MV Wilhelm Gustloff

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MV Wilhelm Gustloff
 Alemanha
Proprietário Frente Alemã para o Trabalho
Operador Hamburg Süd (1938–1939)
Kriegsmarine (1939–1945)
Fabricante Blohm & Voss, Hamburgo
Custo ℛℳ 25 milhões
Homônimo Wilhelm Gustloff
Batimento de quilha 1 de agosto de 1936
Lançamento 5 de maio de 1937
Viagem inaugural 21 de abril de 1938
Porto de registro Hamburgo
Indicativo de chamada DJVZ
Número do casco 511
Estado Naufragado
Destino Torpedeado no Mar Báltico em
30 de janeiro de 1945
Características gerais
Tipo de navio Cruzeiro
Tonelagem 25 484 t
Maquinário 4 motores a diesel MAN
de oito cilindros
Comprimento 208,5 m
Boca 23,59 m
Calado 6,5 m
Altura 56 m
Propulsão 2 hélices quádruplas
- 9 500 cv (6 990 kW)
Velocidade 15,5 nós (28,7 km/h)
Autonomia 12 000 milhas náuticas a 15 nós
(22 000 km a 28 km/h)
Armamento 3 armas antiaéreas de 105 mm
8 canhões antiaéreos de 20 mm
Tripulação 417
Passageiros 1 465

MV Wilhelm Gustloff foi um navio de cruzeiro alemão,[1] torpedeado em 30 de janeiro de 1945 pelo submarino soviético S-13, no Mar Báltico, durante a Operação Hannibal. Foi o primeiro navio a ser construído com o propósito de servir como cruzeiro.

No momento do naufrágio, encontravam-se a bordo aproximadamente 10.582 passageiros[2] (passageiros e tripulação, total estimado) e, ao final, em torno de 9.343 destes[2] (número estimado) estavam mortos. Representa, até hoje, o maior desastre naval, resultante do naufrágio de uma única embarcação da história.[3]

História[editar | editar código-fonte]

Foi construído nos estaleiros Blohm & Voss, de Hamburgo, para a Kraft durch Freude (KdF) (Força pela Alegria), uma organização civil que promovia atividades culturais e recreativas, incluindo concertos e outras festividades para os trabalhadores alemães de todas as classes. Batizado em homenagem a Wilhelm Gustloff, líder do braço Suíço do NSDAP.

Os trabalhos iniciaram-se em 1 de Maio de 1936 e o lançamento ao mar ocorreu em 5 de Maio de 1937, seguindo-se as operações de apetrechamento e finalmente a entrega à KdF, o que aconteceu em 15 de Março de 1938, sendo Carl Lubbe o seu primeiro comandante. Conforme o projeto original, o navio era apropriado para deslocar 25.484 toneladas à velocidade de 15 nós e tinha capacidade para 1.463 passageiros e 417 tripulantes, isto é, a capacidade para transportar 1.880 passageiros no total.

Em 4 de Abril de 1938, em uma de suas primeiras viagens, efetuou, sob péssimas condições de mar, o salvamento da tripulação de um cargueiro britânico o SS Pegaway com grande repercussão na imprensa britânica. Em 20 de Abril de 1938, partiu, junto com outros navios da frota KdF para a viagem inaugural como navio de cruzeiro rumo ao Arquipélago da Madeira, com escala em Lisboa. O tamanho do navio, o luxo sóbrio e o fato de permitir viagens em classe única para todos, impressionou à época.

Os fiordes noruegueses, tal como Lisboa e o Funchal, na Madeira, tornaram-se destinos de eleição. O navio efetuou cerca de 50 viagens em tempo de paz, transportando cerca de 70.000 passageiros, todas com sucesso. Em 25 de Maio de 1939, colaborou, junto com outras unidades da KdF, no repatriamento da Legião Condor após o fim da Guerra Civil Espanhola.

Com o início da Segunda Guerra Mundial, foi transformado em navio hospital colaborando na evacuação de feridos da Polónia e, mais tarde, após a invasão da Dinamarca e Noruega pelas tropas alemãs, de Oslo. A 17 de Novembro de 1940 foi transferido para Gotenhafen (hoje, Gdynia) e colocado fora de serviço como navio hospital, passando a navio alojamento em 20 de Novembro de 1940.

Naufrágio[editar | editar código-fonte]

A 12 de Janeiro de 1945, Adolf Hitler e Karl Dönitz reconhecendo a situação militar insustentável na Prússia Oriental, elaboraram um plano de evacuação marítima denominada Operação Hannibal, na qual o Wilhelm Gustloff, partindo de Gotenhafen evacuaria muitos milhares de refugiados que se acumulavam na cidade. Comandado por Friederich Petersen e Wilhelm Zahn e com uma tripulação de recurso, apesar de imobilizado no porto há quatro anos e servindo como quartel, este recebeu a bordo cerca de 9.600 refugiados, que se juntaram a cerca de 1.000 tripulantes, saindo do porto de Gotenhafen no dia 30 de Janeiro de 1945.

Ao cair da noite, após sair da Baia de Gdansk e contornar o cabo, o navio seguia em uma rota limpa pela Kriegsmarine, - na qual estava também o cruzador de batalha Almirante Hipper, além de uma flotilha de z-boots e caça minas -, da ponte de comando do Wilhelm Gustloff pode ser avistada uma flotilha de caça minas que navegava em sentido contrário, sendo então dada a ordem para que fossem acesas as luzes de navegação. Este foi o erro fatal, já que o submarino soviético S13 comandado pelo capitão Alexander Marinesko, avistou as luzes quando patrulhava a costa polonesa.

Alexander Marinesko estava sob investigação do NKVD por ter cometido faltas e erros crassos por sua dependência química em álcool e, quando foi avisado pelo operador de periscópio, de que uma grande belonave inimiga havia sido avistada, viu ali a sua esperança de um grande feito.

Determinou então que 4 torpedos fossem preparados e lançados. No primeiro, escreveram "Para a Pátria"; no segundo, "Para Stálin"; no terceiro, "Para o Povo Soviético"; e no quarto, "Para Leningrado".

Ironicamente, somente o torpedo para Stálin perdeu seu rumo, tendo os demais atingido o Wilhelm Gustloff na proa, abaixo da piscina e a meia nau, em pleno Mar Báltico.

Em pouco tempo, o navio começou a virar rapidamente para bombordo, dificultando o preenchimento e a arriação dos botes. Enquanto isso, no convés, os tripulantes estavam fazendo o sinal de código morse por faróis e lançando foguetes sinalizadores para os navios próximos. No pânico que se seguiu, alguns refugiados acabaram pisoteados quando todos corriam para os botes salva-vidas.

Pouco tempo depois, o navio estaria completamente virado, com as pessoas tentando se salvar, posicionando-se na lateral do navio. Somente os navios Caça Minas e Z-Boot acudiram ao sinistro, o Admiral Hipper afastou-se, com medo do S-13. O Wilhelm Gustloff afundou uma hora e dois minutos depois de atingido, às 22h18 do dia 30 de janeiro de 1945.

Segundo pesquisas mais recentes, havia no navio 10 582 pessoas, sendo que foram resgatadas apenas 964 delas, muitas das quais morreram mais tarde. Sabe-se que, das vítimas, cerca de 4 000 eram crianças e adolescentes, além de muitos soldados feridos e refugiados de guerra.[4] O número exato de mortos é difícil de ser estabelecido, mas estima-se que morreram entre 8 500 e 9 600 pessoas.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Cathryn Prince: Death in the Baltic: The World War II Sinking of the Wilhelm Gustloff, Palgrave Macmillan, New York, 2013, ISBN 978-0230341562
  • Christopher Dobson, John Miller, and Ronald Payne: The Cruellest Night, Hodder & Stoughton, London, 1979, ISBN 0-340-22720-6.
  • A.V. Sellwood: The Damned Don't Drown. The Sinking of the Wilhelm Gustloff. Naval Institute Press, Annapolis, MD, 1973, ISBN 1-55750-742-2 (fiction). In Sellwood's own words, this is a "reconstruction of the tragedy", with material drawn from "interviews with some of the survivors and official documents".
  • Günter Grass: Crabwalk|Im Krebsgang, which has been translated into English as Crabwalk. Steidl Verlag, Göttingen 2002, ISBN 3-88243-800-2 (fiction). Combines historical elements, such as the sinking of the Wilhelm Gustloff, with fictional elements, such as the book's major characters and events.
  • Clive Cussler & Paul Kemprecos: Polar Shift, Puttnam, New York, 2005, ISBN 978-0399152719. Novel containing lengthy sequences set on the Gustloff.
  • John Ries: "History's Greatest Naval Disasters. The Little-Known Stories of the Wilhelm Gustloff, the General Steuben and the Goya". In the controversial Journal of Historical Review, 1992, vol. 12, no. 3, pp. 371–381.

Referências

  1. (www.dw.com), Deutsche Welle. «1945: Russos afundam navio alemão, causando milhares de mortes | Calendário Histórico | DW.COM | 30.01.2017». DW.COM. Consultado em 30 de janeiro de 2017 
  2. a b «A Memorial To The Wilhelm Gustloff». www.feldgrau.com. Consultado em 30 de janeiro de 2017 
  3. «Wilhelm Gustloff» (em inglês). wilhelmgustloff.com. Consultado em 21 de janeiro de 2015 
  4. «Maritime Disasters of WWII 1944, 1945». members.iinet.net.au. Consultado em 1 de fevereiro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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