Vida após a morte

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 Nota: Para outros significados, veja Post mortem.
Gustave Doré - Dante Alighieri - Inferno
Papiro egípcio descrevendo a jornada para o Além

As expressões vida após a morte, além, além-túmulo, pós-vida, ultravida e outro mundo (em latim: 'post mortem') referem-se à continuidade da alma, espírito ou mente de um ser após a morte física. Os principais pontos-de-vista sobre o além provém da religião, esoterismo e metafísica. Sob vários pontos de vista populares, esta existência continuada frequentemente toma lugar num reino espiritual ou imaterial. Acredita-se que pessoas falecidas geralmente vão para um reino ou plano de existência específico após a morte, geralmente determinado por suas ações em vida. Em contraste, o termo "reencarnação" refere-se ao renascimento em um novo corpo físico após a morte, isto é, a doutrina da reencarnação animal um período de existência do ser em outros planos sutis, que ocorre entre duas existências físicas ou renascimentos.[1]

Céticos, tais como materialistas-reducionistas, acreditam na impossibilidade da vida após a morte e a declaram como inexistente, sendo ilógica ou incognoscível.[2]

Tipos de vida após a morte[editar | editar código-fonte]

Existem dois tipos de opinião, fundamentalmente diferentes, sobre a vida após a morte: opinião empírica, baseada em supostas observações, e opinião religiosa, baseada na .[3]

Vida após a morte em diferentes modelos metafísicos[editar | editar código-fonte]

Nos modelos metafísicos, teístas geralmente acreditam que algum tipo de ultravida aguarda as pessoas quando elas morrem. Os ateus geralmente não acreditam que haja uma vida após a morte. Membros de algumas religiões geralmente não-teístas, como o budismo, tendem a acreditar numa vida após a morte (tal como na reencarnação dos mortos), mas sem fazer referências a Deus.

Os agnósticos geralmente mantém a posição de que, da mesma forma que a existência de Deus, a existência de outros fenômenos sobrenaturais tais como a existência da alma ou a vida após a morte são inverificáveis, e portanto, permanecerão desconhecidos. Algumas correntes filosóficas (por exemplo, humanismo, pós-humanismo, e, até certo ponto, o empirismo) geralmente asseveram que não há uma ultravida.

Muitas religiões, crendo ou não na existência da alma num outro mundo, como o cristianismo, o islamismo e muitos sistemas de crenças pagãos, ou em reencarnação, como muitas formas de hinduísmo e budismo, acreditam que o status social de alguém na ultravida é uma recompensa ou punição por sua conduta nesta vida.

Vida após a morte em antigas religiões[editar | editar código-fonte]

Egito Antigo[editar | editar código-fonte]

Seção do Livro dos Mortos

A ultravida desempenhava um importante papel na antiga religião egípcia, e seu sistema de crenças é um dos mais antigos conhecidos. Quando o corpo morria, partes de sua alma conhecidos como ka (corpo duplo) e ba (personalidade) iam para o Reino dos Mortos. Enquanto a alma residia nos Campos de Aaru, Osíris exigia pagamento pela proteção que ele propiciava. Estátuas eram colocadas nas tumbas para servir como substitutos do falecido.[6]

Obter a recompensa no outro mundo era uma verdadeira provação, exigindo um coração livre de pecados e a capacidade de recitar encantamentos, senhas e fórmulas do Livro dos Mortos. No Salão das Duas Verdades, o coração do falecido era pesado contra uma pena Shu de verdade e justiça, retirada do toucado da deusa Maet.[7] Se o coração fosse mais leve que a pena, a alma poderia continuar, mas, se fosse mais pesada, era devorada pelo demônio Ammit.

Os egípcios também acreditavam que ser mumificado era a única forma de garantir a passagem para o outro mundo. Somente se o corpo fosse devidamente embalsamado e sepultado numa mastaba, poderia viver novamente nos Campos de Yalu e acompanhar o Sol em sua jornada diária. Devido aos perigos apresentados pela ultravida, o Livro dos Mortos era colocado na tumba, juntamente com o corpo.

Zoroastrismo[editar | editar código-fonte]

Zaratustra, que viveu na antiga Pérsia por volta do século VII a.C.,[8] pregava que os mortos serão devorados pelo terror e purificados para viver num mundo material perfeito no fim dos tempos.

O texto pálavi Dadestan-i Denig ("Decisões Religiosas"), datado de cerca de 900 AD, descreve o julgamento particular da alma três dias após a morte, sendo cada alma enviada para o paraíso, inferno ou para um lugar neutro (hamistagan) para aguardar pelo Juízo Final.[9]

Religião da Grécia Antiga e romana[editar | editar código-fonte]

Hades e Cérbero, o cão de três cabeças.

Na Odisseia, Homero refere-se aos mortos como "espectros consumidos". Uma ultravida de eterna bem-aventurança existe nos Campos Elísios, mas está reservada para os descendentes mortais de Zeus.

Em seu Mito de Er, Platão descreve almas sendo julgadas imediatamente após a morte e sendo enviadas ou para o céu como recompensa ou para o submundo como punição. Depois que seus respectivos julgamentos tenham sido devidamente gozados ou sofridos, as almas reencarnam.

O deus grego Hades é conhecido na mitologia grega como rei do submundo, um lugar gélido entre o local de tormento e o local de descanso, onde a maior parte das almas residem após a morte. É permitido que alguns heróis das lendas gregas visitem o submundo. Os romanos tinham um sistema de crenças similar quanto a vida após a morte, com Hades sendo denominado Plutão. O príncipe troiano Enéas, que fundou a nação que se tornaria Roma, visitou o submundo de acordo com o poema épico Eneida.[10]

Religião nórdica[editar | editar código-fonte]

Barco funerário viquingue. Esperava-se que pessoas enterradas nestas embarcações fossem conduzidas em segurança para o Outro Mundo

Os Eddas em verso e em prosa, as mais antigas fontes de informação sobre o conceito nórdico de vida após a morte,[11] variam em sua descrição dos vários reinos que são descritos como fazendo parte deste tópico. Os mais conhecidos são:

  • Valhala: (literalmente, "Salão dos Assassinados", isto é, "os Escolhidos"). Esta moradia celestial, de alguma forma semelhante aos Campos Elísios gregos, está reservado aos guerreiros valorosos que morreram heroicamente em batalha.
  • Helheim: (literalmente, "O Salão Coberto"). Esta moradia assemelha-se ao Hades da religião grega, com um local semelhante ao "Campo de Asfódelos",[12] onde as pessoas que não se destacaram, seja por boas ou más ações, podem esperar residir após a morte e onde se reúnem com seus entes queridos.
  • Niflheim: (literalmente, "O Escuro" ou "Hel Nevoento"). Este reino é grosso modo similar ao Tártaro grego. Está situado num nível inferior ao do Helheim, e aqueles que quebram juramentos, raptam e estupram mulheres, e praticam outros atos vis, serão enviados para lá com outros do seu tipo, para sofrer punições severas.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Carolina Nascimento. «Como a morte é vista em diferentes religiões e doutrinas?». Ensinoreligioso.seed.pr.gov.br 
  2. Décio iandoli Jr. «Sobre a lógica do materialismo». Movimentoespirita.org 
  3. a b c Alexander Moreira-Almeida (2007). «É possível estudar cientificamente a sobrevivência após a morte?» (PDF). Consultado em 1 de abril de 2014. Arquivado do original (pdf) em 29 de novembro de 2010 
  4. Alexandre de Carvalho Borges (14 de agosto de 2011). «Entrevista com Euvaldo Cabral Jr.: realidades invisíveis». Consultado em 1 de abril de 2014 
  5. Pablo Nogueira; Carol Castro (Outubro de 2011). Superinteressante, ed. «Ciência Espírita». Consultado em 1 de abril de 2014 
  6. Vida após a morte, "Departamento de Comunicação da IASD", ano I, ed. 8
  7. Bard, Katheryn (1999). Encyclopedia of the Archaeology of Ancient Egypt (em inglês). [S.l.]: Routledge. ISBN 0-4151-8589-0 
  8. Zaratustra ou Zoroastro em UOL Educação. Acessado em 17 de setembro de 2008.
  9. «Zarathustra e sua Doutrina». Joselaerciodoegito.com.br 
  10. Brandão, Junito de Souza. «A vida após a morte na Grécia Antiga». "Mitologia Grega", Vol. II. Petrópolis: Vozes, 2004. Templodeapolo.net 
  11. «Runas, Religião e Sociedade Viking». Fornsed-brasil.org 
  12. «Hades». Restaurantezeus.com.br 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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