Tratado de Caen
O tratado de Caen foi assinado em Caen, na França, em 1091, entre Guilherme II de Inglaterra e o seu irmão Roberto II da Normandia.
O tratado foi concluído para evitar qualquer conflito armado mais sério. Com este acordo, Guilherme e Robert concordavam em parar com as rivalidades. Trocavam terras e castelos, e acordavam que se Roberto morresse antes, Guilherme herdaria toda a Normandia, e inversamente, se Guilherme morresse antes, Robert herdaria toda a Inglaterra.
Contexto[editar | editar código-fonte]
Em 1090 Guilherme II de Inglaterra tomou o castelo de Saint-Valéry, seguindo-se o de Aumale. Enviou cavaleiros que devastaram e queimaram as terras dos arredores. Quando tomaram conta de um número suficiente de castelos, o rei enviou tropas a cavalo.
Quando o duque compreendeu que o seu ducado estava em perigo, e que os seus vassalos não combatiam e entregavam os seus castelos sem grandes dificuldades, pediu ajuda a Filipe I, o rei de França. Este enviou um grande exército mas, talvez subornado pelo rei de Inglaterra, o exército francês voltou para França pouco depois. As ações dos homens de Guilherme II continuaram.
Na Candelária de 1091, Guilherme desembarca em Eu, a este do ducado da Normandia. Ele tinha influentes apoiantes nesse setor. Guilherme de Mortain, filho de Roberto de Mortain, forneceu-lhe Fécamp. Contudo, os dois irmão preferiram resolver as suas diferenças de forma pacífica, desconfiando que as suas zangas apenas beneficiavam ao outro jovem irmão Henrique.
Conclusão[editar | editar código-fonte]
No fim, o rei de Inglaterra mantinha-se como suserano sobre várias terras do ducado da Normandia, tais como o condado d'Eu, Aumale e as cidades de Cherbourg e Conches, assim como de todos os locais recentemente conquistados. O rei recebeu também a Abadia de Fécamp e as terras de Gournay-en-Bray. Os Normandos que tinham perdido as suas terras em Inglaterra por se terem aliado ao duque teriam os seus bens restaurados.
Também concordaram em resolver outros assuntos pendentes. Assim, Edgar Atheling viu todas as suas terras normandas confiscadas, e foi banido da Normandia. Os dois irmãos cooperaram com o intuito de recuperarem as terras que Robert tinha herdado do pai e que perdera desde então. Uniram as suas forças e sitiaram o jovem irmão Henrique no seu castelo de Mont-Saint-Michel. Este encontrou-se sem reservas de água suficiente e teve de se render. As terras de Cotentin e de Avranchin foram-lhe retiradas. Foi depois enviado para o exílio em França, mas em 1092 estava já no castelo de Domfront.
Em agosto de 1091, o concílio de Caen declarava o fim das hostilidades.
Enquanto Guilherme estava na Normandia, Malcolm III da Escócia invadiu o norte de Inglaterra. O rei de Inglaterra teve de atravessar a Mancha, juntamente com o seu irmão Robert, que o acompanhou. Juntos, forçaram Malcolm à paz.[1]
No entanto o acordo entre os dois irmãos teve curta duração. Os termos do tratado de Caen são rapidamente violados e Robert repudia-o no Natal de 1093.[2]
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ Ordéric Vital, Historia ecclesiastica, c. 1140, ed. Guizot, tomo 3, livro IV, 1826, p.347-350
- ↑ C. Warren Hollister, « The Strange Death of William Rufus », em Speculum, vol. 48, n° 4 (1973), p. 637-653.
Fontes[editar | editar código-fonte]
- «The Anglo-Saxon Chronicle» (em inglês) Arquivado em 21 de dezembro de 2010, no Wayback Machine.
- «Chronicles of England, Scotland and Ireland» (em inglês). de Raphael Holinshed