José López Portillo

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José López Portillo y Pacheco
José López Portillo
foto oficial, circa 1976
58.º Presidente do México
Período 1 de dezembro de 1976
a 30 de novembro de 1982
Antecessor(a) Luis Echeverría Álvarez
Sucessor(a) Miguel de la Madrid Hurtado
Dados pessoais
Nascimento 16 de junho de 1920
Cidade do México, México
Morte 17 de julho de 2004 (84 anos)
Cidade do México, México
Primeira-dama Carmen Romano Nölck (1951-1991)
Sasha Montenegro (1995-2004)
Partido Partido Revolucionário Institucional
Religião Católico romano
Profissão Advogado, escritor e político

José López Portillo y Pacheco (Cidade do México, 16 de junho de 1920 — Cidade do México, 17 de julho de 2004)[1] foi um político mexicano e presidente de seu país entre 1976 e 1982.

Vida[editar | editar código-fonte]

Nasceu no seio de uma família de destacados intelectuais. Seu avô, José López Portillo y Rojas, distinguiu-se como intelectual no século XIX, foi membro da Academia Mexicana e ministro de dois dos governos conservadores durante a Guerra da Reforma. Seu pai, José López Portillo y Weber, destacou-se no campo das letras e casou-se com Rosário Pacheco.

Enquanto jovem, cursou a licenciatura em Direito na Universidade Nacional de México (atual UNAM). Contraiu primeiras núpcias em 1951 com Cármen Romano, com quem teve três filhos. Entrou para o serviço público pela mão do Partido Revolucionário Institucional, organização que dominou por completo a vida política mexicana no século XX. Em 1961 efetiva o doutoramento em ciências administrativas no Instituto Politécnico Nacional, na Escuela Superior de Comércio y Administración, e após uma rápida ascensão na hierarquia do governo federal, foi nomeado ministro das finanças, cargo que desempenhou entre 1973 e 1975. Nessa altura, os presidentes oriundos do PRI escolhiam pessoalmente os seus sucessores, e José López Portillo foi o escolhido por Luis Echeverría. Durante os meses que se seguiram a esta escolha, López Portillo efetuou uma campanha presidencial sem ter pela frente qualquer adversário: o único partido registado da oposição, o Partido de Ação Nacional (PAN), não apresentou qualquer candidato devido a intensas divisões internas.

Mandato presidencial (1976-1982)[editar | editar código-fonte]

López Portillo tomou posse em 1 de dezembro de 1976 numa altura em que o ambiente político mexicano era de tensão. A situação política do país era difícil dado que, poucos dias antes, o presidente Echeverría havia procedido a uma das maiores desvalorizações monetárias a que o país alguma vez assistira. Ainda assim, o novo presidente contava com vários fatores em seu favor. A nível pessoal, López Portillo era muito mais carismático que o seu antecessor, e rapidamente conquistou a simpatia popular. Por outro lado, a crise internacional do petróleo, em conjunção com a descoberta de novas reservas petrolíferas no Golfo do México, catapultariam o México para um dos lugares cimeiros no que tocava à exportação de crude neste período, atraindo assim enormes quantidades de divisas ao país num intervalo de tempo relativamente curto.

Os seus principais êxitos deram-se na área das relações exteriores. Organizou a Cimeira Internacional Norte-Sul na cidade de Cancún (1981) como forma de promover o diálogo entre os países ricos e os países do chamado terceiro mundo; procurou conseguir soluções para os vários conflitos armados que então ocorriam em vários países da América Central; retomou as relações diplomáticas com a Espanha (cortadas desde os tempos do franquismo) e recebeu a visita do Papa, o qual rezou uma missa ao ar livre transmitida ao vivo pela televisão pública (algo sem precedentes na história moderna do México). Pelos seus esforços na política internacional foi agraciado com o Prémio Príncipe das Astúrias em 1981.

No entanto, em matéria econômica, a sua administração caracterizou-se por tomar decisões arbitrárias e financeiramente ineptas que levariam ao estalar da crise mais severa da história da nação mexicana. Contagiado pela euforia dos mercados, o governo contraiu uma série de empréstimos de forma pouco responsável, que somados à falta de visão e à corrupção galopante que vigorava no governo federal, acabariam por não só reduzir a zero os benefícios obtidos através do petróleo mas também multiplicariam a dívida externa e conduziriam à desvalorização do peso em cerca de 400%. Durante os últimos anos do seu governo, ocorreu uma fuga maciça de capitais como resultado do pânico instalado entre os investidores devido à má gestão econômica por parte do governo e este último viu-se na necessidade de declarar uma moratória nos pagamentos da dívida e a nacionalização dos bancos.

López Portillo terminou o seu mandato em 1 de dezembro de 1982. Escolheu como seu sucessor Miguel de la Madrid, um conhecido advogado neoliberal com experiência em matéria econômica e o primeiro de uma série de governantes com uma visão orientada pela economia de mercado e formado em universidades estrangeiras.[2]

Depois da presidência[editar | editar código-fonte]

Afastado da cena política dedicou-se a escrever a sua autobiografia e outros livros com êxito moderado. No entanto, a sua vida privada continuou a ser motivo de escândalo. Após envolver-se num romance tórrido com a sua ministra do turismo, Rosa Luz Alegría, mudou-se com a família para uma faustosa residência situada nos subúrbios da capital mexicana, o que aumentou as suspeitas de estar envolvido em esquemas de corrupção. Em 1995 contraiu segundas núpcias com a atriz Sasha Montenegro, com quem teve dois filhos.

Os seus últimos anos foram particularmente difíceis. Parcialmente paralisado como consequência de uma embolia, viu-se envolvido numa disputa feroz pela custódia dos seus bens, entre os seus filhos do casamento com a senhora Romano e a sua segunda esposa. Morreu aos 84 anos de idade, vítima de uma complicação cardíaca produzida pela pneumonia que o levara a ser internado num hospital dias antes, na Cidade do México em 17 de julho de 2004.[1]

Alguns dos livros escritos por José López Portillo[editar | editar código-fonte]

  • Génesis y Teoría del Estado Moderno (1965)
  • Quetzalcóatl (1965)
  • Don Q (1987)
  • Mis Tiempos (2 tomos, 1988)
  • Umbrales (1997)
  • El súper PRI (2000)

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Precedido por
Luis Echeverría

Presidente do México

1 de dezembro de 1976 — 1 de dezembro de 1982
Sucedido por
Miguel de la Madrid