Ziembinski

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Ziembinski
Ziembinski
Ziembinski em 1950.
Nome completo Zbigniew Marian Ziembiński
Outros nomes Zimba
Nascimento 7 de março de 1908
Wieliczka, Reino da Galícia e Lodoméria, Áustria-Hungria
Morte 18 de outubro de 1978 (70 anos)
Rio de Janeiro, Brasil
Nacionalidade polonesa
brasileira
Cônjuge Maria Prozynska (1936-1939)
Ocupação
Período de atividade 1927–1978

Zbigniew Marian Ziembiński (Wieliczka, 7 de março de 1908Rio de Janeiro, 18 de outubro de 1978), mais conhecido apenas como Ziembinski, foi um ator e diretor polonês naturalizado brasileiro.

Vida e carreira[editar | editar código-fonte]

Desde os doze anos envolvido com o mundo teatral, em 1941, aos 33 anos, deixa a Polônia (ocupada pela Alemanha e União Soviética), quando emigra para o Brasil, desembarcando no Rio de Janeiro em 6 de julho de 1942.

Chamado carinhosamente de Zimba, é considerado um dos fundadores do moderno teatro brasileiro por sua encenação inovadora do texto Vestido de Noiva, em 1943 do dramaturgo Nelson Rodrigues. Com esta montagem e por seu processo de ensaio, introduz-se a noção de diretor no teatro brasileiro, aquele que cria uma encenação, quase como um pintor da cena, substituindo a de ensaiador, aquele que se preocupava apenas em distribuir papéis e ordenar a movimentação em cena.

A direção de Ziembiński de Vestido de Noiva, soube equacionar os vários planos propostos por Nelson Rodrigues, que contrastam entre o imaginário, o sonho e a realidade de forma brilhante, aliada à cenografia de Tomás Santa Rosa, com enorme quantidade de variações de luz - fala-se em 132 diferentes efeitos utilizados na encenação, fato marcante na história do teatro brasileiro da época. Outra novidade introduzida por Zimba foi o extenso processo de ensaios no grupo amador que encenou a peça The Comedians, que consumiu muitos meses. Até aquela peça, o usual no teatro brasileiro era ensaiar um semana e apresentar-se na seguinte, com poucos ensaios e com os atores recebendo apenas as suas falas, método comum no teatro profissional de Procópio Ferreira e de seus contemporâneos.

Antes de chegar ao Brasil, formou-se em letras e cursou a Escola de Arte Dramática do Teatro Municipal de Cracóvia, atuando em mais de vinte papéis entre 1927-1929. Depois desloca-se para Varsóvia onde trabalha como diretor e ator no "Teatr Polski" (Teatro Polaco) e "Teatr Mały" (Teatro Pequeno). Em 1931, já em Łódź atua e dirige algumas peças no Teatro Municipal e no Teatro de Câmara. Em 1933 retorna a Varsóvia, onde trabalha intensamente até o início da Segunda Guerra Mundial. O repertório das peças dirigidas por Ziembinski na Polônia foi majoritariamente de textos de autores poloneses, o inverso do que fará no Brasil, procurando encenar autores de muita importância na dramaturgia universal.

Este fato pode ser acompanhado pelos espetáculos que se seguiram a Vestido de Noiva: em 1943, Pelleas e Melisande de Maeterlinck com a mesma companhia, e Anjo Negro, retornando a Nélson Rodrigues, em 1948, com o Teatro Popular de Arte (TPA), onde Ziembinski retoma o estilo expressionista introduzido em sua primeira peça brasileira. Se este texto de Nelson Rodrigues expõe acidamente a questão do racismo, Ziembinski irá sobrepor efeitos que engrossarão o caldo da polêmica e do escândalo. No mesmo ano e na mesma companhia, dirige e protagoniza Woyzeck, de Georg Büchner.

Antes de se mudar para São Paulo, convidado a participar do Teatro Brasileiro de Comédia, Ziembinski dirige em Recife o simbólico Nossa Cidade, de Thornton Wilder (1949), Pais e Filhos, de Ivan Turgueniev, e Esquina Perigosa, de J. B. Priestley, no Teatro de Amadores de Pernambuco TAP. Outra incursão, agora no Teatro Universitário de Pernambuco (TUP), será Além do Horizonte, de Eugene O'Neill, e Fim de Jornada, de Robert Sheriff.

Em 1950 além de trabalhar no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) de Franco Zampari, fez vários trabalhos com Cacilda Becker e também leciona arte dramática na então Escola de Arte Dramática (EAD), de Alfredo Mesquita, entre 1951 e 1957.

No cinema participa do filme Tico-tico no Fubá, com Anselmo Duarte e Tônia Carrero e A Madona de Cedro. Tendo participado em mais de cem espetáculos em solo brasileiro e trabalhado com importantes atores como Cacilda Becker, Walmor Chagas, Cleyde Yáconis, Nicette Bruno, Paulo Goulart, Fernando Torres, marcou uma geração inteira de artistas, ao mesmo tempo que trouxe a cena uma quantidade importantes de importantes dramaturgos da cena internacional.

Já nos anos setenta será contratado pela Rede Globo onde coordenou diversos núcleos de produção, especialmente o Departamento de Casos Especiais.

Foram 50 anos de teatro, 35 deles no Brasil, dirigindo 94 peças. Também foi pintor e fotógrafo até 1978. Morreu aos 70 anos. Para o crítico Sábato Magaldi Ziembiński foi "um monstro do teatro, figura extraordinária que pairou sobre a beleza do Rio de Janeiro".

Morte[editar | editar código-fonte]

Em novembro de 1977, Ziembinski foi internado para a retirada de um tumor intestinal. Um mês antes de falecer, foi internado com problemas renais, mas os médicos lhe deram alta sem operá-lo. Sob cuidados médicos, passou os últimos trinta dias em seu apartamento, na Rua Leocádia no bairro de Copacabana, onde seu organismo sucumbiu a uma crise final de uremia.[1] Seu corpo foi velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e posteriormente sepultado no Cemitério de São João Batista, Rio de Janeiro.[1] [2]

Trabalhos em Teatro[3][editar | editar código-fonte]

  • A Verdade de Cada Um (1940)
  • À Beira da Estrada (1941)
  • Orfeu (1942)
  • As Preciosas Ridículas (1942)
  • Fim de Jornada (1943)
  • Pelleas e Melisanda (1943)
  • Vestido de Noiva (1943, 1945, 1947)
  • A Família Barrett (1945)
  • Era uma Vez um Preso (1946-1947)
  • Desejo (1946)
  • A Rainha Morta (1946)
  • Terras do Sem Fim (1947)
  • Não Sou Eu (1947)
  • Vestir os Nus (1948)
  • Anjo Negro (1948)
  • Medeia (1948)
  • Uma Rua chamada Pecado (1948)
  • Lua de Sangue (1948)
  • Os Homens (1948)
  • Revolta em Recife (1948)
  • Estrada do Tabaco (1949)
  • Nossa Cidade (1949)
  • Pais e Filhos (1949)
  • Além do Horizonte (1949)
  • Esquina Perigosa (1949)
  • Fim de Jornada (1949)
  • Em Viagem (1949)
  • Fausto (1949)
  • Assim Falou Freud (1950)
  • Dorotéia (1950)
  • Amanhã, Se Não Chover (1950)
  • Adolescência (1950)
  • Helena Fechou a Porta (1950)
  • O Cavalheiro da Lua (1950)
  • A Endemoniada (1950)
  • O Homem de Flor na Boca (1950)
  • O Banquete (1950)
  • Lembranças de Berta (1950)
  • Do Mundo Nada Se Leva (1950)
  • Pega-fogo (1950)
  • Rachel (1950)
  • Paiol Velho (1951)
  • Convite ao Baile (1951)
  • O Grilo da Lareira (1951)
  • Arsênico e Alfazema (1951)
  • Ralé (1951)
  • Harvey (1951)
  • Antígona (1951)
  • Vá com Deus (1952)
  • Divórcio para Três (1953)
  • Na Terra como no Céu (1953)
  • Se Eu Quisesse (1953)
  • Desejo (1953)
  • Mortos sem Sepultura (1954)
  • Um Dia Feliz (1954)
  • Um Pedido de Casamento (1954)
  • ...E o Noroeste Soprou (1954)
  • Negócios de Estado (1954)
  • Cândida (1954)
  • Volpone (1955)
  • Maria Stuart (1955-1959)
  • Os Filhos de Eduardo (1955)
  • Divórcio para Três (1956)
  • Manouche (1956)
  • Gata em Teto de Zinco Quente (1956)
  • As Provas de Amor (1957)
  • A Rainha e os Rebeldes (1957)
  • Leonor de Mendonça (1957)
  • Adorável Júlia (1957)
  • O santo e a porca (1958, 1960)
  • Jornada de um longo dia para dentro da noite (1958)
  • O Protocolo (1958)
  • Pega Fogo (1958)
  • Santa Martha Fabril S / A (1958-1959)
  • Os Perigos da Pureza (1959)
  • Gente como a Gente (1959)
  • Desejo (1959)
  • As Três Irmãs (1960)
  • Carrossel do Casamento (1960)
  • Exercício para Cinco Dedos (1960)
  • Sangue no Domingo (1960)
  • Boca de Ouro (1960, 1963)
  • Don João Tenório (1960)
  • Os Espectros (1961)
  • Círculo Vicioso (1961)
  • Zefa entre os Homens (1962)
  • Paixão da Terra (1962)
  • César e Cleópatra (1963)
  • Vereda da Salvação (1964)
  • Descalços no Parque (1964)
  • A Perda Irreparável (1965)
  • Toda Nudez Será Castigada (1965, 1967)
  • Os Físicos (1966)
  • Orquídeas Para Cláudia (1966)
  • O Santo Inquérito (1966)
  • A Volta do Lar (1967-1968)
  • A Mulher sem Pecado (1969)
  • O Marido de Conceição Saldanha (1969)
  • Os Gigantes da Montanha (1969)
  • A Celestina (1969)
  • Henrique IV (1970)
  • Vivendo em Cima da Árvore (1971)
  • Dom Casmurro (1972)
  • Check-up (1976)
  • Vestido de Noiva (1976)
  • Quarteto (1976)

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Cinema[editar | editar código-fonte]

Ano Título Personagem
1928 Huragan
1931 Uwiedziona Jornalista
1934 Córka generala Pankratowa Revolucionário
1938 Profesor Wilczur Médico
Granica Awaczewicz
1939 Wlóczegi Mecenas
1943 Samba em Berlim Diretor do teatro
1944 O Brasileiro João de Souza Otto von Bock
1945 Não Adianta Chorar
1949 Terra Violenta
1952 Tico-tico no Fubá Dono do Circo
Veneno Delegado
Apassionata Walter Hauser
1954 É Proibido Beijar Steve
1965 Crônica da Cidade Amada
1968 A Madona de Cedro Dr. Vilanova
Edu, Coração de Ouro Homem apressado[4]
1969 Brasil Ano 2000 General
1970 É Simonal Mestieroff
1973 O Descarte Victório Lipp
1975 O Caçador de Fantasma Fantasma
1976 O Homem de Papel Rivoni[5]
1977 O Velho Gregório Gregório

Na Televisão[editar | editar código-fonte]

Ano Título Personagem Notas
1959 Grande Teatro Tupi Episódio: "O Chapéu Cheio de Chuva"
1966 Eu Compro Esta Mulher Dom Rodrigo
O Rei dos Ciganos Steiner
1967 A Rainha Louca Zacarias
1968 Ricardinho: Sou Criança, Quero Viver
1969 João Juca Jr. Bóris
1971 Bandeira 2 Irmão Ludovico
1972 O Bofe Stanislawa Grotowiska
1973 Cavalo de Aço Max
O Semideus Padre Miodek
1974 O Rebu Conrad Mahler
1975 O Grito Professor de filosofia

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b Veja, edição 529, de 25 de outubro de 1978
  2. «Ziembinski morreu na tarde de ontem». Rio de Janeiro: jornal Luta Democrática, disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. 25 de outubro de 1978. p. 8. Consultado em 24 de julho de 2021 
  3. «ZIEMBINSKI. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira». enciclopedia.itaucultural.org.br. Consultado em 3 de fevereiro de 2023 
  4. Cinemateca Brasileira, Edu, Coração de Ouro [em linha]
  5. «O Homem de Papel». Cinemateca Brasileira. Consultado em 14 de julho de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]