Tabu sobre os nomes na cultura chinesa

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Tabu sobre os nomes na cultura chinesa
Nome chinês
Chinês tradicional: 避諱
Chinês simplificado: 避讳
Em japonês
Kanji: 避諱
Hiragana: ひき
Em coreano
Hangul: 피휘
Hanja: 避諱
Em vietnamita
Quốc ngữ: kỵ húy

O tabu sobre os nomes foi um tabu contra o uso, quer na fala quer na escrita, dos nomes (nomeadamente, contra o uso dos caracteres que compunham ditos nomes) de certas pessoas na China.

Tipos[editar | editar código-fonte]

  • O tabu sobre os nomes do estado (国讳; 國諱) foi o tabu que existia contra o uso do nome do imperador e os seus antepassados. Por exemplo, durante a dinastia Qin foi evitado o uso de Zheng (政), que era o nome próprio do rei Qin Shi Huang; assim, o primeiro mês do ano, Zheng Yue (正月: o mês honesto) foi renomeado para Duan Yue (端月: o mês respeitável/honesto). Geralmente são evitados os nomes dos antepassados até sete gerações depois da sua morte.
  • O tabu sobre os nomes do clã (家讳; 家諱) foi o tabu que existia contra o uso do nome dos antepassados de um mesmo.
  • O tabu sobre o nome das santidades (聖人諱) foi o tabu que existia contra o uso do nome de pessoas respeitadas. Por exemplo, o nome Confúcio foi proibido durante a dinastia Jin.

Em documentos diplomáticos e cartas entre clãs observavam-se os tabus sobre os nomes de cada um dos clãs implicados.

Em 1777 Wang Gihou (王錫侯) escreveu o nome do imperador Qianlong num livro, pelo qual ele e os seus familiares foram executados.[1][2]

Métodos para evitar ofensas[editar | editar código-fonte]

Exemplo de omissão dum caráter tabu: é omitido último traço dos dois ideogramas do nome dado ao imperador Kangxi "玄" (xuán) e "燁" (yè).

Empregavam-se três métodos diferentes para evitar o uso de um caráter tabu:

  • Cambiar o caráter por outro que seja sinônimo ou soe parecido ao caráter que quer evitar-se. Por exemplo, a porta Xuanwu (玄武門:Porta do Norte) da Cidade Proibida foi renomeada como Shenwu (神武門:Porta do Poder Divino) para evitar o primeiro caráter de Xuanye (玄燁), que era o nome próprio do imperador Kangxi
  • Deixar um espaço em branco no lugar do caráter.
  • Omitir um traço no caráter, especialmente o traço final.

Embora estes tabus não se sigam estritamente em nossos dias, são ainda observados por muitas pessoas que evitam dar aos seus filhos nomes que tenham o mesmo ou similar som do que o de algum dos seus antepassados. Isto pode explicar por que ainda na China moderna se encontra irrespeitoso chamar os anciãos pelo seu nome, e por que é raro encontrar pessoas com o mesmo nome que os seus pais.

Na história[editar | editar código-fonte]

Ao longo da história da China houve imperadores, cujos nomes continham caracteres frequentes, que tentaram aliviar a carga que supunha a observância deste tabu. Por exemplo, o imperador Xuan de Han, cujo nome de batismo Bingyi (病已) continha dois caracteres muito frequentes, mudou dito nome para Xun (詢), um caráter muito mais infrequente, com o propósito explícito de facilitar ao seu povo a observância do tabu. Analogamente, o imperador Taizong de Tang, cujo nome de pila Shimin (世民) também continha dois caracteres muito frequentes, ordenou que o tabu sobre o seu nome somente requeresse evitar o uso dos caracteres Shi e Min quando apareciam juntos e não por separado, que era o tradicional. Contudo, o seu filho o imperador Gaozong de Tang anulou essa ordem após a morte do seu pai, restabelecendo o tabu original sobre os caracteres por separado.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «The Qing Glory Days». web.archive.org. Consultado em 17 de abril de 2022. Arquivado do original em 19 de novembro de 2008 
  2. Fairbank, John King; Goldman, Merle (2006). China: A New History, Enlarged Edition (em inglês). Cambridge, Mass: Harvard University Press. p. 159. ISBN 0-674-01828-1