Trova

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Os Quatro Grandes da Trova

Trova é um poema autônomo de quatro versos em redondilha maior.

Fernando Pessoa considera que "a trova é o vaso de flores que o povo põe à janela de sua alma."[1]

Para Waldir Neves,

"A Trova é a arte de acomodar o infinito nos limites de um grão de areia."
— Waldir Neves[2]

Quando esse gênero literário chegou ao Brasil, trazia o nome de quadra, que assim é ainda chamada em Portugal, mas aqui foi batizada de Trova. O movimento trovadoresco foi moldando o perfil da trova brasileira, incluindo no rol de suas características desejáveis, a simplicidade, a harmonia e a musicalidade, para a qual contribuem a melodia, o ritmo, a cadência métrica e a sonoridade das rimas. Tudo isso unido, dentro da síntese absoluta que o sentido completo exige como característica indispensável, é que distingue a Trova de uma simples estrofe que dá continuidade a um poema.[1][2]

Estrutura[editar | editar código-fonte]

Trova é um poema monostrófico (contém uma estrofe apenas) com quatro versos heptassílabos (redondilha maior), sem título, que se completa em seus quatro versos[3], como nos exemplos a seguir, de Pedro Ornellas:

O acerto, sim, amedronta,
mas creio que estamos quites:
Para os meus erros sem conta
Deus tem perdão sem limites.

A situação tá tão feia,
minha grana tão escassa,
que o vizinho churrasqueia
e eu passo o pão na fumaça.

A trova também é chamada de "quadra" ou "quadrinha"[4][5], mas esta sinonímia não é perfeita, uma vez que as regras rígidas da trova não se fazem necessariamente na quadra[3]. Entre os atuais cultores desta forma de poema, é preferível o termo "trova" como designativo.

Há a necessidade de se diferenciar a trova da quadra que compõe um poema maior, uma vez que a trova se completa em si, sem aceitar mais nenhuma estrofe.

O esquema rímico da trova é de rimas alternadas ou cruzadas (ABAB) ou interpoladas (opostas) (ABBA).[3]

Desde a Idade Média chamava-se Trova todo o tipo de poema e canção. Trovador era aquele que fazia a Trova, na maioria das vezes acompanhada de um tipo de violão que na época do Trovadorismo era chamado de Alaúde. Nos dias atuais podemos definir a Trova como uma forma de Poesia com regras rígidas. Assim a definição correta é que a Trova é uma composição poética de quatro versos, ou seja, de quatro linhas, com sete sílabas poéticas cada (sílabas contadas pelo som), com rima e sentido completo. A Trova é um poema autônomo de quatro versos em redondilha maior.[6]

O Escritor Jorge Amado dizia:

Não pode haver criação literária mais popular, que fale mais diretamente ao coração do povo do que a Trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e sente sua força. Por isso mesmo, a Trova e o Trovador são imortais.[7]

Referências

  1. a b ABRITTA, Luiz Carlos - Trova: Raízes e Florescimento. Belo Horizonte:UBT,2013
  2. a b Antonio Miranda. «Waldir Neves». Consultado em 9 de abril de 2024 
  3. a b c Paulo Camelo (19 de agosto de 2005). «Trova - teoria». Recanto das Letras. Consultado em 9 de abril de 2024 
  4. CAMPOS, Geir. Pequeno dicionário de arte poética. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1960.
  5. HOUAISS, Antonio. Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:Objetiva, 2001
  6. BORGES, Clério José - "O trovismo capixaba. Rio de Janeiro:Codpoe, 1990.
  7. Universidade Federal de Santa Catarina (20 de julho de 2018). «18 de julho: Dia do trovador». Entrevero Cultural. Consultado em 9 de abril de 2024 
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