Valdreu

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Portugal Portugal Valdreu 
  Freguesia  
Igreja de Santo António de Mixões da Serra
Igreja de Santo António de Mixões da Serra
Igreja de Santo António de Mixões da Serra
Localização
Valdreu está localizado em: Portugal Continental
Valdreu
Localização de Valdreu em Portugal
Coordenadas 41° 43' 55" N 8° 19' 20" O
Região Norte
Sub-região Cávado
Distrito Braga
Município Vila Verde
Código 031355
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
Área total 16,69 km²
População total (2021) 434 hab.
Densidade 26 hab./km²
Código postal 4730
Outras informações
Orago Divino Salvador

Valdreu é uma freguesia portuguesa do município de Vila Verde, com 16,69 km² de área[1] e 434 habitantes (censo de 2021)[2]. A sua densidade populacional é 26 hab./km².

Demografia[editar | editar código-fonte]

A população registada nos censos foi:[2]

População da freguesia de Valdreu[3]
AnoPop.±%
1864 1 044—    
1878 1 060+1.5%
1890 1 003−5.4%
1900 1 017+1.4%
1911 1 093+7.5%
1920 1 154+5.6%
1930 1 212+5.0%
1940 1 140−5.9%
1950 1 240+8.8%
1960 1 184−4.5%
1970 1 110−6.2%
1981 1 066−4.0%
1991 954−10.5%
2001 648−32.1%
2011 516−20.4%
2021 434−15.9%
Distribuição da População por Grupos Etários[4]
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 100 92 279 177
2011 50 56 222 188
2021 24 31 197 182

Toponímia[editar | editar código-fonte]

A etimologia do nome «Valdreu» provém do étimo baixo latino Villa Baldoredi ou seja «a quinta ou herdade de Baldoredo».[5] Fazendo referência a Baldoredo, nome duma pessoa germânica (possivelmente suevo) tendo como origem a palavra Balths: Audaz.[6]

História[editar | editar código-fonte]

O antigo couto de Valdreu foi extinto pelo decreto de 6 de novembro de 1836.[7] Foi integrado no concelho de Pico de Regalados, extinto também em 1855 para formar o novo concelho de Vila Verde. Tinha, em 1801, 1.010 habitantes.

A freguesia está ligada à freguesia de Moimenta em Terras de Bouro pela Ponte das Pesqueiras, sobre o Rio Homem, inaugurada a 23 de Setembro de 2008.[8][9]

Personagens ilustres[editar | editar código-fonte]

  • D. José António Barbosa Soares, filho de Domingos Fernandes Barbosa e Mariana de Araújo Soares, nasceu no Lugar de Lordelo em 22 de setembro de 1718, batizado na igreja de Valdreu em 2 de outubro,[10] Bispo de Viseu de 1779/1782.[11][12]

Lendas[editar | editar código-fonte]

A lenda de Cabaninhas[editar | editar código-fonte]

Corria o ano de 1603, véspera de Santa Luzia. À quatro horas da tarde já estava escuro como breu. A chuva caia torrencialmente há vários dias, e parecia não querer dar tréguas. O estrondoso barulho dos trovões, acompanhados pela entrada da luz dos relâmpagos nas pobres casas, fazia estremecer de medo os habitantes de Cabaninhas. Nessa mesma noite, um mendigo bateu à porta de todas as casas desse lugar, na esperança de um bocado de pão e de um teto para se aquecer e secar os trapos que trazia colados ao corpo emagrecido. Por infelicidade, todas as portas se mantiverem fechadas com a exceção de um pobre casebre onde vivia uma viúva com os seus filhos de tenras idade. Minutos depois do mendigo ser acolhido, a tempestade aumentou violentamente. Um forte estrondo ecoou por todo o lado. Em grande aflição, mãe e filhos prostraram-se de joelhos no chão húmido de terra da casa, a implorarem a proteção de santa Bárbara. Como resposta Divina a tempestade acalmou e não se ouvia sequer um sopro.

Movida pela curiosidade, a viúva abriu a porta e ficou aterrada com o que presenciou. Toda a aldeia tinha desaparecido, casa, árvores, animais e a grande penedia, tudo foi arrastado até ao rio Homem. Quando a mulher se voltou para o interior da casa o mendigo tinha-se sumido, como por magia. Reza a lenda, que o mendigo era Jesus Cristo, e devido à falta de caridade dos habitantes de Cabaninhas, quis mostrar o seu desagrado.

Muito dos corpos dos habitantes encontrados nas areias do rio foram levados a enterrar na capela de S. Pedro e S. Brás que lhes ficam nas imediações. A partir desse acontecimento, o lugar de Cabaninhas ficou conhecido por Cabaninhas da Quebrada, topónimo que se mantém até aos dias de hoje.[13]

Património edificado/Natural[editar | editar código-fonte]

  • Mosteiro de Valdreu
  • Igreja de Santo António de Mixões da Serra
  • Miradouro de Mixões da Serra
  • Vértice Geodésico Galinheiro (808m)
  • Aglomerados rurais de Mixões da Serra, Bezeguimbra, Posto Maior e Carrazedelo
  • Alminhas e Capela de Santa Barbara - Lugar de Cabaninhas
  • Alminhas, Casa do Capitão e Capela de Santa Luzia - Lugar de Bezeguimbra
  • Capela e Cruzeiro da Nossa Senhora da Luz - Lugar da Cela
  • Capela e Cruzeiro da Nossa Senhora da Guia - Lugar do campo
  • Capela São Sebastião
  • Fonte do Cano - Lugar da Roda
  • Fonte da Gata - Lugar de Gulhamil
  • Vale da Ribeira da Cabra

Lugares[editar | editar código-fonte]

  • Bezeguimbra, Bodoval, Cabaninhas, Campo, Carrazedelo, Casal, Cela, Covelo, Costa, Gouvim, Guarda, Guilhamil, Lordelo, Mixões de Baixo, Mixões de Cima, Mosteiro, Posto Maior, Quintães, Roda, Serrinha, e Uveiras.

Bênção dos Animais[editar | editar código-fonte]

Benção dos animais em 2019

Todos os anos, no domingo anterior ao dia 13 de junho, no mosteiro de Santo António de Mixões da Serra, há missa campal com no fim a benção dos animais presentes no terreiro (cavalos, vacas, cães, gatos...). Essa tradição é secular, uma primeira capela dedicada a Santo António foi erguida em 1607[14], por alguns pastores em promessa, pela proteção do Santo aos seus rebanhos que escaparam as pragas e dos lobos que dizimaram a região. De 1916 até 1952, decorreram as obras da nova igreja, destruindo infelizmente a capela. A tradição hoje, ainda é bem viva, pelo trabalho do falecido Padre António Marques (grande defensor dos animais e da natureza), que dedicou muitos livros para valorizar e divulgar essa curiosa tradição.[15]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Benção dos Animais em Mixões da Serra do padre António Pereira Marques, 1999, Isbn:972-8447-10-8.
  • Santo António de Mixões da Serra Ritual Festivo do Milagroso Santo, padre António Pereira Marques, Vila Verde, 1999.

Referências

  1. «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 10 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013 
  2. a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos» 
  3. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  4. INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022 
  5. Infopédia. «valdreu | Dicionário Infopédia de Toponímia». www.infopedia.pt. Consultado em 20 de fevereiro de 2022 
  6. Joseph M. Piel em, Os nomes germânicos na toponímia portuguesa, Boletim de Filologia, Tome II, Junta de Educação Nacional, Centro de Estudos de Filológicos, Imprensa Nacional de Lisboa, 1933
  7. Decreto de 1836 em: http://gisaweb.cm-porto.pt/units-of-description/documents/594204/fullscreen
  8. SAPO. «Inauguração da Ponte de Pesqueiras». Polígrafo. Consultado em 20 de fevereiro de 2022 
  9. Pires. «Valdreu: Ponte das Pesqueiras inaugurada para a semana». Consultado em 20 de fevereiro de 2022 
  10. Arquivo Distrital de Braga (ed.). «Batismos- 1704-1720». Consultado em 12 de abril de 2022 
  11. Arquivo da Torre do Tombo (ed.). «Autos de justificação de Domingos José Gomes Ribeiro e sua mulher Ana Maria da Conceição Pacheco de Barbosa Soares para se habilitarem como herdeiros de seu tio D. José António Barbosa Soares, bispo de Viseu». Consultado em 11 de abril de 2022 
  12. Diocese de Viseu (ed.). «Histórico de Bispos». Consultado em 11 de abril de 2022 
  13. Agenda Cultural de Vila Verde Jul/set 2015 Nº 43. O lugar da história. Adelino Machado, Adélia Santos
  14. Pereira Marques, António (1999). Benção dos Animais em Mixões da Serra. [S.l.: s.n.] ISBN 972-8447-10-8 
  15. Turismo do Porto e Norte de Portugal Bencão dos animais de Santo António de Mixoes da Serra
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