Coruja-do-mato-neotropical

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Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Strigiformes
Família: Strigidae
Género: Strix
Espécie: S. virgata
Nome binomial
Strix virgata
(Cassin, 1849)
Distribuição geográfica

Sinónimos
Ciccaba virgata

A coruja-do-mato-neotropical[2] (Strix virgata) é uma coruja da família dos estrigídeos (Strigidae). De tamanho médio, é encontrada na América Central e na América do Sul. Sua cabeça e o dorso são manchados de marrom e a parte inferior esbranquiçada, com barras verticais no peito e na garganta. Os olhos são escuros e a cabeça redonda, não apresentando tufos nas orelhas. É territorial e encontrada em florestas secas e selvas, em altitudes de até 2 500 metros acima do nível do mar.

Também é conhecida pelo nome de coruja-de-bigode, mocho-carijó e mocho-do-mato.[3]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

Foi descrita pela primeira vez pelo ornitólogo norte-americano John Cassin em 1849, recebendo o nome binomial de Syrnium virgatum.[4][5] Em 1999, Wink e Heidrich a transferiram para o gênero Strix, mas isso ainda é contestado por alguns autores.[6]

Subespécies[editar | editar código-fonte]

São reconhecidas sete subespécies:[7]

  • S. v. squamulata (Bonaparte, 1850) - oeste do México (Sonora de Guerrero e Morelos para Guanajuato).
  • S. v. tamaulipensis Phillips, 1911 - nordeste do México (S Nuevo León e Tamaulipas).
  • S. v. centralis (Griscom, 1929) - leste e sul do México até o oeste do Panamá.
  • S. v. virgata (Cassin, 1849) - leste do Panamá, Colômbia, Equador, Venezuela e Trinidad.
  • S. v. superciliaris (Pelzeln, 1863) - centro-norte e nordeste do Brasil. Esta subespécie apresenta a porção dorsal marrom, rêmiges e retrizes barradas. A face apresenta disco facial escuro contornado por uma estreita linha branca que é mais espessa na região superciliar. Peito claro fortemente manchado de marrom-acastanhado. Região ventral de coloração branca ou pardacenta apresentando estriado vertical com estrias marrons ou marrom-acastanhadas. O crisso é esbranquiçado.
  • S. v. borelliana (W. Bertoni, 1901) - sudeste do Brasil, Paraguai e leste e nordeste da Argentina (Misiones). Esta subespécie apresenta duas fases de plumagem. A fase escura é predominantemente marrom na sua parte superior, apresentando pintas e barrado de coloração branca ou pardacenta. Os escapulários externos são marrom-amarelados; as asas são marrom escuras com barrado claro. A porção ventral é branco-padacenta com estrias marrons. A fase escura é similar a subespécie nominal.
  • S. v. macconnelli (Chubb, 1916) - ocorre nas Guianas e no extremo norte do Brasil. Esta subespécie apresenta disco facial escuro delimitado por uma clara linha branca. Coloração dorsal intensamente marrom-acastanhado e intensamente barrado nas asas e cauda. Coloração ventral castanho-acanelada, não apresentando coloração preta nas laterais do peito.

Descrição[editar | editar código-fonte]

É uma coruja de médio porte, com adultos atingindo 280–355 mm (11–14 in) de comprimento. As fêmeas são consideravelmente maiores do que os machos, tendo o maior grau de dimorfismo sexual em relação a todas as espécies de coruja.[8] A coroa, a nuca e o dorso são pintados em vários tons de marrom escuro, o disco facial é marrom claro e a garganta, o peito e o ventre são esbranquiçados com estrias marrons verticais características. Os olhos grandes são castanhos, o bico é amarelo-acinzentado ou azul-acinzentado e as pernas e pés são amarelo-acinzentados. Existe uma forma mais escura da ave com o peito e a barriga amarelos. Produz uma variedade de vocalizações.[8][9]

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

É nativa da América Central e da América do Sul. Seu alcance se estende do sul do México até a Argentina e o Brasil, sendo encontrada em altitudes de até 2 500 m (8 200 pé). Habita uma variedade de habitats arborizados, incluindo floresta tropical, orla de floresta, floresta de espinhos seca, floresta de pinheiros/carvalhos e plantações, além de campos abertos com árvores dispersas. Em algumas partes de sua distribuição é uma espécie comum e costuma ser encontrada perto de habitações humanas.[8]

Comportamento[editar | editar código-fonte]

É noturna e passa o dia em vegetação densa, onde pode ser cercada por outras aves. Seus olhos grandes são adaptados para a visão em níveis baixos de luz, e sua audição também é apurada. É uma espécie predadora e, à noite, muitas vezes se empoleira em um galho ao lado de uma clareira ou na orla de uma floresta à procura de presas. Quando detecta um pequeno objeto em movimento, desce de seu poleiro com asas silenciosas e ataca seu alvo, que pode ser um pequeno mamífero, um pássaro, um réptil ou anfíbio ou um grande besouro, gafanhoto ou outro inseto.[8][10]

Reproduz-se entre fevereiro e maio na Colômbia e entre setembro e novembro na Argentina. Normalmente nidifica em um buraco em uma árvore, mas também pode escolher um ninho vazio construído por outra espécie. Um ou geralmente dois ovos brancos são postos e incubados pela fêmea e ambos os pais cuidam dos filhotes.[9]

Conservação[editar | editar código-fonte]

Possui uma variedade muito ampla e sua população foi estimada em algo entre quinhentos mil e cinco milhões. Seu estado de conservação foi listado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como espécie pouco preocupante com base no fato de que, embora seus números possam estar diminuindo ligeiramente, não estão diminuindo a uma taxa que justificaria colocá-la em uma categoria mais vulnerável.[1]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b «Strix virgata». IUCN Red List of Threatened Species. 1 de outubro de 2016. Consultado em 14 de julho de 2021 
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 162. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022 
  3. «Coruja-do-mato». Aves de Rapina Brasil. 2021. Consultado em 10 de agosto de 2020 
  4. Cassin, John (1849). «Species of owls, presumed to be undescribed, specimens of which are in the collection of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia». Proceedings of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia. 4: 121–125 [124]  The title page is dated 1848 but the volume was not published until the following year.
  5. Peters, James Lee, ed. (1940). Check-list of Birds of the World. Volume 4. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press. p. 154 
  6. Remsen, J.V., Jr.; Cadena, C.D.; Jaramillo, A.; Nores, M.; Pacheco, J.F.; Pérez-Emán, J.; Robbins, M.B.; Stiles, F.G.; Stotz, D.F.; Zimmer, K.J. «A classification of the bird species of South America». Version: 23 July 2014. South American Classification Committee, American Ornithologists' Union 
  7. «coruja-do-mato (Strix virgata) | WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil». www.wikiaves.com.br. Consultado em 19 de setembro de 2021 
  8. a b c d Fetter, Jess (2004). «Strix virgata: Mottled Owl». Animal Diversity Web. University of Michigan. Consultado em 13 de outubro de 2013 
  9. a b König, Claus; Becking, Jan-Hendrik (2009). Owls of the World. [S.l.]: A. C. Black. pp. 366–368. ISBN 9781408108840 
  10. Brown, Tom W. (junho de 2020). «A bat (Chiroptera) as prey of the Mottled Owl Ciccaba virgata in Belize». Cotinga. 42: 58–60 
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