O Jardim de Alá (1936)

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O Jardim de Alá
The Garden of Allah
O Jardim de Alá (1936)
Cartaz promocional
 Estados Unidos
1936 •  cor •  79 min 
Género drama romântico
Direção Richard Boleslawski
Produção David O. Selznick
Roteiro
  • William P. Lipscomb[1]
  • Lynn Riggs[1]
  • Willis Goldbeck[1]
Baseado em
  • The Garden of Allah,
  • de Robert S. Hichens
Elenco
Música Max Steiner
Cinematografia Virgil E. Miller[1]
Direção de arte
  • Sturges Carne[1]
  • Lyle Wheeler[1]
  • Edward G. Boyle[1]
Edição
  • Hal C. Kern[1]
  • Anson Stevenson[1]
Distribuição United Artists[1]
Idioma inglês

The Garden of Allah (prt: O Jardim de Alá[2][3]; bra: O Jardim de Alá[4], ou O Jardim de Allah[5]) é um filme estadunidense de 1936, do gênero drama romântico, dirigido por Richard Boleslawski, produzido por David O. Selznick e estrelado por Marlene Dietrich e Charles Boyer.[1][6] O roteiro foi escrito por William P. Lipscomb e Lynn Riggs, que se basearam no romance homônimo de 1904 de Robert S. Hichens.

O romance de Hichens havia sido filmado duas vezes antes, como filmes mudos feitos em 1916 e 1927. O elenco de apoio da versão sonora apresenta Basil Rathbone, C. Aubrey Smith, Joseph Schildkraut, John Carradine, Alan Marshal e Lucile Watson. A trilha sonora é de Max Steiner.

Foi o terceiro longa-metragem a ser fotografado em Technicolor de três tiras, e os diretores de fotografia (sem créditos) W. Howard Greene e Harold Rosson receberam um Óscar honorário especial por avanços na cinematografia colorida.[7][8] Os locais de filmagem foram em Buttercup, na Califórnia e Yuma, no Arizona. O Jardim de Alá foi um dos filmes exibidos na retrospectiva intitulada "A História do Cinema Colorido", do Festival Internacional de Cinema de Berlim de 1988.[9]

Sinopse[editar | editar código-fonte]

O monge trapista Boris Androvski não resiste à pressão dos seus votos, fugindo da sua vocação. Ele é o único monge que conhece o segredo de como fazer o vinho secreto dos monges, o qual é vendido como principal fonte de receita do mosteiro.[10] Em Argel, Boris conhece a rica europeia Domini Enfilden, com quem se envolve sem revelar a sua verdadeira identidade. Domini e Boris se apaixonam, se casam e viajam para o deserto em lua de mel. Lá, os recém-casados encontram uma unidade da Legião Estrangeira Francesa, cujo comandante, o Capitão de Trevignac, guarda um segredo sobre o passado de Boris.

Prêmios e indicações[editar | editar código-fonte]

Prêmio Categoria Recipiente Resultado
Oscar 1937 Melhor trilha sonora Max Steiner Indicado[11]
Melhor assistência de direção Eric Stacey[1], Chauncey Pyle[1] Indicado[11]

Elenco principal[editar | editar código-fonte]

Produção[editar | editar código-fonte]

Apesar de ser um dos primeiros filmes a usar esse novo processo em Technicolor de três tiras, O Jardim de Alá foi filmado com grande sucesso, sendo o primeiro filme de Marlene Dietrich em Technicolor;[12] e também a estréia em Hollywood da bailarina austríaca que se tornou atriz, Tilly Losch, como uma sensual dançarina de cabaré.[13]

No entanto, a filmagem foi cercada por graves problemas e controvérsias.[14] Miss Dietrich nutria uma profunda antipatia pelo produtor David O. Selznick, tendo sido emprestada pela Paramount para o projeto. Selznick, por sua vez, ficou consternado com a maioria dos filmes de Dietrich feitos com von Sternberg e a repreendeu sobre sua preocupação com a aparência. Dietrich não gostou muito do roteiro e reclamou interminavelmente sobre os diálogos. Selznick ficou angustiado com a aparência improvável e perfeita de Dietrich em todas as cenas e reclamou que seu cabelo nunca ficava despenteado, mesmo em uma tempestade de vento. Como sempre, suas roupas são maravilhosas, mas totalmente inadequadas no deserto do norte da África.[14][10]

As filmagens ao ar livre ocorreram no deserto de Yuma, no Arizona, em temperaturas de 57ºC. Alguns meses após o término da produção, o diretor Richard Boleslawski morreu por beber água infectada.[14]

Recepção[editar | editar código-fonte]

As críticas contemporâneas foram bastante favoráveis.[14] O New York Times elogiou a escolha do romance de Robert Hichens de 1904 para a base da história e o descreveu como um "filme distinto, rico em esplendor pictórico ... com atuação cativante". O incrível trabalho de câmera e iluminação recebeu o devido apreço e a Newsweek destacou as atuações de Marlene Dietrich e Charles Boyer como as melhores de suas carreiras.[14] Mas apesar de aplaudido por suas capacidades artísticas e criativas, O Jardim de Alá não foi um sucesso comercial. O filme foi originalmente orçado em US$ 1,6 milhão, mas foi estimado em US$ 370.000, o que acabou sendo aproximadamente o tamanho da perda registrada pelo filme.[15]

Escrevendo para o The Spectator em 1936, Graham Greene deu ao filme uma crítica neutra, dizendo que mostrava a Igreja Católica como "tão sobre-humanamente piedosa, tão intensamente dramática", enquanto preferia a visão da igreja de esquerda da revista New Statesman que apresentava "padres miseráveis contando pesetas nos dedos em cafés sujos antes de abençoar tanques". Greene elogiou o surrealismo do filme como "realmente magnífico" e observou que o diálogo tinha um tom nitidamente apocalíptico que combinava de perto com a execução de suas falas por Dietrich.[16]

O filme recebeu indicações ao Oscar de Melhor Trilha Sonora e Melhor Diretor Assistente, e W. Howard Greene e Harold Rosson receberam um Oscar Honorário pela cinematografia colorida. Seguindo o sucesso do filme nos cinemas brasileiros, no Rio de Janeiro o parque entre os bairros das praias do Leblon e Ipanema recebeu o nome do filme, ou seja, Parque Jardim de Alah.[17] O filme também foi exibido na retrospectiva "A História do Cinema Colorido", do Festival Internacional de Cinema de Berlim de 1988.[9]

O filme é assistido por Cyndi Lauper no início de seu videoclipe de "Time after Time".[18]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m «The Garden of Allah (1937)». AFI Catalog (em inglês). American Film Institute. Consultado em 13 de junho de 2023 
  2. «O Jardim de Alá». Portugal: CineCartaz. Consultado em 6 de novembro de 2019 
  3. «O Jardim de Alá». Portugal: DVDPT. Consultado em 6 de novembro de 2019 
  4. EWALD FILHO, Rubens (1975). Os filmes de hoje na TV. São Paulo (Brasil): Global Editora. p. 107 
  5. «O Jardim de Allah». Brasil: CinePlayers. Consultado em 6 de novembro de 2019 
  6. Kalmus, Herbert (28 de outubro de 1938). «Technicolor Adventures in Cinemaland». Widescreen Museum (em inglês). Consultado em 14 de junho de 2023 
  7. «The Garden of Allah (1936)». Timeline of Historical Film Colors (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2023 
  8. Aller, Herbert (Dezembro de 1936). «The Garden of Allah in the Magic Vestures of Technicolor». The International Photographer (em inglês). 8 (11): 26. Consultado em 13 de junho de 2023 – via Media History Digital Library 
  9. a b «The Garden of Allah». Mubi (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2023 
  10. a b DeWelles, Orson (27 de janeiro de 2011). «The Garden of Allah (1936) with Marlene Dietrich». Classic Film Freak (em inglês). Consultado em 14 de junho de 2023 
  11. a b «9.º Oscar - 1937». CinePlayers. Consultado em 6 de novembro de 2019 
  12. Trybalska, Gabriella (13 de setembro de 2001). «The Garden Of Allah (1936) Movie Review from Eye for Film». Eye for Film (em inglês). Consultado em 14 de junho de 2023 
  13. «The Garden of Allah». Academy Museum of Motion Pictures - Timeline (em inglês). Consultado em 14 de junho de 2023 
  14. a b c d e «The Garden of Allah (1936)». Toronto Film Society (em inglês). 20 de maio de 2020. Consultado em 14 de junho de 2023 
  15. Thomson, David (1992). Showman: The Life of David O. Selznick (em inglês) 1ª ed. Nova York: Knopf. p. 230. ISBN 978-0394568331 
  16. Greene, Graham (1980). Taylor, John Russell, ed. The Pleasure Dome: Graham Greene - The Collected Film Criticism 1935-1940 (em inglês). Oxford: Oxford University Press. p. 125-126, 128-129. ISBN 0192812866 
  17. Autran, Paula (16 de dezembro de 2022). «Vizinhos de peso disputam a chance de dar protagonismo ao Jardim de Alah». Veja Rio. Consultado em 14 de junho de 2023 
  18. Canal Oficial (25 de outubro de 2009). «Cyndi Lauper - Time After Time (Official HD Video)». YouTube (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]