Villa Daslu

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Villa Daslu, na Vila Olímpia em São Paulo

A Villa Daslu ou simplesmente Daslu foi uma loja de artigos de luxo da cidade de São Paulo. Considerada o "Templo do Luxo" ou "Meca dos Estilistas",[1] a Daslu era um sofisticado magazine que abrigava dezenas de marcas de alto luxo. A marca "Daslu" é uma referência ao apelido "Lu", que foi comum a ambas as sócias que fundaram a loja (Lúcia e Lourdes) em 1958.

História[editar | editar código-fonte]

O início[editar | editar código-fonte]

A história da Daslu começou em 1958, quando foi aberta pelas empresárias Lúcia Piva de Albuquerque e Lourdes Aranha dos Santos, numa pequena casa no bairro residencial de Vila Nova Conceição, região nobre de São Paulo. Funcionava como "boutique fechada" e atendia apenas as amigas que vinham em busca de produtos das melhores marcas europeias. Não demorou e a pequena loja começou a se expandir pelas casas vizinhas, chegando a ocupar mais de vinte imóveis que se comunicavam num emaranhado de corredores e salões, sem vitrines, publicidades ou nome na porta. As clientes não eram atendidas por pessoas comuns e, sim, por jovens educadas e ricas, muitas delas com nomes tradicionais oriundas da sociedade paulistana.[2] Mesmo com o tratamento diferenciado que a Daslu prestava aos seus clientes, a loja não contava com provadores de roupas e o acesso às dependências era exclusivo para mulheres. Os homens somente tiveram acesso à Daslu quando foi inaugurada a "Daslu Homem", em imóvel independente da loja original.

A Daslu foi, durante muito tempo e não oficialmente, a representante de várias marcas de alto luxo no Brasil como Chanel, Hermés, Jimmy Choo e várias outras.

A expansão[editar | editar código-fonte]

Com a morte de Lúcia nos anos 80, os negócios ficaram a cargo de sua filha, Eliana Tranchesi, e o crescimento dos negócios nos anos seguintes exigiram que a loja buscasse novos locais para expandir. A Daslu já enfrentava sérios problemas com a vizinhança, devido ao trânsito que provocava e sofria com as constantes investidas da prefeitura de São Paulo que exigia o fechamento da loja, já que ela estava funcionando numa área com restrições ao comércio.

Em 2005 a loja se mudou para uma nova área na Vila Olímpia e foi rebatizada como Villa Daslu. Com investimento de duzentos milhões de reais e uma área de 17.000 m2, a Villa Daslu tornou-se o centro do mercado de alto luxo no Brasil e, além das roupas de grife, vendia de botões a helicópteros.[3] Nos meses que se seguiram, a Daslu foi considerada o verdadeiro templo do luxo no Brasil.

Lojas:[4]

A "Operação Narciso"[editar | editar código-fonte]

Poucos meses após a inauguração da Villa Daslu, a Polícia Federal do Brasil executou a Operação Narciso, que visava apurar crimes de sonegação fiscal cometidos pelos proprietários da Daslu. As suspeitas tiveram início em 2004 quando a Receita Federal do Brasil realizava uma fiscalização de rotina em alguns contêineres no aeroporto de São Paulo. Dentro deles havia vários artigos de luxo e as respectivas notas fiscais em nome da Daslu com preços muito superiores aos declarados pelas importadoras.

Eliana Tranchesi, seus sócios e alguns diretores da Daslu e das importadoras chegaram a ser presos, mas foram soltos e respondem aos processos em liberdade. Eliana foi condenada a 94 anos de prisão,[6] mas manteve a liberdade enquanto recorria da decisão.

A Justiça considerou ainda o grupo "uma quadrilha que cometeu crimes financeiros de forma habitual e recorrente, mesmo após a denúncia do Ministério Público Federal". Na sentença, a juíza federal Maria Isabel do Prado destacou que houve "ganância" e mencionou que a "organização criminosa" também deve ser presa por ter "conexões no estrangeiro" e que os acusados praticavam "crimes de forma habitual, como verdadeiro modo de vida, ou seja, são literalmente profissionais do crime".[7]

Eliana Tranchesi faleceu em 24 de fevereiro de 2012.[8]

Retorno[editar | editar código-fonte]

No ano de 2012, a Daslu volta a exercer suas atividades após um leilão realizado em fevereiro de 2011, no qual seus credores aprovaram em Assembléia Geral dos Credores a aquisição da Daslu pela companhia Laep Investments Ltd.[9][10]

Venda[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Laep Investments

Mesmo com indisponibilidade dos bens pela ação cautelar contra Laep na Justiça Federal de São Paulo,[11] a Daslu foi vendida em desobediência judicial para DX Investimentos anteriormente controlada por Piatra SP Participações, empresa ligada à Marcus Alberto Elias. Os sócios da DX Investimentos são os empresário Crezo Suerdieck Dourado e o empresário Roberto Lázaro.[12]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Templo de Luxo» 
  2. «"As Dasluzetes"». VEJA. Consultado em 19 de outubro de 2015 
  3. «"Bem perto da pobreza, a Daslu brilha" - BBC Brasil». Folha de S.Paulo. Consultado em 19 de outubro de 2015 
  4. «Daslu chega ao Nordeste com loja de shopping no Recife». Consultado em 15 de fevereiro de 2013 
  5. https://www.fashionbubbles.com/entrevistas/helena-montanarini-fala-sobre-o-mercado-de-moda-masculina-e-revela-tendencias-em-entrevista-exclusiva/
  6. «Dona da Daslu é condenada pela Justiça Federal a 94 anos e meio de prisão - 26/03/2009 - UOL Notícias - Cotidiano». noticias.uol.com.br. 2012. Consultado em 14 de março de 2012 
  7. Justiça autoriza liberdade de dona da Daslu - Folha Online, 27 de março de 2009
  8. «Morre em São Paulo a herdeira da Daslu, Eliana Tranchesi - O Globo». oglobo.globo.com. 2012. Consultado em 14 de março de 2012 
  9. «Laep, dona da Parmalat, compra Daslu em acordo de R$65 milhões». Estadão economia. 25 de fevereiro de 2011. Consultado em 19 de outubro de 2015 
  10. «Daslu é vendida por R$ 65 milhões nesta quinta-feira». Conjur. 24 de fevereiro de 2011. Consultado em 19 de outubro de 2015 
  11. «Justiça bloqueia bens de grupo dono da Parmalat e da Daslu». Terra. 27 de março de 2013. Consultado em 27 de janeiro de 2016 
  12. «Loja da Daslu deve abrir unidade em Salvador ainda em 2016». Bahia.ba. 26 de janeiro de 2016. Consultado em 27 de janeiro de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]