Teletrofone

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Teletrofone (do italiano telettrofono[1]) ou telégrafo falante[2] é um aparelho criado em 1856 que pode ser considerado o precursor do telefone atual.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Enquanto pesquisava os efeitos das descargas elétricas no corpo humano, o italiano Antonio Meucci descobriu a possibilidade de transmitir sons por meio de cabos telegráficos. A isso, ele deu o nome de “telégrafo falante”.[3]

Boa parte da pesquisa para a invenção do precursor do telefone foi feita em seu exílio em Cuba, então uma colônia espanhola, para onde fugira, com a mulher, depois de ter sido preso duas vezes por participar do movimento de unificação italiana. Em 1849 (quando Graham Bell tinha 2 anos de idade), Meucci já havia desenvolvido, em Havana, um tratamento à base de choques elétricos para curar doenças como o reumatismo. Ao preparar-se para aplicá-lo, ouviu a voz do paciente, em outro quarto, através de uma peça de fio de cobre que os conectava. Percebeu que tinha ali algo mais importante que qualquer descoberta anterior.[4]

Em 1850, conclui seu último contrato de trabalho em Cuba, ao mesmo tempo que sua amizade com Giuseppe Garibaldi já era vista com suspeita na ilha. Decide então mudar-se para os Estados Unidos, onde esperava poder continuar a desenvolver seus inventos.[5]

Em 1856, Antonio Meucci monta um sistema telefônico capaz de transmitir a voz pela eletricidade,[6] de modo que, enquanto estivesse em seu laboratório, pudesse se comunicar com sua mulher, doente e paralisada numa cama. Criava-se aí o primeiro sistema telefônico do mundo, chamado por ele de "teletrofono".[3] A primeira demonstração pública registrada do teletrofone ocorreu em 1860 e teve sua descrição publicada num jornal de língua italiana de Nova York.

Em 1871, Meucci solicita um patent caveat (uma espécie de registro provisório de patente, mais barato e renovável anualmente) para o teletrofono, que não mencionava, porém, a frase "transmissão eletromagnética de sons vocais".[1] Três anos depois, Meucci não conseguiria pagar a renovação do caveat.

Em 1876, Alexander Graham Bell, depois de pagar ao USPTO os 250 dólares requeridos, obtém a patente do aparelho chamado telefone.[7]

Quando o telefone se tornou famoso, Antonio Meucci tentou provar que já havia inventado o aparelho vários anos antes. Com o apoio da comunidade italiana, Meucci processou Bell e a patente do escocês foi anulada em janeiro de 1887, por fraude e falsidade, sentença confirmada pela Suprema Corte dos Estados Unidos. Mas Meucci veio a falecer em 1889, e o processo foi arquivado, pois a patente de Bell só expiraria em 1893.

O teletrofone foi finalmente reconhecido pelo Congresso dos Estados Unidos na resolução 269, de 15 de junho de 2002.[8] A resolução diz:

O documento refere, ainda, que a patente do telefone depositada por Bell "foi baseada em fraude e declarações falsas".[9]

O processo foi reativado pelo aparecimento de novas provas. Entre desenhos e documentos que datam de anos antes da patente de Bell, há um texto do punho de Meucci que ele não utilizou a seu favor, à época, e que enfim, tornou sua defesa irrefutável. Trata-se de um recorte do diário de bordo escrito no navio que o levava de Florença ao continente americano, em 1835.[10]

Referências

  1. a b c d Antonio Meucci, o inventor do telefone, nasceu há 205 anos. Terra, 13 de abril de 2013
  2. House of Representatives (11 de Junho de 2002). «H.Res.269 — Expressing the sense of the House of Representatives to honor the life and achievements of 19th Century Italian-American inventor Antonio Meucci, and his work in the invention of the telephone» (PDF) (em inglês). Legislative Bulletin. Consultado em 7 de março de 2008 
  3. a b Graham Bell ou Antonio Meucci: quem inventou o telefone? Por Douglas Ciríaco. Tecmundo, 13 de março de 2012.
  4. Tão lindo, tão podre. Por Eliane Brum. Revista Época, 29 de março de 2010.
  5. Meucci, Sandra. Antonio and the Electric Scream: The Man Who Invented the Telephone, Branden Books, Boston, 2010; ISBN 0-8283-2197-3, ISBN 978-0-8283-2197-6, pp. 15-21, 24, 36–37, 70-73, 92, 98, 100.
  6. Dia do Telefone: 10 de março. FTD Educação.
  7. Wazlawick, Raul S. História da Computação. Elsevier Brasil, 2017.
  8. Telefone
  9. Injustiça reparada: Graham Bell não foi o inventor do telefone. Por Omar Kaminski. Conjur, 20 de junho de 2002.
  10. Os autores do telefone. Por Saulo Dourado. Revista Pesquisa Fapesp nº 192, fevereiro de 2012.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]