Antônio de Albuquerque Maranhão

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Antônio de Albuquerque Maranhão
Antônio de Albuquerque Maranhão
Nascimento 1590
Olinda, Pernambuco, Brasil
Morte 1667
Portugal
Nacionalidade Portugal Português
Progenitores Mãe: Catarina Pinheiro Feijó
Pai: Jerônimo de Albuquerque Maranhão
Ocupação Capitão-Mor e Governador da Paraíba

Antônio de Albuquerque Maranhão (Pernambuco, 1590-1667), foi um figaldo, militar e administrador colonial português.[1]

Foi governador colonial da capitania do Maranhão, após a morte de seu pai, além governador colonial da capitania da Paraíba, nomeado para o cargo em 1622.[2][3]Antônio de Albuquerque era neto de Jerônimo de Albuquerque, o "Adão Pernambucano", que chegou ao Brasil na expedição de Duarte Coelho. [4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascido em Pernambuco, era filho de Jerônimo de Albuquerque Maranhão e Catarina Feijó Guardes, sendo irmão de Jerônimo e Matias de Albuquerque Maranhão. Era membro de uma das principais famílias do Brasil colonial, fundada por seu avô Jerônimo de Albuquerque e sua tia-avó Brites de Albuquerque. Por meio de sua avó paterna, Muira Ibi, era descendente do povo Tabajara, que habitava aquelas regiões.

Em 1614, durante a conquista da capitania do Maranhão, Antônio de Albuquerque Maranhão foi eleito, pelo Governador Geral do Brasil, Gaspar de Souza, cabo de uma das quatro companhias de 60 homens enviadas de Pernambuco, em dois caravelões, para encontrarem-se, no forte do Rio Grande, com as tropas reunidas por seu pai, Jerônimo de Albuquerque Maranhão, na Paraíba, e dali partirem para reforçar as tropas que se encontravam no Forte de Nossa Senhora do Rosário, atual Jericoacoara (Ceará). Lutou contra as tropas do francês La Ravardière , na conquista do Maranhão, em 19 de novembro de 1614, sendo ferido em batalha. Após a morte de seu pai, Jerônimo de Albuquerque Maranhão, em fevereiro de 1618, assumiu o governo da capitania do Maranhão por 14 meses, partindo então para Portugal.[2][5]

Em 1631, o Governador e Capitão-Mor da Paraíba, Antônio de Albuquerque Maranhão, preocupado com a defesa na barra do rio Paraíba, mandou construir na margem oposta, ao Cabedelo, no atual distrito de Costinha, em Lucena, o Forte de São Sebastião. Mandou também reforçar o fortim da ilha da Restinga, para assim formar um triângulo defensivo. No dia 2 de dezembro de 1631, uma frota holandesa de 16 naus, capitaneadas pelo tenente-coronel Stein-Callefels, com 1600 homens comandados pelo major Hugo-Wirich, saiu de Recife rumo a Paraíba, desembarcando no Cabo Branco no dia 05 de dezembro. Antônio Albuquerque, prevendo que o desembarque pudesse ocorrer na praia de Cabo Branco, havia montado uma linha defensiva no local que tentou impedir que o inimigo desembarcasse, porém, sofrendo grandes perdas, recuou até o forte de Cabedelo permitindo assim que os neerlandeses ali se instalassem. Após 6 dias de combates intensos tentando conquistar o forte e os portugueses a defendê-lo, o exército neerlandes constatou que não possuia homens suficientes para a empreita e retirou-se, na madrugada do dia 12 de dezembro de 1631.[6][7] No início de 1634, os neerlandeses preocupados com a chegada do inverno, quando os ventos mudavam e dificultavam a vinda de reforços da Europa, resolveram atacar a cidade de Filipéia, na Paraíba, por pensarem ser este o local mais fácil de conquistarem com as forças que dispunham.[8] Em 24 de fevereiro, 21 navios, levando 1500 homens, partiram de Recife para a Paraíba, repartidos em 2 divisões. A primeira divisão tinha como missão invadir o rio Paraíba e assumir o controle do fortim da ilha da Restinga, para bloquear a passagem do rio. A segunda divisão, da qual a primeira dependia, tinha como missão conquistar o Forte Santo Antônio, impedindo que este atacasse a primeira divisão. No dia 27, a primeira divisão aportou em frente a foz do rio Paraíba, enquanto a segunda se dirigiu para Lucena para desembarcar suas companhias. Em terra, 150 homens comandados pelo coronel Sigismund von Schkopp avançaram pela trilha estreita que dava no forte, único caminho possível já que era cercada pelo mangue de um lado e pelo mar do outro. Porém ao se aproximarem, seus batedores avistaram uma trincheira com paliçada bloqueando a estrada, mas, mesmo assim, Schkopp resolveu avançar aproveitando a noite. Tendo avistado os neerlandeses, a companhia do capitão Domingos de Almeida e a tropa indígena de Simão Soares, começaram a atirar e lançar flechas fazendo-os recuarem. Os neerlandeses voltaram pouco depois, munidos de machados e enxadas para destroçar a paliçada, porém foram novamente rechaçados. Na madrugada do dia 28, houve mais uma tentativa infrutífera, então Schkopp resolveu se entrincheirar e aguardar a vinda de reforços, porém Antônio de Albuquerque enviou tropas de Cabedelo para reforçar a defesa da paliçada e, ainda, enviou 500 homens, dentre os quais 200 indígenas, em barcas pelos manguezais, que atacaram os neerlandeses pela retarguada. Perdendo muitos homens, os holandeses tiveram que fugir às pressas.[9][10]

Mapa da conquista da Paraíba

Com reforços vindos da Europa, sob o comando do coronel Crestofle Arciszewski, mais as tropas sob o comando do coronel Schkopp, os neerlandeses dispunham de 2.534 soldados para conquistar a Paraíba. No dia 25 de novembro de 1634, a frota de ataque neerlandesa, composta de 29 navios, capitaneada pelo experiente Almirante Lichthart, partiu de Recife rumo a Paraíba, chegando a costa do Cabo Branco dia 4 de dezembro. Utilizando os iates e chalupas, desembarcaram parte de suas tropas na enseada do Jaguaribe, distante de Cabedelo. Três navios prosseguiram em frente com ordens de ancorar na ponta de Lucena. Recebendo a notícia que os neerlandeses estavam desembarcando na enseada, Antônio Albuquerque reuniu-se com as companhias dos capitães D. Gaspar de Valcaçar e Domingos de Arriaga e marchou para lá. Como era uma caminhada de quase dez quilômetros, quando chegaram, os neerlandeses já haviam desembarcado 600 homens que foram posicionados em três fileiras voltadas, uma para o mar, uma para a floresta e a outra para o caminho a frente, por onde vinha Albuquerque, com um canhão cada. O combate se desenrolou na enseada do Jaguaribe, porém vendo-se em desvantagem, Antônio de Albuquerque ordenou a retirada, mas durante a fuga alguns soldados foram capturados pelos neerlandeses e, um, em troca de sua liberdade, lhes informou sobre um caminho que levava ao Forte Cabedelo. No dia 5, os coronéis Schkopp, com 3 companhias, e Arciszewski, com duas, levando consigo, cada um, um canhão de bronze, avançaram pela praia rumo ao forte. A preocupação dos neerlandeses dessa vez, não era atacar, mas estabelecer seus acampamentos. O capitão Kaspar van der Ley foi destacado para seguir o caminho indicado pelo prisioneiro levando consigo 3 companhias, enquanto que o restante seguiu pelo rio até o forte. Ley encontrou um local ideal, "a um tiro de arcabuz" do forte e, ainda, protegido por uma colina. No dia 6, os holandeses estavam com três acampamentos prontos com suas baterias instaladas. No dia 9, de madrugada, 7 iates e 7 botes, com 400 soldados comandados pelo almirante Lichtart, tomaram de assalto o forte da Restinga, causando um dano irreparável a defesa da Paraíba. Os neerlandeses passaram a usar a bateria da Restinga contra os portugueses dificultando o remanejamento de tropas e o envio de suprimento entre os fortes de Cabedelo e Santo Antônio. Nos dias que se sucederam, as forças neerlandesas bombardearam o forte de Cabedelo constantemente, atingindo, por vezes, a sua parte interna. No dia 18, enquanto o Governador Antônio Albuquerque ainda planejava com o Conde de Bagnuolo e o capitão La Riba Aguero a melhor maneira de enviar reforços ao Cabedelo, sem que houvessem muitas baixas, os capitães do forte, Gregório Guedes Souto Maior e D. Gaspar de Valcaçar se renderam aos neerlandeses. Antônio Albuquerque, que estava no forte Santo Antônio, ao saber da perda, foi refugiar-se na ermida de Nossa Senhora da Guia (atual Igreja de Nossa Senhora da Guia). Dia 22, os neerlandeses começaram a tocar os tambores de rendição nas cercanias do forte Sto. Antônio. Os capitães Valcaçar, Munoz e Palomo, que haviam chegado com reforços, viram que o forte não tinha condições de resistir e se renderam, após negociações, na manhã do dia 23. Ao saber da rendição, o Conde de Bagnuolo, que se encontrava em Filipéia, ordenou que se queimassem as casas e os estoques de açúcar e de pau-brasil, para não deixar espólios ao vencedor, e ordenou ainda que os ocupantes do forte do Viradouro levassem quantos canhões pudessem carregar e se retirassem para o interior para montar uma resistência. Dada as ordens, partiu para Pernambuco com suas tropas. Antonio Albuquerque e suas companhias incendiaram três navios e dois armazéns carregados de açúcar e partiram para o interior. No dia 24, véspera der Natal do ano de 1634, os neerlandeses adentraram a cidade abandonada de Filipéia de Nossa Senhora das Neves.[2][9][10]

Família[editar | editar código-fonte]

Em cerca de 1650, se casou com a portuguesa Joana Luísa de Castelo Branco, filha de João de Castelo Branco e Catarina da Silva. Os filhos do casal foram:[11]

  1. Antônia Margarida de Albuquerque Castelo Branco (1652-1717). Se casou com Fernando Telles de Menezes Faro.
  2. Afonso de Albuquerque Maranhão (1654-1671).

Referências

  1. FILIPE III (9 de agosto de 1622). Chancelaria de Filipe III. Doações, Livro 3, Fl. 240v: Carta de Capitão-Mor da Paraíba a Antônio de Albuquerque. Portugal: ANTT - Arquivo Nacional da Torre do Tombo 
  2. a b c VARNHAGEN, Francisco Adolfo de (1877). Historia Geral do Brazil. I. Rio de Janeiro: Eduardo e Henrique Laemmert. 604 páginas 
  3. AMARO, Clementino; MIRANDA, Tiago C.P. dos Reis (2002). «Proprietários e Ocupantes da Casa dos Bicos: Tábua Cronológica». In: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. De Olisipo a Lisboa: A Casa dos Bicos. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. 72 páginas. ISBN 972-787-057-0 
  4. DA FONSECA, Antonio Jose Victoriano Borges (1925). «Nobiliarchia Pernambucana: vol. I». Annaes da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro. XLVII. Rio de Janeiro: Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro, 1935. 499 páginas 
  5. JABOATÃO, Fr. Antonio de Santa Maria (1761). Instituto Historico e Geográfico Brasileiro, 1858, ed. Novo Orbe Serafico Brasilico ou Chronica dos Frades Menores da província do Brasil (PDF). I e II. Rio de Janeiro: Typographia Brasiliense. 862 páginas 
  6. RICHSHOFFER, Ambrosio (1677). Alfredo de Carvalho, 1897, ed. Diario de um soldado da companhia das indias occidentaes (1629-1632). Recife: Laemmert. 205 páginas 
  7. ROSÁRIO, Frei Paulo do (1632). Relaçam breue, e verdadeira da memorauel victoria, que ouue o capitão môr da capitania da Paraiua Antonio de Albuquerque, dos rebeldes de Olanda, que saõ vinte nâos de guerra, & vinte & sete lanchas: pretenderão occupar esta praça de Sua Magestade, trazendo nellas pera o effeito dous mil homens de guerra eseolhidos, afora a gente do mar. Lisboa: Jorge Rodrigues. 44 páginas 
  8. LAET, Joannes de (1644). Historie ofte Iaerlijck verhael van de verrichtinghen der Geoctroyeerde West-Indische Compagnie : zedert haer begin, tot het eynde van't jaer sesthien-hondert ses-en-dertich (em neerlandês). Tot Leyden: Abraham Elsevier. 544 páginas 
  9. a b COELHO, Duarte de Albuquerque (1654). Memorias diarias de la guerra del Brasil. Madrid: Diego Diaz de la Carrera, Impressor del Reyno. 594 páginas 
  10. a b LAET, Joannes de (1644). José Hygino Duarte Pereira e Pedro Souto Maior, ed. Historia ou Annaes dos feitos da Companhia Privilegiada das índias Occidentaes desde o seu começo até ao fim do anno de 1636 (PDF). XXX. Rio de Janeiro: Annaes da Bibliotheca Nacional, 1908. 343 páginas 
  11. «FamilySearch.org». ancestors.familysearch.org. Consultado em 14 de maio de 2024 

Precedido por
Jerônimo de Albuquerque Maranhão
(Capitão-Mor e Governador)
Governador do Maranhão
1618-1619
Sucedido por
Jácome Raimundo de Noronha
(Capitão-Mor e Governador)
Precedido por
Afonso de França
(Capitão-Mor e Governador)
Capitão-Mor e Governador da Paraíba
1627—1634
Sucedido por
Servácio Carpentier
(Governador - Adm. Holandesa)