Ternuma

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Ternuma
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Ternuma (acrônimo para Terrorismo Nunca Mais) é uma organização não-governamental formada em 1998 por militares, ex-militares, familiares e seus simpatizantes que tem por objetivo interditar e negar o passado sobre a ditadura militar no Brasil de 1964 a 1985.[1][2][3]

Apesar de não assumir uma definição política explícita, o Ternuma tem ostensivamente enaltecido o golpe de 1964, relembrado os casos de mortos por grupos armados opositores ao regime vigente e criticado fortemente as ocupações de propriedade promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. É considerado uma organização de extrema-direita.[4]

O nome adotado surgiu como contraponto ao Grupo Tortura Nunca Mais, fundado em 1985 por vítimas da repressão política no período da ditadura. Desde a sua criação, o grupo Ternuma tem se oposto à concessão de indenização aos familiares que tiveram parentes mortos ou desaparecidos porque considera que vários daqueles militantes tinham praticado atos de terror. Segundo as contas do grupo, 119 pessoas foram mortas pelo terrorismo de esquerda, sem direito à indenização segundo o projeto original (a lei n.º 9 140, conhecida como Lei dos Desaparecidos Políticos do Brasil) aprovado em 4 de dezembro de 1995, no governo de Fernando Henrique Cardoso, e que estipula reparação pública aos atingidos pela instabilidade política entre 1961 e 1988.[carece de fontes?]

Em 2002, a comentarista Miriam Leitão alegou ter recebido ameaças vindas do site do grupo Ternuma, por ter feito uma comparação entre a morte do jornalista Tim Lopes (morto naquele ano por narcotraficantes do grupo Comando Vermelho, no Rio de Janeiro) e o assassinato de Vladimir Herzog, nas dependências do DOI-CODI, em São Paulo, em 1975.[5]

Em 2008, o Ternuma classificou o comando do Exército Brasileiro de "covarde" e "omisso",[6] por não ter defendido o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que havia sido condenado pela justiça brasileira pelo sequestro e tortura de cinco integrantes da família Almeida Teles, cujos pais eram militantes do PCdoB nos anos de 1972 e 1973.[7]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Rocha, Luzimary dos Santos (26 de maio de 2016). «Ditadura, memória e justiça : "revolução" e golpe de 1964 transitam no ciberespaço». Dissertação de Mestrado em História, Universidade Federal de Sergipe 
  2. Genari, Elton Rigotto (2017). «O Trabalho com Memórias no Ensino de História da Ditadura Militar no Brasil» (PDF). ANPUH. Anais do XXIX Simpósio Nacional de História. Consultado em 12 de fevereiro de 2018. Portanto, não é por acaso o surgimento de páginas na internet destinadas a desvelar uma suposta verdade oculta, que os tradicionais donos do conhecimento – intelectuais em geral e, no que diz respeito a este trabalho, profissionais da história – estariam guardando a sete chaves a fim de preservar seus privilégios. Esse tom panfletário permeia uma série de websites revisionistas, que operam testemunhos, discursos de memória – e, portanto, de poder – e instrumentalizam o caráter subversivo da internet em relação à produção do conhecimento para defender uma interpretação problemática do passado. 
  3. Silva, João Teófilo (2019). «As forças armadas brasileiras e as heranças da ditadura militar de 1964: tentativas de interdição do passado». In: Ernesto Lázaro Bohoslavsky, Rodrigo Patto Sá Motta, Stéphane Boisard (eds.). Pensar as direitas na América Latina. São Paulo, SP: Alameda. pp. 99–118. ISBN 978-85-7939-602-1. [Ternuma] Não representa institucionalmente as FFAA [Forças Armadas], mas resguarda a memória do golpe de 1964 como uma revolução redentora que teria livrado o Brasil da ditadura comunista que grupos terroristas pretendiam implantar. 
  4. «Carta Maior irá processar a Folha de S.Paulo». cartamaior.com.br. 17 de dezembro de 2014. Consultado em 11 de abril de 2015  Na edição de 5 de abril daquele ano, em aquecimento para a campanha presidencial de 2010, quando seu candidato eterno, o tucano José Serra, enfrentaria a então ministra Dilma Roussef, a Folha veiculou, junto com reportagem que tratava de um suposto plano de sequestro do então ministro Delfim Netto, durante a ditadura, um documento falso sobre a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Meses depois, à fórceps, o jornal admitiria parcialmente que ‘a ficha’ publicada fora obtida por e-mail, e pinçada de um site de extrema-direita, ‘Ternuma’.
  5. «Jornalista Miriam Leitão recebe ameaças do grupo Ternuma». Estadão.com.br 
  6. «ONG critica condenação de Ustra». Usinadeletras.com.br 
  7. «Juiz condena coronel Ustra por sequestro e tortura». Jusbrasil.com.br 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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