis estilizados e as estátuas sobre o telhado.[5][6] Do romantismo arquitetônico deriva o friso decorado e a habitação no ático da casa, sob o telhado de duas águas. Esse ático é ventilado e iluminado por dois grandes janelões e duas pequenas janelas em forma de óculo. Outro aspecto pitoresco da decoração são os abacaxis de ferro forjado sobre os grades das sacadas das janelas do primeiro andar, que deram nome ao edifício.[7] O casarão ocupa uma área de 1.200 metros quadrados em um terreno de 1.500 metros quadrados.[8][9]

A partir de 1944, o solar foi habitado por Anna Amélia Carneiro de Mendonça, poetisa e bisneta do comendador Borges da Costa, e seu marido Marcos Carneiro de Mendonça, primeiro goleiro da seleção brasileira de futebol e historiador.[10][11][12] O casal transformou o solar num ponto de encontro de artistas e intelectuais da época.[13] Dentre os intelectuais frequentadores da residência, estavam personalidades como Assis Chateaubriand, Gilberto Freyre, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Autran, Fernanda Montenegro, Tônia Carrero e Ítalo Rossi.[10][14] O casarão foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC).[15]

No ano de 2011, a casa foi invadida por uma série de vândalos que depredaram a casa.[7] Em entrevista ao jornal carioca O Globo, Barbara uma das herdeiras do imóvel disse ao jornal “Minha filha esteve lá e voltou aos prantos. Foi um absurdo o que fizeram. Destruíram as peças só de maldade.”[16]

Após mais de uma década com a casa fechada, um grupo de agentes culturais fundou o Instituto Solar dos Abacaxis que começou a abrir o casarão ao público com exposições de arte contemporânea.[17][18] Entre os responsáveis pelo instituto estão o curador Bernardo Mosqueira e o arquiteto Adriano Carneiro de Mendonça, que conseguiram autorização dos trezes então proprietários do imóvel para garantir o funcionamento da casa.[19] Em 2019, a Casa dos Abacaxis foi levada a um leilão judicial por dívidas de IPTU pregressas ao funcionamento do Instituto. Um grupo de apoiadores se formou ao redor da instituição e conseguir arrematar o imóvel. Porém, a pandemia de COVID-19 reforçou divergências entre o Instituto Solar dos Abacaxis e os novos proprietários da Casa dos Abacaxis quanto ao tipo de uso do espaço - fazendo com o Instituto deixasse a casa e se tornasse uma instituição nômade enquanto busca por uma nova sede na zona central da cidade. No espaço foram feitas mais de 40 exposições com mais de 300 artistas como Anna Bella Geiger, Adriana Varejão e Ernesto Neto.[20][21][22] [23]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «O Solar dos Abacaxis». Editora Intrínseca. 19 de agosto de 2016. Consultado em 23 de março de 2021 
  2. «Solar dos abacaxis». Almanaque Carioquice. 19 de novembro de 2018. Consultado em 23 de março de 2021 
  3. Rkain, Jamyle (8 de maio de 2019). «Solar dos Abacaxis, um modo de pensar». ARTE!Brasileiros. Consultado em 23 de março de 2021 
  4. «Artistas assinam com a Sergio Castro Imóveis contrato de venda do Solar dos Abacaxis». Bsb Flash. 10 de outubro de 2019. Consultado em 23 de março de 2021 
  5. a b «IHGI ~ Solar dos Abacaxis. Cosme Velho. Rio de Janeiro». Instituto Histórico e Geográfico Itaborahyense. Consultado em 23 de março de 2021 
  6. Janeiro., Centro de Arquitetura e Urbanismo do Rio de (2001). Guia da arquitetura colonial, neoclássica e romântica no Rio de Janeiro. [S.l.]: O Centro. OCLC 47727038 
  7. a b Ladeira, Leonardo (22 de junho de 2011). «Solar dos Abacaxis é depredado por vândalos». Rio e Cultura. Consultado em 23 de março de 2021 
  8. «Solar dos Abacaxis, no Cosme Velho, está à venda por R$ 4 milhões». O Globo. 20 de maio de 2019. Consultado em 23 de março de 2021 
  9. «Comunidade do Coroado avança por Santa Teresa e Cosme Velho, e moradores temem deslizamentos». O Globo. 30 de julho de 2020. Consultado em 23 de março de 2021 
  10. a b «Casa dos Abacaxis». Bairro das Laranjeira. 19 de janeiro de 2007. Consultado em 23 de março de 2021 
  11. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «Anna Amélia Carneiro de Mendonça no salão do Solar dos Abacaxis.». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 23 de março de 2021 
  12. «126 anos de Marcos Carneiro de Mendonça». Fluminense Football Club. 25 de dezembro de 2020. Consultado em 23 de março de 2021 
  13. «Solar dos Abacaxis celebra aniversário de Ney Matogrosso com experiência expositiva». Bom Dia, Ipanema!. 9 de agosto de 2017. Consultado em 23 de março de 2021 
  14. Lucena, Felipe (18 de maio de 2019). «Solar dos Abacaxis, no Cosme Velho, está à venda». Diário do Rio. Consultado em 23 de março de 2021 
  15. Candida, Simone. «Vândalos invadem Solar dos Abacaxis, no Cosme Velho, e depredam casarão». Extra (jornal). Consultado em 23 de março de 2021 
  16. «Vândalos invadem solar dos abacaxis no Cosme Velho e depredam casarão». O Globo. 2011. Consultado em 23 de março de 2021 
  17. «Solar dos Abacaxis, no Cosme Velho, passa a abrir aos fins de semana, com exposições, gastronomia, música e oficinas». O Globo. 24 de janeiro de 2020. Consultado em 23 de março de 2021 
  18. Breves, Lívia (24 de janeiro de 2020). «Solar dos Abacaxis, no Cosme Velho, passa a abrir aos fins de semana, com exposições, gastronomia, música e oficinas». Yahoo. Consultado em 23 de março de 2021 
  19. Rkain, Jamyle (8 de maio de 2019). «Solar dos Abacaxis, um modo de pensar». ARTE!Brasileiros. Consultado em 23 de março de 2021 
  20. «SOLAR DOS ABACAXIS». Hotel Arpoador. 14 de fevereiro de 2020. Consultado em 23 de março de 2021 
  21. Lucena, Felipe (3 de setembro de 2019). «Ocupação artística quer comprar Solar dos Abacaxis através de doações; Imobiliária vai ajudar». Diário do Rio. Consultado em 23 de março de 2021 
  22. «Alunos e professores da Escola de Artes Visuais do Parque Lage expõem na terça-feira 30/8 produção criada especialmente para a Mostra Final Extramuros, no Solar dos Abacaxis» (PDF). Parque do Lage. Consultado em 23 de março de 2021 
  23. «Instituto Solar dos Abacaxis deixa o Cosme Velho e busca sede no Centro do Rio». O Globo. 5 de junho de 2021. Consultado em 15 de julho de 2021