Esquistossomose: diferenças entre revisões
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Existem duas drogas: praziquantel e [[oxamniquina]]<ref>[http://www.who.int/bulletin/volumes/81/3/Ferrari0303.pdf Ferrari et al. Efficacy of oxamniquine and praziquantel in the treatment of Schistosoma mansoni infection: a controlled trial. Bulletin of the World Health Organization, 2003]</ref>, para o tratamento da esquistossomose.<ref>{{cite web | url=http://www.emedicine.com/med/topic2071.htm | title=eMedicine - Schistosomiasis | access-date=June 14, 2007 | publisher=eMedicine | url-status=live | archive-url=https://web.archive.org/web/20070707075024/http://www.emedicine.com/med/topic2071.htm | archive-date=July 7, 2007 }}</ref>Eles são considerados equivalentes em relação à eficácia e segurança contra a ''S. mansoni''.<ref>{{cite journal | vauthors = Danso-Appiah A, Olliaro PL, Donegan S, Sinclair D, Utzinger J | title = Drugs for treating Schistosoma mansoni infection | journal = The Cochrane Database of Systematic Reviews | volume = 2 | issue = 2 | pages = CD000528 | date = February 2013 | pmid = 23450530 | pmc = 6532716 | doi = 10.1002/14651858.cd000528.pub2 | url = http://archive.lstmed.ac.uk/4574/1/Cochrane_Database_2_CD000528.pdf }}</ref> Devido ao menor custo por tratamento do praziquantel e à falta de eficácia da oxaminiquina contra a forma urogenital da doença causada por ''S. haematobium'', em geral o praziquantel é considerado a primeira opção de tratamento.<ref>{{Cite web | url=https://www.who.int/tdr/news/2014/praziquantel-for-schistosomiasis/en | title=WHO TDR news item, 4th Dec 2014, Praziquantel dose confirmed for schistosomiasis | access-date=September 5, 2016 | url-status=live | archive-url=https://web.archive.org/web/20160913205716/http://www.who.int/tdr/news/2014/praziquantel-for-schistosomiasis/en/ | archive-date=September 13, 2016 }}</ref> Praziquantel can be safely used in pregnant women and young children.<ref name=":8" /> O objetivo do tratamento é curar a doença e prevenir a evolução da forma aguda para a crônica da doença. Todos os casos de suspeita de esquistossomose devem ser tratados independentemente da apresentação, pois o parasita adulto pode viver no hospedeiro por anos.<ref>{{cite journal | vauthors = Brinkmann UK, Werler C, Traoré M, Doumbia S, Diarra A | title = Experiences with mass chemotherapy in the control of schistosomiasis in Mali | journal = Tropical Medicine and Parasitology | volume = 39 | issue = 2 | pages = 167–74 | date = June 1988 | pmid = 3140359 }}</ref> |
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O tratamento é feito com um antiparasitário de baixa toxicidade (principalmente praziquantel ou oxamniquina), que deve ser prescrito para todos os pacientes cujo exame de fezes ou de mucosa retal apresente ovos viáveis do parasita. |
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A esquistossomose é tratável tomando por [[via oral]], uma única dose do praziquantel, anualmente.<ref name="STreat">{{Cite web | author=The Carter Center | title=How is Schistosomiasis Treated? | url=http://www.cartercenter.org/health/schistosomiasis/treatment.html | access-date=17 July 2008 | archive-url=https://web.archive.org/web/20080225084801/http://www.cartercenter.org/health/schistosomiasis/treatment.html <!-- Bot retrieved archive --> | archive-date=25 February 2008}}</ref> |
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O [[praziquantel]] é uma droga de administração oral em dose única cujos principais efeitos colaterais são diarreia e dor abdominal. Ele atua alterando a capacidade do parasita de contrair sua musculatura, fazendo com que se solte e seja eliminado. No Brasil, é o medicamento preferencial no tratamento de todas as formas clínicas da esquistossomose.<ref>[http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cab_n21_vigilancia_saude_2ed_p1.pdf Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Vigilância em Saúde: Dengue, Esquistossomose, Hanseníase, Malária, Tracoma e Tuberculose / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de Atenção Básica . - 2. ed. rev. - Brasília : Ministério da Saúde, 2008]</ref> |
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O praziquantel elimina apenas os esquistossomas adultos, não é eficaz em matar os ovos e os vermes imaturos, os ovos vivos podem ser excretados pela pessoa infectada semanas após o tratamento com praziquantel, os vermes imaturos podem sobreviver e crescer até se tornarem esquistossomas adultos após a terapia com praziquantel, sendo assim, é importante repetir o teste de esquistossomose nas fezes e/ou urina cerca de 4 a 6 semanas após a terapia com praziquantel, o tratamento com praziquantel pode ser repetido para garantir a eliminação completa do parasita.<ref name=":7" /> |
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A [[oxamniquina]] é também de administração oral em dose única. Ela atua sobre o ''Schistosoma mansoni'' com eficácia um pouco inferior à do praziquantel, mas não atua sobre outras espécies do verme.<ref>[http://www.who.int/bulletin/volumes/81/3/Ferrari0303.pdf Ferrari et al. Efficacy of oxamniquine and praziquantel in the treatment of Schistosoma mansoni infection: a controlled trial. Bulletin of the World Health Organization, 2003]</ref> |
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A OMS desenvolveu diretrizes para o tratamento comunitário com base no impacto que a doença tem nas crianças das aldeias nas quais é comum:<ref name="STreat"/> |
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* Quando uma aldeia informa que mais de 50 por cento das crianças têm sangue na urina, todos na aldeia recebem tratamento.<ref name="STreat"/> |
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* Quando 20 a 50 por cento das crianças têm urina com sangue, apenas crianças em idade escolar são tratadas.<ref name="STreat"/> |
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* Quando menos de 20% das crianças apresentam sintomas, o tratamento em massa não é implementado.<ref name="STreat"/> |
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Outros tratamentos possíveis incluem uma combinação de praziquantel com [[metrifonato]], [[artesunato]] ou [[mefloquina]].<ref name=Cochrane2014>{{cite journal | vauthors = Kramer CV, Zhang F, Sinclair D, Olliaro PL | title = Drugs for treating urinary schistosomiasis | journal = The Cochrane Database of Systematic Reviews | volume = 8 | issue = 8 | pages = CD000053 | date = August 2014 | pmid = 25099517 | pmc = 4447116 | doi = 10.1002/14651858.CD000053.pub3 }}</ref> Uma [[revisão Cochrane]] encontrou evidências preliminares de que, quando usado sozinho, o metrifonato era tão eficaz quanto o praziquantel.<ref name=Cochrane2014/> A mefloquina, que já foi usada para tratar e prevenir a malária, foi reconhecida em 2008-2009 como eficaz contra esquistossomos.<ref name=Xiao2013>{{cite journal | vauthors = Xiao SH | s2cid = 16689743 | title = Mefloquine, a new type of compound against schistosomes and other helminthes in experimental studies | journal = Parasitology Research | volume = 112 | issue = 11 | pages = 3723–40 | date = November 2013 | pmid = 23979493 | doi = 10.1007/s00436-013-3559-0 }}</ref> |
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Historicamente, o [[Antimonium tartaricum]] permaneceu como o tratamento de escolha para a esquistossomose até o desenvolvimento do praziquantel na década de 1980.<ref>{{cite journal |last1=Walker |first1=Mark D. | name-list-style = vanc |date=August 2018 |title=Etymologia: Antimony |journal=Emerg. Infect. Dis. |volume=24 |issue=8 |pages=1601|quote= citing public domain text, published by the CDC |doi= 10.3201/eid2408.et2408 |doi-access=free }}</ref> |
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===Monitoramento pós-tratamento=== |
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A [[Osteopontina]] (OPN) é uma ferramenta promissora para monitorar a eficácia do praziquantel e a regressão da [[fibrose]] pós-tratamento à medida que a expressão (OPN) é modulada por ''S. mansoni'' e seus níveis se correlacionam com a gravidade da fibrose da esquistossomose e hipertensão portal em camundongos e humanos. A farmacoterapia com praziquantel reduz os níveis sistêmicos de OPN e o conteúdo de colágeno hepático em camundongos.<ref>{{Cite journal|date=2021-01-23|title=Praziquantel pharmacotherapy reduces systemic osteopontin levels and liver collagen content in murine schistosomiasis mansoni|url=https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0020751921000308|journal=International Journal for Parasitology|language=en|doi=10.1016/j.ijpara.2020.11.002|issn=0020-7519|last1=Pereira|first1=Thiago A.|last2=Vaz De Melo Trindade|first2=Guilherme|last3=Trindade Santos|first3=Elisangela|last4=Pereira|first4=Fausto E.L.|last5=Souza|first5=Márcia Maria de|volume=51|issue=6|pages=437–440|pmid=33493521|s2cid=231711719}}</ref> |
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===Brasil=== |
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No Brasil o composto do praziquantel é importando da China e produzido exclusivamente pelo Farmanguinhos, laboratório da [[Fundação Oswaldo Cruz]] (Fiocruz), e vende somente só para o Ministério da Saúde, que o distribui para postos de saúde pelo país, o medicamento não é encontrado em farmácias.<ref>{{Citar web|url=https://marcozero.org/esquistossomose-os-perigos-presentes-e-futuros-do-declinio-do-praziquantel/|titulo=Esquistossomose: os perigos presentes e futuros do declínio do praziquantel|acessodata=2023-04-17|website=Marco Zero}}</ref> |
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A [[Merck Sharp and Dohme|Merck]], empresa detentora dos direitos patenteados dos medicamentos praziquantel Cisticid®, disponível em comprimidos de 500mg, e Cestox®, em comprimidos de 150mg - informou que solicitou à [[Agência Nacional de Vigilância Sanitária|Anvisa]] a suspensão da produção do Cestox em abril de 2012. A suspensão ocorreu 180 dias depois, embora a razão não tenha sido divulgada pela empresa. Enquanto isso, o Cisticid é vendido por uma distribuidora de São Paulo e destinado ao uso hospitalar. O [[Sistema Único de Saúde|SUS]] fornece o praziquantel produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro, em cápsulas de 600mg e 150mg, e garante que não há falta do medicamento na rede pública.<ref>{{Citar web|url=https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/05/31/interna_gerais,397348/falta-remedio-para-xistose-nas-farmacias.shtml|titulo=Falta remédio para xistose nas farmácias|data=2013-05-31|acessodata=2023-04-17|website=Estado de Minas}}</ref> |
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== História == |
== História == |
Revisão das 22h51min de 17 de abril de 2023
Esquistossomose | |
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Menino de 11 anos com fluido abdominal e hipertensão portal devido a esquisstossomose (Agusan del Sur, Filipinas) | |
Especialidade | infecciologia |
Complicações | dano ao fígado, insuficiência renal, infertilidade, câncer de bexiga[1] |
Causas | Schistosoma de caramujos de água doce[1] |
Prevenção | Acesso a água limpa[1] |
Medicação | Praziquantel[1] |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | B65 |
CID-9 | 120 |
CID-11 | 1194562592 |
DiseasesDB | 11875 |
MedlinePlus | 001321 |
eMedicine | 228392 |
MeSH | D012552 |
Leia o aviso médico |
A esquistossomose, também conhecida como barriga d'água, xistose,[2] febre do caramujo ou bilharzíaze,[3][4] é uma doença causada pelos platelmintos do gênero Schistosoma. O trato urinário e/ou intestinos podem ser infectados.
A doença é transmitida por contato com água doce contaminada com parasitas, que são liberados a partir de caracóis infectados de água doce. A doença é especialmente comum entre as crianças em países em desenvolvimento como elas são mais propensas a brincar na água contaminada. Outros grupos de alto risco incluem: agricultores, pescadores ou pessoas que utilizam a água suja para uso diário.[1] Ela pertence ao grupo de infecções helmínticas[5] e o diagnóstico é através da identificação de ovos do parasita, na urina ou fezes da pessoa. Também pode ser confirmada pela identificação de anticorpos contra a doença no sangue.[1]
Métodos de prevenção da doença incluem a melhoria do acesso a água potável e a redução do número de caracóis. Em áreas onde a doença é comum, o medicamento praziquantel pode ser dado uma vez por ano, para todo o grupo. Isto é feito para diminuir o número de pessoas infectadas e, consequentemente, a propagação da doença. O praziquantel também é o tratamento recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para aqueles que estão infectados.[1]
A esquistossomose afetou cerca de 252 milhões de pessoas em todo o mundo em 2015. Estima-se que 4.400 a 200.000 pessoas morrem a cada ano.[6] A doença é mais comum na África, bem como a Ásia e a América do Sul.[1] Em torno de 700 milhões de pessoas, em mais de 70 países, vivem em áreas onde a doença é comum.[7] Em países tropicais, a esquistossomose é segunda apenas para a malária entre doenças parasitárias com o maior impacto económico.[8] Está listada como uma doença tropical negligenciada.[9]
Causas
Existem seis espécies de Schistosoma que podem causar a esquistossomose ao homem: S. hematobium, S. intercalatum, S. japonicum, S. malayensis, S. mansoni e S. mekongi. Destas, apenas S. mansoni é encontrada no continente americano.
Esses vermes se reproduzem dentro de caramujo, seu hospedeiro intermediário, e suas metacercárias penetram ativamente na pele e mucosas das pessoas que nadam ou ficam períodos dentro de rios e lagos com caramujos contaminados. Ou ainda podem ser deglutidos em alimentos contaminados com as cercárias, porém se elas atingirem o estômago são destruídas pelo suco gástrico (altamente ácido), entretanto na maioria dos casos relacionados a ingestão das cercárias, as larvas penetram nas mucosas antes de chegar ao estômago e dessa forma dão continuidade ao ciclo.
Progressão e sintomas
A fase de penetração corporal é o nome dado a sintomas que podem ocorrer quando da penetração da cercária na pele, mas frequentemente é assintomática, exceto em indivíduos já infectados antes. Nestes casos é comum surgir eritema (vermelhidão), reação de sensibilidade com urticária (dermatite cercariana) e prurido e pele avermelhada ou pápulas na pele no local penetrado, que duram alguns dias.
Na fase inicial ou aguda, geralmente aparece após três a nove semanas após a penetração das cercárias quando há disseminação das larvas pelo sangue, e principalmente o início da postura de ovos o paciente apresenta a síndrome de Katayama caracteriza por:[1]
- Náusea,
- Cefaleia (dor de cabeça),
- Astenia (fraqueza)
- Dor abdominal,
- Diarreia com sangue,
- Dispneia (falta de ar),
- Hemoptise (tosse com sangue),
- Artralgias (dores em articulações),
- Linfonodomegalia (gânglios linfáticos inchados)
- Hepatomegalia (aumento do fígado),
- Esplenomegalia (aumento do baço),
- Urticária (alergia na pele com coceira).
Complicações
Os sintomas crônicos são quase todos devidos à produção de ovos imunogênicos. Estes são destrutivos por si mesmos, com o seus espinhos e enzimas, mas é a inflamação com que o sistema imunitário lhes reage que causa os maiores danos. As formas adultas não são atacadas porque usam moléculas self do próprio hóspede para se camuflar. Os sintomas desta fase crônica podem ser a hepatopatias/enteropatias com hepatomegalia, ascite, diarreia no caso da esquistossomose mansônica, única que existe no Brasil. As formas mais graves com hepatomegalia e hipertensão portal são as principais causas de morte por esquistossomose no Brasil. A esquistossomose hematóbia, que existe em países africanos pode levar a patologias urinárias como disúria/hematúria, nefropatias, câncer da bexiga.
Outras formas de esquistossomose graves são as formas ectópicas cujas mais importantes são neurológicas que pode ser medular, conhecida como mielopatia esquistossomótica ou esquistossomose medular[10], ou cerebral, quando atingem o cérebro, existem também casos de esquistossomose ectópica na pele, pulmão, tuba uterina e outras vísceras.
O ciclo da esquistossomose
Machos e Fêmeas adultos instalam-se nos vasos sanguíneos do intestino, do fígado e do baço do ser humano, onde se reproduzem.
Diagnóstico
Nas análises sanguíneas há eosinofilia (aumento dos eosinófilos, células do sistema imunitário antiparasitas). Estes quadros só ocorrem secundariamente à hipersensibilidade ao parasita, sendo uma doença mais comum em pacientes moradores de áreas não endêmicas que se expõem a coleções hídricas contaminadas. Estes quadros duram em geral alguns dias, mas podem durar até meses e em casos raros podem ser fatais. Estes pacientes apresentam grandes granulomas periovulares necrótico-exsudativos dispersos pelos intestinos, fígado e outros órgãos. Estes sintomas podem ceder espontaneamente ou podem nem sequer surgir, mas a doença crônica silenciosa.
Os ovos podem ser encontrados no exame parasitológico de fezes, mas nas infecções recentes o exame apresenta baixa sensibilidade. Para aumentar a sensibilidade podem ser usados de coproscopia qualitativa, como Hoffman ou quantitativo, como Kato-Katz. A eficácia com três amostras chega apenas a 75%.
O hemograma demonstra leucopenia, anemia e plaquetopenia. Ocorrem alterações das provas de função hepática, com aumento de TGO, TGP e fosfatase alcalina. Embora crie a hipertensão portal, classicamente a esquistossomose preserva a função hepática. Assim, os critérios de Child-Pught, úteis no cirrótico, nem sempre funcionam no esquistossomótico que não tem associado hepatite viral ou alcoólica.
A ultrassonografia em mãos experientes pode fazer o diagnóstico, sendo patognomônico a fibrose e espessamento periportal, hipertrofia do lobo hepático esquerdo e aumento do calibre da mesentérica superior.[11]
A biopsia retal é uma técnica também utilizável, tendo uma sensibilidade de 80%.
Prevenção
Saneamento básico com esgotos e água tratada. Controle dos caramujos que são hospedeiros intermediários da doença. Proteção dos pés e pernas com botas de borracha com solado antiderrapante. Informar a população das medidas profiláticas da doença. Evitar entrar em contato com água que contenha cercárias. A Educação em saúde é fundamental para o controle da doença. No entanto deve ser pensada em conjunto com a população local para que tenha um impacto sustentável ao longo do tempo.
Em junho de 2012, a Fundação Oswaldo Cruz anunciou a criação de uma vacina contra a esquistossomose,[12] utilizando a proteína SM14, que se encontra em fase final de testes.[13]
Tratamento
Existem duas drogas: praziquantel e oxamniquina[14], para o tratamento da esquistossomose.[15]Eles são considerados equivalentes em relação à eficácia e segurança contra a S. mansoni.[16] Devido ao menor custo por tratamento do praziquantel e à falta de eficácia da oxaminiquina contra a forma urogenital da doença causada por S. haematobium, em geral o praziquantel é considerado a primeira opção de tratamento.[17] Praziquantel can be safely used in pregnant women and young children.[18] O objetivo do tratamento é curar a doença e prevenir a evolução da forma aguda para a crônica da doença. Todos os casos de suspeita de esquistossomose devem ser tratados independentemente da apresentação, pois o parasita adulto pode viver no hospedeiro por anos.[19]
A esquistossomose é tratável tomando por via oral, uma única dose do praziquantel, anualmente.[20]
O praziquantel elimina apenas os esquistossomas adultos, não é eficaz em matar os ovos e os vermes imaturos, os ovos vivos podem ser excretados pela pessoa infectada semanas após o tratamento com praziquantel, os vermes imaturos podem sobreviver e crescer até se tornarem esquistossomas adultos após a terapia com praziquantel, sendo assim, é importante repetir o teste de esquistossomose nas fezes e/ou urina cerca de 4 a 6 semanas após a terapia com praziquantel, o tratamento com praziquantel pode ser repetido para garantir a eliminação completa do parasita.[21]
A OMS desenvolveu diretrizes para o tratamento comunitário com base no impacto que a doença tem nas crianças das aldeias nas quais é comum:[20]
- Quando uma aldeia informa que mais de 50 por cento das crianças têm sangue na urina, todos na aldeia recebem tratamento.[20]
- Quando 20 a 50 por cento das crianças têm urina com sangue, apenas crianças em idade escolar são tratadas.[20]
- Quando menos de 20% das crianças apresentam sintomas, o tratamento em massa não é implementado.[20]
Outros tratamentos possíveis incluem uma combinação de praziquantel com metrifonato, artesunato ou mefloquina.[22] Uma revisão Cochrane encontrou evidências preliminares de que, quando usado sozinho, o metrifonato era tão eficaz quanto o praziquantel.[22] A mefloquina, que já foi usada para tratar e prevenir a malária, foi reconhecida em 2008-2009 como eficaz contra esquistossomos.[23]
Historicamente, o Antimonium tartaricum permaneceu como o tratamento de escolha para a esquistossomose até o desenvolvimento do praziquantel na década de 1980.[24]
Monitoramento pós-tratamento
A Osteopontina (OPN) é uma ferramenta promissora para monitorar a eficácia do praziquantel e a regressão da fibrose pós-tratamento à medida que a expressão (OPN) é modulada por S. mansoni e seus níveis se correlacionam com a gravidade da fibrose da esquistossomose e hipertensão portal em camundongos e humanos. A farmacoterapia com praziquantel reduz os níveis sistêmicos de OPN e o conteúdo de colágeno hepático em camundongos.[25]
Brasil
No Brasil o composto do praziquantel é importando da China e produzido exclusivamente pelo Farmanguinhos, laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e vende somente só para o Ministério da Saúde, que o distribui para postos de saúde pelo país, o medicamento não é encontrado em farmácias.[26]
A Merck, empresa detentora dos direitos patenteados dos medicamentos praziquantel Cisticid®, disponível em comprimidos de 500mg, e Cestox®, em comprimidos de 150mg - informou que solicitou à Anvisa a suspensão da produção do Cestox em abril de 2012. A suspensão ocorreu 180 dias depois, embora a razão não tenha sido divulgada pela empresa. Enquanto isso, o Cisticid é vendido por uma distribuidora de São Paulo e destinado ao uso hospitalar. O SUS fornece o praziquantel produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Rio de Janeiro, em cápsulas de 600mg e 150mg, e garante que não há falta do medicamento na rede pública.[27]
História
Com o desenvolvimento da agricultura, a esquistossomose passou de doença rara a problema sério. Muitas múmias egípcias apresentam as lesões inconfundíveis da esquistossomose por S. haematobium. A infecção pelos parasitas dava-se nos trabalhos de irrigação da agricultura. As cheias do Nilo sempre foram a fonte da prosperidade do Egito, mas também traziam os caracóis portadores dos schistosomas. O hábito dos agricultores de fazer as plantações e trabalhos de irrigação com os pés descalços metidos na água parada, favorecia a disseminação da doença crônica causada por estes parasitas.
A doença foi descrita cientificamente pela primeira vez em 1851 pelo médico alemão Theodor Maximilian Bilharz, que lhe dá o nome alternativo de bilharzíase.
Referências
- ↑ a b c d e f g h i «Schistosomiasis Fact sheet N°115». World Health Organization. 3 de fevereiro de 2014. Consultado em 15 de março de 2014. Cópia arquivada em 12 de março de 2014
- ↑ «Esquistossomose». Ministério da Saúde. Consultado em 31 de dezembro de 2022
- ↑ X Simpósio Internacional
- ↑ Colley, Daniel G.; Bustinduy, Amaya L.; Secor, W. Evan; King, Charles H. «Human schistosomiasis». The Lancet. 383 (9936): 2253–2264. PMC 4672382. PMID 24698483. doi:10.1016/s0140-6736(13)61949-2. Cópia arquivada em 29 de agosto de 2014
- ↑ «Chapter 3 Infectious Diseases Related To Travel». cdc.gov. 1 de agosto de 2013. Consultado em 30 de novembro de 2014. Cópia arquivada em 2 de abril de 2015
- ↑ Thétiot-Laurent, S. A.; Boissier, J.; Robert, A.; Meunier, B. (27 de junho de 2013). «Schistosomiasis Chemotherapy». Angewandte Chemie International Edition in English. 52 (31): 7936–56. PMID 23813602. doi:10.1002/anie.201208390
- ↑ «Schistosomiasis A major public health problem». World Health Organization. Consultado em 15 de março de 2014. Cópia arquivada em 5 de abril de 2014
- ↑ The Carter Center. «Schistosomiasis Control Program». Consultado em 17 de julho de 2008. Cópia arquivada em 20 de julho de 2008
- ↑ «Neglected Tropical Diseases». cdc.gov. 6 de junho de 2011. Consultado em 28 de novembro de 2014. Cópia arquivada em 4 de dezembro de 2014
- ↑ FREITAS, André Ricardo Ribas; OLIVEIRA, Augusto César Penalva and SILVA, Luiz Jacintho. Schistosomal myeloradiculopathy in a low-prevalence area: 27 cases (14 autochthonous) in Campinas, São Paulo, Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz [online]. 2010, vol.105, n.4, pp. 398-408. ISSN 0074-0276. doi: 10.1590/S0074-02762010000400009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0074-02762010000400009&lng=en&nrm=iso&tlng=en> ou <http://www.scielo.br/pdf/mioc/v105n4/09.pdf>
- ↑ Esquistossomose (Barriga-d'água): causa, sintomas, tratamento e prevenção. - Brasil Escola
- ↑ Cientistas brasileiros criam vacina contra doença parasitária grave
- ↑ Neher, Clarissa (24 de março de 2014). «Brasil está perto de lançar vacina pioneira contra esquistossomose». DW. Consultado em 7 de maio de 2014
- ↑ Ferrari et al. Efficacy of oxamniquine and praziquantel in the treatment of Schistosoma mansoni infection: a controlled trial. Bulletin of the World Health Organization, 2003
- ↑ «eMedicine - Schistosomiasis». eMedicine. Consultado em June 14, 2007. Cópia arquivada em July 7, 2007 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ Danso-Appiah A, Olliaro PL, Donegan S, Sinclair D, Utzinger J (February 2013). «Drugs for treating Schistosoma mansoni infection» (PDF). The Cochrane Database of Systematic Reviews. 2 (2): CD000528. PMC 6532716. PMID 23450530. doi:10.1002/14651858.cd000528.pub2 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ «WHO TDR news item, 4th Dec 2014, Praziquantel dose confirmed for schistosomiasis». Consultado em September 5, 2016. Cópia arquivada em September 13, 2016 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ Erro de citação: Etiqueta
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- ↑ Brinkmann UK, Werler C, Traoré M, Doumbia S, Diarra A (June 1988). «Experiences with mass chemotherapy in the control of schistosomiasis in Mali». Tropical Medicine and Parasitology. 39 (2): 167–74. PMID 3140359 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ a b c d e The Carter Center. «How is Schistosomiasis Treated?». Consultado em 17 July 2008. Cópia arquivada em 25 February 2008 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ Erro de citação: Etiqueta
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(ajuda) - ↑ Xiao SH (November 2013). «Mefloquine, a new type of compound against schistosomes and other helminthes in experimental studies». Parasitology Research. 112 (11): 3723–40. PMID 23979493. doi:10.1007/s00436-013-3559-0 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ Walker MD (August 2018). «Etymologia: Antimony». Emerg. Infect. Dis. 24 (8). 1601 páginas. doi:10.3201/eid2408.et2408.
citing public domain text, published by the CDC
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(ajuda) - ↑ Pereira, Thiago A.; Vaz De Melo Trindade, Guilherme; Trindade Santos, Elisangela; Pereira, Fausto E.L.; Souza, Márcia Maria de (23 de janeiro de 2021). «Praziquantel pharmacotherapy reduces systemic osteopontin levels and liver collagen content in murine schistosomiasis mansoni». International Journal for Parasitology (em inglês). 51 (6): 437–440. ISSN 0020-7519. PMID 33493521. doi:10.1016/j.ijpara.2020.11.002
- ↑ «Esquistossomose: os perigos presentes e futuros do declínio do praziquantel». Marco Zero. Consultado em 17 de abril de 2023
- ↑ «Falta remédio para xistose nas farmácias». Estado de Minas. 31 de maio de 2013. Consultado em 17 de abril de 2023
Ligações externas
- «www.xistose.com». – material educativo para crianças