Como deputado federal distinguiu-se por sua colaboração na criação da Caixa de Conversão (1906) que visava à estabilidade cambial e ao controle da crise do mercado do café. Autorizada a emitir bilhetes conversíveis, garantidos por lastro em moedas de ouro nacionais e estrangeiras, como a libra e o dólar, fazia parte de uma política de valorização do café. Sua criação está ligada ao pacto interestadual conhecido como Convênio de Taubaté.
Defendeu a existência de uma legação brasileira no Vaticano e foi o relator do orçamento durante o Governo Washington Luís. Como deputado constituinte de 1946 defendeu o regime presidencialista.
Foi secretário do Interior (que englobava Educação e Saúde) nos governos de Albuquerque Lins (de 1911 a 1912) e do conselheiro Rodrigues Alves (1912 a 1915) antes de ser eleito presidente do estado de São Paulo (1916 a 1920).
Iniciou o governo do estado com o lema “produzir e economizar”. Seu governo ficou conhecido como o "governo dos quatro gês", referentes à "guerra", "greve", "geada" e "gripe" (espanhola), que ele teve que enfrentar.
Criação de escolas profissionalizantes formando operários especializados;
Combateu o analfabetismo pela criação de várias Escolas Normais para formação de professores e pelo aumento do número de escolas em todo o interior estado e na capital.
Promoveu o combate sistemático ao mal de Hansen – quando presidente inaugurou o Leprosário de Santo Ângelo;
Por ocasião da gripe espanhola (1918), empenhou-se para que São Paulo fosse um dos estados mais bem organizados no combate a esse flagelo, tendo ajudado o resto do Brasil com médicos, enfermeiros e remédios. Foram seus secretários Emílio Ribas e Artur Neiva.
Projetada por Samuel das Neves para abrigar até 1 200 detentos, foi concebida sob o signo de estabelecimento prisional modelar. Sua construção ficou a cargo do engenheiro-arquiteto Ramos de Azevedo, e era considerada uma instituição penal exemplar para as Américas, desde sua inauguração até 1940. Nesse ano atingiu sua capacidade máxima de lotação.
Stefan Zweig, que visitou o Carandiru em 1936, escreveu suas impressões em seu livro Encontros com homens livros e países, e declarou-se impressionado com o sentido humano com que era tratado o problema penitenciário, ressaltando que a limpeza e higiene exemplares faziam com que o presídio se transformasse em uma 'fábrica do trabalho' .
A partir de 1940 o até então presídio-modelo começa a sofrer sucessivas crises causadas por superlotação, tendo seu projeto original sido desfigurado na ampliação realizada em 1956, no governo de Jânio Quadros. Na década de 1990 no Carandiru se amontoavam mais de oito mil detentos, o que provocou violentas rebeliões que acabaram por determinar seu fechamento em 2002.
Enfrentou uma onda de greves em 1917, que culminou com uma violenta greve geral, em julho daquele ano. Hermínio Linhares em seu livro Contribuição à história das lutas operárias no Brasil.; 2ª Ed.; São Paulo; Alfa-Omega; 1977 diz: O auge deste período foi a greve geral de julho de 1917, que paralisou a cidade de São Paulo durante vários dias. Os trabalhadores em greve exigiam aumento de salário. O comércio fechou, os transportes pararam e o governo impotente não conseguiu dominar o movimento pela força. Os grevistas tomaram conta da cidade por trinta dias. Leite e carne só eram distribuídos a hospitais e, mesmo assim, com autorização da comissão de greve. O governo abandonou a capital. (...).
Com a inflação, chamada, na época, de "carestia de vida", causada pela primeira guerra mundial surgiu pressões para aumento de salários. Altino atribuiu a greve à infiltração de anarquistas e comunistas e subversivos no movimento sindical, que segundo Altino, em sua Mensagem ao Congresso Legislativo do Estado de São Paulo, de 1918, o seu governo agiu "como elemento de mediação amparando concomitantemente os direitos de patrões e operários e velando pela ordem pública".
Altino afirmou, ainda, que, mesmo, depois da conquista de aumentos salariais de 15 a 30%, anarquistas ainda incitavam a nova greve e nova onda de depredações. A partir desses eventos passou a considerar perigosa a generalização dos movimentos grevistas e instituiu, no plano policial, a prevenção aos movimentos gerais e a perseguição aos anarquistas.
Defendia a proibição das greves nos serviços públicos essenciais. Em 1919 chegou a acreditar que iria se tornar vitima de um atentado fatal, a ser perpetrado por anarquistas.
Organizou o "Primeiro Congresso Paulista de Estradas de Rodagem", realizado em São Paulo, de 30 de maio a 7 de junho de 1917, que discutiu regras e fontes de recursos para ampliação e para manutenção da malha rodoviária paulista.
Sob administração privada e estrangeira, ambas as ferrovias estavam sendo muito mal conservadas e mal administradas, o pagamento dos salários de seus funcionários sofria frequentes atrasos - o que provocava greves - e esses importantes meios de transporte já não atendiam às necessidades de escoamento dos produtos agrícolas do estado de São Paulo. A Sorocabana estava arrendada ao truste do capitalistanorte-americanoPercival Farquhar - um dos pivôs da Guerra do Contestado - , importante personagem, que deixou um rastro controverso e polêmico, lembrado por toda a América Latina.
Altino Arantes foi muito criticado pela mídia, na época, por ter promovido essas encampações. Mas todas as suas decisões foram ratificadas pelos tribunais do estado de São Paulo e pelo Supremo Tribunal Federal.
Obtendo um pequeno empréstimo junto ao Governo Federal (de Venceslau Brás), conseguiu o governo Altino Arantes dar apoio à lavoura de café do estado - quase totalmente destruída pela geada - comprando o estoque encalhado dos agricultores, que estava sem mercado devido à Primeira Guerra Mundial (1914-18).
Propiciou a criação de caixas econômicas por todo o estado de São Paulo, incrementando o desenvolvimento da economia e oferecendo crédito a juros baixos.
Em 30 de dezembro de 1916 promulgou a Lei nº 1.544, do Congresso Legislativo, criando as Caixas Econômicas na Capital, Santos, Campinas e Ribeirão Preto, destinadas a receber pequenos depósitos e estimular a formação de pecúlios populares. O Decreto nº 2.765, de 19 de janeiro de 1917, regulamentou a lei. A Caixa Econômica do Estado de São Paulo foi inaugurada no dia 22 de março de 1917.
Nacionalizou, em 1919, o controle do Banco de Crédito Hipotecário e Agrícola do Estado de São Paulo - originalmente fundado com capitais franceses, capitaneados pela instituição bancária Joseph Loste & Cie. Nesse ano o Tesouro do Estado de São Paulo comprou, dos franceses, o controle acionário do banco, tendo para isso obtido a colaboração financeira do então poderoso Instituto do Café de São Paulo. Foi esse o banco que, no dia 22 de setembro de 1927, se transformou no Banco do Estado de São Paulo (Banespa), sob controle acionário do governo do estado. Altino Arantes foi o primeiro presidente do Banespa.
Em 1930 o Banespa tornou-se o primeiro banco a propiciar crédito bancário agrícola no Brasil.
Ainda como presidente do estado, inaugurou a ponte sobre o rio Paranapanema e demarcou as divisas de São Paulo com o Paraná.
De sua administração recorda-se também o incentivo à imigração japonesa, iniciada em 1908, o que lhe valeu a outorga da comenda do Sol Nascente (a mais importante do Japão) pelo Imperador japonês.
Apesar desses flagelos, ao passar a presidência do Estado para seu sucessor, Washington Luís, deixou não só um saldo apreciável no Tesouro Estadual, como anunciou estarem em dia todos os compromissos internos e externos do governo do estado de São Paulo.
Conciliador e grande defensor da unidade do Partido Republicano Paulista (PRP), abdicou da oportunidade de disputar a presidência do Brasil em 1920, quando seu nome era o mais cotado para o cargo.
Depois do golpe de 1937, reorganizou o PRP, como presidente da comissão diretora. Foi candidato a vice-presidente do Brasil em 1950, na chapa de Cristiano Machado.
O Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP) tem, sob sua guarda, o arquivo pessoal de Altino Arantes, doado por sua filha Maria Bernadette Arantes Junqueira.[1] O acervo reúne registros da vida pessoal e pública de Arantes, com ofícios, cartas e telegramas de notificação, além de algumas fotografias e a cópia reprográfica de seu diário pessoal, em 16 volumes. A Academia Paulista de Letras dispõe de alguma documentação produzida por Altino Arantes (algumas cartas, por exemplo) ou a ele dedicada(como homenagens).[2]
Túmulo de Altino Arantes e familiares no Cemitério da Consolação em São Paulo (2022)Foi agraciado pelo Estado português com o grau de Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo a 6 de novembro de 1919.[3]
ARANTES, Altino - "Passos do meu caminho".; Rio de Janeiro; José Olympio; 1958.
IDEM - Mensagem ao Congresso do Estado, anos de 1916, 1917, 1918 e 1919.
LINHARES, Hermínio - Contribuição à história das lutas operárias no Brasil.; São Paulo; Alfa-Ômega; 1977.
PEREIRA, Robson Mendonça; MAGALHÃES, Sônia Maria de. O Diário Íntimo de Altino Arantes (1916-1918). Jundiaí (SP): Paco Editorial, 2015, 456p. ISBN 9788581488745 (ver também formato e-book)