Rotativismo

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Rotativismo foi a designação dada ao sistema, dentro um sistema político-partidário, em que apenas dois partidos se tornam mais fortes que os restantes e passam para a governação em alternância sistemática entre eles, muitas vezes apoiando-se mutuamente nos bastidores, e que não deixam aspirar à mesma os restantes partidos que eventualmente possam existir.

Rotativismo em Portugal[editar | editar código-fonte]

Este sistema vigorou em Portugal durante a segunda metade do século XIX, com maior expressão no período entre 1878 e 1900. O sistema era caracterizado pela alternância no poder dos dois grandes partidos políticos do centro-direita e centro-esquerda, na maior parte do período entre o Partido Regenerador e o Partido Progressista ou o Partido Histórico.

O rotativismo português, de inspiração britânica, teve o seu período áureo entre 1878 e 1890: durante esse período, o Partido Regenerador, liderado por Fontes Pereira de Melo, governou durante 81 meses e o Partido Progressista durante 69 meses. Fora deste regime alternante ficavam apenas os pequenos partidos de oposição permanente – o Partido Republicano Português e o Partido Socialista Português – que se dedicavam ao combate contra o regime pela via doutrinária, perpetuamente fora do arco do poder e sem expressão parlamentar relevante.

No rotativismo português, os dois partidos do centro – Regenerador e Progressista – conseguiram, com pequenos hiatos, manter a alternância no poder até 1906, ano em que o sistema finalmente colapsa por esgotamento de soluções que resulta da dissidência de João Franco que em 1901 liderara uma cisão no Partido Regenerador que dera origem à formação dum novo Partido – o Regenerador Liberal (que ainda assim apenas conseguiu um lugar de deputado nas eleições).

Apesar dos maus resultados eleitorais, aliás de esperar face ao caciquismo e à fraude eleitoral que protegia os partidos do rotativismo, João Franco consegue manter uma intensa ação de propaganda que lhe permitiu em Abril de 1906 formar a Concentração Liberal, unindo-se ao Partido Progressista para combater nas urnas o Partido Regenerador que acabara de ascender ao poder. Nas suas palavras, aquilo que décadas antes fora o garante da estabilidade política e do constitucionalismo era agora denunciado como a alternação no poder de dois Partidos acordados entre si para evitarem uma séria fiscalização parlamentar.

A implantação da República Portuguesa a 5 de Outubro de 1910 e a recomposição partidária que se lhe seguiu pôs fim ao sistema, já que durante a curta Primeira República Portuguesa o predomínio do Partido Republicano Português e a instabilidade política que se seguiu à sua fragmentação nunca permitiram que o sistema se refizesse. Apenas nas últimas duas décadas do nosso tempo começam a surgir sinais de um novo rotativismo, desta vez protagonizado pelo Partido Socialista e pelo Partido Social-Democrata, mas ainda sem expressão real.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Partidocracia

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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