Dianne Feinstein

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Dianne Feinstein
Dianne Feinstein
Dianne Feinstein
Senadora dos Estados Unidos pela Califórnia
Período 10 de novembro de 1992
28 de setembro de 2023
Antecessor(a) John F. Seymour
Sucessor(a) Laphonza Butler
38.º Prefeita de São Francisco
Período 4 de dezembro de 1978
8 de janeiro de 1988
Antecessor(a) George Moscone
Sucessor(a) Art Agnos
Membro do Conselho de Supervisores de São Francisco
Período 8 de janeiro de 1970
4 de dezembro de 1978
Dados pessoais
Nascimento 22 de junho de 1933
São Francisco
Morte 28 de setembro de 2023 (90 anos)
Washington, D.C.
Alma mater Universidade Stanford
Cônjuge Jack Berman (c. 1956; div. 1959)
Bertram Feinstein (c. 1962; m. 1978)
Richard C. Blum (c. 1980)
Filhos(as) 1 (Katherine)
Partido Democrata
Ocupação Política

Dianne Goldman Berman Feinstein, nascida Dianne Emiel Goldman[1] (São Francisco, Califórnia, 22 de junho de 1933Washington, D.C., 28 de setembro de 2023), foi uma política norte-americana. Membro do Partido Democrata, foi prefeita de São Francisco (1978 a 1988) e senadora pela Califórnia de 1992 a 2023.

Como senadora, foi a autora da lei federal de 1994, sobre a proibição de armas de assalto (Public Safety and Recreational Firearms Use Protection Act), que expirou em 2004.[2] Em 2013, ela apresentou um novo projeto de lei sobre o mesmo assunto, dessa vez isentando 900 modelos de armas destinadas a esporte e caça.[2][3] Entretanto, a proposta foi rejeitada pelo Senado, por 60 votos a 40.[4]

Feinstein foi a primeira e única mulher a presidir o Comitê do Regimento do Senado (United States Senate Committee on Rules and Administration), entre 2007 e 2009, e o Comitê de Inteligência (Select Committee on Intelligence), entre 2009 e 2015.[5] Foi também a única mulher a presidir a uma tomada de posse presidencial dos EUA, quando Barack Obama assumiu a presidência dos Estados Unidos.[6]

Depois da aposentadoria de Barbara Mikulski, em janeiro de 2017, Feinstein tornou-se a senadora mais idosa dos EUA, ainda em exercício de mandato.[7] Reeleita em 2018 para um mandato de seis anos, ela permaneceu no cargo até sua morte em 28 de setembro de 2023, tornando-se a senadora com mais longo exercício de mandato da história dos Estados Unidos, ultrapassando Mikulski.

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Dianne Goldman nasceu em São Francisco, filha de Betty Rosenburg e Leon Goldman, um cirurgião de renome nacional. Seus avós paternos eram emigrantes judeus da Polônia; os avós maternos eram cristãos ortodoxos russos.[8]

Em 1955, ela graduou-se em História, pela Universidade Stanford.[9]

Feinstein foi casada três vezes. Em 1956, casou-se com Jack Berman (falecido em 2002), divorciando-se três anos depois. O casal teve uma filha, Katherine Feinstein Mariano (nascida em 1957), que é juíza da Suprema Corte de São Francisco.

Em 1962, logo após o início de sua carreira na política, Feinstein casou-se com o neurocirurgião Bertram Feinstein, que morreu de câncer de cólon em 1978. Em 1980, ela se casou com o banqueiro Richard C. Blum, seu atual marido.

Em 2003, Feinstein possuía um patrimônio estimado em 26 milhões de dólares e era a quinta senadora mais rica dos Estados Unidos.[10] Em 2005 seu patrimônio líquido tinha aumentado para 99 milhões.[11] Em janeiro de 2006, sua declaração de bens e direitos tinha 347 páginas.[12]

Carreira política[editar | editar código-fonte]

Prefeita de São Francisco[editar | editar código-fonte]

Feinstein como prefeita de São Francisco

Feinstein serviu o restante do mandato do prefeito George Moscone, assassinado em 27 de novembro de 1978, por um político rival.[13][14] Ela foi reeleita em 1983, ocupando o cargo até 1988.

Um dos primeiros desafios foi o de enfrentar os problemas do sistema de teleférico de São Francisco. No final de 1979, o sistema foi desligado para reparos de emergência, e uma avaliação técnica concluiu que seria necessária uma reconstrução total, ao custo de USD 60 milhões. Feinstein pediu um empréstimo federal para a maior parte da obra. O sistema foi fechado para reconstrução em 1982 e reaberto em 1984, a tempo de a Convenção Nacional Democrata ser realizada na cidade.[15] Feinstein também supervisionou as políticas de planejamento para aumentar o número de arranha-céus na cidade.[16]

Durante a Convenção Nacional Democrata de 1984, houve a especulação, por parte da mídia e do público, de que o candidato Walter Mondale poderia escolher Feinstein como sua companheira de chapa. No entanto, ele escolheu Geraldine Ferraro.

Senadora dos Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

Feinstein em 2010

Em 3 de novembro de 1992, Feinstein venceu uma eleição especial, para preencher o lugar do senador Pete Wilson, que havia renunciado para assumir o cargo de governador da Califórnia. Feinstein foi reeleita em 1994, em 2000 e 2006.

Aprovação[editar | editar código-fonte]

Fonte Data Aprova Desaprova Indecididos
Survey USA 17 de janeiro de 2008 43% 48% 10%
Public Policy Polling 2 de fevereiro de 2011 50% 39% 11%

Posições políticas[editar | editar código-fonte]

Segundo o Los Angeles Times, Feinstein enfatizou seu centrismo quando concorreu pela primeira vez a cargos estaduais, nos anos 1990, numa época em que a Califórnia era mais conservadora. Aos poucos, ela foi tendendo ligeiramente para a esquerda, ao mesmo tempo em que a Califórnia se tornou um dos estados mais pró-democratas,[17][18][19] embora ela nunca tenha ingressado nas fileiras dos progressistas do partido, e pertencesse à moderada (hoje extinta) New Democrat Coalition, do Senado.

Assuntos militares[editar | editar código-fonte]

Em 13 de junho de 1994, enquanto fazia o discurso de abertura no Stanford Stadium, Feinstein declarou:

"É hora de um plano racional de conversão da defesa em vez do fechamento aleatório de bases e do cancelamento fragmentado de contratos de defesa. Caso contrário, corremos o risco de perder, tanto para o Estado como para a nação, os maiores recursos de capital científico, técnico e humano jamais reunidos na história da humanidade".[20]

Em 2017, sob a administração do Trump, Feinstein criticou a proibição de alistamentos de transgêneros nas forças armadas.[21]

Também na administração Trump, Feinstein votou a favor do orçamento da defesa para o ano fiscal de 2019 (USD 675 bilhões). [22]

Segurança nacional[editar | editar código-fonte]

Em 2011, Feinstein votou pela extensão do Patriot Act e das disposições da FISA.[23]

Atenção à saúde[editar | editar código-fonte]

Feinstein apoiou o Affordable Care Act, votando repetidamente para derrotar as iniciativas contrárias a essa lei.[24]

Votou pela regulamentação do tabaco como droga; pela expansão do State Children's Health Insurance Program (SCHIP); pela derrubada do veto presidencial ao acréscimo de 2 a 4 milhões de crianças elegíveis para o SCHIP; pelo aumento da dedução do Medicaid para a produção de medicamentos genéricos; pela negociação de compras por atacado de medicamentos prescritos pela Medicare; pela permissão de reimportação de medicamentos do Canadá; pela permissão de os pacientes processarem empresas de seguro saúde e receberem indenizações punitivas; pela inclusão no Medicare de medicamentos prescritos; teste de meios para o Medicare (elegibilidade para o Medicare, com base nos meios de que dispõe). Feinstein votou contra permitir que os indígenas tribalizados optassem por não participar do serviço federal de saúde indígena (Indian Health Service).[25]

Pena de morte[editar | editar código-fonte]

Em 1990, quando Feinstein, concorreu pela primeira vez a um cargo no estado, ela se opôs à pena capital.[17] Em 2004, ela pediu a pena de morte, no caso do policial de São Francisco, Isaac Espinoza, que foi morto em serviço.[26] Já em 2018, ela se opôs à pena capital.[17][18]

Venda de armas[editar | editar código-fonte]

Em setembro de 2016, Feinstein apoiou o plano da administração Obama de vender mais de USD 1,15 bilhão em armas à Arábia Saudita. [27]

Vigilância em massa e privacidade dos cidadãos[editar | editar código-fonte]

Em 12 de maio de 2011, Feinstein copatrocinou o PIPA.[28] Em janeiro de 2012, ela se reuniu com representantes de empresas de tecnologia, incluindo Google e Facebook. Segundo um porta-voz, Feinstein "está fazendo tudo o que pode para garantir que o projeto seja equilibrado e responda às preocupações sobre propriedade intelectual da comunidade de conteúdo sem sobrecarregar injustamente empreendimentos legítimos, como os mecanismos de busca na Internet".[29]

Após seu voto de 2012 para estender o Patriot Act e as disposições da FISA,[23] e após as divulgações de vigilância em massa em 2013, envolvendo a National Security Agency (NSA), Feinstein promoveu e apoiou medidas para continuar os programas de coleta de informações. Feinstein e o senador Saxby Chambliss também defenderam a solicitação da NSA à Verizon de todos os metadados sobre chamadas telefônicas feitas dentro dos EUA e dos EUA para outros países. Ambos alegaram que as informações coletadas pela inteligência nas comunicações telefônicas são usadas para conectar linhas telefônicas a terroristas e que não armazenavam o conteúdo das chamadas telefônicas ou mensagens.[30] Segundo a Foreign Policy, Feinstein tinha a "reputação de ferrenha defensora das práticas da NSA e [da] recusa da Casa Branca em acompanhar as atividades de coleta de informações visando líderes estrangeiros".[31]

Em outubro de 2013, Dianne Feinstein criticou a NSA por monitorar as ligações telefônicas de líderes estrangeiros aliados dos EUA.[32] Em novembro do mesmo ano, ela propôs o projeto do FISA Improvements Act, que incluía uma "cláusula de busca pela porta dos fundos" que permitia que as agências de inteligência continuassem a fazer buscas sem mandado, desde que fossem registradas e "disponíveis para revisão" de várias agências. Seus oponentes consideraram que o projeto de lei regulamentaria o acesso, sem mandado, às comunicações de cidadãos americanos, para uso pelas autoridades policiais nacionais.[33]

Em junho de 2013, Feinstein tachou Edward Snowden de "traidor", depois que seus "vazamentos" se tornaram públicos. Em outubro do mesmo ano, ela declarou que mantinha a mesma opinião.[34]

Enquanto elogiava a NSA, Feinstein havia acusado a CIA de bisbilhotar e remover arquivos dos computadores de membros do Congresso, dizendo: "A CIA não perguntou ao comitê ou ao seu staff se o comitê teve acesso à revisão interna ou como a obtivemos. Em vez disso, a CIA simplesmente foi lá e vasculhou o computador do comitê".[35] Ela também declarou que "a pesquisa da CIA pode muito bem ter violado os princípios de separação de poderes incorporados na Constituição dos Estados Unidos".[36][37]

Após a disputa da criptografia do FBI-Apple em 2016, Dianne Feinstein, juntamente com Richard Burr, propôs um anteprojeto de lei que provavelmente criminalizaria todas as formas de criptografia forte na comunicação eletrônica entre cidadãos. [38][39][40][41] O anteprojeto de lei exigia que as empresas de tecnologia dos EUA fornecessem sua criptografia em "formato inteligível" (ou "assistência técnica") ao governo, para que este pudesse ter acesso a dados de usuários, mediante ordem judicial.[38][39][40][41]

Em 2020, Feinstein copatrocinou o projeto de lei EARN IT, que propõe a criação de um comitê de 19 membros para instituir uma lista de melhores práticas que os websites devem seguir a fim de atender à seção 230 do Communications Decency Act.[42] O EARN IT efetivamente tornaria ilegal a criptografia de ponta a ponta, impedindo o uso desse instrumento de segurança nas comunicações privadas.[43]

Morte[editar | editar código-fonte]

Enquanto ainda no cargo, Feinstein morreu em 28 de setembro de 2023, aos noventa anos.[44]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Fe». Real Names of Famous Folk. Cópia arquivada em 5 de abril de 2008 
  2. a b Freedman, Dan (24 de janeiro de 2013). «Sen. Feinstein rolls out gun ban measure». San Francisco Chronicle. Hearst 
  3. Steinhauer, Jennifer (24 de janeiro de 2013). «Senator Unveils Bill to Limit Semiautomatic Arms». The New York Times 
  4. Simon, Richard (17 de abril de 2013). «Senate votes down Feinstein's assault weapons ban». Los Angeles Times 
  5. Coile, Zachary (16 de dezembro de 2008). «Feinstein gets nod to chair intelligence panel». The San Francisco Chronicle 
  6. Associated Press e Agence France-Presse (21 de janeiro de 2009). «Millions witness moment». The Straits Times. (Singapura) 
  7. Press, Associated. «No Retirement Talk from Dianne Feinstein, Oldest US Senator» 
  8. Slater, Robert; Elinor Slater (2004). Great Jewish Women. Middle Village, New York: Jonathan David Publishers. p. 78 
  9. Dianne Feinstein's Biography. Vote Smart.
  10. Loughlin, Sean; Robert Yoon (13 de junho de 2003). «Millionaires populate U.S. Senate». CNN. Consultado em 7 de maio de 2007 
  11. «Personal Financial Disclosures Summary: 2005». opensecrets.org. Consultado em 9 de maio de 2007. Arquivado do original em 12 de abril de 2007 
  12. «Senate Public Financial Disclosure Report for Senator Diane Feinstein» (PDF). US Senate/Washington Post. 9 de junho de 2006. Consultado em 31 de outubro de 2020 
  13. «Trial Testimony of Dianne Feinstein». Univ. of Missouri, Kansas City 
  14. «Dianne Feinstein Announces Death of Harvey Milk». You Tube 
  15. «Museums in Motion - 1984: Rejuvenation». Market Street Railway. Consultado em 19 de outubro de 2007 
  16. Andrew Stevens. «Gavin Newsom Mayor of San Francisco». City Mayors. Consultado em 11 de março de 2008 
  17. a b c Wire, Sarah D. (23 de maio de 2018). «Why centrist Dianne Feinstein is moving so much to the left that she now opposes the death penalty». latimes.com 
  18. a b «When did Dianne Feinstein start opposing the death penalty?». The Mercury News. 23 de maio de 2018 
  19. Malone, Clare (4 de junho de 2018). «Why California Hasn't Moved On From Dianne Feinstein». FiveThirtyEight (em inglês) 
  20. «COMMENCEMENTS; Feinstein, at Stanford, Warns Of Too Hasty Military Trims». New York Times. 14 de junho de 1993 
  21. DeMarche, Edmund (30 de agosto de 2017). «Feinstein stuns San Francisco crowd: Trump 'can be a good president'». Fox News 
  22. «Here's how Sens. Feinstein and Harris voted on military raises, opioid addiction and drug prices». The Press-Enterprise. 21 de setembro de 2018 
  23. a b «ontheissues.org: Vote number 11-SV019 extending the PATRIOT Act's roving wiretaps on Feb 17, 2011 regarding bill H.514 FISA Sunsets Extension Act Results: Passed 86–12» 
  24. Feinstein voting record on Health Care issues, Vote Smart
  25. Dianne Feinstein on Health Care, On The Issues
  26. Matier, Phillip; Ross, Andrew (21 de abril de 2004). «Feinstein's surprise call for death penalty puts D.A. on spot». SF Gate 
  27. Roll Call Votes 114th Congress - 2nd Session (2016) – 145 (71-27). United States Senate.
  28. «Bill Summary & Status – 112th Congress (2011–2012) – S.968 – Cosponsors – THOMAS (Library of Congress)». Cópia arquivada em 4 de setembro de 2013 
  29. Lochead, Carolyn (17 de janeiro de 2012). «Debate over Internet piracy legislation heats up». San Francisco Chronicle 
  30. Feinstein: NSA 'protecting America'. Por Tim Mak e Burgess Everett. Politico. 6 de junho de 2013.
  31. "Dianne Feinstein Is Still a Friend of the NSA After All Arquivado em 2013-11-15 no Wayback Machine." Foreign Policy, 1º de novembro de 2013.
  32. Lewis, Paul and Spencer Ackerman. NSA: Dianne Feinstein breaks ranks to oppose US spying on allies. The Guardian. 28 de outubro de 2013.
  33. Ackerman, Spencer. Feinstein promotes bill to strengthen NSA's hand on warrantless searches. The Guardian. 15 de novembro de 2013.
  34. Herb, Jeremy. Feinstein stands by labeling Snowden a traitor Arquivado em 2013-11-05 no Wayback Machine. The Hill, 29 de outubro de 2013.
  35. Abdullah, Halimah (12 de março de 2014). «Feinstein says CIA spied on Senate computers Resize Text Print Article Comments 57». CNN 
  36. Hypocrite Sen. Feinstein Hates Being Spied On..but, OK To Spy on You (Notas de mídia). 11 de março de 2014 – via YouTube 
  37. Feinstein doesn’t like the CIA spying on her committee. But she’s fine with NSA bulk data collection. By Andrea Peterson. The Washington Post. 12 de março de 2014.
  38. a b Dustin Volz; Mark Hosenball (8 de abril de 2016). «Leak of Senate encryption bill prompts swift backlash». Reuters 
  39. a b Eric Geller (29 de fevereiro de 2020). «Senate bill effectively bans strong encryption». The Daily Dot 
  40. a b Sean Vitka (8 de abril de 2016). «'Leaked' Burr-Feinstein Encryption Bill Is a Threat to American Privacy». Vice 
  41. a b Mike Masnick (8 de abril de 2016). «Burr And Feinstein Release Their Anti-Encryption Bill... And It's More Ridiculous Than Expected». Techdirt 
  42. «S.3398 - EARN IT Act of 2020». Congress.gov. 5 de março de 2020 
  43. «A sneaky attempt to end encryption is worming its way through Congress». theverge.com. 12 de março de 2020 
  44. Karni, Annie (29 de setembro de 2023). «Senator Dianne Feinstein Dies at 90». The New York Times (em inglês). Consultado em 29 de setembro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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