Micromesistius poutassou

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verdinho
maria-mole
O verdinho num selo postal das Faroe.
O verdinho num selo postal das Faroe.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Actinopterygii
Ordem: Gadiformes
Família: Gadidae
Género: Micromesistius
Espécie: M. poutassou
Nome binomial
Micromesistius poutassou
Antoine Risso (1826)
Distribuição geográfica

Micromesistius poutassou Antoine Risso (1826), conhecido pelos nomes comuns de verdinho e maria-mole, é um peixe pertencente à classe Actinopterygii, à ordem Gadiformes e à família Gadidae. Morfologicamente, apresenta um corpo alongado, três barbatanas dorsais, duas barbatanas anais, uma barbatana caudal, um par de barbatanas peitorais e um par de barbatanas pélvicas. A sua coloração é acinzentada, aproximando-se do branco na zona ventral.[1]

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

O verdinho vive em climas temperados, essencialmente no Nordeste Atlântico existindo em grandes densidades no mar de Barents entre a Noruega e a Rússia,[2] mas estendendo a sua área de distribuição ao Oeste do Mediterrâneo e ao longo da costa Africana até ao Cabo Bojador, bem como ao longo do Nordeste da América.[3] Normalmente encontra-se na zona da plataforma e vertente continental e tem uma distribuição vertical desde 50–100 m até 1000 m com maior densidade entre 200 e 500m.[4] No Verão, após a desova, migra para o Norte e regressa para desovar em Janeiro/Fevereiro. Também são conhecidas migrações diárias que ocorrem verticalmente: à noite migra para a superfície da água e durante o dia migra para próximo do fundo.[5]

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

A maturação sexual do verdinho ocorre, principalmente, no primeiro trimestre do ano, sendo o mês de Fevereiro a altura em que a postura atinge o pico máximo.[6] Alguns indivíduos atingem a maturidade no terceiro ano de vida. O crescimento é rápido, ou seja, os indivíduos com um ano medem cerca de 16 cm; aumentando para 27 – 29 cm aos cinco anos; e aos dez anos podem medir entre 29 a 34 cm.[5] A maturação dos machos ocorre mais cedo que nas fêmeas. Os machos atingem também o comprimento máximo mais rapidamente que as fêmeas, apesar destas predominarem nas classes de comprimento superiores. Os verdinhos depositam os seus ovos a cerca de 300-500 metros de profundidade ao longo da costa continental entre Fevereiro e Maio. Os ovos e as larvas movem-se lentamente em direcção á superfície à medida que se desenvolvem.[3]

Regime alimentar[editar | editar código-fonte]

Relativamente ao regime alimentar, Micromesistius poutassou é um animal pelágico cuja dieta nas águas Europeias se baseia em copépodes, eufausiáceos, cefalópodes, alguns isópodes, anfipodes, misidáceo e, raramente, peixes. Os juvenis alimentam-se de plâncton, passando a alimentar-se de krill e posteriormente presas maiores. Estudos efectuados ao longo da Costa Portuguesa (desde 41°50’N e 9°06’W até 36°40’N e 7°25’W) revelaram alterações sazonais na dieta e que as espécies mais importantes da dieta de verdinhos adultos são crustáceos decápodes, principalmente o Pasiphea sivado, alguns pequenos moluscos e misidáceos.[7] O verdinho tem também um papel fundamental como alimento para outros animais, dos quais se distinguem a pescada e o tamboril.[4]

Pesca[editar | editar código-fonte]

A pesca do verdinho é uma das maiores no nordeste atlântico e esta zona funciona como uma reserva. Esta reserva foi descoberta no final dos anos 1960 e a pesca desenvolveu-se nos anos 1970. Nos anos 1980 e 90 a pesca do verdinho era estável. No entanto, aumentou rapidamente no final da década de 1990 e assim tem sido desde então. Entre 2003 e 2005 foram pescadas dois milhões de toneladas. Apesar do referido, espera-se agora que volte a diminuir para níveis semelhantes aos observados nos anos 1980 e 90 devido a um decréscimo do recrutamento da espécie.[8]

Em Portugal o verdinho é pescado por arrasto de fundo em pescas dirigidas a crustáceos e peixe. As descargas de verdinho correspondem a 2,41% do total nacional de descargas, sendo mais importante no Alentejo, onde representa 10,52% das descargas regionais e no Norte do país com 3,55%. Destaca-se a importância do verdinho nas descargas de Vila Real de Santo António e Sines com 17,46% e 10,52% respectivamente.[9]

Referências

  1. WHITEHEAD, P. J. P.; BAUCHAUT, M. L.; HUREAU, J.-C.; NIESEN, J. e TOURTUNESE, E. (1986), Fishes of the Northeasterns Atlantic and Mediterranean. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. Richard Clay Ltd Bungay, United Kingdom, 3 vol. UNESCO, Paris.
  2. BECK I. M.; ERIKSEN K.B.; HEINO M.; JOHANNESEN E. e OLSEN E. (2006). Report on the diet of the blue whiting in the Barents Sea in the summer 2005 and in the winters of 2002 and 2006. HAVFORSKNINGS INSTITUTTET Institute of Marine Research. Noruega.
  3. a b KATHLEEN, K.-R. (2009) Micromesistius poutassou, Blue whiting. Fishbase. http://filaman.uni-kiel.de/summary/Speciessummary.php?id=31
  4. a b GODINHO, S. e SILVA, A., RESENDE, A. (2001). Análise da amostragem biológica de verdinho proveniente dos desembarques comerciais entre 1997 e 1998. Relatórios Científicos e Técnicos – IPIMAR, Porto.
  5. a b COHEN D. M.; INADA T.; IWAMOTO T. e SCIALABBA N. (1990). FAO Species Catalogue. Vol.10 – Gadiform fishes of the world. FAO.
  6. CUNHA M. M. (1992). Análise histológica dos estados de maturação das gónadas de verdinho (Micromesistius poutassou RISSO, 1828) da Costa Continental Portuguesa. Relatórios Técnicos e Cientifícos – INIP, Lisboa.
  7. CABRAL H. N. e MURTA, A.G. (2002). The diet of blue whiting, hake, horse mackerel and mackerel off Portugal. Journal of Applied Ichthyology, 18: 14-23.
  8. FAO Fishery Statistic, 2000-2009
  9. INE, Agosto 2008