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Usuário(a):Maria Lúcia Prado Costa/Testes

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Album Chorographico Municipal do Estado de Minas Geraes

Uma obra rara da cartografia mineira


O Album Chorographico Municipal do Estado de Minas Geraes é uma obra rara da cartografia mineira. Mas pode ser acessado integralmente em: www.albumchorographico1927.com.br.[i]


Contexto de produção do Album Chorographico


O Album Chorographico Municipal do Estado de Minas Geraes foi publicado em 1927, pelo governo do estado, dentro das comemorações do centenário da Independência do Brasil (1822).


Trata-se da primeira representação geográfica, no período republicano, dos 178 municípios que compunham Minas Gerais, nas primeiras décadas do século XX. As pranchas do Album trazem, além do mapa colorido, dados da população absoluta (censo de 1920), densidade demográfica, área, distritos componentes, plantas do perímetro urbano, e desenhos a bico de pena dos bens ambientais e culturais dos 178 municípios representados.


Organizados por Mário Augusto Teixeira de Freitas[1] (1890-1956), então Diretor Geral de Estatística da Secretaria de Agricultura do estado, os trabalhos estatísticos e geográficos previstos, em comemoração ao centenário, compreendiam um projeto ambicioso: um mapa geral do estado; um boletim estatístico-corográfico; anuário estatístico de todos os municípios mineiros.


Mas injunções de toda ordem atrasaram o projeto inicial e o fragmentaram em produtos menores. Neste contexto, o Album Chorographico foi editado, tardiamente, em 1927.


Em texto rememorativo de 1931 e republicado em 1943[ii], na Revista Brasileira de Estatística, Teixeira de Freitas destaca os percalços sofridos pelo ambicioso projeto. Entre eles, as sucessivas mudanças no governo mineiro e a nova divisão político-administrativa adotada pelo estado pela lei n. 843/1923. Mas Teixeira de Freitas exalta, no mesmo texto, o esforço realizado de uma vasta equipe em:


[...] proceder a várias buscas nos arquivos; realizar por correspondência numerosos inquéritos relativos a assuntos que não dependiam de coleta nos municípios; movimentar um adestrado corpo de Agentes de Estatística, afim de que reunissem eles, percorrendo os municípios, os dados numéricos e os informes de natureza histórica e corográfica que se faziam mister; utilizar ainda um corpo de topógrafos incumbidos de realizar vários levantamentos expeditos, necessários à melhoria dos esboços cartográficos demasiado vagos e imprecisos (TEIXEIRA DE FREITAS, 1943, p. 113)


Outro entrave foi que, entre 1922 e 1927, o governo do estado foi ocupado por quatro presidentes: Raul Soares (1922-1924) que faleceu em pleno mandato; Olegário Maciel (1924-1924); Fernando Melo Viana (1924-1926) e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (1926-1930).


Divisão Político-Administrativa


O Album Chorographico traz a representação dos 178 municípios, segundo a divisão político-administrativa da lei 556/1911, com pequenas alterações impostas pelas leis 663/1915 e 673/1916.


Importante lembrar que em 1911, Minas Gerais enfrentava litígios de fronteira com os estados de São Paulo, Espírito Santo e Goiás. As linhas divisórias de alguns municípios figuram em alguns mapas do Album. Por exemplo, o mapa do município de Extrema (http://www.albumchorographico1927.com.br/indice-1927/extrema e também o mapa de Paracatu ( http://www.albumchorographico1927.com.br/indice-1927/paracatu) trazem duas ou mais linhas divisórias com os estados São Paulo e Goiás, respectivamente.


Se comparados aos 853 municípios que hoje compõem o Estado, é possível entender que as 178 pranchas do Album trazem como distritos muitos dos futuros municípios mineiros. No mesmo site http://www.albumchorographico1927.com.br/ pode-se identificar a toponímia atual dos distritos dos municípios, e ainda conhecer todos os 2.241 povoados citados no Album. Estudos críticos de historiadores, geógrafos, especialista em toponímia, e urbanista também estão disponíveis no site.


Traçados de Ferrovias e Projetos Ferroviários


O Album mostra ainda desenhos das linhas ferroviárias existentes e projetadas. O mapa do município de Pirapora, por exemplo, traz traçado de estrada de ferro "em construção" (http://www.albumchorographico1927.com.br/indice-1927/pirapora). Segundo alguns estudiosos, o registro de linhas ferroviárias ainda inexistentes seria uma evidência do caráter laudatório desta cartografia.


Teixeira de Freitas esclarece que as ferrovias refletem a situação do transporte ferroviário até início de 1923. Mas esta informação é passível de discussão, uma vez que 21 mapas já estavam prontos em 1922, segundo levantamento disponível no site.


Regiões ainda por Conhecer


Pelo Album, pode-se identificar que em Minas Gerais ainda havia, nos anos 20, regiões pouco conhecidas. São exemplos “a região florestal pouco conhecida” e ainda “aldeia da tribo dos índios botocudos” do mapa do então município de Theophilo Ottoni, no Vale do Mucuri ([1]).


Suporte para outras Pesquisas de História e de Geografia


O Album Chographico Municipal do Estado de Minas Geraes representa fonte inesgotável de pesquisa. A recuperação cartográfica do traçado das linhas férreas, já abandonadas, e da navegação dos rios; a reconstituição dos territórios inundados pelos posteriores projetos hidrelétricos; a localização espacial das colônias agrícolas estaduais e federais do estado são algumas das muitas possibilidades oferecidas pela cartografia do Album disponibilizada online.


Um exemplo de trabalho derivado da junção, recorte e georreferenciamento dos mapas do Album Chorographico: a Reconstituição da Bacia do Rio Sapucaí ([2], anteriormente ao represamento da Usina Hidrelétrica de Furnas.




REFERÊNCIAS

[i] FUNDAÇÃO 18 DE MARÇO. Projeto Album Chorographico Municipal do Estado de Minas Geraes. 1927: Estudos Críticos. Disponível em: www.albumchorographico1927.com.br. Consultado em 13 set. 2019.


[ii] TEIXEIRA DE FREITAS, Mario Augusto. De Ontem e de Hoje: Os Serviços de Estatística no estado de Minas Gerais. Revista Brasileira de Estatística. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Ano IV. janeiro-março 1943. v. 4. n. 13. p. 107 - 130. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/111/rbe_1943_v4_n13.pdf. Consultado em 13 set. 2012


LIGAÇÕES EXTERNAS


MINAS GERAIS, Lei n. 556 de 30 de agosto de 1911. Dispõe sobre a divisão administrativa do Estado. Disponível em: < https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa.html?tipo=LEI&num=556&comp=&ano=1911. Consultado em 10 jun. 2019.


______, Lei n. 843 de 07 de setembro de 1923. Dispõe sobre a divisão administrativa do Estado. Disponível em: https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa-nova-min.html?tipo=LEI&num=843&comp=&ano=1923&texto=original#texto  Consultado em 10 jun. 2019.


WIKIPEDIA. Antonio Carlos Ribeiro de Andrade. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Carlos_Ribeiro_de_Andrada_(IV). Consultado em 13set. 2019.


______.  Fernando Melo Vianna. Disponível em:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_de_Melo_Viana. Consultado em 13 set. 2019.


______.  Mário Augusto Teixeira de Freitas. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Augusto_Teixeira_de_Freitas. Consultado em 13 set. 2019.


______. Olegário Maciel. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Oleg%C3%A1rio_Maciel. Consultado em 13 set. 2019.