Vasco Pulido Valente

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Vasco Valente Correia Guedes
Pseudônimo(s) Vasco Pulido Valente
Nascimento 21 de novembro de 1941
Lisboa, Portugal
Morte 21 de fevereiro de 2020 (78 anos)
Lisboa, Portugal
Residência Avenida de Paris, Lisboa
Cônjuge Maria da Conceição Gomes Cabral (1964-1975, 1 filha)

Maria Filomena de Carvalho Godinho Mónica (1974-1976);
Maria Rita [de Morais] Sarmento de Almeida Ribeiro (1986-1991)
Constança Beirão da Cunha e Sá (1996) (2001-2010)
Margarida Penedo (2011-2020)

Ocupação historiador, escritor, ensaísta e comentador político
Género literário Ensaio, Crónica
Magnum opus Glória

Vasco Pulido Valente, pseudónimo de Vasco Valente Correia Guedes (Lisboa, 21 de novembro de 1941Lisboa, 21 de fevereiro de 2020), foi um ensaísta, escritor e comentador político português. Por não gostar do seu nome de nascimento, cerca dos 16, 17 anos passou a adotar Vasco Pulido Valente como pseudónimo, nome pelo qual é mais conhecido e com que assinava as suas obras.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Proveniente de uma família com tradições intelectuais e ligada à oposição ao salazarismo — neto paterno de Francisco Pulido Valente e filho de Júlio António Bogarim Correia Guedes, neto materno dum Galego, e de sua mulher Maria Helena dos Santos Pulido Valente, um casal que pertencia à elite do PCP[2], estudou na St. Julian's School, em Carcavelos, no Liceu Camões — de onde foi expulso, por mau comportamento — e Pedro Nunes, em Lisboa; no Colégio Nun'Álvares de Tomar.

Estudante de Filosofia, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1962 participou nas lutas académicas contra o salazarismo, integrando um grupo de esquerda radical[3] chamado MAR - Movimento de Acção Revolucionária, chefiado por Jorge Sampaio. Vasco Pulido Valente viria, porém, a aproximar-se do grupo de O Tempo e o Modo, dos católicos Alçada Baptista e João Bénard da Costa (onde aliás também acabaria por colaborar Jorge Sampaio).

Colaborou na publicação académica Quadrante [4] (revista da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, iniciada em 1958) e na revista Almanaque (1959-61),[5] e foi colaborador assíduo da imprensa desde a década de 1960.

Entre finais da década de 1960, princípios de 1970, graças a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, partiu para Inglaterra. Nesse país viria a doutorar-se em História, na Universidade de Oxford, com uma tese orientada por Raymond Carr, e defendida em maio de 1974, intitulada O Poder e o Povo: a revolução de 1910.

Leccionou no Instituto Superior de Economia da Universidade Técnica de Lisboa, no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa e na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa. Foi investigador coordenador aposentado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Foi autor de vários livros sobre temas da História e factos políticos, incluindo ainda várias biografias.

Com a vitória da Aliança Democrática, nas eleições legislativas de 1979, foi chamado a integrar o VI Governo Constitucional, dirigido por Francisco Sá Carneiro, como Secretário de Estado da Cultura. Em 1986 foi apoiante de Mário Soares na sua primeira candidatura presidencial. Em 1995 foi eleito deputado à Assembleia da República, pelo Partido Social Democrata.[6] Demitiu-se ao fim de quatro meses, solidário com a saída de Fernando Nogueira, dizendo-se desiludido com a instituição e a vida parlamentar.

Desde 1974 destacaram-se as suas colunas de análise política nos jornais, que fizeram dele um dos mais interessantes cronistas, muitas vezes considerado polémico. Colaborou assim com os jornais O Independente, Expresso, O Tempo, Diário de Notícias e a revista Kapa. Escreveu durante cerca de uma década para o Público, tendo escrito no Observador de 2016 a 2017. Foi também comentador do Jornal Nacional (TVI). Em 2017 parou de escrever por motivos de saúde, mas retomaria em 2019 a colaboração com o Público até à sua morte.[7]

Foi co-argumentista dos filmes O Cerco, de António da Cunha Telles (1970) e Aqui d'El Rei!, de António Pedro Vasconcelos (1992) e argumentista do filme O Delfim, de Fernando Lopes (2002).

Morreu no dia 21 de fevereiro de 2020, aos 78 anos.[8]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

  • Entre 1964 e 1975 foi casado com a actriz Maria Cabral, protagonista de O Cerco, com quem teve uma filha, Patrícia Cabral Correia Guedes (Lisboa, 11 de maio de 1965);
  • Viveu com Maria Filomena Mónica entre 1974 e 1976;
  • Entre 1986 e 1991 foi casado com Maria Rita Sarmento de Almeida Ribeiro (Lisboa, Lapa, 9 de junho de 1954);
  • Foi casado com a jornalista Constança Cunha e Sá (Lisboa, Santa Isabel, 23 de agosto de 1958) entre 2001 e 2010, depois de já terem sido casados na década de 1990. [9]
  • Foi casado por último com Margarida Isabel Paulino Bentes Penedo (Lisboa, 6 de fevereiro de 1966).[10][11]

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

  • O estado liberal e o ensino: os liceus portugueses (18341930) (1973)
  • A revolta do grelo (1974)
  • Uma educação burguesa… (1974)
  • As duas tácticas da monarquia perante a revolução (1974)
  • O poder e o povo: A revolução de 1910 (1976)
  • O País das Maravilhas (1979)
  • Estudos sobre a crise nacional (1980)
  • Tentar perceber (1983)
  • Às avessas (1990)
  • Retratos e auto-retratos: ensaios e memórias (1992)
  • Os devoristas: a revolução liberal (18341836) (1993)
  • Esta ditosa pátria (1997)
  • Os militares e a política: 18201856 (1997)
  • A República «Velha» (1910-1917) (1997)
  • Glória: biografia de J. C. Vieira de Castro (2001)
  • Marcello Caetano: As desventuras da razão (2002)
  • Um herói português: Henrique Paiva Couceiro (18611944) (2006)
  • Ir prò Maneta: A revolta contra os franceses (1808) (2007)
  • Portugal: Ensaios de História e Política (2009)
  • De Mal a Pior - Crónicas (1998-2015) (2016)
  • O Fundo da Gaveta - Contra-Revolução e Radicalismo no Portugal Moderno (2018)

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]