Povos zapotecas

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 Nota: Se procura pela língua zapotecana falada pelos zapotecas, veja Língua zapoteca.
Extensão da civilização Zapoteca

Os zapotecas são um povo nativo do sul do México que, a partir do século IV, ocupou a região do México situada entre o istmo de Tehuantepec e Acapulco, fixando-se posteriormente em Oaxaca. Actualmente as línguas zapotecas constituem uma família de 15 línguas diferentes que se encontram em perigo de cair em desuso. Na época pré-colombiana foram uma das mais importantes civilizações mesoamericanas.

História

Origens

Pouco se sabe sobre a origem dos zapotecas. Ao contrário da maioria dos povos indígenas da Mesoamérica, os zapotecas não tinham nenhuma tradição ou lenda sobre a sua migração, exceptuando a crença de que nasceram directamente das rochas, árvores e jaguares.

O Mundo Zapoteca
Sociedade Zapoteca
Idioma
Deuses
Mitologia
Calendário
Arte
Escrita
História Zapoteca
Monte Albán
Tribo Tzapotēcatl
Militarismo Zapoteca
Civilização
Inventário Pós-Conquista Espanhola
Conquista (pelos Aztecas)
Conquista do Império Asteca
O Fim do Império
Hernán Cortés

As provas arqueológicas indicam que esta cultura terá aparecido há cerca de 2500 anos. Cerca do ano 800 a.C., durante o período pré-clássico, os zapotecas estabeleceram-se nos vales centrais do actual estado de Oaxaca. Assim, enquanto Teotihuacan florescia no centro do México e as cidades maias no sudeste, Monte Albán, centro cerimonial construído no alto de uma colina, era a cidade mais importante da região de Oaxaca.

Os primeiros zapotecas eram sedentários, vivendo em povoados agrícolas. Adoravam um conjunto de deuses dos quais se destaca o deus da chuva, Cocijo, representado por um símbolo da fertilidade que combinava os símbolos da terra-jaguar e do céu-serpente, símbolos comuns nas culturas mesoamericanas. Os rituais religiosos, que por vezes incluíam sacrifícios humanos, eram regulados por uma hierarquia sacerdotal. Os zapotecas adoravam os seus antepassados e, crendo num mundo paradisíaco, desenvolveram o culto dos mortos. Um dos seus grandes centros religiosos era Mitla. A magnífica cidade de Monte Albán foi sede de uma civilização bastante desenvolvida, possivelmente há mais de 2000 anos.

Desenvolvimento cultural

São muitos e variados os achados arqueológicos na antiga cidade de Monte Albán; edifícios, estádios de jogo da bola, túmulos magníficos e mercadorias valiosas, incluindo joalharia em ouro finamente trabalhada. Monte Albán foi a primeira grande cidade do hemisfério ocidental e centro de um estado zapoteca que dominou grande parte do que é hoje o estado de Oaxaca.

Os zapotecas desenvolveram uma agricultura muito variada e para ter boas colheitas rendiam culto ao sol, à chuva, à terra e ao milho.

As mulheres e os homens do povo, que viviam nas aldeias, estavam obrigados a entregar como tributo milho, perus, mel e feijão. Para além de agricultores os zapotecas destacaram-se como tecelões e oleiros. São famosas as urnas funerárias zapotecas, vasilhas de barro colocadas sobre os túmulos. Os zapotecas, juntamente com os maias, foram um dos povos mesoamericanos que desenvolveu um completo sistema de escrita. Através de hieróglifos e outros símbolos gravados em pedra ou pintados nos edifícios e túmulos, combinaram a representação de ideias e sons.

Decadência

Monte Albán dominou os vales até finais do período clássico e, como outras cidades mesoamericanas, perdeu o seu esplendor entre os anos 700 e 1200. No entanto, a cultura zapoteca permaneceria nos vales de Oaxaca, Tabasco e Veracruz.

Vindos do norte, os mixtecas tomaram o lugar dos zapotecas em Monte Albán e Tikal e mais tarde em Mitla. Em meados do século XV, os zapotecas e os mixtecas lutaram para evitar o controlo dos astecas sobre as rotas comerciais em direcção a Chiapas, Veracruz e Guatemala. Sob o comando do rei Cosijoeza, os zapotecas aguentaram um longo sítio na montanha rochosa de Giengola, mantendo o controlo sobre Tehuantepec bem como a autonomia política, através de uma aliança com os astecas até à chegada dos espanhóis.

Cultura

Urna funerária na forma de um "deus morcego" ou jaguar, de Oaxaca, datado 300 - 650 d.C.. Altura: 23 cm.

Monte Albán é um conjunto arquitectónico sagrado que faz parte dos costumes religiosos dos povos mesoamericanos. Foi construída em várias plataformas escalonadas como pirâmides de diferentes alturas. Ali se faziam jogos de bola. Distingue-se de outros complexos arqueológicos da Mesoamérica, pela inclusão de edifícios provavelmente dedicados ao culto funerário.

Encontraram-se também em Monte Albán relevos gravados em estelas de pedra, representando indivíduos com deformidades corporais, conhecidos por danzantes. Há quem defenda tratar-se de um registo visual de patologias médicas.

Os códices mixteco-zapotecas permitiram conhecer a vida e os costumes da região. São documentos de escrita hieroglífica sobre pele de veado e profusamente coloridos.

Em Mitla, outro lugar com testemunhos deste povo, subsistem pinturas murais feitas sobre um fundo vermelho que representam a águia, os deuses nocturnos e Cocijo. Em Hierve el Agua, os zapotecas criaram um sistema artificial de rega que é único na Mesoamérica.

Os zapotecas desenvolveram um calendário e um sistema logofonético de escrita que utilizava um carácter individual para representar cada sílaba da linguagem. Este sistema é considerado como a base de outros sistemas de escrita mesoamericanos desenvolvidos pelos olmecas, maias, mixtecas e astecas. Na capital asteca, Tenochtitlan, viviam artesãos zapotecas e mixtecas, cuja actividade era o fabrico de jóias para os Tlatoannis ou imperadores astecas, entre os quais o famoso Moctezuma II.

As relações do império asteca com o centro do México deram-se desde muito cedo, como é atestado pelas ruínas do bairro zapoteca de Teotihuacan e por uma casa em Monte Albán. Outros sítios arqueológicos pré-colombianos de origem zapoteca são Lambityeco, Dainzu, Mitla, Yagul, San José Mogote e Zaachila.

Actualidade

Benito Juárez (1806-1872).

Actualmente, os zapotecas dividem-se em dois grupos principais; o maior situa-se nos vales a sul da serra de Oaxaca e outro no sul do Istmo de Tehuantepec; existem ainda pequenos povoados em Veracruz, Guerrero e Chiapas. Todos juntos estes grupos totalizam cerca de 400 000 pessoas. Apesar de convertidos ao catolicismo, sobrevivem ainda algumas das suas práticas ancestrais, como o enterro dos mortos com dinheiro. Do ponto de vista linguístico o zapoteca, faz parte da família de línguas de Oaxaca, estando entre as línguas indígenas do México com maior número de falantes.

O zapoteca mais famoso da era moderna foi o antigo presidente do México Benito Juárez.

Ligações externas

Referências

Commons
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  • H. Augur, Zapotec (1954);
  • M. Kearney, The Winds of Ixtepeji (1972);
  • B. Chinas, The Isthmus Zapotecs (1973).