Venera 9

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Venera 9
Venera 9
Maquete da Venera 9. O aterrizador era alojado dentro da esfera.
Descrição
Operador(es) Programa espacial soviético, União Soviética
Propriedades
Massa de lançamento Total: 4936 kG
Missão
Data de lançamento 8 de Junho de 1975
Veículo de lançamento Proton-K + Blok D-1
Fim da missão Orbitador: 22 de Março de 1976

Aterrizador: 53 minutos

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A Venera 9 foi uma sonda espacial enviada a Vênus (português brasileiro) ou Vénus (português europeu) e fazia parte do Programa Venera, desenvolvido pelo programa espacial soviético e era essencialmente idêntica à Venera 10.[1]

A sonda era composta por um orbitador e um aterrizador e pesava no total 4936 kg. Foi lançada no dia 8 de Junho de 1975 e chegou em Vênus no dia 22 de Outubro de 1975. Fez medições da atmosfera do planeta e obteve as primeiras fotos de sua superfície.[1]

Orbitador[editar | editar código-fonte]

O objetivo do orbitador era atuar como um retransmissor de comunicação para o aterrizador e explorar as camadas de nuvens e vários parâmetros atmosféricos. Consistia de um cilindro com dois painéis solares e uma antena parabólica de alto ganho presa na superfície curva. Uma unidade em forma de sino presa na parte inferior do cilindro, abrigava o sistema de propulsão e na parte de cima havia uma esfera com diâmetro de 2,4 m que abrigava o aterrizador. Pesava 2300 kg e possuía os seguintes instrumentos:[1][2][3]

Objetivo do estudo Instrumento
Estrutura da atmosfera e nuvens; condições de

luz e calor através de características ópticas

Telefotômetro - câmera de TV (λ < 0,4 μm)

Espectrômetro (λ = 0,24 - 0,7 μm)

Espectrômetro infra-vermelho (λ = 1,7 - 2,8 μm)

Radiômetro infravermelho (λ = 8 - 40μm )

Fotômetro ultravioleta (λ = 0,35 μm)

Fotopolarímetro (λ = 0,4 - 0,8 μm)

Transmissor de RF (ocultação)

Estudo da superfície Transmissor de RF (radar biestático)
Estudo da atmosfera superior e ionosfera Fotômetro para linha Lyman

Espectrômetro (λ = 0,3 - 0,8 μm)

Transmissor de RF

Estudo da interação do planeta com o

vento solar

Magnetômetro

Espectrômetro eletrostático de plasma

Armadilha para partículas carregadas

Aterrizador[editar | editar código-fonte]

Concepção artística do aterrizador da Venera 9 na superfície de Vênus.

O aterrizador era composto de um corpo esférico apoiado, por suportes, numa plataforma toroidal de pouso, na parte superior da esfera havia um disco para o frenamento aerodinâmico e uma torre cilíndrica contendo uma antena helicoidal e o compartimento dos paraquedas. O aterrizador ficava dentro de uma esfera de 2,4 m de alumínio que funcionava como escudo térmico durante a entrada na atmosfera. O aterrizador media 2 m de altura e sua massa e do escudo térmico esférico era de 1560 kg sendo que somente o aterrizador pesava 660 kg.[1][3][4]

Selo comemorativo da Venera 9. Orbitador e, dentro da esfera, o aterrizador.

O aterrizador separou-se do orbitador em 20 de outubro de 1975 e dois dias depois atingiu a atmosfera de Vênus a uma velocidade de 10,7 km/s.[3]

Para estudar tanto a atmosfera e as camadas de nuvens em torno de 65 km e a superfície, a sonda adotou o procedimento de fazer uma descida lenta pela camada de nuvens (usando três paraquedas principais) e uma passagem rápida pela camada mais densa e quente da atmosfera (ejetando os paraquedas e desacelerando usando somente o disco de frenamento aerodinâmico). Dessa forma os três paraquedas eram abertos na altura aproximada de 63 km e após uma descida de 20 minutos, na altura aproximada de 50 km, eram ejetados. A sonda chegava ao solo com uma velocidade aproximada de 7 m/s usando apenas o disco de frenamento aerodinâmico (isso só foi possível devido a alta densidade da atmosfera venusiana) e o impacto era absorvido pela plataforma toroidal que possuía uma parede fina e era prensada contra o solo, absorvendo a energia e mantendo a sonda na vertical.[1][3][4]

O aterrizador possuía os seguintes instrumentos:[1][3][4]

Objetivo do estudo Instrumento
Observação da superfície Telefotômetro - câmera de TV (λ < 0,55μm)
Medida de parâmetros atmosféricos Sensores de temperatura e pressão (63 - 0 km)

Acelerômetro (90 - 65 km)

Espectômetro de massa (63 - 33 km)

Estrutura da atmosfera e nuvens; condições de

luz e calor através de características ópticas

Fotômetro na faixa (λ = 0,44 - 1,16 μm)

Fotômetro para um contínuo de 0,8 μm e para

bandas do CO2 (0,87 μm) e do H2O (0,82 μm)

Nefelômetro (ângulos de 4, 15, 45 e 180o)

Estudo da superfície Espectrômetro gama (para abundância de U, Th, K)

Densitômetro gama

Alguns resultados[editar | editar código-fonte]

A Venera 9 transmitiu a primeira foto da superfície de Vênus, tirada de uma altura de 90 cm, na verdade, foram as primeiras fotos recebidas da superfície de um outro planeta. O aterrizador deveria transmitir uma foto panorâmica de 360°, mas como uma das proteções da câmera falhou em ser ejetada, apenas um panorama de 180° foi recebido. A iluminação do local era semelhante a um dia nublado na Terra e a imagem mostra claramente a presença de rochas planas ao redor do aterrizador.[1]

Primeira foto tirada da superfície de Vênus. O horizonte está no canto superior direito. As rochas possuem algumas dezenas de centímetros de largura.[3][5]

Alguns resultados preliminares indicaram:[4][3]

  • nuvens com espessuras de 30 a 40 km;
  • pressão na superfície de aproximadamente 90 atm (terrestres);
  • temperatura na superfície de 485 °C;
  • níveis de luz comparáveis a dias nublados de verão na Terra;
  • ausência aparente de poeira no ar e uma variedade de rochas de 30 a 40 cm não erodidas;
  • os constituintes das rochas do local de pouso indicavam serem semelhantes ao basalto;
  • a velocidade dos ventos no local de pouso variavam de 0,4 a 0,7 m/s, uma velocidade baixa com consequente pouca poeira no ar;
  • a velocidade dos ventos variava entre 50 a 100 m/s nas altitudes de 40 a 50 km respectivamente..

Após transmitir informações por 53 minutos, o aterrizador encerrou as transmissões. Isso ocorreu não em função das condições adversas na superfície (a temperatura interna da sonda era de 60°C e os instrumentos estavam em operação), mas em função da não retransmissão dos sinais pelo orbitador que já se encontrava fora da linha de visada.[1][3]

Referências

  1. a b c d e f g h Siddiqi, Asif A. (2018). «Venera 9». Beyond Earth: A Chronicle of Deep Space Exploration, 1958-2016 (PDF) (em inglês) 2a ed. [S.l.]: National Aeronautis & Space Administration. p. 127-128. ISBN 9781626830431 
  2. Williams, David. «Venera 9» (em inglês). Consultado em 25 de setembro de 2020 
  3. a b c d e f g h M.V.Keldysh (abril de 1977). «Venus exploration with the Venera 9 and Venera 10 spacecraft». Elsevier. Icarus (em inglês). 30 (4): 605-625. ISSN 0019-1035. doi:10.1016/0019-1035(77)90085-9 
  4. a b c d Williams, David. «Venera 9 descent craft» (em inglês). Consultado em 25 de setembro de 2020 
  5. Sagan, Carl (1982). «Cap.4 - Céu e inferno». Cosmos. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora S.A. p. 98 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Missões Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Venera 8 e Venera 7.