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Privilegium de non appellando

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Dentro do Sacro Império Romano, o privilegium de non appellando (privilégio de não apelar) era um privilégio que poderia ser concedido pelo imperador a uma propriedade imperial. Ele limitava o direito dos súditos de uma propriedade de apelar de casos de tribunais territoriais para qualquer um dos tribunais supremos imperiais, o Tribunal de Câmara Imperial (Reichskammergericht) ou o Conselho Áulico Imperial (Reichshofrat). O privilégio em si pode ser limitado ( imitatum) ou ilimitado (illimitatum). Quando ilimitado, efetivamente transformava o mais alto tribunal territorial em um tribunal de última instância.[1][2]

O privilégio era muito valorizado pelas propriedades imperiais, tanto porque dava prestígio quanto porque promovia a integração de sua administração ao separar seu judiciário do resto do Império. Entre os séculos 16 e 18, praticamente todas as propriedades maiores receberam o privilégio. Quase todas as terras dos Habsburgos tiveram o privilégio.[1]

Mesmo o privilégio ilimitado não era de fato absoluto. Não se aplicava quando um súdito não tinha direito a recorrer aos tribunais territoriais (recusa de justiça, Rechtsverweigerung) ou quando um governante se recusava a implementar uma decisão judicial (atraso da justiça, Rechtsverzögerung). Nesses casos, o assunto poderia ir a um tribunal imperial.[1][2]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c Gagliardo 1980, p. 29.
  2. a b Oestmann 2018, pp. 367–368.

Fontes[editar | editar código-fonte]

  • Eisenhardt, Ulrich (1980). Die kaiserlichen Privilegia de non appellando. Cologne: Böhlau 
  • Gagliardo, John G. (1980). Reich and Nation: The Holy Roman Empire as Idea and Reality, 1763–1806. Bloomington, IN: Indiana University Press 
  • Oestmann, Peter (2010). «Rechtsverweigerung im Alten Reich». Zeitschrift der Savigny-Stiftung für Rechtsgeschichte, Germanistische Abteilung. 127: 51–141. doi:10.7767/zrgga.2010.127.1.51 
  • Oestmann, Peter (2018). «Court Records as Sources for the History of Commercial Law: The Oberappellationsgericht Lübeck as a Commercial Court (1820–1879)». In: Heikki Pihlajamäki; Albrecht Cordes; Serge Dauchy; Dave De ruysscher. Understanding the Sources of Early Modern and Modern Commercial Law: Courts, Statutes, Contracts, and Legal Scholarship. Leiden: Brill Nijhoff. pp. 364–385 
  • Stodolkowitz, Stefan Andreas (2014). «Rechtsverweigerung und Territorialjustiz. Verfahren wegen iustitia denegata vel protracta am Oberappellationsgericht Celle». Zeitschrift der Savigny-Stiftung für Rechtsgeschichte, Germanistische Abteilung. 131: 128–181. doi:10.7767/zrgga-2014-0107