SOX (sistema operacional)

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Logomarca do Sistema Operacional SOX
Logomarca do Sistema Operacional SOX

SOX (Sistema Operacional X[1]) foi um sistema operacional Brasileiro baseado no UNIX, desenvolvido no final dos anos 80 pela COBRA[2] (Computadores e Sistemas Brasileiros S/A, atualmente BB Tecnologia e Serviço S/A), sob a liderança de Ivan da Costa Marques. Passou nos testes de verificação de compatibilidade, sendo certificado como compatível com o UNIX pela X/Open (através da Unisoft) no início de 1989.[3] SOX foi um dos primeiros Unix-like totalmente independente da AT&T[4], e o único reconhecido com padrão Unix desenvolvido fora dos Estados Unidos[5].

O SOX foi projetado para rodar em minicomputadores da própria Cobra, com processadores de arquitetura de 32 bits da Motorola[6], e fez parte da Política Nacional de Informática[2], cujo objetivo era alcançar a independência tecnológica no setor de Informática.

O Sistema Operacional SOX tinha como diferencial da época a utilização do conceito de Máquina Virtual para garantir a compatibilidade com o sistema UNIX e facilitar a portabilidade do SOX para outras arquiteturas.[2]

Estrutura do SOX[editar | editar código-fonte]

0 SOX era constituído de três componentes distintos, o Ambiente de Máquina Virtual, O Ambiente de Máquina Real e o Núcleo.

Ambiente da Máquina Virtual (AHV): É o conjunto das entidades denominadas Máquinas Virtuais. Cada Máquina Virtual (MV) é constituída de dois componentes, a Aplicação, que pode ser um programa escrito pelo usuário, um comando do SOX ou um arquivo de comandos, e o Servidor, sendo o componente que atende aos pedidos de serviço das Aplicações.

Ambiente da Máquina Real (AMR): E o conjunto das entidades denominadas Processos Máquina Real, e tem como principal objetivo controlar os componentes de Hardware, recebendo os pedidos do servidor.

Núcleo: É o componente responsável por criar e controlar as abstrações existentes tanto no Ambiente da Máquina Virtual como no Ambiente da Máquina Real, e também faz a comunicação e controle de fluxo entre estas entidades, bem como pela gerência de memória.[7]

Pacotes e Programas[editar | editar código-fonte]

Dentre os pacotes de programas oferecidos nativamente no SOX havia geradores gráficos, planilhas eletrônicas, processadores de textos, geradores de aplicações, linguagens de Quarta Geração e bancos de dados.[1]

Por ser totalmente compatível com o UNIX System V, o SOX também contava com todos os comandos de manipulação e softwares básicos de um sistema UNIX da época. Por exemplo: cal, calendar, date, ed, grep, kill, lpa, lpl, lpr, mail, mesg, passwd, ps, sort, tee, wc, who, cat, cd, chmod, cp, ls, mkdir, mv, pwd, rm, rmdir.[1]

Comunicação[editar | editar código-fonte]

A forma que o SOX fazia a comunicação de dados proporcionava a integração com outros sistemas SOX, UNIX e até com outros sistemas operacionais, pois seguia o padrão internacional especificado pelo Modelo de Referência para Interconexão de Sistemas Abertos (RM/OSI - Reference Model for Open Systems Interconnection) da Organização Internacional de Pa­dronização (ISO - International Standards Organization).[1]

Microcomputadores COBRA da Linha X[editar | editar código-fonte]

O Sistema Operacional X, ou SOX, foi desenvolvido pela COBRA para a linha de microcomputadores X, que teve duas versões, o COBRA X10 e o COBRA x20.[2]

Hardware Linha X
COBRA X10[8] COBRA X20[9]
Módulo Básico Especificações:
  • Processador Motorola 68010 (10 MHz)
  • Relógio com data e hora alimentado por bateria
  • Gerência de memória por segmentação
  • Interface paralela para impressora
  • Controlador para discos flexíveis e fita cartucho
  • 6 slots para conexão de controladores de E/S
  • 4 slots para módulos de extensão de memória
  • Memória EPR0M de 128 Kbytes
  • Memória RAM de 1 Mbyte expansível para até 4 Mbytes
Especificações:
  • Processador Motorola 68030 (33 MHz)
  • Relógio com data e hora alimentado por bateria.
  • Gerência de memória utilizando as facilidades internas da UCP 68030
  • Interface paralela para impressora
  • Controlador para discos flexíveis e fita cartucho
  • 6 slots para conexão de controladores de E/S
  • 6 slots para módulos de extensão de memória
  • Memória EPR0M de 128 Kbytes
  • Memória RAM de 4 Mbytes expansível para até 32 Mbytes
Processador de Ponto Flutuante 68882 Não Sim
Controlador Inteligente de Discos Winchester Sim Sim
Interface para discos SMD Não Sim
Interface para Fitas Pertec Não Sim
Controlador de Fita Cartucho (CFC) Não Sim
Controlador Inteligente para Linhas Assíncronas 4 Portas 8 Portas
Interface para impressora paralela Não Sim
Controlador Inteligente para Linhas Síncronas Sim Sim
Unidade de Disco Flexível Sim (5 1/4”) Sim (5 1/4”)
Controlador para Rede Local Não Sim. Padrão Ethernet/Cheapernet
Módulo de Alimentação de Emergência Sim Sim

Acompanhavam o TERMINAL TI 300 que tinha as características: inteligente, monocromático, alfanumérico e gráfico (character mapped). Tubo de imagem de 31 cm (12”), fósforo verde de alta persistência e articulável. Banco de 2048 caracteres simultâneos, carregáveis. Interface RS 232-C, ponto a ponto e programável até 19.200 bps, e Teclado ergonômico com 107 teclas com tecnologia capacitiva. Nativo (norma ANSI X 3.64).

Suportava os periféricos: Unidade de Disco Winchester: 13 cm (5 1/4”), Unidade de Fita Cartucho: 13 cm (5 1/4”), e impressoras matriciais, seriais e paralelas de 160, 250 e 400 cps, linhas 400 e 800 lpm e impressão em qualidade normal ou carta.

Sistema Operacional: SOX, compatível com o UNIX System V, com extensões Cobra para suporte a controladores inteligentes e a organizações de arquivo: sequencial, relativa e seqüencial indexada. Linguagens: C ANSI, COBOL ANSI, BASIC e Assembler 68000. Ferramentas de Programação: Ligador, Editor de Fontes e Biblioteca C-ISAM. Comunicação de Dados: Protocolos BSC-1, BSC-3, X-25 e Transporte (classes 0 e 2 segundo protocolo correspondente ao modelo OSI/ISO). Utilitários ERTSOX (emula estações IBM 2770, 2780 ou 3780), ETR 3270 (emula IBM 3274-IC, terminais IBM 3278-II e impressoras IBM 3286-11), TASA (transferência de arquivos entre sistemas abertos, utilizando os protocolos FTAM/OSI via X-25) e TRANSARQ (transferência de arquivos via linha assíncrona). Software de Apoio: FIU (ferramenta para construção de interface amigável homem x máquina), SIR/AC (recuperação de dados com facilidades para ordenação e intercalação, utilizando a linguagem SQL para arquivos convencionais).


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  1. a b c d SAMPAIO, Marcos C. (1987). SOX — Conceitos Básicos (PDF). São Paulo: McGraw-Hill Ltda. 245 páginas. ISBN 0-07-450422-3 
  2. a b c d Cardoso, Márcia de Oliveira (26 de março de 2013). «SOX: um UNIX-compatível brasileiro a serviço do discurso de autonomia tecnológica na década de 1980.» (PDF). Universidade Federal do Rio de Janeiro. SOX: um UNIX-compatível brasileiro a serviço do discurso de autonomia tecnológica na década de 1980. Consultado em 16 de maio de 2024 
  3. da Costa Marques, Ivan. «SOX: controvésias "padrão X produto" nos sistemas operacionais na década de 1980» (PDF). Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica: 11. Consultado em 16 maio. 2024 
  4. Cardoso, Marcia de Oliveira (27 de novembro de 2019). «Uma batalha de Unix-compatíveis brasileiros: entre dois lados de um sistema operacional». Interdisciplinaridade em Revista (3): 10–10. Consultado em 16 de maio de 2024 
  5. ConFLOSS, Organização (31 de janeiro de 2021). «Papai do Shell, Julio Cezar Neves, confirma presença na ConFLOSS 2021». ConFLOSS : . Consultado em 16 de maio de 2024 
  6. Soares, Gustavo Gindre Monteiro (4 de setembro de 2002). «A política dos artefatos na Lei de Informática: o caso SOX» (PDF). Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação: 8. Consultado em 16 de maio de 2024 
  7. MANUAL DE INTRODUÇÃO AO SOX (PDF) (Manual de Usuário). Rio de Janeiro: Cobra Computadores e Sistemas Brasileiros S.A. 1988. p. 205 
  8. «Flyer Cobra X10». Datassette. 14 de abril de 2024. Consultado em 17 de maio de 2024 
  9. «Flyer Cobra X20». Datassette. 14 de abril de 2024. Consultado em 17 de maio de 2024