Emílio Figueira

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Emílio Figueira
Emílio Figueira
Foto: Acervo Livre da USP

Emílio Carlos Figueira da Silva (São Paulo, 09 de setembro de 1969), jornalista, psicólogo, psicanalista, cientista, teólogo, escritor, dramaturgo e poeta brasileiro. Por causa de uma asfixia durante o parto, Emílio Figueira[1] ficou com paralisia cerebral,[2] problemas de coordenação motora nos movimentos e na fala.[3] Autor de mais de noventa livros variados entre científicos, pedagógicos e literários,[4] peças teatrais e roteiros audiovisuais.[5] E uma vasta produção de quarenta anos sobre Inclusão Social e Educação Inclusiva[6][7] no Brasil.[8] Recebeu vinte e dois prêmios na literatura, jornalismo e teatro.[9]

Jornalismo, Literatura, Dramaturgia[editar | editar código-fonte]

Após uma década de longos e intensos tratamentos nos anos 1970 na Associação de Assistência à Criança Deficiente, a AACD, aos 11 anos, Emílio Figueira deixou São Paulo para morar em uma pequena cidade do interior, Guaraçaí.[10] Um ano depois já escrevia reportagens para a “Folha de Guaraçaí” e outras publicações e rádios da região do noroeste paulista. Aos 18 anos, em 1986, formou-se em jornalismo técnico. Aos 19 anos, mudou-se para Bauru, chegando a ser chefe-de-redação da extinta “Folha da Cidade”, grupo que editava três jornais. Nos últimos quarenta anos, Figueira escreveu para vários jornais, revistas e portais de massa e tantas outras publicações alternativas.

Emílio Figueira, desde muito novo, teve uma queda grande pelas artes, produzindo entre os 2 e 5 anos de idade, inúmeros desenhos e pinturas. Aos 7 anos já escrevia seus primeiros poemas e contos. Aos 16, publicou o seu primeiro livro “Noites Guaraçaienses” (1986), somando a outras obras de poesias como “A Face Oculta” (1990), “Canções Da Gaveta Muda” (2014), “Curta Filosofia” (2018), além de participar de várias antologias poéticas.

Nas coletâneas de seus livros literários publicados no Brasil,[11][12] entre infantis, juvenis, contos, novelas literárias, destacam-se os romances[13] “Quando o Verão Chegar” (1987), “O Palco Da Ilusão” (1988), “A Fábrica De Sorrisos” (1997), “O Homem Que Amou em Silêncio” (2013), “Flores Entre Rochas” (2015), “Ventos Nas Velas” (2020), “Os Amores Que Não Vivi”[14] (2021) e “Cristãos Sem Bandeiras” (2023), "Folhetins Emiilianos - Novelas Selecionadas" (2023). Parte deles foram traduzidos para o inglês, espanhol, francês e italiano..

Dentre suas obras infantojuvenis estão “O Desajeitado” (1986), “Do Chocolate, Ao Primeiro Beijo” (1989), “O Astronauta Que Vende Banana” (1999), “Lembranças De Um Ano Letivo” (2006) “O Machado E A Árvore” (2011), “Os Brinquedos” (2011), “O Martelo E O Prego” (2011), “Juca, O Boleiro” (2012), “Memórias De Uma Menina Sapeca” (2016) e “As Cartas De Aninha” (2020), “Memórias De Thiago Na Chácara De Seus Avós” (2023), “As Pipas De Rafael” (2023), “Amável Arara Azul” (2023), “O Menino Que Decidia Ser Escritor” (2023), “Uma Minhoca Chamada Maroca” (2023) e “Chanel, Uma Bezerra Na Cidade” (2023).

De vida limitada por sua deficiência motora, escreveu dois livros de memórias detalhados,[15] “O Caso Do Tipógrafo”[16] (2009 – Prêmio Sentidos de Literatura em 2010) e “Confissões De Um Bom Malandro” (2019).

Como dramaturgo, Figueira é autor das peças como “O Desajeitado” (1986), “Uma Psicóloga Em Minha Vida” (1997), “Encontro Não Marcado” (1997), “Do Chocolate, Ao Primeiro Beijo! (1997), “Enfim, Brigamos!” (2000), “A Fábrica De Loucos” (2010), “O Toque Da Campainha” (2012), “Cinquenta Minutos” (2014), “Aprendendo Com Moluscos” (2014), os musicais “Assim Eram Os Festivais” (2019), “A Nova Turma De Dukinha” (2020) e “Obrigado Por Cuidar De Mim” (2022).

Argumentista de três episódios para o extinto programa “Você Decide” da Rede Globo e vários roteiros para emissoras educativas. Dentro de sua produção audiovisual como roteirista e documentarista, destacam-se “Diálogos – O Filme” (2011), “1981 – O Início Da Minha História Inclusiva” (2014), “Noites Guaraçaienses[17] – O Nascimento De Um Poeta” (2016), “Sementes De Minha Inclusão” (2017) e “Traços de Interior” (2022).

Carreira Científica, Educação Inclusiva, Inclusão Social[editar | editar código-fonte]

Em 1993, Emílio Figueira foi convidado a escrever um livro sobre a história do Centrinho (Hospital de Reabilitação de Anomalia Craniofaciais da USP/Bauru), onde começou sua carreira de pesquisador científico.[18] Em sete anos que permaneceu no Centrinho, ele produziu seis monografias de especializações sobre pessoas com deficiência.

Aos 33 anos, voltou a estudar com o desafio de chegar ao grau de cientista. No final de 2006, bacharelou-se em Psicologia pela Universidade do Sagrado Coração-USC/Bauru. Ainda na faculdade, estudava e escrevia sobre o que ele chamava de “Arte e Loucura”,como o fazer artístico poderia ajudar na saúde mental, escrevendo os livros “Psicologia Da Arte” (2012), “Raízes Da Psicologia Da Arte” (2013) e “História Da Arte E Loucura” (2013).

Voltou para São Paulo em 2007, fazendo mestrado em Educação Inclusiva, com a dissertação “As Pessoas Com Deficiência Dialogando Com A Arte” (2009). Depois formação e doutorado em psicanálise com sua tese publicada em livro “A Meia-Idade Do Século XXI” (2010). Em 2012, Emílio Figueira bacharelou-se em teologia e três anos depois, doutorou-se novamente como teólogo, tese transformada no livro “Teologia Da Inclusão[19] - A trajetória das pessoas com deficiência na história do Cristianismo” (2015, relançada em 2023 com o título "As Pessoas Com Deficiência Ao Longo Do Cristianismo - Bases Históricas Para Uma Teologia Da Inclusão"..

Após vinte e sete anos como pesquisador científico e conferencista de pós-graduações em psicologia e pedagogia em universidades brasileiras,[20] dentre as quais a Universidade de São Paulo/USP, sua produção acadêmica passa de mais de cem trabalhos publicados no Brasil e em vários países, que deram origens aos seus livros de coletâneas como “Introdução À Psicologia E Pessoas Com Deficiência” (2023), “Psicologia E Inclusão – Atuações Psicológicas Em Pessoas Com Deficiência” (2015), “O Psicólogo Como Mediador Na Educação Inclusiva” (2018), “Psicanálise E Pessoas Com Deficiência - Bases Teóricas Às Intervenções Clínicas E Na Sociedade Inclusiva”. Além de sua vida e obra ser tema de vários trabalhos acadêmicos pelo Brasil.

Emílio Figueira iniciou em 1983 sua militância em prol da inclusão[21] das pessoas com deficiência[22] no Brasil,[23] como é narrado no documentário “Digitando Com Um Dedo“ (2022) do diretor Rubens Castro, reconstituindo os quarenta anos em que, por ter uma vida restrita pela paralisia cerebral, fez do jornalismo, literatura, psicologia e da ciência suas armas “solitárias” em busca de uma realidade melhor e mais solidária. Sua obra “As Pessoas Com Deficiência Na História do Brasil”,[24] (4ª. ed. - 2021) é a única no gênero há mais de uma década.[25][26]

Premiado duas vezes pelo Memorial da Inclusão (SP), sua produção intelectual voltada[27] às questões educacionais de crianças e jovens com deficiência, passa de setecentos textos, vídeos, livros, reportagens, artigos, colunas publicadas em vários veículos de comunicação alternativos e de massa, artigos científicos, material sobre psicologia e pessoas com deficiência, teorias e práticas pedagógicas.[6][28] Livros como “O Que É Educação Inclusiva – Coleção Primeiros Passos” (2011) e “Introdução Geral Em Educação Inclusiva“ (2015). Além de ministrar mais de setenta palestras presenciais em escolas, faculdades, congressos e formações pedagógicas e online, treinamentos sobre Educação Inclusiva no país.

Referências

  1. «Relato GQ: "Mesmo com paralisia cerebral, tenho três graduações, cinco pós-graduações e dois doutorados", diz Emílio Figueira». GQ. Consultado em 16 de julho de 2022 
  2. «"Nunca digo 'não vou conseguir', digo 'vou tentar'"». novaescola.org.br. Consultado em 16 de julho de 2022 
  3. Alfabetização de alunos com paralisia cerebral, consultado em 16 de julho de 2022 
  4. «Da paralisia à militância: superação em busca de representatividade». 24 de junho de 2020. Consultado em 16 de julho de 2022 
  5. «Escritor brasileiro com paralisia cerebral publicou 70 livros». razoesparaacreditar.com. 13 de julho de 2018. Consultado em 16 de julho de 2022 
  6. a b «Continue lendo com acesso ilimitado.». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 16 de julho de 2022 
  7. Pinto, Rua Dr Virgílio de Carvalho; e 3726-4468, 445-Pinheiros São Paulo/SP- CEP: 05415-030 Brasil (24 de julho de 2020). «Escritor Emílio Figueira defende educação inclusiva em suas obras». Diversa. Consultado em 16 de julho de 2022 
  8. «Depoimento: "Inclusão é convivência", diz Emílio Figueira». VEJA. Consultado em 16 de julho de 2022 
  9. «Paulistano com paralisia cerebral tem mais de 50 livros publicados». Catraca Livre. 12 de dezembro de 2014. Consultado em 16 de julho de 2022 
  10. Comunicação, Grupo Agitta de. «Ex-morador da região com paralisia cria projeto gratuito de inclusão - Hojemais de Araçatuba SP». www.hojemais.com.br. Consultado em 16 de julho de 2022 
  11. «Vencer Limites na Rádio Eldorado – 36». Vencer Limites. Consultado em 16 de julho de 2022 
  12. Pascale, Ademir. «Emílio Figueira, escritor com paralisia cerebral e autor de 90 livros, lança novo romance». Consultado em 16 de julho de 2022 
  13. «Folhetins Emilianos: Novo site inclusivo reúne toda obra literária do autor Emílio Figueira». 9 de maio de 2022. Consultado em 16 de julho de 2022 
  14. «Emílio Figueira lança livro Ventos nas Velas». R7.com. 2 de junho de 2021. Consultado em 16 de julho de 2022 
  15. Sales, Ana Gabriela (26 de junho de 2018). «Emílio Figueira e sua trajetória de superação». GGN. Consultado em 16 de julho de 2022 
  16. «Escritor discute conceitos de inclusão social e educação inclusiva em autobiografia». Vencer Limites. Consultado em 16 de julho de 2022 
  17. «Escritor com paralisia cerebral conta sua história em documentário». Vencer Limites. Consultado em 16 de julho de 2022 
  18. Rodrigues, Brida. «Emílio Figueira: Cientista na Linguagem de Jornalista». Revista Incluir - Ano 5 - Edição 38: 68 
  19. «Doutor com paralisia cerebral é o convidado do Inclusão Entrevista». promessistas.org. 6 de julho de 2022. Consultado em 16 de julho de 2022 
  20. «Emílio Carlos Figueira da Silva». Escavador. Consultado em 16 de julho de 2022 
  21. Wellichan, Danielle da Silva Pinheiro (30 de dezembro de 2021). «"A INCLUSÃO NA VIDA COMO NAS BIBLIOTECAS DEVE SER PAUTADA PELA CONVIVÊNCIA", diz o escritor Emílio Figueira». Revista Bibliomar: 250–253. ISSN 2526-6160. doi:10.18764/2526-6160v20n2.2021.26. Consultado em 16 de julho de 2022 
  22. «"O individualismo das novas gerações apaga a luta das pessoas com deficiência"». Vencer Limites. Consultado em 16 de julho de 2022 
  23. Malva, Pamela (24 de agosto de 2021). «'Sempre estivemos presentes na história de todos': A trajetória das pessoas com deficiência no Brasil». Aventuras na História. Consultado em 16 de julho de 2022 
  24. «LIVRO: 'As Pessoas com Deficiência na História do Brasil'». Vencer Limites. Consultado em 16 de julho de 2022 
  25. Reação, JORNALISMO (13 de março de 2021). «As Pessoas Com Deficiência na História do Brasil – Uma trajetória de silêncio e gritos!». Revista Reação. Consultado em 16 de julho de 2022 
  26. «O Legado De Emílio Figueira À Inclusão Brasileira por Acervo Inclusivo - Ebook». Scribd. Consultado em 16 de julho de 2022 
  27. Reação, JORNALISMO (29 de outubro de 2019). «Site disponibiliza acervo inclusivo de Emilio Figueira». Revista Reação. Consultado em 16 de julho de 2022 
  28. Alvarenga*, Thaissa (7 de outubro de 2021). «De professor para professor». Papo de Mãe. Consultado em 16 de julho de 2022