Anteprojeto de João Augusto de Mattos Pimenta para construção de Brasília
O anteprojeto de João Augusto de Mattos Pimenta para construção de Brasília foi elaborado pelo mesmo que é médico, jornalista e fundador da Bolsa de Imóveis do Rio de Janeiro. Devido a ausência de material, o ano e o conteúdo do esboço não é reconhecido. No entanto, é reconhecido pela sua experiência urbana, devido a inspiração de franceses, ingleses e alemães.
Profissional no ramo imobiliário do Rio de Janeiro desde a década de 1920, Mattos Pimenta foi um crítico em relação a então capital federal, questionando o problema do morro nas favelas. De acordo com seu neto, J. D'Ávila Pompéia, o anteprojeto seria projetado entre circulação de pedestres e veículos, ou seja, pedestres estariam próximo de edifícios, enquanto os veículos estariam abaixo deles, organizando a concentração entre um e outro.
Uma Cidade sem Palácios, sem Favelas e sobre Pilotis[editar | editar código-fonte]
O anteprojeto de Mattos Pimenta propõe uma cidade construída sobre pilotis, ou seja, a partir da superfície do terreno, oferecendo à construção um ar de leveza, além de evitar problemas com umidade. Uma cidade em dois níveis: o primeiro, baseado no solo, para o tráfego de veículos. E o segundo, sustentado pela base, onde os pedestres transitam. A locomoção entre um nível e outro acontece através de elevadores dos prédios e escadas públicas nas esquinas. [1]
Um exemplo de pilotis é a fachada do Palácio do Planalto, obra de Oscar Niemeyer.
História[editar | editar código-fonte]
Carreira urbana[editar | editar código-fonte]
João Augusto de Mattos Pimenta, fundador da Bolsa de Imóveis do Rio de Janeiro, esteve no ramo imobiliário do Rio de Janeiro, até então capital federal, desde a década de 1920.[2] Apesar de ter as profissões de médico e jornalista no currículo, sua maior atuação foi na Bolsa de Imóveis da Capital Federal, fundada em 1939.[2]
Embora não se saiba o período de elaboração deste anteprojeto, há indícios de que Mattos Pimenta tenha apresentado soluções sobre a experiência imobiliária, uma vez que o mesmo se articulava com referências da França, Inglaterra e Alemanha sobre urbanismo, paisagismo e planejamento.[2][3] Suas palestras no Rio de Janeiro, realizadas na década de 1920, criticava a falta de beleza na cidade, questionando a situação de morros e das favelas. A ideia de Mattos Pimenta era trazer todo o conhecimento da Europa para criar um plano urbano.[2]
Em 1926, Mattos Pimenta publicou um artigo composto por três pronunciamentos sobre o meio urbano da então capital federal. Primeiro, propôs solucionar o morro próximo das favelas: sugeriu ser nomeado para uma Comissão especial ao lado de José Mariano, Archimedes Memoria e Francisco Oliveira Passos e contribuiu com os deficientes, velhos e crianças moradores de morro, doando uma propriedade para que possa construir um asilo para eles.[2][4] Segundo, ele abordou o problema das favelas, questionando e criticando a ausência de infraestrutura que poderia ser resolvida com um planejamento urbano, consequência da invasão dos morros pelos barracos.[4]
No seu último pronunciamento, com a presença do prefeito Antônio da Silva Prado Júnior, Mattos Pimenta demonstra enfatiza suas referências para a realização de um projeto ao Rio de Janeiro.[4] Devido ao seu conhecimento internacional na área do urbanismo, exigiu uma posição das autoridades públicas quanto ao planejamento da cidade.[4]
Suposições do anteprojeto[editar | editar código-fonte]
Segundo as declarações de J. D'Ávila Pompéia, neto de João Augusto de Mattos Pimenta, o anteprojeto para a construção de uma nova capital federal seria definido entre uma circulação de pedestres e automóveis, ou seja, os pedestres estariam localizados em contato direto com os edifícios, ponto do comércio e serviços; enquanto os automóveis estaria abaixo do passeio dos pedestres, para não incomodá-los.[4] O único contanto entre ambos seria por um meio de circulação vertical semelhante a escada rolante.[4] Além disso, com os edifícios envidraçados seria considerado a principal imagem da cidade, o subsolo estaria voltado para os veículos, enquanto que as atividades dos pedestres estariam concentrados em sua área de circulação.[4]
Mattos Pimenta teria apresentado um plano com ideias menos conservadoras para o plano da cidade, aliando-se ao pragmatismo do mercado imobiliário e de seus conhecimentos urbanísticos do anteprojeto.[5] Ele não hesitou de participar das discussões imobiliárias para a construção da Nova Capital – que até então era o Rio de Janeiro, esclarecendo a importância do empreendimento imobiliário para o anteprojeto de uma nova cidade.[5]
Referências
- ↑ Revista Manchete de 16/02/1957, Edição 252, página 38 e 39.
- ↑ a b c d e Tavares 2004, p. 153.
- ↑ Goularte, Bruna (19 de abril de 2015). «As Brasílias que não saíram do papel». Centro Universitário de Brasília (CEUB). Agência Ceub. Consultado em 24 de julho de 2020
- ↑ a b c d e f g Tavares 2004, p. 154.
- ↑ a b Tavares 2004, p. 155.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Tavares, Jefferson (2004). Projetos para Brasília (PDF) (Dissertação de Mestrado). São Paulo: Universidade de São Paulo. pp. 153–155. 546 páginas. Consultado em 24 de julho de 2020