Véu de Noiva (telenovela)

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Véu de Noiva
Véu de Noiva (telenovela)
Logotipo da telenovela
Informação geral
Formato Telenovela
Criador(es) Janete Clair
Elenco
País de origem  Brasil
Idioma original (em português brasileiro)
Episódios 221
Produção
Diretor(es) Daniel Filho
Produtor(es) Daniel Filho
Tema de abertura "Azimuth - Mil Milhas", Apolo IV
Composto por Marcus Valle
Novelli
Exibição
Emissora original TV Globo
Distribuição TV Globo
Formato de exibição Preto e branco
Transmissão original 14 de outubro a 06 de Junho de 1970 (Rio) – 10 de novembro a 19 de julho de 1970 (SP)
Cronologia
Rosa Rebelde
Irmãos Coragem
Programas relacionados Velo de novia
Vende-se um Véu de Noiva

Véu de Noiva é uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida de 14 de Outubro de 1969 a 6 de Junho de 1970 pela TV Globo Rio de Janeiro e de 10 de novembro de 1969 a 19 de julho de 1970 pela TV Globo São Paulo em 221 capítulos, substituindo Rosa Rebelde e sendo substituída por Irmãos Coragem. Foi a "novela das oito" exibida pela emissora. Escrita por Janete Clair, dirigida por Daniel Filho e produzida em preto-e-branco.[1]

Enredo[editar | editar código-fonte]

Andréa (Regina Duarte) é uma moça de família humilde, que está de casamento marcado com o pianista Luciano (Geraldo del Rey), que mantém um caso com sua irmã, Flor (Myriam Pérsia). No dia do casamento, após descobrir o envolvimento dos dois, Andréa sofre um acidente de carro com Luciano e o piloto de corridas Marcelo Montserrat (Cláudio Marzo), que vinha em direção contrária à de Luciano. Luciano se fere nas mãos, mas Andréa "ganha" uma cicatriz no rosto.

Durante o período de internação, Andréa, que já conhecia Marcelo – ela sempre acompanhou pelo rádio sua atuação nas pistas de corrida – apaixona-se pelo piloto, tendo como rival a vilã Irene (Betty Faria), noiva do rapaz. Andréa e Marcelo se casam em segredo, numa cerimônia íntima, contrariando a mãe dele, Helena (Glauce Rocha), que não aprova a união. Sob os cuidados do renomado cirurgião plástico dr. Jorge Albertini (Álvaro Aguiar), Andréa aguarda o momento de fazer uma cirurgia na face.

Luciano abandona Flor ao descobrir que ela está grávida. Ela, como não quer assumir o filho sozinha, por vergonha de ser mãe solteira, entrega a criança para a irmã. Algum tempo depois, Flor se casa com Armando (Carlos Eduardo Dolabella), que quer ter filhos. Ao saber que não pode mais ser mãe, Flor resolve pedir seu filho de volta. As irmãs passam a disputar a guarda da criança. O caso chega aos tribunais, e Andréa vence a disputa.

No decorrer da trama, Luciano é assassinado, sua morte levanta suspeitas sobre vários personagens da história e a identidade do responsável perdura até os capítulos finais da trama.

Produção e exibição[editar | editar código-fonte]

Durante a exibição pela Globo da telenovela anterior, Rosa Rebelde, a emissora concorrente TV Tupi lançou a telenovela Beto Rockfeller, que, como produto, distinguia-se enormemente do que vinha sendo produzido pela teledramaturgia brasileira. Como resultado, obteve grande audiência e repercussão e fez com que a direção da Globo observasse uma necessidade de modificar a estrutura de seus folhetins, em substituição ao fracassado modelo, capitaneado até então por Glória Magadan, de telenovelas de época situadas em países estrangeiros e apoiando-se fortemente em enredos de capa-e-espada, baseados em livros de autores de fora do Brasil. O mundo de castelos, masmorras, calabouços, galeões espanhóis de Glória foi substituído por uma imagem de um Rio de Janeiro luminoso, que é o principal cenário para as telenovelas desde então. Ao lado de Daniel Filho, Janete Clair desenvolveu a trama de Véu de Noiva tendo como base a radionovela Vende-se um Véu de Noiva, que Janete havia produzido anteriormente. A radionovela, por sua vez, havia sido inspirada por um anúncio na seção de classificados de um jornal que promovia "a venda de um véu de noiva".

O então diretor da Globo Boni se mostrou inicialmente receoso com a escolha das corridas de automobilismo de Fórmula 1 como um dos temas da telenovela, mas foi convencido por Daniel Filho de que o tema traria a modernidade almejada pela Globo à produção - e essa escolha funcionou como um engenhoso plano de promoção das corridas, no período em que o piloto brasileiro Emerson Fittipaldi mostrava-se bem-sucedido na competição. Para contribuir com a promoção das corridas, que até então não eram populares no Brasil, a produção gravou cenas em autódromos e, posteriormente, incluiu uma participação especial do piloto Jackie Stewart. Acrescentava ainda uma referência à estreia da atriz Regina Duarte na TV Globo. A escalação da atriz foi mais um esforço da emissora para conquistar o público de São Paulo, ao trazer para seus quadros uma atriz paulista de grande sucesso.

Por volta do trigésimo capítulo, Geraldo del Rey, que interpretava Luciano, pediu para sair da trama, pois havia sido convidado para trabalhar na TV Tupi. Foi quando Janete Clair iniciou a longa série dos famosos assassinatos de novelas, conhecidos por "quem matou?", após o misterioso assassinato do personagem Luciano, que havia sido morto pela personagem Rosa, interpretada por Ana Ariel. Assim, a saída do ator não criou nenhum problema, muito pelo contrário, serviu para criar o famoso bordão e fazer explodir a audiência da novela no país. A disputa das personagens de Regina Duarte e Myrian Pérsia pela guarda da criança começava a mobilizar o país. Na novela, o caso foi parar na Justiça e Daniel Filho, o diretor da trama, teve a ideia de realizar um julgamento de verdade em cena. Solicitou a um juiz de verdade, Eliézer Rosa, que armasse um júri; os destinos da novela foram parar nas mãos do juiz. Nem a autora, nem os atores e nem o próprio diretor sabiam por antecipação qual seria o resultado, ou seja, o fim da novela. Para não perder a emoção o julgamento foi gravado direto, sem ensaio. A tensão das atrizes era, portanto, totalmente real. Por fim, ganhou a mãe adotiva, personagem de Regina.

Com essa novela Janete Clair também implantou as tramas paralelas, hoje recorrentes (e essenciais) em qualquer texto de novela. Esta foi a primeira novela a ter músicas especialmente compostas para sua trilha sonora, produzida por Nelson Motta. Um grande sucesso foi "Teletema", interpretada pela cantora Regininha. "Irene", canção que Caetano Veloso fez antes de partir para o exílio na Inglaterra, foi gravada por Elis Regina exclusivamente para a novela. Chico Buarque, também exilado, enviou da Itália a música "Gente Humilde", que compôs em parceria com Vinícius de Moraes. "Véu de Noiva" foi a primeira novela a lançar um disco com trilha sonora. Segundo Daniel Filho, o diretor da novela, essa foi uma grande jogada de marketing, porque um produto promovia o outro, numa época em que a TV Globo ainda não tinha a grande hegemonia no mercado televisivo brasileiro.

Antes de sua grande estreia as gravações de Véu de Noiva foram interrompidas. A novela Rosa Rebelde já tinha seu último capítulo escrito e preste a ser gravado, quando em 1969 um incêndio afetou a TV Globo São Paulo. No local era gravada a novela das sete A Cabana do Pai Tomás, elenco e cenário foram transferidos para a sede do Rio de Janeiro. Porém, tinha um problema, a Globo Rio não podia arcar com tantas novelas ao mesmo tempo, A Ponte dos Suspiros, A Cabana do Pai Tomás e a substituta de Rosa Rebelde que seria Véu de Noiva, o jeito foi alongar Rosa Rebelde, Janete Clair precisou parar o roteiro de Véu de Noiva e escrever mais cem capítulos de Rosa Rebelde.

Elenco[editar | editar código-fonte]

Música[editar | editar código-fonte]

Véu de Noiva foi a primeira novela da Rede Globo a ter trilha sonora própria, totalmente produzida por encomenda de Daniel Filho a Nelson Motta, que selecionou músicas específicas para determinados personagens e núcleos. A trilha sonora foi lançada pela Companhia Brasileira de Discos (CBD), atual Universal Music.

  1. "Tema de Luciano" - Luiz Eça
  2. "Teletema (Tema de Amor)" - Regininha, de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar
  3. "Azimuth (Mil Milhas)" - Apolo IV
  4. "Gente Humilde" - Márcia
  5. "Depois da Queda" - Roberto Menescal
  6. "Irene" - Elis Regina
  7. "Andréa" - Joyce
  8. "Azimuth (Mil Milhas)" - Apolo IV
  9. "Teletema (Tema de Amor)" - Regininha e Laércio
  10. "Irene" - Wilson das Neves
  11. "Abertura" - The Youngsters
  12. "Teletema (Tema de Amor)" - Cláudio Roditi

A telenovela chegou a apresentar canção internacional em seus capítulos. A canção I'll catch the sun, de Glenn Yarbrough, foi inserida em seus capítulos e a CBD lançou um compacto com a canção, o qual indica ser tema da telenovela[2].

Adaptações[editar | editar código-fonte]

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • FERREIRA, Mauro (2003). Nossa Senhora das Oito. Janete Clair e a evolução da telenovela no Brasil (em (em português)) 1ª ed. [S.l.]: Mauad Editora. ISSN 8574781126 
  • XEXEO, Arthur (2005). Janete Clair - A Usineira De Sonhos 1ª ed. [S.l.]: Editora Relume-Dumara. ISBN [[Special:BookSources/}8573164077|}8573164077]] Verifique |isbn= (ajuda) 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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