Virada de mesa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Virada de mesa, ato ou efeito de virar a mesa, é a atitude antidesportiva de quem, ao estar sendo derrotado num jogo de cartas ou de tabuleiro, mistura propositalmente as cartas ou peças do jogo, impedindo o seu prosseguimento.

Sentido estrito[editar | editar código-fonte]

Em qualquer regulamento de competição esportiva, o jogador que provoca a virada de mesa é punido, no mínimo com a derrota naquela partida, mas muitas vezes também com a perda de um certo número de pontos e mesmo com a eliminação da competição ou com o banimento da liga ou federação por um determinado número de temporadas.

A virada de mesa não deve ser confundida com o gesto ritual de desistência do jogador que lança suas próprias cartas sobre a mesa, ou do enxadrista que inclina o seu próprio rei no tabuleiro, aceitando ou reconhecendo a vitória do adversário.

Sentido lato[editar | editar código-fonte]

Mais recentemente, o termo "virada de mesa" passou a ser aplicado a qualquer mudança de regras provocada por interesses circunstanciais ou casuísticos, buscando favorecer alguém em detrimento de outrem.

Num jogo de futebol, por exemplo, "virar a mesa" no sentido tradicional corresponderia a retirar o time de campo, ou provocar expulsões ou simular lesões até que a equipe fosse numericamente desqualificada, ou permitir que o gramado fosse invadido por não-atletas, ou (num jogo noturno) apagar as luzes do estádio, etc. No sentido estendido, a "virada de mesa" não ocorreria dentro de campo, mas nos tribunais desportivos, e se daria pela mudança na contagem de pontos ou nos critérios de desempate, pela remarcação de locais ou datas dos jogos, pela modificação nos critérios de promoção e rebaixamento,[1] pela anulação de partidas já disputadas,[2] etc.

No primeiro sentido, a "virada de mesa" é uma atitude de um indivíduo ou grupo de indivíduos, facilmente punível pela autoridade esportiva, bastando caracterizar a sua intencionalidade. No segundo sentido, a "virada de mesa" é praticada com a conivência da autoridade esportiva, ou determinada por ela própria,[3] o que torna a punição impossível, a não ser quando estabelecida por autoridade maior.[4][5]

Fora do campo esportivo[editar | editar código-fonte]

Em seu uso corrente, o termo "virada de mesa" passou a aplicar-se também a situações não-desportivas, como por exemplo:

  • modificação nos critérios de promoção e rebaixamento em competições entre grupos carnavalescos[6] ou de outra natureza;[7]
  • mudança de legislação relativa à reeleição de mandatários que foram originalmente eleitos sem que esta possibilidade fosse contemplada;[8]
  • qualquer alteração brusca no funcionamento da economia de um país, provocada por mudança de governo.[9]

Sentido positivo[editar | editar código-fonte]

A partir da publicação do livro do empresário Ricardo Semler, Virando a Própria Mesa,[10] a expressão "virada de mesa" também passou a ser usada, em algumas circunstâncias, num sentido positivo, de mudança brusca mas eticamente justificável.

Em alguns casos, a expressão "virada de mesa" tornou-se sinônimo de "reversão de expectativa", nem positiva nem negativa, mas simplesmente inesperada, como por exemplo:

  • no caso em que uma empresa maior compra o controle de uma empresa menor e, em seguida, coloca o presidente da menor à testa do grupo resultante da fusão;[11]
  • no caso de uma pesquisa que identifica uma surpreendente mudança de comportamento numa população;[12]
  • no caso de uma empresa em crise que, em pouco tempo, consegue voltar a ter lucros em função de uma mudança ou ajuste de procedimentos.[13]

Referências

  1. «Volta do Grêmio à primeira divisão em 1993 (Portal Bola na área)». Consultado em 2 de junho de 2011 
  2. «Repetição dos jogos do Brasileirão de 2005 (Clic RBS, 18/06/2008)». Consultado em 2 de junho de 2011 
  3. «Mudança no regulamento da Copa União de 1987 (UOL esporte, 01/12/2009)». Consultado em 2 de junho de 2011 
  4. «Justiça condena CBF e Fluminense pela virada de mesa de 1996-97 (Globo Esporte, 25/03/2008)». Consultado em 2 de junho de 2011 
  5. «Clubes brasileiros beneficiados por Viradas de Mesa». Consultado em 14 de junho de 2011. Arquivado do original em 15 de setembro de 2013 
  6. «Virada de mesa em concurso de escola de samba (Portal Direito.com, 11/06/2008)». Consultado em 2 de junho de 2011. Cópia arquivada em 28 de julho de 2012 
  7. «Tentativa de virada de mesa na Stock Car (Estadão, 08/12/2007)». Consultado em 2 de junho de 2011 
  8. «Reeleição de Fernando Henrique Cardoso (Folha de S.Paulo, 13/05/1997)». Consultado em 2 de junho de 2011 
  9. «Equipe econômica sinaliza continuidade sem virada de mesa (Estadão, 24/11/2010)». Consultado em 2 de junho de 2011 
  10. (SEMLER, Ricardo: "Virando a própria mesa", 1998, editora Rocco, ISBN 85-325-1348-4)
  11. «"Virada de mesa" na compra do banco ABN Amro pelo Santander (Revista Você S.A., março/2008)». Consultado em 2 de junho de 2011 
  12. «Pesquisa de 2006 mostra novos dados sobre violência doméstica no Brasil (Revista Carta Capital, 06/12/2006)». Consultado em 2 de junho de 2011 
  13. «A virada de mesa da Sony Music (Revista Mundo do Marketing, 21/12/2009)». Consultado em 2 de junho de 2011