Tagelus plebeius

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Tagelus plebeius
Sete conchas inteiras, com as valvas unidas e seu perióstraco descascando, de T. plebeius; coletadas no estuário do Rio do Peixe, praia do Perequê, Guarujá, região sudeste do Brasil, sem o animal.
Sete conchas inteiras, com as valvas unidas e seu perióstraco descascando, de T. plebeius; coletadas no estuário do Rio do Peixe, praia do Perequê, Guarujá, região sudeste do Brasil, sem o animal.
Ilustração das duas valvas da concha de T. plebeius (Conrad, T. A.; American marine conchology; or Descriptions and coloured figures of the shells of the Atlantic coast of North America: 1831).
Ilustração das duas valvas da concha de T. plebeius (Conrad, T. A.; American marine conchology; or Descriptions and coloured figures of the shells of the Atlantic coast of North America: 1831).
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia
Subclasse: Autobranchia
Ordem: Cardiida
Superfamília: Tellinoidea
Família: Solecurtidae[2]
Género: Tagelus
Gray, 1847[2]
Espécie: T. plebeius
Nome binomial
Tagelus plebeius
(Lightfoot, 1786)[2]
Uma ilustração (Arnold, A. F.; Sea-Beach at Ebb-Tide: 1903) da posição do comportamento alimentar do molusco bivalve marinho T. plebeius; cavando a areia com o seu (embaixo) e fixando-se no substrato, enterrado permanentemente em corredores de 50 a 70 centímetros de profundidade, com os seus sifões inalante e exalante (acima) estendidos até a superfície do habitat bentônico.[3][4]
Sinónimos
Solen plebeius Lightfoot, 1786[5]
Solen gibbus Spengler, 1794[6]
Tagelus gibbus (Spengler, 1794)
Siliquaria notata Schumacher, 1817
Solen caribaeus Lamarck, 1818
Solecurtus platensis d'Orbigny, 1846
Tagelus poeyi Dall, 1899
Tagelus gibbus entrerianus Ihering, 1907
(WoRMS)[2]

Tagelus plebeius (nomeada, em inglês, stout American Tagelus[7] ou apenas stout Tagelus – o termo stout significando "robusto", "corpulento" ou "entroncado"[8][9] – ; em português, no Brasil, denominada canivete,[6][10][11] unha-de-velha,[6][10][11][12][13][14][15] unha-de-velho – no masculino: especificada por Houaiss,[11] embora o Dicionário Aurélio cite um Solenidae anônimo[15] – ou unha-de-urubu;[6][11] no passado, e até o século XX, também denominada cientificamente Tagelus gibbus)[2][6][13] é uma espécie costeira de molusco Bivalvia eurialino,[6][11] marinho e litorâneo, da família Solecurtidae e gênero Tagelus, classificada por John Lightfoot, em 1786, e originalmente denominada Solen plebeius.[2][5] Habita as costas do oeste do Atlântico, do Cabo Cod, Massachusetts, Estados Unidos, até o golfo do México e mar do Caribe, incluindo Grandes Antilhas, leste da Colômbia, Venezuela, Suriname, e rumo à região sudeste e região sul do Brasil, até Uruguai e a Patagonia, na Argentina.[4][12][16][17] Trata-se de espécie alimentícia[6][12][13] e que pode ser encontrada nos sambaquis brasileiros, do Rio de Janeiro até Santa Catarina.[16] Embora seja uma espécie comum,[7] em 2018 Tagelus plebeius foi colocada no Livro Vermelho do ICMBio; considerada uma espécie pouco preocupante (LC), com a conclusão desta avaliação feita em 2012.[18]

Descrição da concha[editar | editar código-fonte]

Tagelus plebeius possui concha com duas valvas retangulares e quase cilíndricas, alongadas e delgadas, de cor branca e com manchas amareladas a rosadas; lisas, mas com linhas de crescimento aparentes, e ambas se tocando apenas em suas margens não laterais e menos arredondadas; sendo cobertas por um perióstraco fosco, opaco e destacável, verde-oliva, castanho-claro ou castanho-escuro; mais persistente em suas margens. É dotada de umbos de pequenas dimensões, ligeiramente deslocados do centro de cada valva (quase centrais) e com os ápices apontados para trás; e possui o seu interior também branco e porcelanoso. Seu comprimento geralmente pode atingir os 7 ou 8 centímetros, quando desenvolvida, com um tamanho médio de 4 a 5 centímetros; mas podendo chegar a mais de 10 centímetros.[4][6][8][11][12][15][19][20]

Descrição do animal[editar | editar código-fonte]

O animal de Tagelus plebeius possui o bastante longo e grosso. Os sifões são altamente desenvolvidos e a cavidade do manto contém um par de brânquias, cada uma formada por duas séries de lamelas extensamente fundidas por junções interlamelares.[8][21]

Comportamento[editar | editar código-fonte]

Trata-se de uma espécie adaptada aos bentos arenosos, areno-lodosos ou lamosos, próximos à desembocadura de rios ou de riachos, incluindo os mangues, locais onde se enterra verticalmente, entre 50 a 70 centímetros, aprofundando-se no substrato com a ajuda de seu pé; vivendo da zona entremarés até os 10 metros de profundidade (com registros de mais de 20 metros) e expondo dois longos sifões que atingem a superfície do relevo oceânico.[4][6][7][11][12][13][15][16]

Tagelus divisus[editar | editar código-fonte]

Na costa leste americana também ocorre outra espécie de Tagelus que é simpátrica a Tagelus plebeius; tratando-se de Tagelus divisus (Spengler, 1794), de concha menor (até 4 centímetros) e mais frágil, que difere de Tagelus plebeius pela presença de uma mancha, linear e transversal, no meio do comprimento das valvas de sua concha; mas também por poder apresentar nítidas variações de tonalidade púrpura ou violeta: assim denominada purplish American Tagelus, ou purplish Tagelus, em inglês.[7][10][22][23][24][25]

Referências

  1. Embora a utilização do termo "unha-de-velha" seja a mais corrente, nas fontes de consulta, o termo não se apresenta politicamente correto.
  2. a b c d e f «Tagelus plebeius (Lightfoot, 1786)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 24 de março de 2021 
  3. Arruda, Eliane; Domaneschi, O.; Amaral, Antonia Cecilia Zacagnini (janeiro de 2003). «Mollusc feeding guilds on sandy beaches in São Paulo State, Brazil» (em inglês). Marine Biology 143(4). (ResearchGate). 1 páginas. Consultado em 24 de março de 2021. Aspects of the feeding behaviour of Tagelus plebeius (A). 
  4. a b c d «Tagelus plebeius (Lightfoot, 1786)» (em inglês). SeaLifeBase. 1 páginas. Consultado em 24 de março de 2021 
  5. a b Dar, Christine (2011). «Synonym summary of Solen plebeius Lightfoot, 1786» (em inglês). SeaLifeBase. 1 páginas. Consultado em 24 de março de 2021. Status: senior synonym, original combination (reference: Rosenberg, G., 2009). 
  6. a b c d e f g h i j BOFFI, Alexandre Valente (1979). Moluscos Brasileiros de Interesse Médico e Econômico. São Paulo: FAPESP - Hucitec. p. 64. 182 páginas 
  7. a b c d ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 349. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0 
  8. a b c SABELLI, Bruno; FEINBERG, Harold S. (1980). Simon & Schuster's Guide to Shells. An Easy-to-Use Field Guide, With More Than 1230 Illustrations (em inglês). New York: Simon & Schuster. p. 186. 512 páginas. ISBN 0-671-25320-4 
  9. «stout» (em inglês). Google Tradutor. 1 páginas. Consultado em 24 de março de 2021 
  10. a b c ABSHER, Theresinha Monteiro; FERREIRA JUNIOR, Augusto Luiz; CHRISTO, Susete Wambier (2015). Conchas de Moluscos Marinhos do Paraná (PDF). Curitiba - PR: Museu de Ciências Naturais - MCN - SCB - UFPR. p. 9. 20 páginas. ISBN 978-85-66631-18-0. Consultado em 24 de março de 2021 
  11. a b c d e f g h HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2001). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva. p. 600. 2922 páginas. ISBN 85-7302-383-X 
  12. a b c d e RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 279. 492 páginas. ISBN 85-85042-36-2 
  13. a b c d e SANTOS, Eurico (1982). Zoologia Brasílica, vol. 7. Moluscos do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 50. 144 páginas 
  14. IHERING, Rodolpho von (1968). Dicionario dos Animais do Brasil. São Paulo: Editora Universidade de Brasília. p. 717. 790 páginas 
  15. a b c d FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 1738. 1838 páginas 
  16. a b c SOUZA, Rosa Cristina Corrêa Luz de; LIMA, Tania Andrade; SILVA, Edson Pereira da (2011). Conchas Marinhas de Sambaquis do Brasil 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Technical Books. p. 114. 252 páginas. ISBN 978-85-61368-20-3 
  17. «Tagelus plebeius (Lightfoot, 1786) distribution» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 24 de março de 2021 
  18. ICMBio (2018). Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção: Volume I (PDF). Brasília, DF: ICMBio/MMA. p. 464. 492 páginas. ISBN 978-85-61842-79-6. Consultado em 27 março de 2021 
  19. LINDNER, Gert (1983). Moluscos y Caracoles de los Mares del Mundo (em espanhol). Barcelona, Espanha: Omega. p. 107. 256 páginas. ISBN 84-282-0308-3 
  20. «Tagelus plebeius (Lightfoot, 1786)». Conquiliologistas do Brasil: CdB. 1 páginas. Consultado em 24 de março de 2021 
  21. «Tagelus plebeius (John Lightfoot, 1786) Stout Tagelus» (em inglês). Jacksonville Shell Club. 1 páginas. Consultado em 26 de março de 2021. Partially buried in sand during a minus tide, north side of Nassau Sound just west of the George Crady Bridge fishing pier, Nassau County, Florida 3/18/2011. 
  22. «Tagelus divisus (Spengler, 1794) Purplish Tagelus» (em inglês). Jacksonville Shell Club. 1 páginas. Consultado em 24 de março de 2021 
  23. Krisberg, Marlo F. (24 de julho de 2018). «Tagelus divisus (Spengler, 1794) Purplish Tagelus» (em inglês). Let's Talk Seashells - Seashells / Letstalkseashells. 1 páginas. Consultado em 24 de março de 2021 
  24. Leal, José H. «Southwest Florida Shells with Emphasis on Sanibel & Captiva» (em inglês). Bailey-Matthews National Shell Museum. 1 páginas. Consultado em 24 de março de 2021. Shell size to 40 mm. 
  25. «Tagelus divisus (Spengler, 1794) distribution» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 24 de março de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]