Subúrbio

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No subúrbio de Rio Rancho, Novo México, Estados Unidos, é possível observar as cul-de-sac, características dos subúrbios anglófonos.

Subúrbio (do Latim suburbium, literalmente sub-cidade) ou periferia (num sentido genérico, quer dizer "tudo o que está ao redor") é um termo utilizado para designar as áreas em redor das áreas centrais de um dado aglomerado urbano, seja ele um município, distrito ou outra qualquer instância política; porém o termo também é usado para descrever cidades circunscritas a um núcleo metropolitano central. Eventualmente pode ser considerado sinônimo de periferia urbana, embora tal definição encontre alguma polêmica nos estudos de urbanismo e planejamento urbano.

O termo é bastante utilizado em termos de geografia, para designar toda a área urbana que está ao redor do centro urbano. A periferia pode ser intramunicipal (bairros afastados do centro do município) ou extramunicipal (municípios da região metropolitana).

Subúrbio pelo mundo

Estados Unidos e Canadá

Subúrbio de San Jose, Estados Unidos.
Subúrbio em Cincinnati, Estados Unidos.

No mundo de língua inglesa, mais especificamente nos Estados Unidos e no Canadá, um subúrbio é um núcleo urbano localizado nos arredores de um núcleo metropolitano central, onde geralmente vivem famílias de classe média ou alta, com variáveis índices de qualidade de vida e segurança mas em geral maiores que os das áreas residenciais centrais. Em geral, caracterizam-se como áreas de baixa densidade populacional, e habitação baseada em tipologias arquitetônicas de baixo gabarito (normalmente casas unifamiliares ao invés de edifícios multifamiliares) e com baixo coeficiente de aproveitamento dos terrenos (i.e., normalmente as edificações localizam-se isoladas em meio aos seus lotes amplos). Recentemente, porém, diversas destas cidades passaram a industrializar-se rapidamente, como Mississauga (subúrbio de Toronto), Laval (subúrbio de Montreal) e Long Beach (subúrbio de Los Angeles).

Vista aérea de um subúrbio perto de Markham, Ontário, Canadá.
Uma típica casa suburbana na Califórnia, Estados Unidos.

Nos Estados Unidos, a partir da década de 1950 até os dias atuais, grandes números de habitantes das classes média e alta da maioria dos grandes núcleos metropolitanos dos Estados Unidos passaram a migrar dos núcleos metropolitanos para os subúrbios, em busca de segurança. Como consequência, a população de diversos núcleos metropolitanos passou a cair drasticamente e a ser composta primariamente pela população de mais baixa renda. Desta forma, constituíram-se verdadeiros guetos urbanos em meio aos distritos centrais, como Baltimore, Atlanta e especialmente em Detroit.

A grande maioria das grandes e médias regiões metropolitanas americanas possuem subúrbios ricos, bem como diversas cidades localizados em países de língua inglesa, embora subúrbios pobres também existam nestes países. O termo suburbia, nos países de língua inglesa, se refere ainda a um estilo de vida tipicamente monótono, fútil e consumista.

Gentrificação

Ver artigo principal: Gentrificação

Um fenômeno relativamente recente tem sido notado nas últimas décadas nos países cuja organização urbana está estruturada pelos subúrbios: nota-se um relativo novo interesse das classes de renda alta por áreas residenciais centrais antes consideradas degradadas por elas mesmas nas grandes cidades, em processo oposto ao da suburbanização. A tal processo deu-se o nome de gentrificação e ele tem sido estudado principalmente por nomes como Neil Smith e Sharon Zukin (cuja obra Landscapes of Power explora os efeitos desta nova cultura urbana). Exemplos de bairros que normalmente são apontados como resultado de um fenômeno de gentrificação são o SoHo em Nova Iorque e as Docklands em Londres.

Subúrbios do sudoeste da Grande Londres mostrando as linhas de habitação geminada em estradas locais de ramificação das estradas nacionais.

Outros países

Favela em Caracas, Venezuela.

Nas grandes cidades da América Latina e de outros países, a palavra subúrbio é comumente utilizada para se referir a áreas que não possuem todos os recursos das regiões centrais, como as favelas - principalmente no que diz respeito a infraestrutura urbana (como energia elétrica, água encanada, esgoto, coleta de lixo, etc.) e equipamentos sociais (como instituições culturais e de saúde, assim como órgãos públicos) - ou até possuem, mas em escala inferior. A palavra também é associada às regiões periféricas de perfil de renda baixa. Estas são mais aparentes nas grandes cidades, onde vários fatores como especulação imobiliária, exploração e alienação da força de trabalho, entre outros, levam a ocupação de áreas mais distantes pela população mais pobre, em um processo paralelo ao da segregação voluntária das elites, que se apropriam das melhores regiões da cidade e impedem seu uso pelas classes mais pobres. Tal processo foi descrito principalmente por Flávio Villaça em seu livro Espaço intra-urbano no Brasil.

Existem regiões, entretanto, que atraem os interesses de camadas ricas da população e se encontram em áreas também periféricas, em processo semelhante ao dos subúrbios ricos norte-americanos mas com peculiaridades locais. Tais regiões normalmente são caracterizadas principalmente pela forte presença de condomínios fechados. Exemplos típicos destas áreas periféricas ricas no Brasil são a Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro; Interlagos e os condomínios da Serra da Cantareira em São Paulo e Mairiporã. Alguns condomínios existentes em cidades das regiões metropolitanas, como acontece com Alphaville e a Granja Viana, ambos na Grande São Paulo, também são às vezes considerados subúrbios ricos. Isso ocorre, pois a conurbação entre as cidades faz com que as cidades ao redor da cidade central se tornem subúrbios e a maior parte da população da região trabalhe mais perto do centro da metrópole.

Diversos conjuntos habitacionais formam os subúrbios de Madrid, Espanha.
Vista de Alphaville, um dos mais nobres e famosos subúrbios de São Paulo, Brasil.

Ver também

Referências

  • VILLAÇA, Flávio; Espaço intra-urbano no Brasil; São Paulo: Studio Nobel, 1998
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