Ápio Cláudio Sabino Inregilense

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Ápio Cláudio Sabino Inregilense
Cônsul da República Romana
Consulado 495 a.C.

Ápio Cláudio Sabino Inregilense ou Regilense (em latim: Appius Claudius Sabinus Inregillensis ou Regillensis) foi um dos semi-lendários fundadores da gente Cláudia. Foi cônsul em 495 a.C.

Contexto e migração para Roma[editar | editar código-fonte]

O nome de nascimento de Cláudio era Átio Clauso (Attius Clausus),[1] Ata Cláudio (Atta Claudius),[2] Tito Cláudio (Titus Claudius)[3] ou um nome original perdido do qual estas versões derivam. Para os romanos, ele era conhecido apenas como Ápio Cláudio e veio de uma cidade sabina chamada Inrégilo (Inregillum).[1]

Em 505 a.C., os romanos venceram uma guerra contra os sabinos e, no ano seguinte, eles se dividiram sobre se deviam retaliar ou firmar a paz contra os romanos. Cláudio era a favor da paz, mas a facção pela guerra era mais poderosa e ele acabou obrigado a fugir para Roma com um grande grupo de seus clientes. Ele e seus seguidores foram feitos cidadãos e receberam permissão para se assentarem do outro lado do rio Ânio e o grupo, ao qual se juntaram outros sabinos, ficou conhecido tribo dos "velhos cláudios". Cláudio foi eleito senador e rapidamente tornou-se um líder em Roma.[1]

Consulado e a secessão da plebe[editar | editar código-fonte]

Cláudio tornou-se um cônsul em Roma em 495 a.C.[4] Segundo Lívio, ele tinha uma "duro por natureza" e "amava a tirania"; sua posição sobre as leis sobre o endividamente e o conflito com seu colega Públio Servílio Prisco Estruto levaram à secessão da plebe (em latim: "secessio plebis") em 494 a.C.

No começo da crise, quando os plebeus primeiro reclamaram de sua posição sobre as dívidas, o senado foi convocado pelo cônsul. Ápio defendeu que o tema deveria ser tratado através da autoridade consular, principalmente com a prisão de alguns reclamantes para encorajar os demais a desistirem da petição. Uma ameaça militar, dos volscos, evitou que o senado decidisse entre as sugestões de Ápio e os argumentos mais moderados de Servílio.[5]

Depois que esta e mais algumas algumas questões militares foram endereçadas, os plebeus esperavam que suas reclamações em relação às dívidas fossem tratadas. Porém, Ápio decretou medidas ainda mais duras em relação ao tema e mais pessoas acabaram presas ou se entregando aos credores (escravidão por dívida). A situação se agravou com a polarização entre as posições de plebeus e patrícios, dando início a um ciclo de violência. O povo usou de violência para evitar que um homem fosse preso e os decretos de Ápio foram ignorados. Ele ficou furioso com o povo e também com seu colega, Servílio, a quem ele acusou de fracassar em suas medidas para controlar a população.[6] Segundo Lívio, ele teria dito:

A república não está inteiramente abandonada e nem a autoridade dos cônsules, completamente desvalorizada. De minha parte, defenderei minha própria dignidade e a dos senadores
 
Ápio Cláudio Sabino Inregilense, Lívio, Ab urbe condita, 2.27.

Ápio então ordenou que seus lictores prendessem os líderes plebeus, mas um deles fez um apelo à assembleia popular e os patrícios convenceram Ápio a desistir da prisão.[6]

Enquanto isso, os cônsules não conseguiam decidir entre eles quem deveria dedicar um novo templo a Mercúrio. O senado deferiu a decisão à assembleia popular e decretou ainda que o cônsul que fosse escolhido deveria exercer funções adicionais, incluindo presidir os mercados, estabelecer novas guildas mercantis e exercer as funções de pontífice máximo. O povo, para irritar o senado e os cônsules, conferiu a honra ao primipilo (um dos oficiais militares mais seniores de uma legião) de uma das legiões, chamado Marco Letório. A decisão enfureceu o senado e, principalmente, Ápio.[6]

O impasse entre o senado e o povo continuou pelo resto do consulado de Ápio e avançou no ano seguinte. Ameaças militares estrangeiras exigiam o recrutamento do exército e o povo resistiu, dando origem a tumultos e obrigando os cônsules a convocarem novamente o senado para debater a questão. Ápio, agora visto como a voz mais ativa dos senadores conservadores, foi contra qualquer alívio nas preocupações do povo em relação ao endividamente[7] e falou ao senado, implorando que um ditador fosse nomeado para tratar da ameaça que se avizinhava:

Estes tumultos nasceram não da pobreza, mas da indisciplina; o povo é sem princípios e não violento. Este terrível engodo nasceu do direito de apelar para a assembleia; pois ameaças, não autoridade, era tudo o que cabia aos cônsules, ao passo que permissão foi dada para apelar àqueles que são cúmplices do crime. Venham, vamos criar um ditador contra quem não pode haver apelação; esta loucura, que incendiou tudo irá imediatamente arrefecer. Que qualquer um ouse então bater num lictor, pois ele saberá então que seu costado – e mesmo a sua vida – está em poder da pessoa cuja autoridade ele insultou!
 
Ápio Cláudio Sabino Inregilense, Lívio, Ab urbe condita, 2.29.

O senado concordou e o próprio Ápio quase foi escolhido, mas a maioria recaiu sobre uma pessoa mais equilibrada, Mânio Valério Máximo.[8]

Família[editar | editar código-fonte]

Seus filhos foram Ápio Cláudio Sabino, cônsul em 471 a.C., e Caio Cláudio Inregilense Sabino, cônsul em 460 a.C.

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


Cônsul da República Romana
Precedido por:
Aulo Postúmio Albo Regilense

com Tito Vergínio Tricosto Celimontano

Ápio Cláudio Sabino Inregilense
495 a.C.

com Públio Servílio Prisco Estruto

Sucedido por:
Aulo Vergínio Tricosto Celimontano

com Tito Vetúrio Gêmino Cicurino