Tristão de Oliveira
Tristão de Oliveira | |
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Nome completo | Tristão José Francisco de Oliveira |
Conhecido(a) por | Tristão de Oliveira |
Nascimento | 8 de outubro de 1849 São Leopoldo, Província de São Pedro do Rio Grande do Sul |
Morte | 23 de fevereiro de 1924 Gramado, Rio Grande do Sul |
Residência | 5º Distrito de Taquara (Gramado), Rio Grande do Sul |
Nacionalidade | Brasileiro |
Cônjuge | Leonor Gabriel de Souza |
Ocupação | Tropeiro e desbravador |
Religião | Católico romano |
Tristão José Francisco de Oliveira (São Leopoldo, Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, 8 de outubro de 1849[1][2] - Gramado, Rio Grande do Sul, 23 de fevereiro de 1924[3]) foi um tropeiro, comerciante e desbravador sul-riograndense, de ascendência açoriana, considerado o pioneiro da cidade de Gramado.[2]
Comerciante de cascas de gramimunha, das quais se extraia o tanino, Tristão de Oliveira se estabeleceu na localidade que hoje compreende Gramado, construindo o primeiro rancho de tábuas na região, de madeira falquejada.[4] Suas terras perfaziam todo o atual centro da cidade e, aos poucos, foram vendidas aos colonos que se estabeleceram na região, dentre os quais o Major Nicoletti, Leopoldo Lied e Pedro Benetti.[5]
Do casamento com Leonor Gabriel de Souza, o pioneiro deixou incontáveis descendentes, muitos dos quais continuam vivendo na região.[5] Faleceu em 1924.[3] Encontra-se sepultado no Cemitério Católico, cujas terras foram doadas pela viúva de Tristão.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Ascendência[editar | editar código-fonte]
Tristão de Oliveira descendia, tanto por parte materna quanto paterna, de açorianos. Sua avó paterna, Marcelina da Trindade, era filha de João Dias Pereira,[6] da Ilha de São Jorge. Por linha materna, era trineto de um casal proveniente da Ilha Terceira, Manoel Machado Pacheco e Joanna Antônia Lourenço de Ávila.
Por outro lado, os registros da época indicam que o avô paterno de Tristão, Antônio Francisco de Oliveira, e o avô materno, José Bueno "Feio", nasceram na região do Rio de Janeiro e depois chegaram ao Rio Grande do Sul.[7]
Algumas fontes, como o seu registro de óbito, afirmam que Tristão era pardo,[3] bem como seus descendentes acreditam que descendia, também, de indígenas e negros.
Nascimento e origem do nome[editar | editar código-fonte]
Tristão era filho de José Francisco de Oliveira, natural da Aldeia dos Anjos (Gravataí),[7] e de Maria José Bueno, que se casaram em 1846,[8] em São Leopoldo, Rio Grande do Sul. Ali Tristão foi batizado, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, pelo Padre José Joaquim do Amaral, no dia 8 de julho de 1850.[1]
Seus padrinhos de batismo foram o fundador da Colônia de Santa Maria do Mundo Novo (Taquara), Tristão José Monteiro e Leonora Monteiro. É quase unanimidade entre os estudiosos que tenha recebido o prenome em homenagem ao seu padrinho de batismo.
Atividades[editar | editar código-fonte]
Tropeiro e agricultor[editar | editar código-fonte]
Os documentos atestam que Tristão José Francisco de Oliveira foi um legítimo colonizador. Enquanto tropeiro, além das cascas, transportava também carvão vegetal para os curtumes de Taquara e São Leopoldo. Há evidências, ainda, de que industrializou, em barbaquás, a erva-mate.[2]
Política[editar | editar código-fonte]
Em 1905, Tristão de Oliveira foi indicado pelo Intendente de Taquara do Mundo Novo, Coronel Diniz Martins Rangel, para o cargo de Suplente de Subintendente do 5º Distrito de Taquara.[5]
Descendência[editar | editar código-fonte]
Do casamento com Leonor Gabriel de Souza, Tristão José Francisco de Oliveira deixou os seguintes filhos:
- Maria Francisca de Oliveira (08/03/1876), casada com Victor Pereira Dias
- Manoel Francisco de Oliveira (1885), casado com Olídia Maria Correa
- Maria Ignácia de Oliveira (1889), casada com Honorato José de Leão
- Rita Francisca de Oliveira (07/02/1894), casada com Manoel Antônio Correa
- Manoel Antônio de Oliveira (15/02/1897), casado com Rita Vaz Correa e, posteriormente, com Maria de Lurdes de Oliveira
- Joaquim Francisco de Oliveira (16/04/1899), casado com Maria Dozolina Damásia de Sousa
- Maria Lucinda de Oliveira (26/01/1901), casada com João Tomás Keller
- Francisco de Oliveira (02/03/1904-29/10/1906), falecido ainda criança
- Maria Virgínia de Oliveira (22/09/1906), casada com Avelino Alves Moraes
- José Francisco de Oliveira (?), casado com Dolores Rodrigues de Moura
- Elizia Francisca de Oliveira (?), solteira
- Honória Francisca de Oliveira (?), casada com Francisco Vaz Correa
Morte e Sepultamento[editar | editar código-fonte]
Tristão de Oliveira faleceu em sua casa, no dia 23 de fevereiro de 1924, de doença desconhecida, conforme atesta o registro de óbito declarado pelo seu filho Manoel Antônio.[3] Foi sepultado no Cemitério Católico de São Lourenço, em Gramado, cujo terreno foi doado por dona Leonor Gabriel de Souza.[9]
Homenagens póstumas[editar | editar código-fonte]
Em Gramado, há duas ruas em homenagem ao casal de pioneiros, uma em nome de Tristão de Oliveira[10] e, outra, de sua esposa Leonor.[11] Em 15 de outubro de 2012, a Câmara Municipal de Gramado aprovou, por unanimidade, uma moção de congratulações para homenagear Tristão José Francisco de Oliveira pelos 260 anos de imigração luso-açoriana no Rio Grande do Sul.[2]
Legado[editar | editar código-fonte]
Marília Daros, historiadora, ressalta o legado de Tristão José Francisco de Oliveira por ocasião dos 150 anos de seu nascimento, no Jornal de Gramado (1999):
Uma justiça se faça a ele que foi gramadense antes de todos nós, pois aqui criou seus filhos, viveu e morreu, sem nunca abandonar a terra que adotara. Garantiu, assim, os primeiros passos de nossa formação histórica, com certeza, de identidade luso-açoriana, como deveríamos melhor acentuar.
Referências
- ↑ a b Brasil, Rio Grande do Sul, Registros da Igreja Católica, 1738-1952," images, FamilySearch (https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:939N-7ZXT-F?cc=2177295&wc=M78F-DNG%3A371568501%2C371567402%2C371659201 : 22 May 2014), São Leopoldo > Nossa Senhora da Conceição > Batismos 1850, Abr-1851, Jun > image 7 of 40; Paróquias Católicas, Rio Grande do Sul (Catholic Church parishes, Rio Grande do Sul).
- ↑ a b c d Câmara Municipal de Gramado (16 de outubro de 2012). «Aprovadas moções de congratulações»
- ↑ a b c d GRAMADO/RS. Registro Civil das Pessoas Naturais. Registro de óbito de Tristão José Francisco. Registro em: 27 fev. 1924.
- ↑ Falquejado vem do verbo falquejar: Desbastar (tronco ou toro). Esquadriar (madeira). Firmar com cunhas; cunhar.
- ↑ a b c DAROS, Marília; BARROSO, Vera Lúcia Maciel (2000) [1995]. Raízes de Gramado 2ª ed. Porto Alegre: EST. p. 59
- ↑ "Brasil, Rio Grande do Sul, Registros da Igreja Católica, 1738-1952," images, FamilySearch (https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:939N-HKTZ-H?cc=2177295&wc=M78N-ZZ3%3A371584101%2C371584102%2C371774401 : 22 May 2014), Gravataí > Nossa Senhora dos Anjos > Matrimônios 1777, Nov-1811, Jan > image 216 of 252; Paróquias Católicas, Rio Grande do Sul (Catholic Church parishes, Rio Grande do Sul).
- ↑ a b "Brasil, Rio Grande do Sul, Registros da Igreja Católica, 1738-1952," images, FamilySearch (https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:939N-HKSB-R?cc=2177295&wc=M78X-TPD%3A371584101%2C371584102%2C371624201 : 22 May 2014), Gravataí > Nossa Senhora dos Anjos > Batismos 1811, Nov-1823, Out > image 73 of 351; Paróquias Católicas, Rio Grande do Sul (Catholic Church parishes, Rio Grande do Sul).
- ↑ "Brasil, Rio Grande do Sul, Registros da Igreja Católica, 1738-1952," images, FamilySearch (https://familysearch.org/ark:/61903/3:1:939N-7ZZ9-R?cc=2177295&wc=M78F-5NP%3A371568501%2C371567402%2C371709801 : 22 May 2014), São Leopoldo > Nossa Senhora da Conceição > Matrimônios 1836, Nov-1855, Ago > image 40 of 122; Paróquias Católicas, Rio Grande do Sul (Catholic Church parishes, Rio Grande do Sul).
- ↑ «Cemitério Católico São Lourenço - Gramado». wikimapia.org. Consultado em 19 de agosto de 2021
- ↑ «R. Tristão Oliveira · Gramado - RS, 95670-000, Brasil». R. Tristão Oliveira · Gramado - RS, 95670-000, Brasil. Consultado em 19 de agosto de 2021
- ↑ «R. Leonor G. de Souza - Centro · Centro, Gramado - RS, 95670-000, Brasil». R. Leonor G. de Souza - Centro · Centro, Gramado - RS, 95670-000, Brasil. Consultado em 19 de agosto de 2021